“Supri . . . ao vosso conhecimento, o autodomínio”
“Por esta mesma razão, por contribuirdes em resposta todo esforço sério, supri à vossa fé a virtude, à vossa virtude, o conhecimento, ao vosso conhecimento, o autodomínio.” — 2 Ped. 1:5, 6.
1, 2. (a) Por que é tão apropriada a admoestação de Pedro, de suprirmos ao nosso conhecimento o autodomínio? (b) Por que não é fácil exercer autodomínio?
A PALAVRA de Deus dá muita ênfase a obtermos o conhecimento contido nela. Tal conhecimento é indispensável para obtermos a vida eterna, assim como Jesus disse: “Isto significa vida eterna, que absorvam conhecimento de ti, o único Deus verdadeiro, e daquele que enviaste, Jesus Cristo.” (João 17:3) Mas, conforme acabamos de ver, o conhecimento sem o autodomínio não nos dará vida, e por isso o apóstolo Pedro nos aconselha bem apropriadamente: “Por esta mesma razão, por contribuirdes em resposta todo esforço sério, supri à vossa fé a virtude, à vossa virtude, o conhecimento, ao vosso conhecimento, o autodomínio.” — 2 Ped. 1:5, 6.
2 Pode-se dizer que tão grandes como são o valor e a necessidade de autodomínio, é também o esforço para tê-lo. Por quê? Por que precisam até mesmo cristãos maduros tomar precauções para ‘andarem dum modo digno de Deus’, embora se admita que para alguns significa esforço maior do que para outros? (1 Tes. 2:12) Porque, sob as condições atuais, aderir ao proceder de retidão é exatamente o oposto a seguir a lei do menor esforço, o que, por sua vez, se deve aos três adversários que confrontam a nós cristãos, a carne, o mundo e o Diabo.
3. Que adversário dentro de nós torna o autodomínio difícil, conforme se vê em que testemunho bíblico?
3 Em primeiro lugar, há todas as tendências decaídas, herdadas, da carne. Sim, do mesmo modo como herdamos diversas debilidades físicas de nossos antepassados, herdamos também fraquezas morais ou falhas na personalidade. Não podemos escapar do fato de que “os pais foram os que comeram a uva verde, mas foram os dentes dos filhos que ficaram embotados”. Conforme o próprio Jeová disse a respeito da humanidade logo após o Dilúvio: “A inclinação do coração do homem é má desde a sua mocidade.” E parece que quanto mais dotada ou vigorosa é a personalidade, tanto mais difícil é para o seu possuidor exercer autodomínio; este é um fato comprovado inúmeras vezes não só pela história secular, mas também pelos exemplos bíblicos. O problema que todos os servos de Jeová têm para exercer autodomínio é especialmente bem declarado pelo apóstolo Paulo: “Pois eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não mora nada bom; porque a capacidade de querer está presente em mim, mas a capacidade de produzir o que é excelente não está presente. Pois o bem que quero, não faço, mas o mal que não quero, este é o que pratico.” Não há dúvida sobre isso, Paulo reconheceu que tinha de travar uma luta para exercer autodomínio. Mas, tanto de suas próprias palavras como do registro de suas atividades se torna claro que nunca cessou de guerrear contra as fraquezas da carne e que elas não chegaram a dominá-lo, senão nunca poderia ter escrito: “De modo algum damos qualquer causa para tropeço, para que não se ache falta no nosso ministério.” Ele amofinava seu corpo, mantendo-o sob controle. Pode-se dizer que, por continuarmos na nossa guerra contra o egoísmo, contra a falta de autodomínio em coisas pequenas, é pouco provável que façamos outros tropeçar por cedermos a graves pecados. — Jer. 31:29; Gên. 8:21; Rom. 7:18, 19; 2 Cor. 6:3; 1 Cor. 9:27; Sal. 51:5; Mar. 14:72.
4, 5. (a) Que adversários visíveis temos de enfrentar em nossos esforços de exercer autodomínio? (b) Que adversários invisíveis temos?
4 E em segundo lugar, temos em oposição aos nossos esforços de exercer autodomínio este sistema iníquo de coisas composto de homens ateus, egoístas. Eles se esforçam a explorar-nos por apelar para as nossas fraquezas para o seu próprio proveito pessoal. (1 João 2:15, 16) É do interesse deles que cedamos às nossas paixões, excedendo-nos na comida e na bebida, empenhando-nos na conduta desenfreada, lendo literatura lasciva, assistindo a filmes imorais, ficando fanáticos nos esportes ou sobrecarregando-nos desnecessariamente de dívidas, por comprarmos coisas que realmente não nos podemos dar ao luxo de comprar. E depois há o exemplo dos em volta de nós, que cedem a tais tentações.
5 Em terceiro lugar, temos de lidar com os que exercem controle invisível sobre este sistema iníquo de coisas, Satanás, seu deus, junto com os seus demônios. (2 Cor. 4:4; Efé. 6:12) Ele conseguiu fazer que Eva agisse sem autodomínio e tentou fazer o máximo para fazer Jesus agir de modo similar. (Mat. 4:1-10) Nunca nos devemos esquecer que não temos de lidar apenas com adversários visíveis, mas, acima de tudo, com invisíveis, o chefe dos quais “anda em volta como leão que ruge, procurando a quem devorar”. — 1 Ped. 5:8.
O ESPÍRITO E A PALAVRA DE DEUS, NOSSOS AJUDADORES
6. (a) Que força poderosa proveu Jeová para nos auxiliar a adquirir autodomínio? (b) De que modo, especialmente, se pode obter esta força?
6 Mas, assim como há poderosas forças operando contra exercermos autodomínio, há ajudas ainda mais poderosas para nos auxiliar a exercê-lo, sendo que os principais são o espírito santo de Deus e a Sua Palavra. Conforme lemos: “Não por força militar, nem por poder, mas por meu espírito”, diz Jeová. (Zac. 4:6) Quão grande é a ajuda do espírito santo de Deus no exercício do autodomínio é esclarecido por Paulo: “Persisti em andar por espírito, e não executareis nenhum desejo carnal.” ISTO é autodomínio! Mais do que de qualquer outro modo, este espírito santo pode ser adquirido por se assimilar regular e seriamente a Palavra de Deus, cheia do espírito. De Gênesis a Revelação, ela está cheia de admoestação direta e indireta para se exercer autodomínio. Conforme vimos, ela nos dá muitos exemplos de aviso contra o dano causado pela falta de autodomínio e muitos bons exemplos mostrando a sabedoria de se exercer autodomínio, bem como as recompensas disso. — Gál. 5:16.
7-9. (a) Que conselho nos dá a Palavra de Deus quanto a controlarmos os nossos pensamentos? (b) Nosso espírito ou emoções? (c) Nossas afeições, nossos anseios ou nossos desejos?
7 Entre as coisas que a Palavra de Deus nos aconselha diretamente é que devemos controlar nossos pensamentos. Devido às fraquezas herdadas e às condições imperfeitas e iníquas ao redor de nós, é muito fácil ter os pensamentos errados, pensamentos de orgulho, de amargura, de ressentimento, de impureza e de comiseração de si mesmo. Por causa disso somos aconselhados a ‘reformarmos a nossa mente’ e a treiná-la a ‘continuar a considerar as coisas que são verdadeiras, justas, castas, amáveis, virtuosas e louváveis’. O alvo que procuramos alcançar em nosso modo de pensar é de trazer “todo pensamento ao cativeiro, para fazê-lo obediente ao Cristo”. Que norma elevada isso estabelece para nós! — Rom. 12:2; Fil. 4:8; 2 Cor. 10:5.
8 Por lermos regularmente a Palavra de Deus recebemos também muito conselho direto sobre dominarmos o nosso espírito, nosso temperamento, nossas emoções. “Melhor é o vagaroso em irar-se do que o homem poderoso” que não é vagaroso em irar-se, e, por isso, não tem autodomínio, “e aquele que controla seu espírito, do que aquele que captura uma cidade”, mas não cativou seu espírito. Sim, “como uma cidade arrombada, sem muralha”, e por isso sem defesa, “é o homem que não domina seu espírito”. — Pro. 16:32; 25:28.
9 Outrossim, a Palavra de Deus nos aconselha diretamente que controlemos as nossas afeições, os nossos anseios e os nossos desejos — as coisas em que fixamos o coração — o que é muito importante, porque é ali que começa a dificuldade. Ficaria alguém alguma vez culpado dum pecado que mereça a desassociação por parte da congregação cristã se controlar sempre estas coisas? Conforme Jesus advertiu muito bem: “Do coração vêm raciocínios iníquos, assassínios, adultérios, fornicações, ladroagens, falsos testemunhos, blasfêmias”, tudo o que avilta o homem e produz maus frutos. (Mat. 15:19, 20) Somos aconselhados sabiamente: “Mais do que qualquer outra coisa a ser guardada, resguarda teu coração, pois dele procedem as fontes da vida.” Sim, o primeiro passo na direção errada é dado quando se permite que o coração se demore nas coisas que são agradáveis, mas que são más à vista de Deus, assim como demonstrou o discípulo Tiago: “Cada um é provado por ser provocado e engodado pelo seu próprio desejo”, por demorar-se em coisas proibidas por Deus. “Então o desejo, tendo-se tornado fértil, da à luz o pecado; o pecado, por sua vez, tendo sido consumado, produz a morte.” Deveras, por escrutarmos a Palavra de Deus, obtemos muito conselho excelente para controlar nossos pensamentos, nosso espírito e nossos desejos! — Pro. 4:23; Tia. 1:14, 15.
10. Que diz a Palavra de Deus sobre controlarmos a língua?
10 Na Palavra de Deus encontramos também muito conselho sobre a necessidade de controlarmos a nossa língua. O sábio Rei Salomão nos aconselha repetidamente neste respeito, assim como em Provérbios 10:19: “Na abundância de palavras não falta transgressão, mas quem refreia seus lábios age com discrição.” Os inspirados escritores cristãos nos aconselham do mesmo modo: “A fornicação e a impureza de toda sorte, ou a ganância, não sejam nem mesmo mencionadas entre vós, assim como é próprio dum povo santo; nem conduta vergonhosa, nem conversa tola, nem piadas obscenas, coisas que não são decentes, mas, antes, ações de graças.” (Efé. 5:3, 4) É especialmente o discípulo Tiago que fala muito sobre a necessidade de se controlar a língua, e ele até mesmo declara que, a menos que controlemos a língua, nossa forma de adoração é fútil. Quão forte é o conselho para controlarmos a língua! — Tia. 1:26; 3:1-12.
11. Que conselho dão as Escrituras quanto a como devemos andar?
11 Pensamentos, palavras — e ações. Sim, quando nos alimentamos da Palavra de Deus, somos também ajudados a exercer domínio sobre as nossas ações em razão do bom conselho dado por ela. Entre as maneiras em que ela no-lo dá se encontra o conselho sobre o modo em que devemos andar, como nos devemos comportar. O apóstolo Paulo achou isso tão importante, que tinha algo a dizer sobre isso a cada congregação a que escreveu. Assim, ele aconselhou os cristãos em Roma: “Andemos decentemente, como em pleno dia.” Os cristãos em Éfeso ele admoestou: “Mantende estrita vigilância para não andardes como néscios, mas como sábios, comprando para vós todo o tempo oportuno, porque os dias são iníquos.” Pelos Colossenses ele orou para que “fiqueis cheios do conhecimento exato da sua vontade, em toda a sabedoria e discernimento espiritual, para andardes dignamente de Jeová, com o fim de lhe agradardes plenamente, ao prosseguirdes em dar fruto em toda boa obra”. À recém-formada congregação em Tessalônica ele escreveu: “Nós exortávamos a cada um de vós . . . com o fim de que prosseguísseis andando dum modo digno de Deus”; “a fim de que andeis decentemente”. Andar decentemente, andar dum modo digno de Deus, manter estrita vigilância sobre como se anda, tudo isso exige autodomínio! — Rom. 13:13; Efé. 5:15, 16; Col. 1:9, 10; 1 Tes. 2:11, 12; 4:12; 1 Cor. 3:3; Gál. 5:16, 25; Fil. 3:16.
OUTRAS ATIVIDADES CONDUCENTES AO AUTODOMÍNIO
12. Como nos ajuda a termos autodomínio se guardarmos as nossas associações?
12 Entre as outras atividades, além de se estudar a Palavra de Deus, que são conducentes ao autodomínio encontra-se a associação com concristãos, em obediência ao conselho encontrado em Hebreus 10:23-25. Por nos associarmos com os irmãos cristãos, que também reconhecem a necessidade de autodomínio, somos ajudados a nós mesmos o exercermos. Não é muito provável que eles nos tentem a nos entregarmos à conduta desenfreada. Isto se dá especialmente no que se refere às férias. Passar as férias na Escola do Ministério do Reino, em assembléias e congressos, ou em servir onde a necessidade é maior, tal como em território isolado, serve para proteger-nos. Mas, quer em férias, quer em qualquer outra ocasião, se escolhermos associar-nos com os que não têm a mesma norma elevada como nós quanto ao autodomínio, podemos descobrir que os imitamos, estragando assim os nossos hábitos úteis. Somos advertidos sabiamente: “Não tenhas companheirismo com alguém dado à ira; e não deves entrar com o homem que tem acessos de furor, para não te familiarizares com as suas veredas e certamente tomares um laço para a tua alma.” Associar-se voluntariamente com tais é um erro! — Pro. 22:24, 25; 1 Cor. 15:33.
13. Como nos ajuda o serviço de campo fiel a cultivar o autodomínio?
13 Outrossim, a atividade fiel, constante e diligente no ministério cristão é conducente ao autodomínio. Requer autodomínio ir cedo para a cama no sábado à noite, para uma boa noite de descanso, a fim de se estar em boas condições para as atividades teocráticas no domingo. Exige autodomínio levantar-se cedo domingo de manhã para se encontrar com outros cristãos para o serviço de campo. Exige autodomínio continuar no ministério o tempo que se sabe que se deve trabalhar, quando o tempo é mau e se encontra pouco interesse nas pessoas às portas. E ao passo que se vai de porta em porta, encontram-se muitas situações que podem pôr à prova o autodomínio da pessoa. Ela talvez seja insultada ou como que esbofeteada na face; mas, virar a outra face a favor das boas novas — isso exige autodomínio! E o mesmo se dá para se responder com brandura e profundo respeito quando alguém com autoridade exige saber a razão da esperança que se tem; assim como se dá também para responder com brandura quando se encontra um morador furioso. — Mat. 5:39; 1 Ped. 3:15; Pro. 15:1.
14. De que ajuda é a oração para se alcançar o autodomínio?
14 Ainda outra atividade conducente ao autodomínio é a oração. É de verdadeira ajuda achegar-se freqüentemente a Deus. Recorra a ele em busca de ajuda em tempos de necessidade, de tensão ou de tentação. Nunca negligencie a oração, mas torne-a um hábito, não mecânico, mas hábito sério, sincero e do coração. Peça a Deus por ajuda, continue a pedir a Ele, rogando-lhe seu perdão quando deixou de exercer autodomínio. Diga-lhe cada vez seriamente que vai esforçar-se a fazer melhor da próxima vez. Sim, continue orando, ‘não me leves à tentação’; ‘ore incessantemente’, ‘persista em oração’ com respeito a adquirir autodomínio. — Mat. 6:13; 1 Tes. 5:17; Rom. 12:12.
QUALIDADES QUE AJUDAM A CULTIVAR O AUTODOMÍNIO
15. Que se pode dizer a respeito do temor de Jeová como ajuda para se ter autodomínio?
15 De muita ajuda no cultivo do autodomínio são também as boas atitudes mentais ou qualidades cristãs do temor de Jeová, da humildade, da fé e do amor. Não há dúvida de que o temor de Jeová nos ajuda a cultivar o autodomínio. Tememos corretamente a Jeová, por causa da sua posição e dos seus atributos. Somos responsáveis perante ele como Soberano universal e “não há criação que não esteja manifesta à sua vista, mas todas as coisas estão nuas e abertamente expostas aos olhos daquele com quem temos uma prestação de contas”. É correto temermos desagradá-lo, pois ele é perfeito em justiça, ao passo que nós somos imperfeitos, pecadores e estamos inclinados a ir na direção errada. É correto que o temamos também por causa do seu poder ilimitado: “Coisa terrível é cair nas mãos do Deus vivente.” Este temor de Deus é “o princípio”, “o início da sabedoria”, pois “significa odiar o mal’’. Sim, não basta que amemos a verdade e a justiça, mas, iguais a Jesus Cristo, temos de odiar, abominar, ter forte aversão a tudo o que é contra a lei, não importa quão agradável, desejável ou atraente seja para a carne decaída. Isto significa ‘substituir a velha personalidade com as suas práticas com a nova personalidade’. — Heb. 4:13; 10:31; Sal. 111:10; Pro. 9:10; 8:13; Col. 3:9, 10.
16. De que maneira é a humildade conducente ao autodomínio?
16 Outra qualidade que é de grande ajuda para exercermos o autodomínio é a humildade. E não é de se admirar, visto que um dos maiores obstáculos ao autodomínio é o orgulho. A pessoa humilde, em primeiro lugar, não se ofende facilmente e por isso não é tão provável que se sinta tentada a agir sem autodomínio. É muito mais provável que o humilde tenha paciência ao tratar com outros, e por isso seja longânime, o que contribui para o autodomínio. Ao procurarmos cultivar o autodomínio precisamos da ajuda de Jeová, da sua benignidade imerecida, e esta se acha disponível não aos orgulhosos, mas aos humildes: “Deus opõe-se aos soberbos, mas dá benignidade imerecida aos humildes.” Os iníquos mencionados por Judas, que “transformam a benignidade imerecida de nosso Deus numa desculpa para conduta desenfreada”, e assim não têm autodomínio, são também orgulhosos, pois “desconsideram o senhorio, e falam de modo ultrajante dos gloriosos”. — Tia. 4:6; Jud. 4, 8; 1 Ped. 5:5.
17, 18. (a) Como pode a fé, como fruto do espírito, ajudar-nos no autodomínio? (b) Como o pode fazer o amor?
17 O que também nos pode ajudar a cultivar o autodomínio é a fé em Jeová Deus e nas suas promessas. Quantas vezes ficamos perturbados por causa da falta de fé em Deus, tornando difícil de exercermos autodomínio! Jó pôde perseverar por causa de sua fé. Exigiu verdadeiro autodomínio não ‘amaldiçoar a Deus e morrer’, e ele pôde exercê-lo por causa de sua fé, que o habilitou a dizer: “Mesmo que me matasse, não esperaria eu?” A fé nos habilitará a não nos acalorarmos por causa dos malfeitores, mas a exercermos autodomínio, esperando por Jeová, sabendo que a vingança é dele e que é ele quem pagará de volta. A fé nos habilitará a exercermos autodomínio e a não sucumbirmos às tentações do materialismo, sabendo que este mundo e os seus desejos passarão em breve. A fé nos habilitará a exercermos autodomínio quando somos perseguidos, sabendo que o pior que o homem nos pode fazer é matar o corpo. — Jó 2:9; 13:15; Sal. 37:1; Rom. 12:19; 1 João 2:15-17; Mat. 10:28.
18 E, acima de tudo, é o amor que nos ajudará a cultivar o autodomínio. Se amarmos a Jeová de todo o coração, alma, mente e força, então certamente procuraremos agradá-lo por exercermos autodomínio. Fará que sejamos cuidadosos para não lançarmos vitupério sobre o seu nome, devido à má conduta. E amarmos o nosso próximo como a nós mesmos também exigirá autodomínio, para que não lhe causemos dor ou prejuízo, e especialmente para não o fazermos tropeçar. As palavras de Paulo mostram a relação entre o amor e o autodomínio: “Pois isto é o que Deus quer, a vossa santificação, que vos abstenhais de fornicação; que cada um de vós saiba obter posse do seu próprio vaso em santificação e honra [o que exige autodomínio], não em cobiçoso apetite sexual, tal como também têm as nações que não conhecem a Deus; que ninguém vá ao ponto de prejudicar e de usurpar os direitos de seu irmão neste assunto, pois Jeová é quem exige punição por todas estas coisas.” O amor aos nossos irmãos impedirá que erremos em tais assuntos devido à falta de autodomínio, assim como nos habilitará a obedecermos ao conselho: “Persisti em endireitar as veredas para os vossos pés, para que o coxo não fique desconjuntado, mas, antes, para que sare.” Paulo nos deu um bom exemplo neste respeito: “Se o alimento fizer o meu irmão tropeçar, nunca mais comerei carne alguma, para que eu não faça meu irmão tropeçar.” — 1 Tes. 4:3-8; Heb. 12:13; 1 Cor. 8:13.
BENEFÍCIOS E RECOMPENSAS DO AUTODOMÍNIO
19. Que benefícios para o corpo e a mente resultam do autodomínio?
19 Os benefícios e as recompensas do exercício do autodomínio são deveras grandes. É assim que deve ser, visto que Jeová, o Deus justo, é Soberano universal. Assim como a falta de autodomínio resulta em prejuízo totalmente fora da proporção com as vantagens imediatas ou os prazeres sentidos, assim se pode dizer que o exercício do autodomínio resulta em benefícios inteiramente fora da proporção com os esforços envolvidos. Em primeiro lugar, o autodomínio resulta na saúde do corpo e da mente. Neste respeito, um dos mais destacados nutricionistas dos Estados Unidos declarou que “a saúde é a recompensa da temperança” ou do autodomínio, e que “ser esbelto com temperamento sossegado significa vida longa”, e pesquisas recentes demonstraram que os pacientes psiquiátricos são muito mais numerosos entre moças universitárias promíscuas do que entre as que se apegam à sua virtude.
20. Que benefícios espirituais resultam de se exercer autodomínio?
20 Ainda mais importante, o autodomínio nos ajuda a ter amor-próprio. Todos nós sabemos o que Deus exige de nós individualmente, e ao ponto em que séria e honestamente procurarmos estar à altura desta norma, teremos uma boa consciência e amor-próprio. (1 Ped. 3:16) Impedirá também que sigamos “a multidão para maus objetivos”. (Êxo. 23:2) Além disso, exercermos autodomínio nos ajudará grandemente a cultivar os outros frutos do espírito. Não podemos ter alegria a menos que disciplinemos a mente, o coração e o corpo, pois a alegria cristã não é mero sentimento, mas se baseia em princípios. O mesmo se aplica à paz. Como podemos ter paz, se continuamente estamos em dificuldades por falta de autodomínio? E, conforme já se observou, a longanimidade anda de mãos dadas com o autodomínio. Do mesmo modo, ser benigno e brando quando isso realmente é importante, como quando em situações provadoras, exige grande autodomínio, assim como é exigido para se reter a bondade em face das tentações de ceder ao egoísmo. — Gál. 5:22, 23.
21. De que benefício é para os outros exercermos autodomínio?
21 O autodomínio resulta em bênçãos, não só para nós mesmos, mas também para outros. Em primeiro lugar, impedirá que façamos outros tropeçar. (Fil. 1:9, 10) Ajudar-nos-á a nos tornarmos bons exemplos para eles. Resultará em boas relações com a nossa própria família, onde tantas vezes se despercebe a necessidade do autodomínio, assim como resultará em boas relações na congregação cristã, no local do emprego e na escola. Ao ponto que tivermos cargos de responsabilidade ou aspirarmos a tais, a tal ponto precisamos esforçar-nos ainda mais para exercer autodomínio, pois tais cargos exigem mais. Neste respeito, uma das perguntas-chaves pela qual os músicos duma orquestra sinfônica julgam os maestros é: “Mantém ele o autodomínio sob tensão?” Sim, o superintendente cristão precisa ser “moderado nos hábitos, . . . ordeiro, . . . razoável”, o que tudo quer dizer que precisa ‘dominar a si mesmo’. — 1 Tim. 3:1-7; Tito 1:6-9.
22. Acima de tudo o mais, em que resulta exercermos autodomínio?
22 Mas, acima de tudo, o autodomínio resulta em boas relações com Jeová Deus e contribui para a vindicação do seu nome. Apenas pelo autodomínio poderemos mostrar-nos sábios e alegrar o Seu coração, para que possa replicar àquele que escarnece dele. Deveras, não se pode exagerar a necessidade de se ter autodomínio! — Pro. 27:11.