Circuncidados no coração e nos ouvidos
“Homens obstinados e incircuncisos nos corações e ouvidos, vós sempre resistis ao espírito santo.” — Atos 7:51.
1. Que significado se atribui desde cedo à circuncisão, e por quê?
A CIRCUNCISÃO já era conhecida e praticada desde que há registro. Tem sido assunto de muito interesse, tanto do ponto de vista da saúde, como do ponto de vista religioso. A circuncisão provavelmente se tornou necessária em primeiro lugar por motivos clínicos, devido ao efeito da queda do homem na imperfeição. De qualquer modo, não importa quando começou a ser praticada, evidentemente recebeu logo um significado religioso. Isto é compreensível, em vista do registro bíblico. Os homens decaídos “veneraram e prestaram serviço sagrado antes à criação do que Aquele que criou”. (Rom. 1:25) Logicamente, isto resultou em atenção imprópria, mesmo em adoração, dada ao sexo e à fertilidade, e a tudo relacionado com isso. A circuncisão, que significa literalmente “cortar em torno”, relaciona-se com o órgão sexual e de procriação e serve de sinal permanente de identificação, também como prova de iniciação num grupo social ou religioso. Mas, perguntamos, tem a circuncisão lugar devido na religião verdadeira? Neste caso, queremos dar-lhe a devida atenção, baseados no entendimento correto. Para obter este, precisamos recorrer à Palavra de Deus, a Bíblia, única fonte de informação fidedigna.
2. Quando e para quem tornou Deus a circuncisão um requisito? Que pormenores se fornecem?
2 A primeira menção de circuncisão na Bíblia ocorre quando Deus fez ou confirmou seu pacto com Abraão, que tinha então noventa e nove anos de idade. Deus disse a Abraão: “Este é o meu pacto que guardareis entre mim e vós, até mesmo teu descendente depois de ti: Cada macho vosso terá de ser circuncidado . . . na carne dos vossos prepúcios, e isso terá de servir de sinal do pacto entre mim e vós.” Forneceram-se pormenores adicionais: “Cada macho vosso, aos oito dias de idade, terá de ser circuncidado . . . cada homem nascido na tua casa e cada homem comprado por teu dinheiro, sem falta terá de ser circuncidado . . . E o macho incircunciso, que não fizer circuncidar a carne de seu prepúcio, sim, esta alma terá de ser decepada do seu povo. Violou o meu pacto.” Portanto, a recusa deliberada significava morte, não apenas a expulsão da casa, quer dum filho, quer dum escravo. — Gên. 17:10-14, 22-27.
3. Que duas perguntas se levantam em vista do registro em Gênesis 17:10-14?
3 Levantam-se aqui duas perguntas. Não há dúvida quanto a Deus ter direito nesta questão, mas talvez nos perguntemos por que a circuncisão foi escolhida como sinal, especialmente em vista de que, humanamente falando, a operação envolve dor e embaraço. Quando Deus dá um sinal ou símbolo a ser observado, usualmente se pode ver de pronto a sua propriedade, como no caso da imersão em água como símbolo da dedicação da pessoa a Jeová. A segunda pergunta é: Por que estava envolvida a casa inteira, inclusive todos os escravos masculinos? Não estavam apenas Abraão e seus descendentes realmente no pacto, Estaremos interessados em saber se a Palavra de Deus lança alguma luz sobre estas perguntas.
4. (a) Que situação surgiu, exigindo a ordem dada por Deus em Josué 5:2-7? (b) De que significado especial são as palavras de Jeová em Josué 5:9?
4 As Escrituras Hebraicas mostram que os descendentes de Abraão, os israelitas, continuaram a observar este requisito. Foi incorporado na Lei dada por intermédio de Moisés, embora não fosse dado como novo mandamento. (Lev. 12:3) No entanto, durante a peregrinação de quarenta anos no ermo, os meninos então nascidos não foram circuncidados. Foi uma nova geração que por fim cruzou o rio Jordão para a Terra da Promessa. Jeová ordenou então a Josué que todos os filhos de Israel fossem circuncidados. Quando isso terminou, Jeová disse significativamente: “Hoje rolei de cima de vós o vitupério do Egito.” (Jos. 5:2-9) Visto que a evidência indica que os egípcios praticavam a circuncisão, isto talvez signifique que os egípcios não teriam então motivos para vituperar Israel por causa da incircuncisão de tantos dos seus varões. Havia então também uma geração mais nova do povo de Jeová, da qual se cortou o último vestígio, pelo menos em símbolo, de qualquer relação com o Egito, junto com os falsos deuses e a adoração impura dele. Agora podemos começar a reconhecer que a circuncisão, o “sinal do pacto” dado a Abraão, foi um símbolo apropriado da adoração pura também no caso de Abraão, assinalando os que estavam em relação pactuada com Jeová como povo diferenciado. A partir de Gilgal, este requisito continuou a ser observado pelos israelitas, que ficaram conhecidos como judeus.
5. Deve a Bíblia ser dividida em duas partes, na letra e no espírito da lei?
5 Ao recorrermos às Escrituras Gregas Cristãs, verificamos que ainda se adere a um requisito similar, e lemos então sobre a circuncisão do coração, como em Romanos 2:29. Talvez pense que esta seja a primeira referência e sinta certo alívio por se afastar do aspecto literal, da letra da lei, esperando então compreender o significado íntimo, o espírito da lei. Mas não. A primeira menção da circuncisão do coração foi feita por Moisés, onde obtemos o significado básico.
6. (a) Em que relação menciona Moisés a circuncisão do coração? (b) Como mostra Moisés que estão envolvidos os ouvidos, ensinando que lição?
6 Moisés escreveu: “Tendes de circuncidar o prepúcio dos vossos coração e não deveis mais endurecer a vossa cerviz.” Isto era necessário, não para se cumprirem os requisitos cerimoniais, a letra da lei, mas sim os requisitos fundamentais, baseados no verdadeiro amor, conforme expressos no apelo: “E agora, o Israel, que é que Jeová, teu Deus, pede de ti senão que temas a Jeová, teu Deus, para andares em todos os seus caminhos e o amares, e para servires a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma.” Mais tarde, Moisés fez um novo apelo, mostrando que estavam envolvidos tanto o coração como os ouvidos e dizendo: “Jeová, teu Deus, terá de circuncidar teu coração e o coração da tua descendência, para que ames a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, no interesse da tua vida.” Apresentou-lhes a escolha: “Se escutares os mandamentos de Jeová, teu Deus”, para amá-lo e obedecer-lhe, seriam ricamente abençoados. “Mas, se teu coração se desviar e se não escutares, certamente serás também seduzido e te curvarás diante de outros deuses e os servirás, . . . positivamente perecereis.” Em outras palavras, coração e ouvidos circuncisos significam um coração humilde, inteiramente sincero, pronto e ávido de escutar e observar, preservando assim a pessoa no caminho da adoração pura. Mas se alguém tiver um coração inclinado a se desviar, a fazer ouvidos surdos, por causa de orgulho, conforme dá a entender uma cerviz dura, rígida, então forçosamente ficará enlaçado pela religião falsa e sairá perdendo. — Deu. 10:12, 16; 30:6, 15-18; veja também Josué 24:14, 15, 19.
7. De que modo fala Jeremias a respeito da mesma coisa?
7 Observe as palavras pertinentes de Jeremias sobre o assunto: “A quem falarei e advertirei, para que ouçam? Eis que seu ouvido é incircunciso, de modo que não podem prestar atenção. Eis que a própria palavra de Jeová se tornou para eles um vitupério.” Quando tanto Judá como Israel se tornaram muito infiéis, Jeremias relata a mensagem de Jeová, contrastando a circuncisão carnal com a espiritual: “Eu vou ajustar contas com todo o circunciso [na carne,] mas ainda na incircuncisão, com o Egito, e com Judá, . . . porque todas as nações são incircuncisas e toda a casa de Israel é incircuncisa no coração.” — Jer. 6:10; 9:25, 26.
8. Quando e como recapitulou Estêvão a história de Israel, levando a que acusação e a que resultado?
8 Séculos depois, quando Estêvão, mártir cristão, apresentou a sua defesa perante o Sinédrio, ele falou sobre Abraão, dizendo que Deus “deu-lhe . . . um pacto de circuncisão”. Ele mencionou depois Moisés e que “a ele os nossos antepassados se negaram a tornar-se obedientes, mas repeliram-no e nos seus corações voltaram-se para o Egito, dizendo a Arão: ‘Faze-nos deuses para irem na nossa frente.’” Por fim, relacionando aqueles antepassados com o Sinédrio de Jerusalém (os seus ouvintes presentes), Estêvão disse: “Homens obstinados e incircuncisos nos corações e ouvidos, vós sempre resistis ao espírito santo; assim como fizeram os vossos antepassados, também vós fazeis.” Estêvão falou a respeito do “Justo [Jesus], cujos traidores e assassinos vós vos tornastes agora”. Qual foi a reação do Sinédrio? “Sentiram-se feridos nos corações”, não como na circuncisão, mas “serrados pelo meio”. (Trinitária) Quanto aos seus ouvidos, não havia excesso de carne, exigindo uma circuncisão literal; portanto, o que fizeram? “Puseram as mãos sobre os ouvidos e arremeteram à uma contra ele”, apedrejando-o até ele morrer. — Atos 7:8, 39-43, 51-58.
9. A que se deve a incircuncisão do coração e dos ouvidos? Com que resultado?
9 Quão terrível foi esta denúncia daqueles líderes religiosos! Corações e ouvidos incircuncisos referem-se aos que são calejados, obstinados, inflexíveis, e se relacionam com um rosto duro e atrevido, um coração duro e uma cerviz endurecida. (Pro. 21:29; 28:14; 29:1) A causa básica disso é o orgulho, levando a pessoa de mal a pior, conforme Daniel disse a respeito de Nabucodonosor: “Seu coração se enalteceu e seu próprio espírito se endureceu, de modo a agir presunçosamente.” O mesmo se deu com Faraó. — Dan. 5:20; Êxo. 7:22; 9:7; veja também Hebreus 3:7-13.
10. (a) Como podemos diferenciar a mente do coração? (b) Como se pode circuncidar o coração?
10 Quão importante e quão desejável é ter um coração circunciso! Como o podemos ter assim? Diferente da mente, que pensa e raciocina à base de informações absorvidas, o coração é intimamente identificado com a afeição e o desejo, e se torna a fonte ou sede da motivação. Tem grande poder emotivo e pode impelir ou incitar a certo proceder. (Êxo. 35:21) Pode facilmente influenciar a mente. O coração é o próprio centro ou a mola-mestra de toda nossa constituição, de nossa personalidade. É o que a pessoa realmente é no íntimo, ‘a pessoa secreta do coração”, “o homem que sou no íntimo”. (1 Ped. 3:4; Rom. 7:22) Como se pode circuncidar o coração? Podemos ser orientados pelo que acontece na circuncisão literal. Quando esta se torna necessária, por causa dum perigo para a saúde, a carne cortada é considerada excessiva ou como obstrução, impedindo a manutenção de uma condição limpa e salutar. De modo que a circuncisão do coração significa livrar-se ou eliminar tudo o que nos nossos desejos ou nas nossas motivações for contrário aos desejos de Jeová. Significa remover completamente tudo o que age como obstrução, tal como o orgulho, que faz com que alguém se torne insensível para com Jeová, os seus apelos e a sua Palavra.
11. (a) Que belo exemplo de coração e ouvidos circuncisos se acha registrado? (b) Como se pode fazer tal operação espiritual?
11 Um belo exemplo de coração e ouvidos circuncisos, conforme relata Lucas, foi dado por “certa mulher, de nome Lídia, . . . adoradora de Deus, [que] estava escutando, e Jeová abriu-lhe amplamente o coração para prestar atenção às coisas faladas por Paulo.” (Atos 16:14) Certamente não havia ali nenhuma obstrução. Não podemos realizar esta operação espiritual na nossa própria força e sabedoria. Paulo falou a respeito do verdadeiro judeu, cuja “circuncisão é a do coração, por espírito”. Sim, precisamos do espírito de Deus, e ele nos disse como podemos orar, pedindo uma nova atitude: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e põe dentro de mim um espírito novo, firme.” — Rom. 2:29; Sal. 51:10.
NOVA PERSONALIDADE
12. O que está envolvido em despir-se da velha personalidade, e em revestir-se da nova?
12 Deus não coloca automaticamente seu espírito, sua força ativa invisível, dentro de nós. Nós precisamos cooperar, sujeitando o nosso próprio espírito ou a nossa inclinação mental e emocional à influência e à operação do espírito dele, que opera por meio de sua Palavra. Assim terá um espírito novo e firme no seu coração puro, baseado em conhecimento exato, “assim como a verdade está em Jesus”. Será então ‘feito novo na força que ativa a sua mente’ e será ajudado a ‘pôr de lado a velha personalidade que se conforma ao seu procedimento anterior’. Em seu lugar, aprenderá a se “revestir da nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus, em verdadeira justiça e lealdade”. Os que seguem este proceder tornam-se “imitadores de Deus”, imitando o que é bom. — Efé. 4:20-24; 5:1.
13. Exige isso uma personalidade inteiramente diferente? Como se pode ilustrar isso?
13 Talvez ache que é mais fácil dizer do que fazer isso, e vamos querer considerar certos aspectos. Em primeiro lugar, revestir-se da nova personalidade não significa ter uma personalidade inteiramente diferente, perdendo a nossa identidade. É verdade que temos de pendurar na estaca ou amortecer as coisas más, tanto no nosso coração como na nossa vida. (Gál. 5:24; Col. 3:5) Entretanto, algumas qualidades e capacidades, embora prejudiciais, quando não são controladas, podem realizar muito mais quando controladas e dirigidas no caminho certo. Por exemplo, o gênio impaciente é o resultado de uma mente rápida, junto com fortes sentimentos, mas sem controle, e logo causa muito dano. Mas a mesma capacidade de pensar depressa e de expressar espontaneamente compaixão ou entusiasmo, quando controlada por uma boa motivação, pode ser de muita ajuda, especialmente quando se dá testemunho a outros. Em tudo isso, incluindo o autodomínio, exige-se perseverança. Conforme disse Tiago: “Aquele que olha de perto para a lei perfeita que pertence à liberdade e que persiste nisso” se torna, “não ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, [e] será feliz em fazê-la”. — Tia. 1:25.
14. Como podem as faculdades dum dom natural ser aproveitadas para bom uso?
14 Ou talvez ache que um dote natural, tal como a música ou a poesia, deve ser reprimido por causar distração, tornar a pessoa sonhadora, quando há muito trabalho a fazer. Isto talvez se dê quando o dom não é controlado, mas a capacidade especial que acompanha este dom pode ter bom uso. Por exemplo, uma sinfonia se compõe de diversos movimentos, cuidadosamente elaborados, que formam um contraste equilibrado, bela e harmoniosamente expresso e bem modulado em todo o conjunto, livre de repetições monótonas. Pois bem, exatamente o mesmo se pode dizer a respeito da preparação e do proferimento dum discurso sobre a verdade. Quanto mais apreciar a Palavra de Deus na sua composição, e também os compêndios bíblicos da Sociedade Torre de Vigia, tanto mais proveito tirará delas para si mesmo e para ajudar outros. A recompensa é também muito maior. Ao passo que na música predomina o atrativo emocional, quando se expressa a verdade, a mensagem do Reino, há um equilíbrio correto entre os atrativos intelectual e emocional. Acima de tudo, honra a Jeová, o Grande Compositor.
15. (a) Quais são algumas das causas de desânimo? (b) Quem, sem dúvida, tinha sentimentos iguais, e o que podemos aprender deles?
15 Às vezes ficamos desanimados em nosso empenho de nos revestir da nova personalidade. A antiga, com os seus hábitos bem arraigados e as pressões internas, sem se mencionarem as externas, do mundo de Satanás — deixa-se que estas coisas predominem. Embora Paulo dissesse que o espírito e a carne “estão opostos um ao outro, de modo que as próprias coisas que gostaríeis de fazer, não fazeis”, ele disse também: “Persisti em andar por espírito e não executareis nenhum desejo carnal.” (Gál. 5:16, 17) Por isso, quando nos deixamos vencer pelo proceder errado, sentimo-nos de coração quebrantado. Não estamos sozinhos nisso. Imagine como se deve ter sentido Pedro ao se dar conta de que fizera exatamente o que prometera nunca fazer, quer dizer, repudiar seu Mestre amado. Imagine, também como se deve ter sentido quando, depois de anos de serviço num cargo de responsabilidade, ele teve de ser censurado abertamente por Paulo. Quanto a Paulo, imagine como ele se deve ter sentido quando, como Saulo, “respirando ainda ameaça e assassínio contra os discípulos do Senhor”, de repente foi forçado a compreender a situação real. (Mat. 26:35, 75; Gál. 2:11-14; Atos 9:1-9) Aqueles servos, porém, nunca perderam o ânimo. O que era mais importante, nunca endureceram o coração. Nós tampouco devemos fazer isso. Quão consolador é ler o que João escreveu: “Por meio disso . . . asseguraremos os nossos corações diante dele quanto a tudo em que os nossos corações nos possam condenar, porque Deus é maior do que os nossos corações e ele sabe todas as coisas.” Como assim? — 1 João 3:19, 20.
É CONVIDADO
16. (a) Quem é agora convidado, e somos obrigados a aceitar o convite? (b) Em que sentido tem Jeová prioridade na escolha, dando-nos que encorajamento?
16 Quão agradável e edificante é quando é convidado a ir à casa de alguém pela primeira vez, abrindo o caminho para uma amizade mais íntima. O próprio convite já lhe dá novo ânimo, e se sente como uma pessoa diferente. Não é assim, especialmente quando está atravessando uma fase difícil? Pois bem, nestes “tempos críticos, difíceis de manejar”, Jeová faz o convite mais atraente. (2 Tim. 3:1) Ninguém é coagido a aceitá-lo. Conforme já se mencionou, a escolha é sua. Em primeiro lugar, porém, a escolha é de Jeová, e isso corretamente. Assim como escreveu Davi: “Feliz aquele a quem tu escolhes e fazes chegar perto para que resida nos teus pátios.” Primeiro, Jeová faz a escolha por especificar as condições que precisam ser satisfeitas. (Sal. 65:4; 24:3, 4) Segundo, o convite é feito de tal modo, que agrada apenas aos que são de coração sincero e humilde, até mesmo aos quebrantados de coração. Isto mostra que Jeová é maior do que nosso coração. Conforme ele disse: “No alto e no lugar santo é onde resido, também com o quebrantado e o humilde no espírito, para reavivar o espírito dos humildes e para reavivar o coração dos que estão sendo esmigalhados.” — Isa. 57:15; veja também 2 Crônicas 16:9.
17. De que modo se requer humildade da parte de Deus, e como a demonstra?
17 Precisamos ser humildes quando nos chegamos a Jeová. Surpreendentemente, isto funciona em ambos os sentidos. Já pensou em que exige humildade da parte de Deus de se, a bem dizer, rebaixar a fim de olhar para a família humana pecaminosa? “Quem é semelhante a Jeová, nosso Deus? . . . Ele condescende em olhar para o céu e para a terra, levantando o de condição humilde do próprio pó.” “Tua própria direita me amparará, e a tua própria humildade me engrandecerá.” Jeová apela até mesmo para os que se perderam: “O dia inteiro estendi as minhas mãos para um povo obstinado.” Escute também a Jesus: “Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas! Mas vós não o quisestes”! Tal longanimidade e benignidade imerecida certamente exigem humildade. — Sal. 113:5-7; 18:35; Isa. 65:2; Mat. 23:37.
18. Para onde nos convida Jeová, e como podemos identificar este lugar hoje?
18 Não tenha dúvidas. É convidado. Para onde? A escolha é de Jeová. “Jeová escolheu a Sião; almejou-a como morada para si mesmo.” Davi pensava na Sião terrestre, o centro da adoração pura. (Sal. 132:8, 13-18) Isto tem o seu cumprimento moderno no Monte Sião celestial, onde Jeová empossou seu Filho como rei em 1914 E. C. João viu, em visão, o Cordeiro em pé ali, “e com ele cento e quarenta e quatro mil”, a inteira congregação cristã. Ainda existe um restante desta classe de Sião na terra, representando a organização de Deus. É para lá que ele convida os que se dão conta de sua necessidade de um lugar de segurança, similar à provisão feita por Deus no tempo do Dilúvio. Ele proveu então a arca, na qual “preservou a Noé . . . junto com mais sete”. — Sal. 2:6; Rev. 14:1; Gên. 7:1; 2 Ped. 2:5.
19. (a) Desde o restabelecimento de Sião, que condições prevalecem ali? (b) Que requisito se impõe a todos os que se chegam à organização de Deus?
19 Depois de este restante do Israel espiritual ter sido novamente ajuntado, após ter sido disciplinado durante o período de 1914-1918, então se cumpriram estas grandiosas promessas, com ênfase na pureza e na humildade: “Desperta, desperta, reveste-te da tua força, ó Sião! Veste as tuas belas roupas, ó Jerusalém, cidade santa! Pois nunca mais entrará em ti o incircunciso e o impuro.” “Hei de deixar remanescer no teu meio um povo humilde e de condição humilde, e eles realmente se refugiarão no nome de Jeová.” (Isa. 52:1; Sof. 3:12) Todos os que se chegam à organização de Deus e entram em associação íntima com a classe de Sião precisam ser circuncidados no coração e nos ouvidos. Portanto, agora podemos compreender por que até mesmo os escravos na casa de Abraão tinham de ser circuncidados. Toda aquela família representava o povo organizado de Deus hoje em dia. Precisa ser mantido limpo, rolando-se de cima dele todo o “vitupério do Egito”. — Jos. 5:9.
20. Como se tornou possível a transferência permanente, e a que custo?
20 Quão gratos somos que Jeová nos convidou bondosamente a ir a Sião, não apenas em visita, mas em base duma transferência permanente. No mundo dos esportes, tais como o futebol, pagam-se enormes somas pela transferência de um jogador especialmente talentoso de um time para outro. Não importa quão alta seja a soma, nem começa a se comparar com o preço patrocinado por Jeová e voluntariamente pago pelo seu Filho, com o dispendioso sacrifício humano dele. Conforme disse Paulo: “Fostes comprados por um preço.” — 1 Cor. 6:20.
21, 22. (a) Como podemos mostrar apreço pelo convite de Jeová? (b) De que maneiras diferentes se expressa na Palavra de Deus o convite de vir, e como deve influir em nós?
21 Podemos e devemos mostrar nosso apreço pelo convite de Jeová por fazê-lo a outros. Devemos fazer assim como Lídia, a qual, depois de ter sido batizada, suplicou a Paulo e aos seus companheiros a ficarem na casa dela. Lucas diz: “Ela simplesmente nos fez ir.” Isaías predisse esta grandiosa obra, dizendo que “muitos povos certamente irão e dirão: ‘Vinde, e subamos ao monte de Jeová’ . . . Pois de Sião sairá a lei e de Jerusalém a palavra de Jeová.” Escute também este convite gratuito: “Eh! . . . vinde, comprai e comei. Sim, vinde, comprai vinho e leite mesmo sem dinheiro e sem preço.” Quando na terra, Jesus convidou: “Vinde a mim, todos os que estais labutando e que estais sobrecarregados, e eu vos reanimarei.” Ele predisse que, na sua volta, convidaria os semelhantes a ovelhas: “Vinde, vós os que tendes a bênção de meu Pai, herdai o reino preparado para vós desde a fundação do mundo.” De fato, a Palavra de Deus conclui com este apelo excelente, animando os que o aceitam a fazerem-no a outros: “E o espírito e a noiva estão dizendo: ‘Vem!’ E quem ouve, diga: ‘Vem!’ E quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça a água da vida. Aquele que dá testemunho dessas coisas diz: ‘Sim; venho depressa.’ [E João responde:] ‘Amém! Vem, Senhor Jesus.’” — Atos 16:15; Isa. 2:3; 55:1; Mat. 11:28; 25:34; Rev. 22:17, 20.
22 O convite é expresso tantas vezes na Palavra de Deus, e com tanto apelo, que se pode verazmente dizer que é deveras um convite de máxima urgência. Vai aceitá-lo? Não vai vir e também convidar outros a vir?