O ciclismo — andar sobre rodas
Do correspondente de “Despertai!” na República Dominicana
JÁ OUVIU falar de “Mile-a-Minute Murphy”? Lá por volta de 1899, ganhou este título por pedalar sua bicicleta por uma milha em 57 segundos e 8 décimos atrás dum trem. Persuadira a Estrada de Ferro de Long Island a construir para ele uma pista de madeira, de uns cento e vinte e cinco centímetros de largura e de quatro quilômetros de extensão, entre os trilhos. Naquele tempo, andar de bicicleta era o esporte favorito de milhões de pessoas ao redor do mundo, e a bicicleta estava no auge de sua popularidade.
A bicicleta é realmente o modo mais rápido de o homem viajar com sua própria energia, e, em muitos países, as pessoas ainda a consideram um modo barato e fidedigno de transporte. Os jovens pedem uma bicicleta desde o tempo que aprendem a andar com firmeza. Posso lembrar-me de como meu pai e minha mãe venderam duas apólices de seguro apenas para conseguir os fundos para dar a mim e ao meu irmão duas bicicletas. Logo nós entregávamos jornais em itinerários de vários quilômetros — algo que teria sido difícil sem este meio de transporte. Pedalávamos para ir e voltar da escola, transmitíamos recados, e assim nós conseguíamos fazer bastante exercício saudável. Durante anos o papai pedalava na ida e na volta da fábrica de moinhos de vento em que estava empregado.
Atualmente, em alguns países, a bicicleta é considerada um brinquedo. Foi substituída pela motocicleta e pelo automóvel. Esqueceu-se que a humilde bicicleta exerceu poderosa influência no curso da história — especialmente nas Américas. Por iniciar o movimento em favor de estradas firmes e lisas, pavimentou o caminho para o advento do automóvel. Com efeito, certo escritor afirmou que “tanto física como psicologicamente, ela é o verdadeiro genitor do automóvel”.
Um Pouco de História da Bicicleta
Lá por volta de 1860, a bicicleta era conhecida como “triturador de ossos”. Pode imaginar bem a razão, devido a suas rodas de ferro e as ruas duras e de pedras arredondadas daqueles tempos. Anos depois, surgiu a de roda dianteira maior, às vezes chamada na Inglaterra de “penny-farthing” (pêni e um quarto). Este modelo visava o ciclista mais aventureiro, o interessado em velocidade. Possuía grande roda frontal, com cerca de 1,32 metros de diâmetro, estava equipada de pedais, e pequenina roda traseira. Numa superfície lisa, o ciclista com sua máquina poderia correr quase tão rápido quanto o cavaleiro. Parar, contudo, é que era um problema. E, visto se tratar duma queda de um metro e meio de altura, muitos foram os ossos quebrados na tentativa de pular fora dessas engenhocas.
O ano de 1880 assinalou grande passo à frente: foram introduzidas correntes para mover a roda traseira, e elas poderiam ser engrenadas em qualquer sentido desejado para se conseguir velocidade ou potência. Antes disso, alavancas desajeitadas tinham sido usadas para guiar as grandes rodas. Nos dez anos seguintes surgiram outras invenções de ajuda: pneumáticos, rolimãs, freios de contra-pedal e barras de direção fizeram sua estréia. Cada um ajudou a aumentar a popularidade da bicicleta.
A bicicleta de “segurança” surgiu em 1890. Com suas duas rodas do mesmo tamanho, era essencialmente a máquina comum atualmente. Os estadunidenses atribuem sua criação à “Pope Manufacturing Company” de Hartford, Connecticut, EUA. No entanto, algo bem parecido a ela surgiu simultaneamente na Inglaterra e em França. Em qualquer caso, a firma de Connecticut, aplicando o sistema de partes intercambiáveis, assumiu rápido a liderança de produção, e logo as máquinas estadunidenses estavam sendo exportadas para todas as partes do mundo.
Por volta do ano de 1896, cerca de 4.000.000 de pessoas nos Estados Unidos pedalavam bicicletas. Mais de um milhão de máquinas eram produzidas em 312 fábricas num único ano. A indústria estadunidense de bicicletas conseguiu fincar pé na Inglaterra por algum tempo, em virtude especialmente de os fabricantes ingleses não conseguirem satisfazer a tremenda demanda. O advento do automóvel, contudo, produziu efeito mais imediato no ciclismo nos EUA do que na Inglaterra ou no continente europeu. Os carros se tornaram populares e seu preço era suficientemente baixo para a família mediana, de modo que as bicicletas ficaram reservadas principalmente para as crianças.
Todavia, mais de 24.000.000 de pessoas nos EUA possuem bicicletas. Na Dinamarca, cerca de uma de cada duas pessoas é dono duma bicicleta, e é ainda o meio comum de transporte em numerosos países em que o carro é tido como luxo, além do alcance do trabalhador. Por toda a Europa, na América Central, na Indonésia, no Japão e na África do Norte, podem-se ver multidões de ciclistas.
Aqui na República Dominicana, a bicicleta se torna o lugar móvel de negócios para todos os tipos de vendedores. Algumas se acham equipadas dum bloco de gelo e de garrafas de xarope colorido. Pode-se ver um vendedor em qualquer parte que haja multidões, oferecendo copinhos de gelo raspado com o xarope da escolha da pessoa derramado sobre o gelo. Outros vendem frutas, legumes e outros comestíveis em suas bicicletas. Tesouras e facas são amoladas em outras bicicletas modificadas. Bem freqüentemente se vê uma bicicleta com dispositivo especial montado na traseira para transporte de ternos e calças limpas, daqueles que os mandaram para os tintureiros.
Transporte Saudável
A bicicleta por certo tem seus atrativos para os que amam a vida ao ar livre e os interessados em boa saúde. É meio de ir gozar com seus próprios recursos a liberdade do campo. Tem as vantagens do exercício de andar e ainda o leva muito mais rápido a locais distantes. Oferece excelente meio de contrabalançar os efeitos prejudiciais duma vida sedentária. As organizações turísticas que estimulam este tipo de viagem fizeram arranjos para motéis ao longo das vias principais a cada quinze ou vinte e cinco quilômetros.
A bicicleta também é instrumento útil para que a boa-nova do reino de Deus seja disseminada a pessoas em áreas remotas, até mesmo onde não se acham disponíveis boas estradas. Tudo que o ciclista precisa é uma trilha batida. Quanto à manutenção e guarda, um corredor ou algum espaço sob as escadas e um trapo com um pouco de óleo bom serão o bastante. Assim, não é preciso a pessoa esperar até poder dar-se ao luxo de adquirir um carro a fim de ir a lugares remotos com a mensagem que pode trazer às pessoas o conforto e a esperança oriundos das promessas de Deus.
O ciclismo não é só um bom modo de se movimentar, sem a preocupação de defeitos da máquina. Sua velocidade é suficientemente pequena para que os olhos se deleitem com o cenário que passa, regozijando-se com as maravilhas da criação de Deus em redor da pessoa. O vento que sopra no rosto da pessoa, a sensação de calor no corpo, causada pelo esforço de subir uma colina, o silêncio e o senso de liberdade, tudo aumenta os efeitos geralmente saudáveis de se “andar sobre rodas”.