O valor e a necessidade do autodomínio
“Os frutos do espírito são . . . autodomínio.” — Gál. 5:22, 23.
1, 2. (a) Como se pode expressar a importância do autodomínio? (b) Como é isto salientado pelo que o apóstolo Paulo diz sobre ele?
QUÃO importante é a necessidade de os cristãos exercerem autodomínio! A necessidade de a exercerem é tão importante, que não é possível exagerá-la. De fato, poderíamos aptamente parafrasear as palavras do apóstolo Paulo a respeito do amor e dizer: ‘Se eu falar em línguas de homens e de anjos, se eu tiver o dom de profetizar e tiver toda a fé, e se eu der todos os meus bens para alimentar os outros, mas não tiver autodomínio, de nada me aproveita.’ — 1 Cor. 13:1-3.
2 Parece isso exagero? Então observe o testemunho do apóstolo Paulo. Seguramente não houve outro seguidor de Jesus Cristo que manifestasse mais zelo e suportasse mais pelas boas novas do que Paulo, assim como ele mesmo atesta em 2 Coríntios 11:22-33. E, no entanto, apesar de tais antecedentes destacados de zelo e perseverança, sim, e de ministério frutífero, o que diz Paulo sobre a necessidade que tinha de exercer autodomínio? “Amofino o meu corpo e o conduzo como escravo, para que, depois de ter pregado a outros, eu mesmo não venha a ser de algum modo reprovado.” Poderia haver uma tragédia maior do que ter labutado tanto e ter suportado tanto, para depois ser tudo em vão? No entanto, “de algum modo” teria sido em vão se Paulo não exercesse autodomínio! — 1 Cor. 9:27.
3, 4. (a) Como se define o autodomínio? (b) Como pode ser ilustrado?
3 Realmente, o autodomínio é muito importante. E o que é autodomínio? É definido como “refreio exercido sobre os próprios impulsos, emoções ou desejos”; “ato, poder ou hábito de manter dominadas as faculdades ou energias, especialmente as inclinações e as emoções.” Naturalmente, o próprio termo já dá a entender que é usado em ocasiões de tentação ou de tensão, quando é maior o perigo de se agir de maneira insensata ou egoísta.
4 O valor e a necessidade do autodomínio podem ser ilustrados com o automóvel. O motor dele pode ter só 35 ou tantos quantos 400 cavalos-força. Mas, importante como seja a produção de potência por este motor, é igualmente importante que seja controlado, pois, de que valor seria o automóvel se não se pudesse controlar nem a velocidade, nem a direção em que vai? Seria um instrumento mortífero!
5. O que é responsável pela necessidade de autodomínio?
5 O problema do autodomínio surge por sermos capazes de usar erroneamente, bem como correta, sábia e amorosamente os diversos dons e faculdades de que Jeová nos dotou, visto que não somos restritos por instintos, assim como a criação animal, mas temos livre-arbítrio, sendo criados na imagem e na semelhança de Deus. Assim como as forças da criação inanimada, quando desenfreadas, podem causar muito dano — o que se vê nos ciclones, nos furacões, nos macaréus e nos relâmpagos — assim acontece com as faculdades mentais, emocionais e físicas com que o nosso Criador nos dotou; quando não são dominadas, podem causar muito dano. — Pro. 25:28.
DANO CAUSADO PELA FALTA DE AUTODOMÍNIO
6. Quais são alguns dos resultados nocivos da falta de autodomínio?
6 Para onde quer que olhemos, quer em volta de nós, quer nas páginas da história, vemos os resultados nocivos advindos de não se exercer autodomínio da parte de homens e mulheres, e especialmente de jovens. Os chocantes assassinatos múltiplos noticiados nos jornais, no rádio e na TV são casos de pessoas que deixaram de dominar um forte impulso de expressar ódio ou frustração por meio de homicídio. A falta de autodomínio é responsável pela difusão das doenças venéreas, pelos muitos nascimentos ilegítimos, sem se falar na ampla infelicidade marital, que resulta em separações, deserções e divórcio. Diz-se que durante a Primeira Guerra Mundial mais soldados foram postos fora de combate por doenças venéreas do que pelas balas do inimigo, e um relato recente a respeito da atual guerra no Vietname declara que mais de 25 por cento dos soldados ficaram infeccionados do mesmo modo. E o que é a embriaguez senão o resultado da falta de domínio sobre o anseio de tomar bebidas alcoólicas? Quantas vezes é a falta de autodomínio responsável por um acidente automobilístico, como no caso em que o motorista fica irritado ou se deixa distrair? A pesquisa médica tem verificado, vez após vez, que os acidentes são causados pela imprudência da parte de “personalidades dominadas pelos impulsos” do momento — pelos que não têm autodomínio.
7, 8. (a) Que exemplos da falta de autodomínio deram Eva e Caim? (b) Que outros exemplos da falta de autodomínio se acham registrados nas Escrituras?
7 Muitos são os exemplos de aviso que a Bíblia dá a respeito do dano resultante da falta do autodomínio. Pode-se dizer que Eva está entre os primeiros. Ela “viu que a árvore era boa para alimento e que era algo para os olhos anelarem, sim, a árvore era desejável para se contemplar”; e assim, em vez de exercer autodomínio, ela cedeu à tentação e comeu do fruto. (Gên. 2:16, 17; 3:2-6) Caim foi advertido de não se deixar dominar pela ira, mas de dominá-la; mas ele não exerceu autodomínio e por isso matou o seu irmão, perdeu a esperança da vida eterna e tornou-se o primeiro duma longa lista de assassinos humanos, tudo por causa da falta de autodomínio. — Gên. 4:5-7; 1 João 3:12.
8 Novamente, a obediência à ordem dada a Ló e à sua família, de não olharem para trás ao fugirem da cidade condenada de Sodoma, exigiu autodomínio. A mulher de Ló deixou de exercê-lo, para a sua destruição. Jesus a apresentou como exemplo de aviso aos seus seguidores. (Gên. 19:17, 26; Luc. 17:32) Jacó, no leito de morte, censurou fortemente a Rubem, seu primogênito, por não ter exercido autodomínio, sendo que Rubem, evidentemente, se deixou tentar por uma das concubinas de seu pai. Com “impetuosidade leviana como as águas” duma enxurrada profanou o leito de seu pai. (Gên. 49:3, 4) O Rei Saul perdeu o reino de Israel pela sua impaciente falta de autodomínio, não podendo esperar que o profeta Samuel viesse oferecer um sacrifício numa ocasião de emergência nacional. (1 Sam. 13:8-14) E tem havido incidentes na vida de alguns dos servos mais fiéis de Jeová, em que deixaram de exercer autodomínio, para a sua grande e duradoura lástima! Quanto todos estes exemplos de aviso salientam para nós a necessidade de exercermos autodomínio! — Gên. 9:20, 21; Núm. 20:7-13; 2 Sam. 11:1-12:15.
EXEMPLOS DE AUTODOMÍNIO
9, 10. Quem nos forneceu o maior exemplo de autodomínio, e de que modo o demonstrou?
9 Por outro lado, a Palavra de Deus, para fortalecer nossa decisão de exercer autodomínio, nos apresenta muitos exemplos excelentes, sendo o principal o do próprio Jeová Deus. Jeová Deus exerce autodomínio? Sim, ele mesmo nos diz isso: “Por muito tempo fiquei quieto. Fiquei calado. Continuei a exercer autodomínio.” (Isa. 42:14) O infiel Israel merecia ser punido imediatamente, mas Jeová se refreou. Muitas pessoas, desconhecendo os atributos e os propósitos de Jeová, queixam-se de ele permitir a iniqüidade e o sofrimento; não se dão conta de que, ele permitir isso — por razões sábias e amorosas — representa grande autodomínio da sua parte. Em que sentido?
10 Jeová Deus tem à sua disposição ilimitados poderes. Pode usá-los de qualquer modo e em qualquer ocasião que achar apropriado. Mas ele usa esses poderes apenas dum modo justo, sábio e amoroso. É longânime, vagaroso em irar-se, assim como nos diz a sua Palavra, e o que é a vagarosidade na ira senão o exercício de autodomínio em face de sua justa indignação? (Sal. 103:8; 145:8; Jer. 15:15; Joel 2:13; Jon. 4:2; Naum 1:3) Ele esperou 120 anos antes de destruir a geração iníqua dos dias de Noé, e esperou séculos até executar finalmente os julgamentos no infiel Israel, em 607 A. E. C. (Gên. 6:3; 2 Crô. 36:15, 16) Satanás e seus demônios, bem como seus instrumentos e joguetes humanos, continuamente ultrajam a justiça de Jeová, fazem pouco de sua autoridade, insultam-no por meio de blasfêmia, calúnia e rebelião. Ele tem sentimentos, conforme a Bíblia mostra. Sente ele muito estas coisas? Certamente! No entanto as tem suportado por milênios; tem exercido autodomínio por causa de sua sabedoria e de seu amor.
11. De que modo nos deu Jesus um excelente exemplo de autodomínio?
11 E Jesus Cristo, o Filho de Deus, sem dúvida, deu o maior exemplo de um humano exercer autodomínio. Em nenhum momento, durante o seu ministério terrestre, perdeu ele o domínio sobre as suas faculdades, poderes ou emoções, e nunca falou ou agiu precipitadamente ou injudiciosamente. “Quando estava sendo injuriado, não injuriava em revide. Quando sofria, não ameaçava.” (1 Ped. 2:23) Isto exigiu autodomínio! Por isso lemos em Mateus 27:13, 14: “Pilatos disse-lhe então: ‘Não ouves quantas coisas testificam contra ti?’ Contudo, ele não lhe respondeu, não nem com uma só palavra, de modo que o governador ficou muito admirado.” Isto era muito incomum. Mas o profeta de Jeová havia predito que, quando julgado, “não abria a sua boca”, e por isso Jesus se refreou, não dizendo uma só palavra, apesar de todas as acusações falsas lançadas contra ele. Deveras, Jesus nos deu um maravilhoso, sim, um perfeito exemplo de autodomínio para tentarmos copiar, especialmente quando em tensão, como quando estivermos perante regentes! — Isa. 53:7.
12-14. Que exemplo de autodomínio deram José, Gideão, o Rei Saul, Daniel e seus três companheiros?
12 Para nos animar a procurarmos imitar a Jesus Cristo temos também os excelentes exemplos de autodomínio dado por servos imperfeitos, fracos de Jeová, como nós mesmos, conforme a Palavra de Deus mostra repetidas vezes. Que belo exemplo de autodomínio deu José quando importunado pela esposa de Potifar! (Gên. 39:7-20) Outro belo exemplo dos tempos antigos, do exercício de autodomínio, foi dado pelo Juiz Gideão. Depois de obter a vitória sobre os midianitas, ele se viu confrontado com homens invejosos de Efraim, que procuravam armar briga com ele por lançarem acusações falsas contra ele. Gideão, na emoção da vitória, poderia ter facilmente perdido a calma e os criticado acerbamente, o que poderia ter resultado numa luta sangrenta entre os israelitas. Mas, ao contrário; ele exerceu autodomínio e os elogiou com tato, fazendo que fossem embora em paz. Deixou que a razão, e não a emoção, lhe ditasse as palavras. — Juí. 8:1-3.
13 O Rei Saul, embora perdesse mais tarde o seu reinado por sua falta de autodomínio, conforme já se observou, no princípio demonstrou ter esta boa qualidade. Pouco depois de ter sido feito rei, alguns “homens imprestáveis” o desprezaram, zombando: “Como é que este nos salvará?”, e deixaram de trazer-lhe um presente em reconhecimento de ele ter sido feito rei sobre eles pelo próprio Jeová Deus. Saul poderia ter-se ofendido, poderia ter ralhado com eles, esbravejado ou até mesmo tomado ação contra eles; mas, não; ele se recusou a fazer questão disso, mas exerceu autodomínio: “Ele continuou como alguém que ficou sem fala.” Quão sábio é ficar calado quando se está sendo provocado! — 1 Sam. 10:27.
14 Entre outros que se poderiam mencionar estão Daniel e seus três amigos jovens. Quando foram levados cativos à Babilônia, ofereceram-lhes os melhores alimentos e bebidas segundo a orientação do imperador. Mas, embora todos os demais cativos, bem como todos os babilônios se regalassem com tal alimentação, Daniel e seus três amigos exerceram autodomínio e se negaram a comer tais iguarias por serem impuras segundo a lei de Moisés. Jeová os abençoou grandemente por exercerem tal autodomínio, mostrando-se eles mais sábios do que todos os demais sábios do rei. E, sem dúvida, este autodomínio ajudou a fortalecê-los, de modo que, quando vieram provas mais severas, todos os quatro as puderam suportar, puderam manter a integridade. — Dan. 1:8-20; 3:16-30; 6:4-28.
NECESSIDADE DE AUTODOMÍNIO NA COMIDA E NA BEBIDA
15-17. (a) Que fato a respeito dos cristãos os obriga a exercerem autodomínio? (b) O autodomínio na comida e na bebida é indicado por que fatos, razões e textos?
15 Para os cristãos, o autodomínio é próprio por muitas razões compelentes e fortes, uma das quais sendo a sua mordomia. Por causa de sua dedicação a Jeová Deus, são mordomos não só de privilégios e perícias, mas também de seu tempo, de seus meios e de sua força. Desincumbirem-se de sua mordomia corretamente exige autodomínio, como quanto à comida e à bebida. É evidente que o beberrão e o glutão, que têm falta de autodomínio, não só desperdiçam seu dinheiro, mas também seu tempo e sua força. (Pro. 23:20, 21) Mas, seria um engano chegar à conclusão de que, enquanto evitarmos estes extremos, estamos usando de adequado autodomínio no comer e no beber. Talvez não seja assim. Alguém talvez não esteja bêbedo, mas ainda assim pode ter bebido demais, se se tornar falador ou sonolento. Do mesmo modo, alguém talvez não tenha comido ao ponto de constituir glutonaria, mas ainda assim tem comido demais se ficar indolente ou letárgico. Pode depender da ocasião.
16 O autodomínio na comida e na bebida é subentendido no conselho: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei todas as coisas para a glória de Deus.” (1 Cor. 10:31) O cristão não vive para comer, como se os prazeres da mesa fossem as melhores coisas da vida! Não as são! Os cristãos devem estar dispostos a fazer pouco caso da mesa pela causa das boas novas. Comida simples, ingerida com moderação, é o que é melhor para o corpo. E isto é também econômico. Para os cristãos, isto não é de somenos importância, pois os hábitos modestos no comer podem significar a diferença entre permanecer no serviço de tempo integral e não poder fazê-lo. Dá-se sabiamente o conselho: “Quando te sentares à mesa com um grande, considera com atenção o que tens diante de ti. Põe uma faca na tua garganta, se sentires demasiado apetite.” — Pro. 23:1, 2, PIB.
17 Os cristãos devem estar dispostos a exercer autodomínio à mesa pela causa dos interesses e das bênçãos do Reino. Quanto proveito podemos tirar dum discurso bíblico se estivermos sonolentos por termos primeiro tomado uma grande refeição? Não queremos estar entre aqueles cujo “deus é o ventre” ou entre aqueles que são escravos “de seus próprios ventres”, não é verdade? Quão apropriadas são as palavras de Jesus: “Prestai atenção a vós mesmos, para que os vossos corações nunca fiquem sobrecarregados com o excesso no comer, e com a imoderação no beber, e com as ansiedades da vida, e aquele dia venha sobre vós instantaneamente como um laço.” Exercer autodomínio no comer e no beber faz parte da devoção piedosa que é proveitosa para todas as coisas, tanto para a vida presente — algumas autoridades médicas culpam a excessiva nutrição por quase todas as doenças degenerativas modernas — como para a vida futura. — Fil. 3:19; Rom. 16:18; Luc. 21:34, 35; 1 Tim. 4:8.
18. De que dois modos nos ajuda o autodomínio na comida e na bebida a dominar as nossas emoções?
18 Além disso, o autodomínio à mesa nos ajuda a exercer autodomínio quanto às nossas emoções, e isso de dois modos. Primeiro, porque o autodomínio num sentido nos ajuda a exercer autodomínio em outros sentidos. Assim, um destacado ministro cristão, que gostava muito de amendoim, disse que o levava no bolso mas não o comia, para desenvolver o autodomínio. Por dominar seu gosto pelo amendoim foi ajudado a exercer autodomínio também em outras coisas. E, segundo, quanto mais abstêmios forem os hábitos de comer de um homem, tanto menos freqüentemente se sentirá provavelmente acometido de paixão sexual, que é outro campo em que se deve exercer autodomínio. Conforme se observou muito bem, ‘quanto mais robusto o homem sensual, tanto mais inclinado está ao mal’.
A NECESSIDADE DE AUTODOMÍNIO NA RELAÇÃO ENTRE OS SEXOS
19. (a) O que se pode dizer representa o maior repto para o autodomínio, conforme se vê em que fatos? (b) Por que se dá isso, e, no entanto, como se vê que isso é uma expressão do amor de Jeová?
19 A necessidade de autodomínio na relação com os do sexo oposto é provavelmente ainda maior e ao mesmo tempo mais difícil do que o autodomínio na comida e na bebida, e com conseqüências muito mais sérias. Pode-se dizer que representa o repto maior de todos. Cada ano, literalmente milhares de cristãos dedicados são desassociados, no mundo inteiro, por causa de sua conduta para com os do sexo oposto, que se tornou imprópria para os cristãos. E compreende-se facilmente razão disso quando pensamos no que está envolvido. Jeová Deus não só ordenou ao primeiro casal humano que fossem fecundos e se tornassem muitos, mas ao mesmo tempo deu a cada um dos sexos um atrativo tão forte pelo outro, que nunca haveria o perigo de que a raça humana cometesse suicídio por deixar de usar suas faculdades procriativas em vista dos fardos que acompanham a vida familiar. Isto, ao mesmo tempo, era outra evidência do amor de Jeová Deus, pois ele tornou o atrativo mútuo entre os sexos extremamente agradável. Assim tornou possível que cada um, não importa quão humilde a sua situação, usufruísse uma das maiores bênçãos da vida, sem depender da inteligência ou de grande riqueza. — Gên. 1:26-28; 2:18-24.
20, 21. (a) Por que deu Jeová Deus leis que governam o dom do sexo? (b) Que diz a Palavra de Deus a respeito dos que violam as suas leis neste sentido?
20 Mas, junto com esta dádiva, o Criador estabeleceu sábia, justa, sim, e logicamente certas restrições, não de modo arbitrário, mas para o benefício do próprio homem, e em especial para o benefício da mulher, o vaso mais fraco, e para o benefício da prole resultante desta bênção; por estas razões ele proscreveu a fornicação e o adultério. Assim como a necessidade que o homem tem de comida e bebida não lhe dá o direito de roubar, nem de se tornar glutão ou beberrão, assim a faculdade da expressão sexual não deve ser exercida de qualquer modo que agrade ao homem, sem consideração das leis de Deus ou das conseqüências para si mesmo ou para outros. Por isso se requer de nós que exerçamos autodomínio no que se refere à maneira em que damos expressão a este instinto por pensamento, palavra e ação. Por isso, a Palavra de Deus aconselha os maridos: “Bebe água da tua própria cisterna e filetes de água do meio do teu próprio poço.” — Pro. 5:15-23.
21 Sim, o estímulo e a satisfação do instinto de procriação é uma sensação extremamente agradável, e por isso o coração humano decaído tem fortes inclinações de se entregar a ele. Mas, a menos que seja usado dentro do vínculo marital, é estigmatizado nas Escrituras como “as obras da carne . . . fornicação, impureza, conduta desenfreada”, coisas que privam a pessoa das bênçãos do reino de Deus, assim como lemos: “A fornicação e a impureza de toda sorte, ou a ganância, não sejam nem mesmo mencionadas entre vós, assim como é próprio dum povo santo . . . Pois . . . nenhum fornicador, nem pessoa impura, nem pessoa gananciosa — que significa ser idólatra — tem qualquer herança no reino do Cristo e de Deus.” — Gál. 5:19-21; Efé. 5:3, 5.
22. Que conselho bíblico se dá aos homens e às mulheres com respeito à conduta cuidadosa entre os sexos, com que implicações?
22 Especialmente os homens cristãos devem usar de autodomínio no seu modo de falar e nas suas ações, para não suscitar impureza no sexo oposto, visto que parece ser a tendência do homem decaído agradar-se da sedução. As mulheres cristãs, por outro lado, precisam ter cuidado para que se “adornem em vestido bem arrumado, com modéstia e bom juízo”. Assim como a masculinidade dá prazer às mulheres, assim a feminilidade dá prazer aos homens, mas a menos que esteja ligada à modéstia, constitui prazer impuro. Dificilmente se pode dizer que as mini-saias sejam modestas. As palavras de Jesus, registradas em Mateus 5:28, envolvem também as mulheres. De que modo? No sentido de que as mulheres cristãs têm a obrigação de não se vestirem de modo provocativo, de não tentarem os homens a continuar a olhar para elas, para assim derivarem a satisfação orgulhosa de notar como podem influir nas emoções dos homens. E quando os homens violam aquele texto, não só eles mesmos se tornam culpados, mas podem também estimular a mulher ao ponto de ela também se tornar culpada. É evidente que tanto os homens como as mulheres na congregação cristã precisam fazer a sua parte, se as mulheres mais maduras hão de ser tratadas ‘como mães, as mulheres mais jovens como irmãs, com toda a castidade’. — 1 Tim. 2:9; 5:1, 2.
AUTODOMÍNIO EM OUTROS CAMPOS
23, 24. Em que outros campos precisam os cristãos ter cuidado de exercerem autodomínio, e por que razões?
23 O Criador não impôs aos animais inferiores a obrigação de exercer autodomínio. Eles passam bem por simplesmente seguirem os seus instintos, vivem o tempo determinado e servem ao propósito de Deus para com eles. Mas com o homem é diferente. Jeová Deus dotou o homem com raciocínio, com consciência e com força de vontade, os quais, porém, ficaram prejudicados pela decadência. Portanto, o homem imperfeito precisa constantemente disciplinar-se para não ir a extremos naquilo que talvez lhe dê prazer. Assim, não há nada de errado na própria recreação, nos esportes, nos passatempos e em coisas semelhantes, SE forem mantidos sob controle, no seu devido lugar; SE houver moderação no seu usufruto. Mas quando alguém tem dificuldade de ser moderado no usufruto de tais coisas boas, seja um passatempo ou ver TV, é melhor passar sem elas completamente, do que deixar que se tornem um laço. — Mar. 9:43-48.
24 O mesmo se aplica à ocupação secular diária da pessoa. Esta talvez seja bastante interessante ou represente um desafio, ou talvez seja considerada bastante compensadora, por causa do dinheiro que se ganha ou por causa de outros benefícios. Tais fatores podem fazer que alguém se torne trabalhador compelido, a quem falta o autodomínio. Tais homens amiúde se tornam vítimas da pressão arterial alta e podem sofrer ataques cardíacos. Outrossim, muitos não conseguem exercer autodomínio na adquisição de coisas materiais. Facilmente influenciados pela conversa lisonjeira dos vendedores, fazem compras imprudentes e assim ficam presos aos credores.
25. No precedente, o que se trouxe à nossa atenção quanto ao valor e à necessidade de autodomínio?
25 Deveras, não se podem exagerar o valor e a necessidade do autodomínio. A menos que o exerçamos, todos os nossos trabalhos cristãos podem mostrar-se “de algum modo” em vão. A falta de autodomínio iniciou a raça humana no caminho do pecado e da morte, e causou a queda de muitos dos servos de Jeová e a sua desgraça. Mas é possível exercê-lo, conforme demonstrado por muitos personagens bíblicos fiéis. Especialmente quando se trata de prazeres, de coisas de que gostamos, tais como a comida e a bebida, o sexo e a recreação, precisamos de autodomínio ao querermos fazer o que é sábio, amoroso e direito.
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A necessidade que temos de autodomínio pode ser ilustrada com o automóvel: Este não só precisa ter um motor, mas também controle de direção e de velocidade.
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O Dilúvio foi realmente um exemplo do exercício do autodomínio por parte de Deus: Ele esperou 120 anos antes de destruir aquela geração iníqua.
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Daniel e seus três amigos mostraram autodomínio por se negarem a comer as iguarias do rei. Jeová os abençoou pelo seu autodomínio.