Capítulo 3
O carro de Deus está em movimento!
1. Que veículo automotor foi visto no sudoeste da Ásia muito antes do automóvel a gasolina, e que perguntas se suscitam sobre ele?
DOIS MIL, quinhentos e sete anos antes de se fabricar industrialmente o automóvel a gasolina (em 1895 E. C.), viu-se no sudoeste da Ásia um carro automotor ou de propulsão própria. Não era de invenção humana. Não era apenas imaginação. Era espantoso para o espectador. Nada semelhante a ele havia sido visto na terra. Era inimitável pelo homem, embora se preservasse para nós, durante os séculos, uma descrição detalhada dele. Tratava-se do carro sem cavalos visto por um homem cujo nome tornou-se histórico, Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, e ele escreveu uma descrição vívida dele para todas as gerações futuras, inclusive a nossa atual. O que ele via era o carro de Deus, e estava em movimento, vindo do norte. Aonde se dirigia — a algum lugar no espaço sideral ou a um destino terrestre? Dali, para onde ia: Existe ainda, ou existe algo similar? Está agora em movimento? Estas são boas perguntas para o nosso locomóvel século vinte.
2. Onde estava Ezequiel quando viu pela primeira vez o carro, e como veio a estar ali?
2 O narrador, Ezequiel, registrou onde ele viu pela primeira vez este carro sobre-humano de Deus, bem como o tempo e as circunstâncias disso. Ele se encontrava junto a um dos canais da antiga Babilônia, situada junto ao rio Eufrates, canal que se chamava Quebar. Ezequiel era sacerdote, não de Marduque, deus principal da Babilônia pagã, mas do Deus cujo carro ele viu na visão. O que fazia Ezequiel ali, em vez de estar ativo nos seus deveres sacerdotais, muito mais para o oeste, no templo em Jerusalém, capital do Reino de Judá? Ezequiel encontrava-se ali em Babilônia como exilado, junto com o ex-rei de Jerusalém, a saber, Joaquim, filho do falecido Rei Jeoiaquim, junto com príncipes e poderosos, valentes e artífices. O Rei Joaquim rendera-se a Nabucodonosor, rei de Babilônia, que sitiara Jerusalém como cidade rebelde. O rei de Babilônia poupara a vida do Rei Joaquim e levara a ele e todos estes outros, inclusive Ezequiel, ao exílio em Babilônia. Isto se dera no ano 617 A. E. C., segundo o nosso calendário.
3. O que indica a respeito do livro profético de Ezequiel dotar ele os assuntos e dar a sua localização, e quando veio sobre ele a mão de Jeová pela primeira vez?
3 Portanto, o ano 613 A. E. C., ano em que Ezequiel teve pela primeira vez a visão do carro de Deus, era o “quinto ano de exílio do Rei Joaquim”. O próprio Ezequiel estava no trigésimo ano de sua vida. Tudo o que aconteceu não foi imaginário ou mítico, mas realmente histórico, e por isso Ezequiel, como historiador, data a questão definitivamente nas palavras iniciais de seu livro profético, escrevendo: “Ora, sucedeu no trigésimo ano, no quarto mês [o mês lunar de tamuz], no quinto dia do mês, enquanto eu estava no meio do povo exilado junto ao rio Quebar, que se abriram os céus e comecei a ver visões de Deus. No quinto dia do mês [5 de tamuz], isto é, no quinto ano de exílio do Rei Joaquim, veio a haver a palavra de Jeová especificamente para Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar, e naquele lugar veio a estar sobre ele a mão de Jeová.” (Ezequiel 1:1-3) Portanto, isto se deu perto da primavera de 613 A. E. C.
4. O que foi indicado por aquilo que Ezequiel viu no início da visão, e de onde veio o que emergiu dali?
4 O que Ezequiel viu a seguir não era nenhuma alucinação causada pela ingestão de algum entorpecente assim como o LSD, mas foi-lhe apresentado em visão pela “mão” ou pelo poder aplicado de Jeová, que ali começou a operar sobre ele. Evidentemente, nesta ocasião Ezequiel estava olhando para o norte, e o que via permitia uma descrição pormenorizada. O que se via indicava que se preparava uma tempestade contra alguém ou contra alguma coisa. O que surgiu então na cena veio inconfundivelmente de fonte divina, por causa de toda a glória e as manifestações ardentes das quais emergiu. Em primeiro lugar, Ezequiel traz à nossa atenção os que escoltavam o carro de Deus, ao escrever esta descrição:
5. Como descreveu o profeta as quatro criaturas viventes, em Ezequiel 1:4-9?
5 “E comecei a ver, e eis que havia um vento tempestuoso procedente do norte, uma grande massa de nuvens e um fogo cintilante, e havia ao redor dela uma claridade, e do meio dele procedia algo que tinha o aspecto de electro, do meio do fogo. E do meio dele procedia a semelhança de quatro criaturas viventes, e seu aspecto era o seguinte: elas tinham a semelhança de homem terreno. E cada uma tinha quatro faces, e cada uma delas, quatro asas. E seus pés eram pés retos e a planta de seus pés era como a planta do pé de um bezerro; e reluziam como que com o brilho de cobre brunido. E havia mãos de homem debaixo das suas asas nos seus quatro lados, e as quatro tinham suas faces e suas asas. Suas asas estavam unidas umas às outras. Não se viravam ao irem; cada uma ia diretamente para a frente.” — Ezequiel 1:4-9.
6. Que nome deu Ezequiel mais tarde a estas criaturas viventes?
6 Mais tarde, quando Ezequiel descreveu sua segunda visão do carro de Deus, num outro lugar, ele chama estas “quatro criaturas viventes” pelo nome de “querubins”, em Ezequiel 10:1-20; 11:22.
7. Quando apareceram os querubins pela primeira vez a humanidade, e, segundo os querubins esculpidos de ouro na Arca e segundo Salmo 80:1, por que era apropriada a posição das quatro criaturas viventes junto ao carro?
7 Os querubins apareceram pela primeira vez à humanidade ao leste do Jardim do Éden, para guardar a entrada daquele Paraíso de Prazer, depois de os pecadores Adão e Eva terem sido expulsos para a terra infestada de espinhos e abrolhos lá fora. (Gênesis 3:17-24) Sendo sacerdote, Ezequiel talvez se lembrasse de que os querubins esculpidos de ouro, que faziam parte da tampa da sagrada Arca do Pacto, no Santíssimo do templo em Jerusalém, tinham apenas duas asas, estendidas para cima e para a frente, para encobrirem a tampa de ouro da Arca. (Êxodo 25:18-22; 37:7-9) Visto que aquela tampa de ouro, encimada por tais querubins, representava o trono de Deus, eram apropriadas as palavras do Salmo 80:1, dirigidas a Deus: “Ó Pastor de Israel, dá deveras ouvidos, . . . Ó tu que estás sentado sobre os querubins, reluz deveras.” Portanto, estava bem em harmonia com a sua posição e seu cargo, que as quatro criaturas viventes ou querubins agissem como escolta do carro de Deus.
8. As quatro criaturas viventes tinham faces semelhantes a quem, e qual era a posição de suas asas?
8 Além de seu par de asas superiores e de seu par de asas inferiores, e além de seus pés retos, como os de um bezerro, brilhando como cobre brunido, havia outras particularidades destacadas que assinalavam os querubins da visão de Ezequiel. Que dizer de sua cabeça? Ezequiel escreveu: “E quanto à semelhança das suas faces, as quatro tinham uma face de homem, com uma face de leão à direita, e as quatro tinham uma face de touro à esquerda; as quatro tinham também uma face de águia. Assim eram as suas faces. E suas asas separavam-se para cima. Cada uma tinha duas unidas entre si e duas cobrindo seu corpo.” — Ezequiel 1:10, 11.
9. O que simbolizavam as faces de homem, de leão e de touro?
9 Que estes querubins tinham a face de homem na frente ajustava-se bem a terem mãos de homem debaixo de suas asas, e também a que os querubins, em geral, “tinham a semelhança de homem terreno”. Os querubins celestiais possuem também a qualidade ou o atributo divino do amor, assim como também tem o homem terreno, visto que o primeiro homem Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus. (Gênesis 1:26-28) A face de leão à direita da cabeça de cada querubim, salientava a qualidade da justiça, da justeza. Esta justiça tem em seu apoio poder; o que foi bem representado pela face oposta à de leão, à esquerda, que era uma face de touro. Esta face harmoniza-se bem com terem os querubins pés (ou membros) retos, cuja planta era “como a planta do pé de um bezerro”, reluzindo como que com “o brilho de cobre brunido”. Na sua descrição posterior dos querubins, Ezequiel chama a face de touro de “face do querubim’. (Ezequiel 10:14) Sem dúvida, os querubins são criaturas de grande poder, semelhante ao do touro.
10. O que simbolizava a face de águia, e de que modo correspondiam estas quatro criaturas viventes às descritas em Revelação 4:6-9?
10 Visto que Deus, em Jó 39:27-29, traz à atenção a vista aguda da águia, a face de águia, na parte de trás da cabeça do querubim, indicava sabedoria, a sabedoria celestial, que corresponde ao céu, no qual a águia voa alto. Isto se harmoniza bem com terem os querubins cada um quatro asas, habilitando-os a se igualar à águia no vôo. A face de águia, bem como a face de homem, a face de leão e a face de touro, são encontradas entre as faces das quatro criaturas querubínicas viventes vistas numa visão cerca de setecentos anos depois, por parte do apóstolo cristão João, sendo que estes últimos querubins se encontravam em volta do trono estacionário de Deus no céu. — Revelação [Apocalipse] 4:6-9.
11. De quem distinguem a Deus estes quatro atributos assim simbolizados, e a quem dotou ele com estas qualidades?
11 Assim, de modo coerente, durante os séculos, os mesmos símbolos foram usados para representar a sabedoria: (a águia), o poder (o touro), a justiça (o leão) e o amor (o homem) que Deus possui. Estes quatro atributos, em perfeito equilíbrio entre si, distinguem Jeová de todos os deuses da mitologia e das religiões falsas. Ele dotou suas criaturas celestiais e suas criaturas humanas terrestres com a medida adequada destes quatro atributos.
12. Por que não precisavam virar-se estas quatro criaturas viventes quando queriam mudar de direção?
12 Tendo os querubins quatro faces na cabeça, não precisavam voltar-se ao quererem mudar de direção do momento para a frente, virando-se para a direita ou para a esquerda, ou retrocedendo e recuando. Tendo uma face olhando em cada direção para os quatro pontos cardeais, podiam mudar instantaneamente de direção e seguir a face que olhava na direção desejada, onde se devia exercer ou aplicar a qualidade ou o atributo simbolizado pela respectiva face. Podiam locomover-se com a velocidade dum relâmpago. Sua figura era delineada ou flanqueada por uma luminosidade ardente, que ultrapassava a do fogo feito pelo homem, de fato, tão luminosa, que criava relâmpagos. Ezequiel, com a ajuda do espírito de inspiração de Deus, descreveu estes aspectos das quatro criaturas querubínicas viventes, escrevendo:
13. Com que comparações descreveu Ezequiel o brilho das quatro criaturas viventes, e sua velocidade?
13 “E cada uma delas ia diretamente para a frente. Elas iam aonde quer que o espírito se inclinava a ir. Não se viravam ao irem. E quanto à semelhança das criaturas viventes, seu aspecto era como o de brasas de fogo. Algo como a aparência de tochas movia-se para lá e para cá entre as criaturas viventes, e o fogo era resplendente, e do fogo procediam relâmpagos. E da parte das criaturas viventes, saíam correndo e retornavam com o aspecto de relâmpagos.” — Ezequiel 1:12-14.
AS RODAS DO CARRO
14. Atualmente, na terra, quem não pode imitar o carro de Deus quanto a sua maneabilidade?
14 Poderiam os movimentos de qualquer veículo ou carro corresponder aos movimentos destas quatro criaturas querubínicas viventes? Impossível como é imitarem isso os modernos fabricantes de automóveis, o profeta Ezequiel viu tal manobra do carro de Deus, e sem haver volante ou câmbio. Veja como Ezequiel explica isso a nós:
15. Como descreve Ezequiel as rodas quanto ao seu aspecto e seus movimentos?
15 “Enquanto eu via as criaturas viventes, ora, eis que havia uma só roda na terra ao lado das criaturas viventes, junto às quatro faces de cada uma. Quanto ao aspecto das rodas e da sua estrutura, era como o brilho de crisólito; e as quatro tinham uma só semelhança. E seu aspecto e sua estrutura eram como quando uma roda mostra estar dentro de uma roda.a Quando iam, iam pelos seus quatro lados respectivos. Não se viravam para outro lado ao irem. E quanto às suas cambotas, eram de tal altura que metiam medo; e suas cambotas estavam cheias de olhos ao redor das quatro. E quando as criaturas viventes iam, as rodas iam ao lado delas, e quando as criaturas viventes se elevavam da terra, as rodas se elevavam. Iam aonde quer que o espírito se inclinava a ir, inclinando-se o espírito a ir para lá; e as próprias rodas se elevavam bem ao lado delas, porque o espírito da criatura vivente estava nas rodas. Quando iam, estas iam; e quando paravam, estas paravam; e quando se elevavam da terra, as rodas se elevavam bem ao lado delas, porque o espírito da criatura vivente estava nas rodas.” — Ezequiel 1:15-21.
16. Qual era a posição das rodas entre si, e que percurso podiam aperceber-se de cobrir com uma só rotação?
16 Havendo uma roda ao lado de cada criatura vivente resultaria em quatro rodas, não uma ao lado da outra,b nem em fila, mas em quatro lugares relacionados,c assim como as quatro faces dos querubins. Encontravam-se assim nos quatro cantos dum retângulo. Todas as rodas eram iguais em aparência e estrutura. Brilhavam como crisólito quando reflete a luz. Suas cambotas estavam cheias de olhos ao redor, como se as rodas pudessem ver para onde iam. Não iam cegamente em qualquer direção. E aquelas rodas eram muito altas! Sua altitude metia medo a Ezequiel. Tendo diâmetro e circunferência correspondentemente tão grandes, as rodas podiam cobrir grande distância com apenas uma revolução sobre o eixo. Portanto, iguais aos quatro querubins, podiam locomover-se como relâmpago.
17. Como se mostrava haver uma roda dentro de outra roda, e que maneabilidade permitia isso?
17 Quanto à estrutura destas rodas, havia uma peculiaridade. Cada roda tinha outra roda por dentro, não uma roda menor dentro da roda grande e no mesmo plano com ela, girando simultaneamente com ela sobre o mesmo eixo. Não, mas era uma roda do mesmo diâmetro e ajustada transversalmente na roda básica, uma cambota tocando na outra em ângulo reto. Só assim se podia dizer que as rodas “iam pelos seus quatro lados respectivos”, um lado curvado para a frente, outro para trás, outro para a direita e mais outro para a esquerda. Não era de se admirar que as rodas não se precisavam virar ao contornarem uma esquina, a fim de irem em outra direção. Podiam mudar de direção instantaneamente, porque havia um lado da roda enfrentando cada direção. Assim, as rodas podiam harmonizar a direção de seu movimento com o das quatro criaturas viventes, que tinham quatro faces e que, portanto, não se precisavam virar para mudar de direção. Nas quatro rodas de tal estrutura, o chassi do carro de Deus podia andar sobre suportes invisíveis, assim como um hovercraft desliza por cima da água ou da terra sustentado apenas por um fino colchão de ar.
18. O que locomovia estas rodas sem asas, para harmonizar seus movimentos com os das quatro criaturas viventes?
18 Não havia asas nestas quatro rodas, assim como havia nas quatro criaturas viventes, contudo, podiam elevar-se do solo e ascender ao espaço, do mesmo modo como aquelas criaturas viventes. Estas rodas não estavam atreladas a qualquer parelha de cavalos ou de outros animais ou aparelhos de tração. Onde obtinham a energia para igualarem todos os movimentos das criaturas viventes? Qual era a força por trás de sua locomoção? Ora, era o espírito do Deus Todo-poderoso. Nestas rodas havia a mesma força ativa invisível de Deus que havia nas quatro criaturas viventes, e elas não precisavam dum motor a gasolina ou elétrico para propulsioná-las. Declarado de modo simples, “o espírito da criatura vivente estava nas rodas”.
19. O que viu Ezequiel acima das quatro rodas, e que ruído ouviu ser produzido pelas asas das criaturas viventes?
19 Olhemos agora, junto com Ezequiel, acima destas quatro rodas terrivelmente altas, e vejamos o que há lá em cima. Há como que um estrado no carro, pois Ezequiel prossegue, dizendo: “E sobre as cabeças das criaturas viventes havia a semelhança duma expansão igual à cintilação de gelo que mete medo, estendida acima das suas cabeças. E debaixo da expansão, suas asas eram retas, uma em direção à outra. Cada uma tinha duas asas cobrindo este lado e cada uma tinha duas cobrindo aquele lado do seu corpo. E eu estava ouvindo o ruído de suas asas quando iam, um ruído igual ao de vastas águas, igual ao som do Todo-poderoso, o ruído dum tumulto, igual ao ruído dum acampamento. Quando paravam, abaixavam as suas asas.” — Ezequiel 1:22-24.
20. Como se comparavam as rodas e as criaturas viventes quanto à altura, e que qualidade tinha a expansão por cima delas, que era como gelo?
20 As quatro criaturas viventes não eram tão gigantescas como as quatro rodas. Portanto, o firmamento ou a “expansão igual à cintilação de gelo que mete medo”, que andava sobre suportes invisíveis acima das quatro rodas, estava muito acima da cabeça das quatro criaturas viventes. Correspondente a isso, a “expansão”, embora sólida, era transparente. Era realmente espantosa, o que está plenamente de acordo com a dignidade Daquele que viajava sobre ela.
21. O que sugere a comparação do ruído das asas das criaturas viventes com outras coisas?
21 Na terra há insetos que produzem um som musical ou ressonante pela fricção de suas asas. Em nada diferente da faculdade de produzir som das asas dos insetos, as asas das quatro criaturas querubínicas viventes, em movimento, produziam um som impressionante. Conhecemos o ruído de muitas águas ou de vastas águas quando agitadas. O ruído das asas das criaturas viventes era assim. Seu vôo não era silencioso. O ruído podia até mesmo ser comparado ao ruído que o Todo-poderoso pode produzir na sua criação natural, fazendo a pessoa soerguer-se. Não era um ruído pacífico. Era como o ruído dum tumulto ou duma multidão tumultuosa. O ruído não era nada tranqüilizador, visto que Ezequiel disse que era como o ruído dum acampamento armado, dum acampamento de soldados. Isto sugeria a iminência de guerra, de batalha. Portanto, em vez de serem as quatro rodas enormes que faziam ruído, eram as asas das quatro criaturas viventes que traziam à atenção a aproximação do carro de Deus numa missão nada pacífica. Era como a chegada dum carro de guerra! Por quê? Precisamos aguardar para saber isso.
AQUELE QUE ANDAVA NO CARRO CELESTE
22. A quem chamou atenção a voz de cima da expansão?
22 Nossos ouvidos desviam-se agora do ruído produzido pelas asas das quatro criaturas viventes para a voz que procede de cima do estrado do carro celeste, trazendo à nossa atenção aquele que andava no carro. Evidentemente, o carro parou, visto que as criaturas viventes estão paradas, a fim de que seu ocupante possa falar a este sacerdote exilado, Ezequiel. Sobre isso, Ezequiel escreveu:
23. Como descreveu Ezequiel a aparência da glória de Jeová acima da expansão?
23 “E veio a haver uma voz acima da expansão que havia sobre a sua cabeça. (Quando paravam, abaixavam as suas asas.) E acima da expansão que havia sobre a sua cabeça havia algo da aparência de pedra de safira, a semelhança dum trono. E sobre a semelhança do trono havia nele, por cima, a semelhança de alguém com aspecto de homem terreno. E eu estava vendo algo semelhante ao brilho de electro, semelhante ao aspecto do fogo, em todo o redor, por dentro, da aparência dos seus quadris para cima; e da aparência dos seus quadris para baixo vi algo semelhante ao aspecto do fogo, e ele tinha uma claridade em todo o redor. Havia algo semelhante ao aspecto do arco que vem a haver numa massa de nuvens no dia duma chuvada. Assim era a aparência da claridade ao redor. Tinha o aspecto da semelhança da glória de Jeová.” — Ezequiel 1:25-28.
24. O que indica na realidade a descrição do Ocupante do carro, embora dada em termos terrestres?
24 Em vista da sua cor, o trono do ocupante do carro parecia ser da preciosa pedra de safira. Sua cor se harmonizava com o azul dos céus, dos quais procedia o ocupante do carro. Visto que o trono era igual a um trono terrestre, Aquele sentado nele era semelhante a um homem terreno em aparência. Já que o próprio Ezequiel era apenas humano, a forma humana era a melhor forma que ele podia reconhecer quanto a esta manifestação divina. Mas esta forma humana, envolvida em glória, porém, brilhava como electro, como se fosse tratada por fogo dentro de um forno. Desde a cintura desta figura semelhante a um homem estendia-se a glória elegante tanto para cima como para baixo, toda a figura estando envolvida em glória. Tratava-se apenas duma representação do Deus Todo-poderoso, mas ela indicava que, na realidade, no seu domínio invisível, ele é indescritivelmente glorioso.
25. Como se retrata manter ele a serenidade, e que efeito tem isso sobre o uso de seus atributos?
25 Apesar da missão deste Ocupante divino do carro, ele mantinha a sua calma e serenidade. Quão belamente isto é retratado em ser ele acompanhado pelo lindo arco-íris, o “arco que vem a haver numa massa de nuvens no dia duma chuvada”! Nesta atitude calma, ele pode manter em perfeito equilíbrio seus atributos de sabedoria, justiça, poder e amor. Nunca pode ser acusado de não ser sábio, de ser injusto, de não ter poder e de ser desamoroso. Sua aparência gloriosa nunca é maculada por ele cometer algum erro.
26, 27. Que efeito teve a visão sobre Ezequiel antes de se falar com ele, e como nos afeta a sua descrição disso?
26 Então, qual é a nossa impressão desta descrição da mera “semelhança da glória de Jeová?” Que efeito teve sobre Ezequiel, que realmente viu tais coisas em visão? Ele nos diz, escrevendo: “Quando cheguei a ver isto, então me lancei com a face por terra e comecei a ouvir a voz de alguém falando.” — Ezequiel 1:28.
27 Apenas uma descrição escrita disso nunca pode produzir em nós o efeito sobrepujante que a própria visão, em toda a sua grandiosidade, produziu neste homem sacerdotal, Ezequiel. Ele não podia senão prostrar-se diante desta “semelhança da glória de Jeová”. Mas a descrição inspirada de Ezequiel aprofunda nosso apreço de certos aspectos Daquele que deseja que saibamos que ele é Jeová. Contudo, a impressão que nos causa é ainda mais comovente e emocionante ao compreendermos, à luz da Bíblia, o significado deste carro de Deus.
28. Como faz Jeová das nuvens seu carro, segundo diz o Salmo 104:1-4, e era para distrair Ezequiel que se lhe deu a visão dum carro (diferente das nuvens)?
28 Por certo, Jeová não anda em tal carro como visto na visão dada a Ezequiel. O antigo salmista foi inspirado a dizer: “Bendize a Jeová, ó minha alma. Ó Jeová, meu Deus, mostraste ser muito grande. Tu te vestiste de dignidade e de esplendor, envolvendo-te em luz como que num manto, estendendo os céus qual pano de tenda, aquele que constrói com vigas os seus quartos superiores nas próprias águas, fazendo das nuvens o seu carro, andando sobre as asas do vento, que faz os seus anjos espíritos, seus ministros, um fogo devorador.” (Salmo 104:1-4) Naturalmente, Jeová não faz das nuvens literais da terra o seu carro, mas pode usá-las como seus agentes para fazer certas coisas à humanidade na terra ou para ela. O que Ezequiel viu na visão parecia-se mais a um carro de quatro rodas do que a nuvens. Jeová não inspirou Ezequiel para ter a visão deste carro celestial só para distraí-lo com alguma aparência fantástica. Mostrou a Ezequiel esse carro autopropulsor, incomum, como quadro de algo ainda maior. Tiramos proveito em saber o que significa.
29, 30. O que sugere a natureza simbólica da mobília no templo de Jerusalém quanto ao carro visionário observado por Ezequiel, e por que nos lembram as criaturas viventes ao lado das rodas o Salmo 18:6-10?
29 Assim como os diversos objetos de mobília no templo de Jeová, em Jerusalém, foram destinados e feitos por ele segundo o seu modelo, para representar coisas espirituais de maior importância, assim também o carro celestial, que rodou até diante de Ezequiel, na sua visão milagrosa, representa algo muitíssimo maior. O quê? A organização celestial de Jeová, composta de todas as suas santas criaturas espirituais naquele domínio invisível. A aparência das quatro criaturas querubínicas viventes, que tinham feições simbólicas e que acompanhavam as quatro rodas como escolta do carro, lembram-nos o que o salmista Davi escreveu no Salmo 18:6-10:
30 “Na minha aflição eu invocava a Jeová e clamava ao meu Deus por ajuda. Desde o seu templo passou a ouvir a minha voz, e chegou então aos seus ouvidos meu próprio clamor por ajuda perante ele. . . . E ele passou a curvar os céus para baixo e a descer. E havia densas trevas debaixo dos seus pés. E veio montado num querubim e veio voando, e veio arremetendo nas asas dum espírito.” — Salmo 18:6-10; 2 Sam. 22:7-11.
31. Portanto, o que representa o carro visionário visto por Ezequiel, e de que modo anda Jeová nele?
31 Jeová não se restringe a andar sobre o único querubim mencionado pelo salmista, nem sobre os quatro querubins vistos na sua visão dada a Ezequiel, nem sobre todos os querubins naquela ordem de criaturas espirituais no céu. Ele anda sobre todas as suas criaturas espirituais, quer sejam querubins, quer serafins, quer anjos em geral. Ele é o Deus Altíssimo, o Ser Supremo. Todos lhe estão sujeitos, e por isso os monta no sentido de dominá-los e usá-los segundo o seu propósito. Em vez de ele mesmo ir pessoalmente e direto a qualquer lugar, pode enviar um querubim, um serafim ou um anjo, e por fazer seu espírito (sua força ativa invisível) acompanhar este mensageiro para operar através dele, Jeová, de fato, monta aquela criatura espiritual. Todos os querubins, serafins e anjos juntos constituem a sua organização celestial unida, coordenada, harmoniosa e obediente. Esta organização espiritual, sobre-humana, é semelhante ao carro celestial visto na visão de Ezequiel e é representada por ele. Ele anda nesta organização como que num carro, fazendo-a avançar para onde quer que seu espírito a faça ir.
32. Como se demonstrou numa visão ao profeta Daniel a enormidade da organização celestial de Jeová?
32 Muitos anos depois de Ezequiel ter tido sua visão do carro celestial, o profeta Daniel, que fora levado ao exílio junto com Ezequiel, teve uma visão maravilhosa, “no primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia”. Daniel viu na visão o trono de quatro rodas de Jeová numa cena de Tribunal no céu. Daniel destaca ali o enorme grupo de assistentes sujeitos a Jeová no céu, na seguinte descrição: “Eu estava observando até que se colocaram uns tronos e o Antigo de Dias se assentou. Sua vestimenta era branca como a neve e o cabelo de sua cabeça era como pura lã. Seu trono era chamas de fogo; as rodas dele eram fogo ardente. De diante dele corria e saía um rio de fogo. Mil vezes mil lhe ministravam e dez mil vezes dez mil ficavam de pé logo diante dele. Assentou-se o Tribunal e abriram-se livros.” — Daniel 7:1-10.
33. Segundo o registro bíblico, qual foi a última visão que mostrou a enormidade da organização celestial de Jeová?
33 Nas últimas visões de Deus, dadas a um escritor bíblico, o apóstolo cristão João teve uma visão do trono de Deus nos céus, em torno do qual havia de pé quatro criaturas querubínicas viventes. Na sua descrição do que aconteceu lá em cima, João também trouxe à atenção a enorme quantidade de criaturas espirituais, que todas reconheciam a probidade de Deus em dar uma recompensa ao seu Filho, que fora morto como cordeiro sacrificial aqui na terra, a favor de toda a humanidade. João escreveu: “E eu vi, e ouvi uma voz de muitos anjos em volta do trono, e das criaturas viventes, e das pessoas mais maduras, e o número deles era miríades de miríades [dez mil vezes dez mil] e milhares de milhares, dizendo com voz alta: ‘O Cordeiro que foi morto é digno de receber o poder, e as riquezas, e a sabedoria, e a força, e a honra, e a glória, e a bênção.’” — Revelação 5:1-12.
34. O que é Jeová para sua organização celestial, como funcionam as suas partes e por que se dá isso?
34 Jeová, quem criou e organizou todo o universo visível aos nossos olhos, organizou todas estas santas criaturas espirituais, celestiais, numa enorme organização universal, da qual ele é o Soberano Universal. Cada uma delas tem seu próprio lugar na organização e tem deveres dados por Deus a cumprir. Deus anda em todas elas como em seu carro. Locomove-se sobre elas, em controle delas, ao enviá-las sozinhas ou unidas em qualquer missão, em qualquer parte do universo, visível ou invisível. Não há nenhuma fricção entre as partes de sua organização. Todas as partes funcionam juntas suave e eficientemente em perfeição, permeadas por seu espírito santo, o perfeito vínculo de união. Quanto mais a contemplamos, tanto mais nos impressiona a maravilha da organização celestial de Jeová.
DISCERNIMENTO HODIERNO DA ORGANIZAÇÃO CELESTIAL
35. Quando chegaram as testemunhas cristãs de Jeová a apreciar que Ele tem uma organização, e o que disse sobre isso o último número inglês da Sentinela de 1924?
35 As testemunhas cristãs de Jeová, deste século vinte, chegaram a apreciar que Ele possui tal organização maravilhosa. Logo cedo na terceira década de nosso século, foram ajudadas pelo Seu espírito a perceber este fato que impõe respeito. Isto foi trazido à sua atenção antes do ano de 1922. Depois disso, fizeram-se referências à organização celestial nas publicações religiosas que usavam na divulgação da instrução bíblica. Por exemplo, no número em inglês da Sentinela de 15 de dezembro de 1924, na página 371, debaixo do subtítulo “A Organização de Deus”, lemos:
Quanto mais entendemos o plano de Jeová, tanto mais plenamente reconhecemos que ele tem a mais maravilhosa de todas as organizações. Sua majestade e sua dignidade impedem que ele dê atenção direta aos pormenores e à execução de suas ordens. Ele exerce seu poder ao seu critério desde o seu trono celestial no mais alto céu. Nos cargos de suas cortes celestiais há criaturas diversas, conforme indicadas pelos seus nomes. Algumas se chamam querubins, outras serafins e outras anjos. Pode-se dizer corretamente que os anjos são mensageiros e executivos do grande Jeová. — Parágrafo 3 do artigo principal intitulado “Enlevo dos Anjos”.
36. Que disse sobre “A Organização de Deus” o livro Profecia, capítulo V?
36 No ano de 1929, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA) publicou em inglês o livro intitulado “Profecia”,d cujo Capítulo V levava o título “A Organização de Deus”. A visão de Ezequiel, descrita no primeiro capítulo de seu livro profético, foi aplicada à organização celestial de Deus, de suas criaturas espirituais. Dizia-se na página 121, linhas 2-7: “As criaturas viventes e os objetos inanimados, ou instrumentos, que aparecem na visão, têm juntos a aparência de uma enorme organização vivente, semelhante a um carro, estendendo-se alto até os céus, sobre a qual preside Jeová Deus.”
37. Como foi a visão de Ezequiel do carro celestial aplicada no Volume I do livro Vindicação, e como influiu isso no desenho da capa da revista A Sentinela?
37 Mais tarde, no ano de 1931, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados publicou em inglês o Volume Um do livro “Vindicação”.e Este continha um comentário sobre os primeiros vinte e quatro capítulos da profecia de Ezequiel, e este livro também aplicava à organização de Jeová a visão que Ezequiel teve do carro celestial. Em vista disso, as testemunhas cristãs de Jeová ficaram tão cheias de apreço, que, a partir do número em inglês de 15 de outubro de 1931 até o de 1.º de agosto de 1950, o desenho da capa da revista A Sentinela levava no canto superior à direita uma concepção artística do carro celestial da visão de Ezequiel.
38. Medido apenas à base da visão de Ezequiel, por quanto tempo existia a organização celestial de Jeová antes da congregação cristã, e até que ponto era Ezequiel uma testemunha de Jeová?
38 Ezequiel teve a visão da organização celestial do Deus Altíssimo 645 anos antes do estabelecimento da organização da igreja ou congregação cristã na primavera de 33 E. C., no dia de Pentecostes, em Jerusalém. A organização celestial de Jeová existia nos dias de Ezequiel e estava em movimento naquele ano de 613 A. E. C., quando Ezequiel foi favorecido com a maravilhosa visão simbólica. Nas visões que lhe foram dadas, Ezequiel foi testemunha da organização de Jeová em símbolo, mas ele viu realmente como aquela organização celestial funcionava até ele terminar a escrita da profecia no ano 591 A. E. C. Ele foi destacadamente um dos da grande “nuvem de testemunhas” de Jeová, descrita pelo apóstolo cristão Paulo em Hebreus 11:1 a 12:1. Dentre as 6.961 vezes que o nome divino Jeová ocorre nas inspiradas Escrituras Hebraicas, de Gênesis a Malaquias (Tradução do Novo Mundo, edição revista inglesa de 1971), 439 destas ocorrências existem no livro profético de Ezequiel, e Ezequiel cita sessenta e duas vezes a declaração de Deus, do seu propósito firme de que nações, povos e pessoas haveriam de “saber que eu sou Jeová”.
39. A quem representa Ezequiel em nossos dias e desde quando, e o que estava então em movimento, assim como nos dias de Ezequiel?
39 No que se refere ao nosso século vinte, o profeta Ezequiel representa bem os do restante ungido das testemunhas cristãs de Jeová a partir do ano de 1919 E. C., ano crítico em que houve um reavivamento de suas atividades públicas, conforme predito em Revelação 11:3-12.f É verdade que, em 1919, os deste restante espiritual não apreciaram a organização de Jeová assim como o fazem hoje. É também verdade que não discerniram naquele tempo que a organização de Jeová era representada profeticamente pelo carro simbólico da visão de Ezequiel, o que discerniram só no ano de 1929. Contudo, naturalmente, a organização celestial de Jeová existia no ano de 1919 e entrou em contato espiritual com os do restante ungido, naquele ano, para reavivá-los como testemunhas públicas de Jeová perante todo o mundo. Esta organização semelhante a um carro estava então em movimento, em 1919; está em movimento hoje, e, evidentemente, suas rodas de progresso giram mais depressa do que nunca. Jeová avança de novo!
40. Diante da visão da “semelhança da glória de Jeová”, o que foi Ezequiel induzido a fazer, e ao discernirem a organização celestial de Jeová, o que foram induzidos a fazer os do restante ungido deste século?
40 Diante da visionária “semelhança da glória de Jeová”, o sacerdote Ezequiel foi irresistivelmente induzido a lançar-se com a face por terra, prostrando-se. Ele queria saber por que este carro celestial havia chegado perante ele e parado. Foi informado disso quando uma voz se dirigiu a ele procedente do Entronizado no carro, acima da “semelhança duma expansão igual à cintilação de gelo que mete medo”. (Ezequiel 1:22, 26-28) Assim também, quando a organização celestial de Jeová foi discernida pelos do restante ungido das testemunhas cristãs de Jeová, neste século, eles ficaram cheios de espanto reverente. Sentiram mais forte a obrigação de adorar a Ele e de se tornarem testemunhas de seu nome historicamente glorioso, Jeová. Após o término da Primeira Guerra Mundial, em 11 de novembro de 1918, tendo-se iniciado o mundo do após-guerra, escutaram avidamente, no ano de 1919, depois de seu reavivamento, para ouvir o que Jeová tinha a dizer-lhes por meio de sua organização semelhante a um carro.
[Nota(s) de rodapé]
a Uma nota ao pé da página da edição inglesa de 1971 da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas diz: “Possivelmente centradas em ângulos retos no mesmo eixo.”
b Veja a gravura na página 119 do livro Profecia, em inglês, primeira edição de 1929. Esgotado.
c Veja a gravura na página 25 do livro Vindicação, Volume Um, em inglês, Esgotado.
d Esgotado.
e Esgotado.
f Uma explicação destes versículos é fornecida no livro “Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus”, Capítulo 19, sobre “Morte e Ressurreição das ‘Duas Testemunhas’”, da página 259 em diante.
[Gravura de página inteira na página 40]