Capítulo 12
A cristandade e o judaísmo enfrentam agora a desolação
1. O que foi o ano de 1975 no calendário religioso da Igreja Católica Romana, e quantas vezes realizam-se tais celebrações?
1975 de nossa Era Comum — ano marcado no calendário religioso da Igreja Católica Romana para a celebração dum Ano Santo, que realmente começou na Véspera do Natal em 24 de dezembro do ano de 1974. Neste século vinte, já houve três de tais celebrações de Anos Santos, em 1925, em 1933, em comemoração do milésimo nongentésimo aniversário da morte de Jesus Cristo em 33 E. C., e em 1950. Sobre este assunto disse em parte a Nova Enciclopédia Católica, Volume 7, páginas 108, 109, em inglês:
Um ano durante o qual se concede aos fiéis solene indulgência plenária, sob certas condições, e se dão faculdades especiais aos confessores. Os Anos Santos são comuns quando ocorrem em intervalos regulares (nos tempos modernos, em cada 25 anos) e extraordinários quando são proclamados por algum motivo muito especial, p. ex., em 1933, para celebrar o aniversário da Redenção. Celebraram-se vinte e cinco Anos Santos gerais entre 1300 e 1950. . . .
O primeiro Ano Santo, em 1300, começou na véspera de 24-25 de dezembro . . . O Papa Bonifácio VIII emitiu uma bula . . . que determinou que cada 100 anos se celebrasse um jubileu universal. . . . Em 1342, Clemente VI decretou um jubileu cada 50 anos; . . . Em 1389, Urbano VI reduziu o tempo para 33 anos . . . e proclamou o terceiro Ano Santo para 1390. . . . O quarto jubileu foi o ano centenário de 1400, e o quinto foi realizado em 1425 . . . Finalmente, em 1470, Paulo II reduziu o tempo para 25 anos, de modo que o próximo Ano Santo foi em 1475, e este costume permanece até os nossos dias. . . .
2. O que mostram as estatísticas atuais quanto ao tamanho da cristandade?
2 A Igreja Católica Romana entrou no Ano Santo de 1975 com uma população católica romana calculada em 551.949.000, tornando-a hoje a maior organização religiosa na terra. A próxima organização religiosa quanto ao tamanho, a dos hindus, tem 515.580.500 membros. Se acrescentarmos à população católica romana os 91.580.700 membros calculados do grupo ortodoxo oriental e os 324.263.750 membros relatados das denominações protestantes, obtemos o rol de membros da cristandade de pelo menos 967.793.450 — uma formidável organização religiosa que comumente pareceria impossível de ser derrubada ou eliminada da terra. (Veja The World Almanac de 1975, página 322.)
3, 4. Em que ilustração foi predito por Jesus o crescimento numérico da cristandade?
3 Medida pelo tamanho da cristandade no seu começo, no quarto século de nossa Era Comum, sua alegada população indica hoje deveras um enorme aumento. Dá a impressão de que Aquele de quem a cristandade deriva seu nome tem abençoado a cristandade. As estatísticas sobre o crescimento dela para quase um bilhão de membros dá a impressão de que a cristandade tem florescido com a opulência dum paraíso espiritual. Alguns talvez pensem que ela está em caminho para seu antigo objetivo, o da conversão mundial. Que ela aumentou para as atuais proporções numéricas não deve surpreender, porque foi predito pelo próprio Jesus Cristo. No meio duma série de ilustrações proféticas ou parábolas, ele apresentou quadros tirados da vida cotidiana para predizer o crescimento da cristandade. Por exemplo, ele disse:
4 “O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e plantou no seu campo; o qual, de fato, é a menor de todas as sementes, mas, quando desenvolvida, é a maior das hortaliças e se torna uma árvore, de modo que as aves do céu vêm e acham pousada entre os seus ramos.” — Mateus 13:31, 32; Marcos 4:30-32.
5. (a) A que se referia Jesus ao mencionar aqui o “reino dos céus”? (b) Por que não deve isto parecer estranho, em vista da parábola precedente?
5 Nesta parábola, Jesus Cristo mencionou o “reino dos céus”, mas pensando na sua contrafação. Isto não é estranho, pois, na parábola que precede a esta, ele ilustrou como se produziriam em grande número cristãos de imitação. Ele, igual ao semeador da semente excelente de trigo no campo, semeava a figurativa “semente excelente”, os “filhos do reino”. No entanto, assim como na parábola veio de noite o inimigo, quando os homens dormiam, e semeou no mesmo campo semente de joio, ou lólio, assim mais tarde, quando professos cristãos batizados não se mantiveram despertos e vigilantes contra a invasão do erro e de fingidos, Satanás, o Diabo, semearia cristãos de imitação entre os verdadeiros “filhos do reino”. Isto exigiria uma separação entre os verdadeiros e os falsos, no tempo designado de Deus, na “terminação do sistema de coisas”, em que nos encontramos hoje. — Mateus 13:24-30, 36-43; veja os Mt 13 versículos 47-50.
6. Em vez de predizer a conversão do mundo, o que predisse Jesus a respeito do número dos “filhos do reino”?
6 O Senhor Jesus Cristo não esperava, nem predizia, a conversão mundial ao verdadeiro cristianismo. Não predizia que todo o mundo da humanidade certo dia se tornaria mesmo “filhos do reino”. Ele disse aos prospectivos “filhos do reino”: “Vosso Pai sabe que necessitais destas coisas. Não obstante, buscai continuamente o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas. Não temas pequeno rebanho, porque aprouve a vosso Pai dar-vos o reino.” (Lucas 12:30-32) Cerca de sessenta e cinco anos depois de proferir a parábola da semente da mostarda, o ressuscitado e glorificado Jesus Cristo transmitiu uma revelação ao apóstolo João e disse claramente que os “filhos do reino”, os israelitas espirituais, somariam doze vezes doze mil. Compare isso com o atual rol de membros da cristandade, ou compare 144.000 com 967.793.450. — Revelação 7:4-8.
7. Como nos ajuda o contexto das Escrituras a identificar as “aves” que acham pousada na mostardeira da ilustração de Jesus?
7 De modo que Jesus Cristo sabia muito bem que o verdadeiro cristianismo, “o reino dos céus”, não se tornaria uma “árvore” figurativa, em cujos ramos pudessem pousar as aves ou sob a qual pudessem achar ampla sombra. Na parábola anterior sobre os quatro tipos de solo em que se semeia a semente excelente, a qual representa a “palavra do reino”, Jesus incluiu aves no quadro. A quem se assemelhariam essas “aves”, segundo ele explicou? Ao “iníquo”, “o Diabo”. Quer dizer, os agentes terrestres do iníquo Diabo. (Mateus 13:1-8, 18-23; Lucas 8:4-8, 11-15) Marcos 4:15 chama-o de Satanás. É razoável, pois, que as aves mencionadas no mesmo contexto, na mesma série de parábolas, representem coisas similares. De modo que as aves que acham pausada na mostardeira representam os agentes do “iníquo”, “Satanás, o Diabo”. Correspondem ao “joio”, ao trigo de imitação, na parábola do trigo e do joio. São os “filhos do iníquo”.
8. Então, na parábola, quem é o “homem” que semeou o grão de mostarda e quem foi usado com destaque como agente, no quarto século?
8 É o fictício “reino dos céus”, a contrafação dele, a saber, a cristandade, que está cheia destas aves simbólicas, “os filhos do iníquo”. É hoje bastante grande para contê-los a todos. Na parábola, o “homem” que semeou o grão de mostarda representa o “Filho do homem”, Jesus Cristo. Mas, a fim de perverter o crescimento do grão, Satanás, o Diabo, aos poucos, infiltrou elementos estranhos ao verdadeiro cristianismo, a saber, cristãos de imitação. No quarto século E. C., Satanás tomou medidas amplas por meio do principal político do Império Romano, a saber, Constantino, o Grande. Em 312 E. C., este militar sanguinolento professou converter-se ao cristianismo, porém, na realidade, ao cristianismo apóstata dos seus dias, conforme professo por soldados no exército. Este homem ambicioso venceu seus rivais políticos e obteve o cargo de imperador do Império Romano. Neste cargo, agiu como Sumo Pontífice (Pontifex Maximus) ou sacerdote principal da religião romana, pagã. Apegou-se a este concílio, cargo e autoridade religiosa, pagã, apesar de afirmar ser cristão.
9. (a) Que espécie de Deus é adorado por todas as “aves” nessa “árvore” simbólica? (b) Aonde esperam todos ir, por fim, tornando assim próprio que, na ilustração, sejam associados com o “reino dos céus”?
9 Como Sumo Pontífice, o Imperador Constantino agiu como se fosse o chefe visível da Igreja cristã e convocou um concílio de chamados “bispos”, dos superintendentes presidentes das congregações de professos cristãos, em Nicéia, na Ásia Menor, em 325 E. C. Neste Concílio, o Sumo Pontífice Constantino resolveu as altercações episcopais sobre quem e o que Deus era por tomar partido com o lado trinitarista e decretar que Deus é Deus trino, Deus em três pessoas indivisas, a saber, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Até hoje, a doutrina não-bíblica da “Trindade” é doutrina fundamental das igrejas sectárias da cristandade. É a esta pervertida “árvore” mostardeira que afluem muitas “aves” de mentalidade mundana para pousar nela. Todos esperam ir para o céu, como “filhos do reino”, e ver este Deus misterioso e inexplicavelmente trino. Deveras, na cristandade, o fictício “reino de Deus”, cumpre-se a parábola do “grão de mostarda”.
CORRUÇÃO RELIGIOSA
10. Em Mateus 13:33, que ilustração adicional deu Jesus a respeito do “reino dos céus”?
10 Segundo Mateus 13:33, logo depois da parábola do grão de mostarda, Jesus Cristo apresentou outra ilustração para mostrar algo mais sobre a imitação do “reino dos céus”. Lemos: “Disse-lhes ainda outra ilustração: ‘O reino dos céus é semelhante ao fermento que certa mulher tomou e escondeu em três grandes medidas de farinha, até que a massa inteira ficou levedada.’” (Também em Lucas 13:18-21) Então, como se cumpriu esta ilustração?
11. (a) O que era o fermento, nos tempos bíblicos, e que efeito tem? (b) Como é o fermento usado figurativamente nas Escrituras? Ilustre isso.
11 O fermento, nos tempos bíblicos, era um pouco de massa lêveda, preservada e acrescentada à nova massa de farinha, para fazê-la fermentar e formar bolhas de gás, que levedariam a massa inteira ou a tornariam mais leve. A fermentação é na realidade um processo de decomposição, de corrução, de modo que muitas vezes causa estragos. Por este motivo, em geral é usado nas Escrituras Sagradas em sentido figurativamente mau. Por exemplo, os fariseus e saduceus incrédulos eram fornecedores de levedo espiritual, sobre o qual Jesus disse aos seus discípulos: “Vigiai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.” Os discípulos entendiam isso como significando o “ensino dos fariseus e dos saduceus”. (Mateus 16:6-12) Segundo Lucas 12:1, Jesus disse aos seus discípulos: “Vigiai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.” Este levedo ou fermento doutrinal e ritual também pode ter tido um tom político, conforme representado pelos partidários judaicos do Rei Herodes; de modo que Jesus disse: “Mantende os olhos abertos, acautelai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.” — Marcos 8:15.
12. Em 1 Coríntios 5:6-8, o fermento é usado para representar o quê? Em contraste com quê?
12 Em plena obediência a este aviso, os cristãos do primeiro século celebravam na sua vida cotidiana o antítipo da antiga festividade judaica dos pães não fermentados ou ázimos, festividade que se celebrava durante sete dias depois da Páscoa anual. Bem apropriadamente, pois, o apóstolo Paulo advertiu-os contra o fermento figurativo, dizendo: “A vossa razão para jactância não é excelente. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? Retirai o velho fermento, para que sejais massa nova, conforme estiverdes livres do levedo. Pois, deveras, Cristo, a nossa páscoa, já tem sido sacrificado. Conseqüentemente, guardemos a festividade, não com o velho fermento, nem com o fermento de maldade e iniqüidade, mas com os pães não fermentados da sinceridade e da verdade.” (1 Coríntios 5:6-8) Esta declaração do apóstolo contrasta o figurativo fermento da maldade e iniqüidade, o ensino sectário falso e a hipocrisia religiosa, com a sinceridade, genuinidade e verdade.
13. Por que mencionou Jesus uma mulher na sua ilustração, e que comparação há entre a quantidade de fermento e a quantidade de farinha?
13 Como lá naquele tempo o campo de lavoura era o domínio do homem, assim a cozinha era o domínio da mulher. (2 Samuel 13:6-8; 1 Reis 17:11-13; Jeremias 7:18; Lucas 17:35) Apropriadamente, pois, Jesus usou uma mulher na sua ilustração, como sendo quem pôs um pouco de fermento num grande pedaço de massa, a fim de fermentá-la. A massa era de “três grandes medidas de farinha”. A nota marginal da versão da Liga de Estudos Bíblicos indica a quantidade de farinha que isto representava, por verter e comentar Mateus 13:33 do seguinte modo: “O reino dos céus é como fermento, que uma mulher tomou e colocou em três medidas [quarenta litros] de farinha, até que tudo ficasse fermentado.” A Nova Bíblia Americana, em inglês, descreve o processo, dizendo: “O reino de Deus é como fermento que uma mulher tomou e amassou com três medidas de farinha. Por fim, a massa toda começou a subir.” A tradução inglesa de Byington também enfatiza a quantidade fermentada, dizendo: “O Reino dos Céus é como um pouco de levedo que uma mulher tomou e enterrou em quarenta quartas de farinha, até que toda ela ficou levedada.” Isto ilustra como age o fermento figurativo.
14, 15. (a) Que efeito tem o fermento figurativo sobre uma organização religiosa? (b) Com que linguagem adverte o apóstolo Pedro contra tal influência na congregação?
14 Igual ao literal fermento ou levedo, o fermento figurativo causa o azedamento duma organização religiosa. É instrumento que corrompe em sentido religioso. É preparado por Satanás, o Diabo, e ele usa agentes humanos, terrenos, para introduzir o fermento figurativo numa organização religiosa, pura, com o objetivo de corrompê-la e torná-la imprópria para o uso de Deus, transformando-a em vitupério ou descrédito para Deus. Numa carta escrita cerca de trinta e um anos depois da fundação da verdadeira congregação cristã, no dia de Pentecostes de 33 E. C., o apóstolo Pedro advertiu contra tal inserção de fermento religioso na congregação, dizendo:
15 “Por conseguinte, temos a palavra profética tanto mais assegurada; e fazeis bem em prestar atenção a ela como a uma lâmpada que brilha em lugar escuro, até que amanheça o dia e se levante a estrela da alva, em vossos corações. Pois sabeis primeiramente isto, que nenhuma profecia da Escritura procede de qualquer interpretação particular. Porque a profecia nunca foi produzida pela vontade do homem, mas os homens falaram da parte de Deus conforme eram movidos por espírito santo. No entanto, houve também falsos profetas entre o povo, assim como haverá falsos instrutores entre vós. Estes mesmos introduzirão quietamente seitas destrutivas e repudiarão até mesmo o dono que os comprou, trazendo sobre si mesmos uma destruição veloz. Outrossim, muitos seguirão os seus atos de conduta desenfreada, e, por causa destes, falar-se-á de modo ultrajante do caminho da verdade. Explorar-vos-ão também em cobiça com palavras simuladas. Mas, quanto a eles, o julgamento, desde tempos antigos, não está avançando vagarosamente e a destruição deles não está cochilando.” — 2 Pedro 1:19 a 2:3.
16. De modo similar, contra que advertiu Paulo a congregação em Éfeso?
16 O apóstolo Paulo advertiu verbalmente os anciãos da congregação de Éfeso, na Ásia Menor, sobre a mesma coisa, dizendo: “Não me refreei de falar a todos vós todo o conselho de Deus. Prestai atenção a vós mesmos e a todo o rebanho, entre o qual o espírito santo vos designou superintendentes para pastorear a congregação de Deus, que ele comprou com o sangue do seu próprio Filho. Sei que depois de eu ter ido embora entrarão no meio de vós lobos opressivos e eles não tratarão o rebanho com ternura, e dentre vós mesmos surgirão homens e falarão coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos.” — Atos 20:27-30.
17, 18. (a) Com o tempo, o que se tornaram esses falsos instrutores e profetas? (b) Por que são corretamente chamados de “filho da destruição”?
17 Estes falsos instrutores e profetas, homens lupinos em pele de ovelha, aumentariam gradualmente e formariam um composto “homem que é contra a lei”. Tal agência humana de Satanás, o Diabo, causaria uma rebelião ou “apostasia” na organização religiosa que afirma ser cristã. Por este motivo, tal corpo clerical de líderes religiosos se destinaria à destruição, de modo que este “homem” composto podia de direito ser chamado de “filho da destruição”. Naturalmente, a organização religiosa sobre a qual este “homem que é contra a lei” assumiria o controle não obteria o favor de Deus, mas seria marcada para a destruição no Seu tempo devido. Por quê?
18 “Por não terem aceito o amor da verdade, para que fossem salvos. De modo que é por isso que Deus deixa que vá ter com eles a operação do erro, para que fiquem acreditando na mentira, a fim de que todos eles sejam julgados, porque não acreditaram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça.” — 2 Tessalonicenses 2:3-12.
19. No quarto século E. C., como se tornou claramente identificável o “homem que é contra a lei”?
19 Embora o “mistério daquilo que é contra a lei” já estivesse operando nos dias dos apóstolos, este composto “homem que é contra a lei” só assumiu uma forma claramente identificável no reinado do Imperador Constantino, o Grande, na primeira parte do quarto século E. C. Este Sumo Pontífice pagão tentou criar uma “religião amalgamada” por causar uma fusão. O verdadeiro cristianismo nunca pode ser amalgamado ou fundido com qualquer das religiões falsas deste mundo. (2 Coríntios 6:14 a 7:1) No entanto, o chefe político-religioso do Império Romano obrigou os chamados “bispos”, que negociavam com ele, a transigir. De modo que o cristianismo adulterado, supervisionado por tais “bispos”, foi fundido com a religião romana, pagã, para criar uma “religião amalgamada” que seria menos objetável e mais aceitável para os que ainda eram pagãos no coração e que desejavam apegar-se a certas das suas idéias e práticas religiosas, pagãs. Assim como estavam acostumados a ter na sua anterior religião pagã, permitiram que os “bispos” formassem uma classe clerical sobre eles, para governá-los qual classe leiga. Esta religião amalgamada tornou-se a religião estatal.
20, 21. (a) Em resultado de se introduzir “fermento” religioso na cristandade, no começo dela, o que se desenvolveu? (b) Embora os membros das igrejas da cristandade pensem que vão para o céu, ao morrerem, o que indica a prevalência das “obras da carne” entre eles?
20 Assim se fundou a cristandade, e, nos séculos desde então, ela cresceu para aquilo que é hoje. É hoje uma enorme massa religiosa, contudo, com um pedacinho de “fermento” religioso amassado na organização, ficou cabalmente levedada com paganismo, mundanismo, maldade, iniqüidade, tradições de homens, hipocrisia e doutrina de demônios. A cristandade fez-se parte de Babilônia, a Grande, o império mundial da religião falsa, e cresceu ao ponto de ser a única unidade dominante daquele império religioso. (Revelação 17:3-6) O nome cristandade talvez dê a idéia de que seus membros religiosos se destinem ao reino celestial, ao morrerem. Mas hoje, mais do que em qualquer tempo anterior, a cristandade está cheia das “obras da carne”, e o apóstolo Paulo declarou quais são estas obras e se elas constituem, ou não, alguma base para a admissão no reino celestial:
21 “Um pouco de fermento leveda a massa toda. Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são fornicação, impureza, conduta desenfreada, idolatria, prática de espiritismo, inimizades, rixa, ciúme, acessos de ira, contendas, divisões, seitas, invejas, bebedeiras, festanças e coisas semelhantes a estas. Quanto a tais coisas, aviso-vos de antemão, do mesmo modo como já vos avisei de antemão, de que os que praticam tais coisas não herdarão o reino de Deus.” — Gálatas 5:9, 19-21.
22. Usufrui a cristandade hoje um paraíso espiritual, e quais são as suas perspectivas de entrar em qualquer outro paraíso de Deus?
22 Em vista de todos estes fatos muitas vezes mencionados, diria qualquer pessoa sincera que a cristandade, hoje em dia, com seu grande rol de membros, usufrui um paraíso espiritual assim como é descrito na Bíblia Sagrada? Destinam-se os membros dela, na morte, a irem para o céu e a comerem da “árvore da vida, que está no paraíso de Deus”? (Revelação 2:7) Ou será a cristandade poupada por Jeová Deus, por causa de seu nome religioso e de suas profissões, e sobreviverá à atual aflição mundial, usufruindo o literal paraíso terrestre durante o iminente reinado milenar do Filho de Deus, Jesus Cristo? (Lucas 23:43) Não há base bíblica para se responder Sim a estas perguntas. Antes, o que aguarda a cristandade foi prefigurado pelo que sobreveio à terra de Edom, em cumprimento da profecia de Isaías, capítulo trinta e quatro.
O EQUIVALENTE HODIERNO DE EDOM
23. Quem olha hoje para Jeová como seu Juiz, Legislador e Rei, conforme predito por Isaías, e, portanto, contra que doenças são salvaguardados?
23 Os três versículos que precedem o começo deste capítulo trinta e quatro de Isaías apresentam a declaração duma atitude religiosa que não foi adotada nem pela cristandade, nem pelo judaísmo. Os versículos rezam: “Jeová é o nosso Juiz, Jeová é o nosso Legislador, Jeová é o nosso Rei; ele mesmo nos salvará. Tuas cordas [da frota atacante de veleiros do inimigo] terão de pender soltas; não manterão seu mastro firmemente ereto; não estenderam nenhuma vela. Naquele tempo, até mesmo o despojo em abundância terá de ser dividido; os próprios coxos [do povo liberto de Jeová] tomarão realmente um grande saque. E nenhum residente dirá: ‘Estou [espiritualmente] doente.’ O povo que mora na terra serão os a quem se perdoa seu erro.” (Isaías 33:22-24) Em nítido contraste com a cristandade e o judaísmo, as testemunhas cristãs de Jeová, que residem no paraíso espiritual de Seu favor e proteção, são os que tomaram a Jeová por seu Rei, seu Legislador, seu Juiz e seu Salvador. Portanto, são os salvaguardados contra as doenças, moléstias e pragas espirituais que afligem a cristandade e o judaísmo. — Salmo 91:1-10.
24, 25. (a) No capítulo 34 de Isaías, Jeová avisa as nações de que elas estão envolvidas em quê? (b) Que aviso se lhes dá sobre o resultado do caso jurídico?
24 Seguindo logo esta profecia, o Isaías capítulo trinta e quatro da profecia de Isaías apresenta uma perspectiva horrível para as nações mundanas. Esta perspectiva fornece um fundo de contraste contra o qual o luminoso paraíso espiritual descrito no capítulo seguinte (Is 35) se destaca fortemente. Visto que aguarda as nações algo tão calamitoso e visto que procede Dele, Jeová dá aviso antecipado às nações e aos grupos nacionais. As nações podem hoje pensar que Deus não tem nada que ver com o assunto, que não estão absolutamente envolvidas com Deus, que eles, como homens materialistas, manejam seus próprios assuntos e não têm nenhuma responsabilidade para com o Ser Supremo, para com o Criador. Mas, Jeová Deus, por meio do profeta Isaías, desperta a atenção das nações e as faz lembrar de que realmente têm parte no caso jurídico perante o Tribunal do Universo, e que, portanto, sofrerão a execução do julgamento.
25 Assim, iniciando o capítulo trinta e quatro, o porta-voz de Deus diz: “Chegai-vos, nações, para ouvir; e prestai atenção, grupos nacionais. Escute a terra e aquilo que a enche, o solo produtivo e todo o seu produto. Porque Jeová tem indignação contra todas as nações e furor contra todo o seu exército. Ele terá de devotá-las à destruição [ele as devotou ao massacre]; terá de entregá-las ao abate. E seus mortos serão lançados fora; e quanto aos seus cadáveres, ascenderá o seu mau cheiro; e os montes terão de derreter-se por causa do sangue deles. E todos os do exército dos céus terão de apodrecer. E os céus terão de ser enrolados, como o rolo dum livro; e todo o seu exército terá de engelhar-se, assim como se engelha a folhagem caindo da videira e como o figo engelhado da figueira.” — Isaías 34:1-4, NM; CBC.
26. A que prestação de contas são as nações chamadas por Deus, e especialmente que nações?
26 O que se traz aqui à nossa atenção é a culpa de sangue das nações, entre as quais as nações da cristandade foram as mais culpadas de todas. Encharcaram a terra não só com o sangue dos animais selváticos abatidos desenfreadamente, mas em especial com sangue humano. Quem seria logicamente aquele que de direito exigiria das nações todo este sangue que derramaram, requerendo-o de volta das nações, porque este sangue representa a vida dada por Deus? Não é outro senão o próprio Criador, o Dador da vida, que deu à humanidade a corrente sangüínea que sustenta a vida. Todas as nações da atualidade têm seus exércitos permanentes, em maior abundância do que nunca antes, e todos equipados, preparados e treinados para derramar mais sangue humano em conflitos internacionais.
27. (a) Quão séria é a lei de Deus, de alma ser dada por alma? (b) O que indica a declaração de que “os montes terão de derreter-se por causa do sangue deles”?
27 Não foi uma declaração vã em que Jeová Deus apresentou sua lei justa: Vida por vida; alma por alma. (Gênesis 9:4-6; Êxodo 21:23-25) Fiel a esta lei irrevogável, Ele fará o sangue das nações correr até morrerem. A crescente culpa de sangue, das nações, é tão grande, que o sangue reclamado de volta em restituição ao Dador da vida forneceria bastante líquido para como que derreter ou dissolver os montes. Naturalmente, com a destruição completa das forças militares das nações mundanas ocorreria a queda de seus governos, os quais, na profecia bíblica, às vezes são retratados como “montes”.
28. Nesta profecia, a que se refere a expressão “todos os do exército dos céus”, e o que acontece com tais?
28 Com a expressão “todos os do exército dos céus”, o profeta não se refere às estrelas e aos planetas de nossos céus, tais como o sol, a lua e a Via-láctea, bem como às galáxias distantes de estrelas. Antes, os governos da humanidade, por causa de sua posição elevada como autoridades superiores, são comparados a céus sobre a sociedade humana, terrestre. (Romanos 13:1-4) De modo que o “exército dos céus” seria os exércitos em conjunto destes governos semelhantes ao céu, da humanidade. Tal “exército”, aparentemente a parte mais forte dos governos altos como o céu, irão “apodrecer”, desfazer-se, como algo perecível. Os céus literais acima de nós parecem ser arqueados, curvos, assim como um antigo rolo de livro, cuja escrita em geral estava na parte côncava, na parte de dentro. O sol, a lua e as estrelas de nossos céus aparecem no arco estendido dos nossos céus quais coisas escritas na face interna do rolo dum livro.
29. Como se mostram os céus simbólicos “como o rolo dum livro” e “como o figo engelhado”?
29 Quando a matéria escrita na face interna do rolo passou diante dos olhos do leitor, então o rolo terminado é enrolado e guardado. De modo similar, “os céus terão de ser enrolados, como o rolo dum livro”, no sentido de que os governos semelhantes a céus, cujo “exército” desempenhou sua parte visível nas páginas da história humana, terão de vir ao seu fim, terão de chegar à última página de sua história, e, por isso, terão de ser levados ao seu fim, eliminados, postos de lado sem terem mais permissão de Deus para existir. Os que são de seu “exército” de aspecto impressionante perderão o frescor da vida e cairão, desaparecendo da vista dos que leram sua história, assim como as folhas engelhadas que caem da videira e como o figo engelhado que cai da figueira. Passou a sua estação. — Compare isso com a linguagem de Revelação 6:12-14.
A CRISTANDADE, O EQUIVALENTE MODERNO DE EDOM
30, 31. Como mostram os versículos seguintes da profecia de Isaías que os “céus” mencionados aqui não são os céus espirituais, invisíveis, da habitação de Deus?
30 Que os “céus”, cujo “exército” apodrece ou se engelha, não devem ser entendidos como se referindo aos invisíveis céus espirituais da habitação de Deus, é indicado pela parte adicional da profecia de Isaías. Expressando-se ali, Jeová disse:
31 “‘Pois a minha espada certamente ficará encharcada nos céus. Eis que descerá sobre Edom [Iduméia, So; LXX] e sobre o povo que em justiça devotei à destruição. Jeová tem uma espada; terá de ficar cheia de sangue; terá de ficar untada de gordura, do sangue de carneirinhos e de cabritos, da gordura dos rins de carneiros. Porque Jeová tem um sacrifício em Bozra [capital de Edom ou Iduméia] e um grande abate na terra de Edom. E os touros selvagens terão de descer com eles, e os novilhos, com os poderosos; e sua terra terá de ser encharcada com sangue e o próprio pó deles ficará untado de gordura.’ Porque Jeová tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa jurídica relativa a Sião.” — Isaías 34:5-8, NM; Versão dos Setenta segundo a tradução inglesa de Thomson.
32. Quem eram os edomitas, e em que espécie de região moravam?
32 O território dos edomitas, em ambos os lados do Arabá, entre o Mar Morto e o Golfo de ‘Aqaba, chamava-se “região montanhosa de Esaú”. (Obadias 8, 9, 19, 21) Esaú era o nome original do homem chamado Edom. O apelido Edom, significando “Vermelho”, foi dado a Esaú por ter vendido sua primogenitura abraâmica ao seu irmão gêmeo mais novo, Jacó (Israel), em troca duma refeição de cozido vermelho. (Gênesis 25:29-34; Hebreus 12:16, 17) Visto que Jacó o suplantou na primogenitura preciosa, Esaú (ou Edom) ficou cheio de ódio assassino para com seu irmão gêmeo de mentalidade espiritual. (Gênesis 27:30-45) Por Esaú passar a residir na região montanhosa, ele morava no alto, como no céu. Jeová falou deste ponto de vista quando, pela boca de seu profeta Obadias, disse aos esauítas (edomitas):
“‘Enganou-te a presunção de teu coração, tu que resides nos retiros do rochedo, a altura onde ele mora, dizendo no seu coração: “Quem me fará descer para a terra?” Se fizesses a tua posição tão alta como a águia ou se se colocasse teu ninho entre as estrelas, de lá eu te faria descer’, é a pronunciação de Jeová.” — Obadias 3, 4.
33. (a) Em Isaías 34:5, o que quer dizer a declaração de que a espada de Deus ficaria encharcada “nos céus”? (b) Com que termos se faz referência aos maiores e aos menores em Edom?
33 Portanto, ao falar de ele destruir a nação de Edom pela “espada” da guerra, Jeová podia dizer figurativamente que sua espada ficaria encharcada, cheia de sangue, “nos céus”. Havia votado ou devotado os edomitas à destruição, em justiça, e esta destruição atingiria a parte de alta categoria da nação de Edom, conforme representada pela sua capital Bozra. Jeová fala da matança desta nação inimiga como sendo um sacrifício, porque é em execução de seu julgamento e em vindicação dele qual Soberano Universal. Jeová fala dos maiores e dos menores como sendo simbólicos “touros selvagens”, “novilhos”, “cabritos” e “carneiros”. A terra desta nação de mentalidade assassina, culpada de derramar sangue, tinha de ficar encharcada com o seu próprio sangue, por meio da “espada” matadora de Jeová.
34-36. O que haviam feito os edomitas para merecer tal tratamento drástico das mãos de Deus?
34 Este tratamento drástico da terra de Edom era merecido. Senão, não teria sido um ato de justiça divina. “Porque Jeová tem um dia de vingança, um ano de retribuições pela causa jurídica relativa a Sião.” (Isaías 34:8) Isto não se dava por causa do chamado “sionismo”. Antes, estava envolvida a antiga Sião, onde o “trono de Jeová” havia sido ocupado pelos reis ungidos do povo escolhido de Jeová. No ano 607 A. E. C., os exércitos de Babilônia haviam destruído a cidade santa de Jerusalém e derrubado o Reino de Judá, deportando os judeus sobreviventes para a terra pagã de Babilônia. Nesta ocasião, a atitude da nação de Edom para com o povo de Jeová, que fora disciplinado, mostrou-se inconfundível. Como?
35 Jeová trouxe isso à atenção deles por meio de seu profeta Obadias, dizendo:
“No dia em que ficaste parado de lado, no dia em que estranhos [babilônios] levaram ao cativeiro a sua força militar [a de Israel] e quando até estrangeiros entraram pelo seu portão e lançaram sortes sobre Jerusalém, tu também eras como um deles.
“E não devias ter contemplado o espetáculo no dia de teu irmão, no dia do seu infortúnio, e não te devias ter alegrado sobre os filhos de Judá no dia de seu perecimento; e não devias ter uma boca grande no dia da sua aflição. Não devias ter entrado pelo portão do meu povo no dia do seu desastre. Tu, sim, tu não devias ter espreitado a sua calamidade no dia do seu desastre, e não devias ter estendido a mão sobre a sua riqueza no dia do seu desastre. E não devias ter ficado de pé na bifurcação dos caminhos para decepar-lhe os fugitivos; e não devias ter entregue os seus sobreviventes do dia da aflição. Pois está próximo o dia de Jeová contra todas as nações. Assim como fizeste, será feito a ti. Tua espécie de tratamento retornará sobre a tua própria cabeça. Pois assim como vós bebestes sobre o meu santo monte, estarão bebendo continuamente todas as nações. E certamente beberão, e engolirão, e ficarão como se nunca tivessem existido.” — Obadias 11-16.
36 O salmista inspirado relembrou a mesma conduta maldosa da parte duma nação irmã, quando orou a Jeová e disse: “Lembra-te, ó Jeová, do dia de Jerusalém, com respeito aos filhos de Edom, que diziam: ‘Exponde-a! Exponde-a até o alicerce dentro dela!’ Ó filha de Babilônia, que és para ser assolada, feliz será aquele que te recompensar com o teu próprio tratamento com que nos trataste.” — Salmo 137:7, 8.
37. (a) Por que considerava Jeová como sua a “causa jurídica relativa a Sião” com Edom? (b) Quando começou a expressão da vingança de Jeová sobre Edom?
37 Aquilo que os edomitas fizeram ao Seu povo escolhido no dia do desastre deste, em 607 A. E. C., Jeová considerou como feito a ele. Por isso, ele tinha uma “causa jurídica relativa a Sião”. Portanto, tinha de vir o ano em que ele daria “retribuições pela causa jurídica relativa a Sião” e expressaria sua vingança contra os edomitas infratores. (Isaías 34:8) Jeová começou a expressar esta vingança justa contra os edomitas por meio do rei de Babilônia, Nabucodonosor, pouco depois da destruição de Jerusalém. — Jeremias 25:17-21.
ATOS DOS HERODES EDOMITAS
38. De que atos adicionais contra o povo de Jeová eram culpados os governantes edomitas tais como o Rei Herodes, o Grande, Herodes Ântipas e o Rei Herodes Agripa I?
38 Os descendentes de Edom (Esaú), os idumeus, conforme os gregos os chamavam, continuaram a ser culpados de atos contra o povo escolhido de Jeová. A família do Rei Herodes, o Grande, era de idumeus ou edomitas. Para a vergonha dele, o relato bíblico revela que este rei, que construiu o suntuoso templo em Jerusalém, temeu pelo seu reino na sua família e tentou assassinar o menino Jesus em Belém de Judá. (Mateus 2:1-22) Cerca de trinta anos mais tarde, na celebração de seu aniversário, o lupino Herodes Ântipas, governante distrital, mandou decapitar o precursor de Jesus, João Batista. (Mateus 14:1-11; Lucas 13:31, 32) Em 33 E. C., quando a vida de Jesus estava em julgamento e ele foi enviado pelo Governador Pilatos ao então rei da Galiléia, Herodes Ântipas, Filho de Herodes, o Grande, este governante ficou desapontado com Jesus e o depreciou como o Messias, enviando-o de volta a Pilatos e à sua morte. (Lucas 23:6-12) Alguns anos depois, o Rei Herodes Agripa I tentou agradar os judeus e executou Tiago, irmão de João, um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, pela espada, e depois encarcerou o apóstolo Pedro, com a intenção de mandá-lo ser executado após a Páscoa judaica. (Atos 12:1-6) E, finalmente, que dizer do Rei Herodes Agripa II?
39. Embora o Rei Herodes Agripa II recebesse a oportunidade de se tornar cristão, de que continuou a ser agente?
39 Numa sessão especial, por arranjo do Governador Festo, o apóstolo Paulo foi trazido perante ele em Cesaréia. Quando Paulo disse ao rei, no clímax de sua defesa jurídica de si próprio: “Crês tu nos profetas, Rei Agripa? Sei que crês”, o que disse este idumeu a Paulo? “Em pouco tempo me persuadirias a tornar-me cristão.” (Atos 26:27, 28) Embora então fosse prosélito judaico, circunciso, o Rei Agripa nunca tornou-se israelita espiritual, cristão. Permaneceu na política como agente do Império Romano pagão.
40. (a) Em que conspiração contra Jesus participaram os partidários de Herodes? (b) Depois de que acontecimento desapareceram os edomitas da história, em cumprimento da profecia bíblica?
40 Durante a vida de Jesus, os partidários de Herodes cooperavam com os fariseus em tentar enlaçar Jesus com as suas observações sobre se era biblicamente lícito que os judeus pagassem impostos a César ou não. Tentaram lançá-lo nas “garras dum dilema” e assim causar-lhe dificuldades, quer com os romanos, quer com o partido nacionalista dos judeus. (Mateus 22:15-22) De modo que os herodianos não adotaram uma atitude favorável para com o cristianismo, no início deste. Segundo o registro bíblico, o mesmo se dava com os edomitas ou idumeus, chefiados pela família real dos Herodes. Apegavam-se ao judaísmo. Durante o sítio de Jerusalém pelos romanos, em 70 E. C., os idumeus acataram a convocação da facção judaica que ocupava a área do templo contra a facção oposta de judeus. Mas a ajuda iduméia (edomita) mostrou-se em vão, e Jerusalém caiu diante dos romanos, sendo destruída junto com seu templo de Herodes. Depois deste desastre, os idumeus ou edomitas desapareceram do cenário da história do Oriente Médio. A profecia bíblica a respeito deles não falhou.
O ANTIGO EDOM E O ANTÍTIPO MODERNO
41. Qual é o equivalente moderno da “terra de Edom”?
41 A profecia de Jeová tampouco falhará em cumprir-se no equivalente hodierno, no antítipo, da “terra de Edom”. Quem é este antítipo? É a cristandade. Assim como a antiga nação judaica e Jerusalém foram usadas por Jeová Deus de modo típico, para prefigurar coisas com respeito à cristandade, assim a nação irmã de Edom foi usada por Ele de modo típico. (1 Coríntios 10:6, 11; Colossenses 2:16, 17) O povo de Edom era descendente carnal de Esaú, apelidado Edom (“Vermelho”). Seu antepassado nacional era o irmão gêmeo mais velho de Jacó, que recebeu o sobrenome de Israel. Por ser o primogênito de Isaque e Rebeca, Esaú achava que tinha o direito natural à primogenitura transmitida por seu avô Abraão.
42. Que acontecimento relacionado com o direito de primogenitura levou Esaú a odiar Jacó?
42 Entretanto, Jeová Deus desconsiderou o direito natural do primogênito, e, já antes do nascimento dos gêmeos, declarou-se a favor do gêmeo nascido em segundo lugar, Jacó (“Suplantador”). Embora fosse assim, Esaú tratou a primogenitura de modo profano ou com falta de apreço de coisas espirituais. Numa ocasião de fadiga e fome, estava disposto a vender esta primogenitura ao seu irmão apreciativo Jacó por apenas uma só refeição. Mais tarde, quando veio o tempo de seu pai Isaque conceder a bênção abraâmica, Esaú desconsiderou o juramento que fizera para validar a venda de sua primogenitura e fez preparativos para receber a bênção da primogenitura, à qual não tinha mais direito. Era apenas direito que fosse ultrapassado em astúcia, neste assunto, e a bênção fosse dada àquele a quem pertencia de direito, segundo a vontade de Deus, a saber, Jacó. Mas, Esaú achou que havia sido injustamente suplantado e defraudado. Portanto, em ódio, propôs-se matar Jacó na primeira oportunidade. — Gênesis 25:29 a 27:45; Hebreus 12:16, 17.
43. (a) Nesta questão, a quem veio a representar Jacó? (b) Que dizer de Esaú?
43 Neste respeito, Jacó tornou-se quadro dos herdeiros da promessa abraâmica, daqueles que se tornam o “descendente” espiritual de Abraão, a saber, os discípulos ungidos de Jesus Cristo, o qual é o principal do “descendente” de Abraão. (Gálatas 3:16-29) Com respeito ao materialista Esaú, tornou-se tipo da nação do Israel natural, descendente natural de Abraão, que pensava que a bênção abraâmica pertencesse naturalmente a ela.
44. Como mostraram os israelitas naturais, circuncisos, como um todo, que eram realmente semelhantes a Esaú?
44 Todavia, estes israelitas naturais circuncisos, deixaram de se habilitar para se tornarem descendência espiritual de Abraão. Rejeitaram o principal do “descendente” prometido de Abraão, a saber, Jesus Cristo, e fizeram com que fosse morto, perseguindo depois os fiéis seguidores das pisadas dele. Apenas um pequeno restante de judeus naturais satisfez os requisitos e tornou-se parte da descendência espiritual de Abraão. Por isso, os membros ainda necessários da descendência espiritual de Abraão tinham de ser tirados dentre não-judeus, que satisfizessem as qualificações. (Romanos 2:28, 29; 11:1-29) Assim, a maioria da nação judaica fez-se igual ao seu tio distante, Esaú ou Edom.
45. Como passaram os descendentes de Esaú ou Edom a mostrar hostilidade para com sua nação-irmã, os israelitas?
45 Por causa de sua profanidade ou falta de apreço espiritual, Esaú não estava em condições de transmitir a primogenitura abraâmica à nação descendente dele, os esauítas ou edomitas. (Hebreus 12:15-17) Esses edomitas eram descendentes de Esaú por meio de esposas pagãs, descrentes. (Gênesis 26:34, 35; 27:46; 28:6-9) Naturalmente, teriam motivos para pensar que haviam sido privados de ser a descendência natural de Abraão, com direito à bênção prometida, por causa da ação de seu tio Jacó ou Israel. Assim, foi fácil aprenderem a guardar o ódio que seu antepassado nacional, Esaú, tinha para com Jacó, e este ódio manifestava-se em hostilidade para com a sua nação irmã, os israelitas. No decorrer dos séculos seguintes, os edomitas ou idumeus passaram a sentir o desfavor de Jeová Deus. — Ezequiel 35:1-9; Malaquias 1:2-4.
46. Durante o tempo dos macabeus, como ficaram os edomitas amalgamados com a nação judaica?
46 Durante o período dos governantes macabeus dos judeus repatriados na terra de Judá, os edomitas sobreviventes foram obrigados a se tornarem prosélitos judaicos. Aproximadamente entre os anos 130-120 A. E. C., João Hircano, da linhagem dos macabeus, subjugou os edomitas e os obrigou a sujeitar-se à circuncisão como prosélitos do judaísmo. Isto explica a tolerância judaica do governo do rei edomita (idumeu) Herodes, o Grande, e dos membros de sua família real. (Veja a edição inglesa de Antiguidades Judaicas, de Flávio Josefo, Livro 13, capítulo 9, parágrafo 1; Livro 15, capítulo 7, parágrafo 9.) Os edomitas (idumeus) ficaram assim amalgamados com a nação judaica do primeiro século de nossa Era Comum, sendo que a nação judaica foi usada como tipo bíblico da cristandade.
47. De que maneira mostrou a cristandade que ela é similar a Esaú ou Edom?
47 Similar a Esaú ou Edom, a cristandade reivindica a promessa abraâmica e considera-se descendência espiritual de Abraão, herdeira do reino celestial junto com Jesus Cristo. Segundo as afirmações religiosas dos membros da cristandade, eles se constituem em gêmeos dos que são verdadeiros herdeiros cristãos do reino messiânico de Deus, os verdadeiros discípulos de Jesus, o Messias. Não obstante, a cristandade não ama estes fiéis discípulos de Cristo, ungidos com o espírito. Tem-lhes ódio assassino. (1 João 3:12-15) Desde a fundação da cristandade no quarto século E. C., ela tem perseguido os que não são cristãos de imitação. Estes seguem as palavras e o exemplo de Jesus em não fazerem parte deste mundo, mas a cristandade fez-se amiga deste mundo por se tornar parte dele. Portanto, ela odeia o que o mundo odeia. (1 João 2:15-17; João 15:19; 17:14, 16; Tiago 4:4) Perseguindo os verdadeiros cristãos, imagina prestar a Deus serviço sagrado. — João 16:2.
48. Igual aos edomitas no tempo da destruição de Jerusalém, em 607 A. E. C., como agiu a cristandade para com o Israel espiritual. durante a Primeira Guerra Mundial?
48 A história moderna do século vinte atesta isso. Durante a Primeira Guerra Mundial, os do restante fiel do Israel espiritual passaram a ser odiados por todas as nações, assim como Jesus Cristo predisse a respeito dos verdadeiros seguidores das suas pisadas. (Mateus 24:9; 10:7-22) O motivo deste ódio mundial é que os do restante ungido proclamavam o reino messiânico de Deus como governo legítimo de toda a terra, única esperança de toda a humanidade. (Marcos 13:10-13) Durante toda a perseguição e sofrimento dos do restante, a cristandade não expressou nenhuma palavra de compaixão por eles. De fato, a evidência documentada mostra que o clero religioso da cristandade instigou esta perseguição movida aos proclamadores das “boas novas” do reino messiânico de Deus. Alegrou-se com as nações guerreadoras da cristandade pela supressão desses proclamadores do Reino e a matança de sua obra pública de testemunho, assim como os edomitas se alegraram com os babilônios por causa da destruição de Jerusalém em 607 A. E. C. — Revelação 11:7-10.
49, 50. (a) Durante a Segunda Guerra Mundial, como mostrou a cristandade adicionalmente que ela tinha o espírito do antigo Edom? (b) Em cumprimento da palavra de Deus por meio de Isaías, o que confronta agora os edomitas hodiernos, as pessoas da cristandade bem como do judaísmo?
49 Nutrindo seu ódio do restante dos israelitas espirituais, que se destacavam como verdadeiros cristãos, em contraste com os membros da igreja dela, que se empenhavam em derramar sangue em guerra violenta, a cristandade não se alegrou quando as testemunhas suprimidas do Reino foram reavivadas pelo espírito de Deus, em 1919 E. C. Ela não se alegrou com o paraíso espiritual, ao qual estes israelitas espirituais, restabelecidos, foram levados. (Isaías 35:10) Durante a Segunda Guerra Mundial de 1939-1945 E. C., que irrompeu dentro das suas próprias fronteiras, a cristandade novamente incitou à perseguição religiosa e se empenhou ferrenhamente em eliminar o paraíso espiritual do restante do Israel espiritual e dos companheiros deste, adoradores de Jeová Deus. Mas, tudo foi em vão! As testemunhas cristãs de Jeová sobreviveram e saíram do segundo conflito mundial com maior força em número do que jamais antes. Em vista de tal ódio violento da parte da cristandade contra as testemunhas cristãs Dele, será que Jeová Deus tem uma “causa jurídica relativa a Sião”? Chegou Seu “ano de retribuições” aos edomitas hodiernos, o “dia de vingança” de Jeová? — Isaías 34:8.
50 A resposta é Sim! E por isso, a cristandade enfrenta agora a desolação. O judaísmo enfrenta a mesma coisa!