Perguntas dos Leitores
◼ Caso o filho dum ancião de congregação seja culpado de séria transgressão, desqualifica isso automaticamente o pai da responsabilidade de ancião?
Um irmão não fica ‘automaticamente desqualificado’ para servir como ancião, caso seu filho ou sua filha entre em alguma séria dificuldade. Precisa-se considerar todos os fatores envolvidos ao se determinar se ele está qualificado ou não.
Tito 1:6 diz que o ancião deve estar “livre de acusação”, “tendo filhos crentes, não acusados de devassidão nem indisciplinados”. (Veja 1 Timóteo 3:4.) As Testemunhas de Jeová apegam-se a essa norma.
Concordemente, A Sentinela de 1.º de março de 1984 salientou que o ancião precisa fazer um esforço equilibrado de suprir as necessidades emocionais e espirituais da família, da esposa e de quaisquer filhos que tenham. A negligência do homem neste respeito teria provavelmente um efeito prejudicial sobre eles. Quando não se cuida das necessidades espirituais e disciplinares da criança, ela deixará de fazer progresso espiritual e talvez se envolva em séria transgressão. Isto desqualificaria o pai negligente de servir a congregação como ancião designado, pois, como diz 1 Timóteo 3:5: “Deveras, se um homem não souber presidir à sua própria família, como tomará conta da congregação de Deus?”
Poderá encontrar uma consideração mais extensa disso nas páginas 31 e 32 de A Sentinela de 1.º de agosto de 1978. Esta mostrou por que é preciso considerar todos os fatores envolvidos. Por exemplo, certo ancião estudava regularmente a Bíblia junto com seus cinco filhos, participava na recreação, levava-os às reuniões cristãs, e, de outras formas normais, esforçava-se a cumprir suas responsabilidades de pai cristão. Quatro dos filhos saíram-se bem, mas um filho era constantemente um problema, e posteriormente sucumbiu ao pecado. Isto não necessariamente desqualificaria o pai de ser ancião, se ainda gozasse do respeito da congregação.
A congregação talvez saiba que ele fez tudo o que razoavelmente se esperaria dum pai cristão, quer tenha um só filho, quer muitos. Portanto, se o filho ou a filha se desvia, talvez não achem que tenha sido por negligência do pai. Talvez reconheçam que a culpa por Judas Iscariotes e o anjo que se tornou Satanás se desviarem não cabe a Jesus ou a Jeová. É vital que o irmão que serve qual ancião continue a gozar do elevado respeito da congregação, de modo que todos aceitem seus conselhos baseados na Bíblia, e, tendo observado em que resulta sua conduta geral, imitem sua fé. — Hebreus 13:7.
◼ Poderia o cristão consentir num transplante de medula óssea, uma vez que o sangue é produzido na medula?
Os médicos realizam a maior parte dos transplantes de medula óssea por extrair parte da medula dum doador (amiúde um parente próximo) e depois injetá-la ou transfundi-la no doente. Fazem isso na esperança de que o enxerto de medula chegue às cavidades medulares e depois desempenhe normalmente sua função. Em geral, este procedimento só é considerado em casos críticos (tais como de anemia aplástica ou leucemia aguda), pois há reconhecidos riscos em se preparar uma pessoa para um enxerto de medula e em tratá-la depois.
Conforme a própria pergunta observa, os glóbulos vermelhos do sangue são produzidos na medula de certos ossos tais como as costelas, o esterno e o osso pélvico. Portanto, é compreensível por que, à luz da proibição bíblica do sangue, surge a pergunta quanto a se o cristão pode ou não consentir num enxerto de medula óssea humana.
A Bíblia diz claramente que os servos de Deus devem ‘abster-se de sangue’. (Atos 15:28, 29; Deuteronômio 12:15, 16) Mas, uma vez que os glóbulos vermelhos se originam da medula óssea, classificam as Escrituras a medula de sangue? Não. De fato, menciona-se o tutano (medula) animal como qualquer outro tipo de carne que podia ser comida. Isaías 25:6 diz que Deus preparará para seu povo um banquete que inclui “pratos bem azeitados, cheios de tutano”. Os procedimentos normais de abate e sangramento nunca retiram todas as células sangüíneas da medula. Contudo, uma vez sangrada a carcaça, então qualquer parte do seu tecido pode ser usada para alimentação, inclusive a medula.
Naturalmente, a medula usada nos transplantes humanos de medula procede de doadores vivos, e a medula retirada pode conter algum sangue. Portanto, o cristão teria de resolver por si mesmo se — para ele — o enxerto de medula óssea constituiria simples carne ou tecido não sangrado. Além disso, visto que o enxerto de medula é uma forma de transplante, deve-se considerar os aspectos bíblicos do transplante de órgãos humanos. Consulte “Perguntas dos Leitores” da nossa edição de 1.º de setembro de 1980. Por fim, ao escrever no livro Princípios de Harrison de Medicina Interna (Atualização I, 1981, página 138, em inglês), o dr. D. E. Thomas observa que “praticamente todos os recebedores de transplante de medula precisarão de transfusões de plaquetas”, e muitos recebem “papa de hemácias”. Portanto, o cristão deve considerar com que questões adicionais se confrontará caso se submeta a um transplante de medula. — Provérbios 22:3.
Embora seja necessário nesta questão uma decisão pessoal, os comentários da Bíblia a respeito do sangue e da medula (tutano) devem ajudar a pessoa a tomar a decisão.