Parte 4
A fonte de sua vida
33. (a) Como Filho, o que prestou Jesus ao seu Pai? (b) Até que ponto vai a honra que Jesus disse que todos os homens devem prestar ao Filho?
VEM-SE avolumando as evidências dos próprios escritos de João de que Jesus Cristo era o Filho de Deus. Isto em si mesmo argumenta que Jesus, como Filho, dependia de Deus e não era igual a Deus. O filho não é mais do que o pai, mas precisa honrar o pai segundo os mandamentos de Deus. Como Filho de Deus, Jesus disse: “Honro a meu Pai.” (João 8:49, ALA) Como então pode alguém dizer que ele se endeusava ou se igualava a Deus quando disse: “O Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento, a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou”? (João 5:22, 23, ALA) Com estas palavras, Jesus não nos estava dizendo que o honrássemos como se fosse o Pai ou Deus. Ele não nos disse que devíamos honrar ao Filho tanto quanto ao Pai.
34. Neste sentido, por que devia o Filho ser honrado, e quão honrado?
34 Leia de novo as palavras de Jesus e veja por que ele disse que devia ser honrado assim como o Pai deve ser honrado. Jesus disse que o Pai o havia nomeado Juiz, para atuar como deputado ou representante de Deus, o Juiz Supremo. Portanto, visto que Deus o nomeara Juiz, o Filho merecia ser honrado. Honrando o Filho, nós respeitamos o fato de Deus o ter nomeado Juiz. Se não honrarmos o Filho como Juiz, então não honraremos “o Pai que o enviou”. Mas isto não significa que honramos ao Filho como sendo o próprio Deus nem que honramos o Filho tanto quanto ao próprio Deus que o enviou.
35. (a) Quem foi que honrou a Jesus, e até que ponto? (b) Quanto à grandeza, como se comparou Jesus com Deus e com Abraão?
35 Até mesmo Deus, o Pai, não honrou nem glorificou o Filho como sendo igual a ele. Mas Deus realmente honrou ou glorificou ao Filho, Jesus Cristo, mais do que todos os outros filhos. Pois então, aquele a quem Deus honra ou glorifica, nós também devemos honrar. Na realidade, Deus requer que assim façamos. O próprio Jesus disse: “Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória nada é, quem me glorifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é vosso Deus.” (João 8:54, ALA) O Pai de Jesus era o Deus dos judeus. Eles não consideravam Jesus um Homem-Deus ou o próprio Deus encarnado; e Jesus não pretendeu ser Deus. Jesus disse que Aquele que os judeus diziam ser o Deus deles era o que o honrava. Dai Jesus prosseguiu e declarou que não era tão grande como Deus, mas era mais que Abraão, porque tinha tido uma existência pré-humana no céu.
36. O que significa o titulo “pai”, e o que deu apropriadamente o Pai celestial ao Filho de Deus?
36 O título “pai” se refere ao genitor masculino dos pais, e o genitor masculino é o progenitor, o autor ou fonte, o que gera ou produz descendência. Visto que Deus era o Pai de Jesus, dependia também Jesus de Deus para viver? Unicamente as próprias palavras de Jesus podem dar uma resposta convincente a esta pergunta. Note agora as seguintes palavras de Jesus: “Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem, viverão. Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo.” (João 5:25, 26, ALA) Deus, como Pai, é a Fonte da vida; e ele dá ao Filho o privilégio de ter vida em si mesmo. Agora podemos compreender o que João 1:4, 5 (ALA) diz referente ao Verbo ou Logos: “A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.”
37. De quem e mediante quem vem a luz que Ilumina os homens?
37 A luz que ilumina os homens que estão submergindo-se na escuridão da morte procede do Pai, a Fonte, mediante o Filo, o canal. O Filho recebeu vida do Pai. Por isso, o apóstolo Pedro podia dizer corretamente ao seu Mestre, Jesus Cristo: “Senhor, para quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna; e nós cremos e sabemos que tu és o Cristo Filho de Deus.” — João 6:68, 69, Negromonte.
38. Como foi que Jesus comparou a origem da sua própria vida com a dos que obtém a vida mediante se alimentar dele pela fé?
38 Quando falava a seu respeito como sendo um sacrifício humano que seria oferecido pela vida dos homens crentes, Jesus indicou a origem de sua própria vida, dizendo: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo pai; também quem de mim se alimenta, por mim viverá.” (João 6:56, 57, ALA) Os que se alimentam e vivem por Jesus, vivem mediante ele. Assim também Jesus vive mediante Deus. Assim, se o Pilho fosse coeterno com o Pai e não tivesse princípio de vida como poderia ele dizer verazmente: “Eu vivo pelo Pai”? Jesus era realmente um Filho de Deus, visto ter recebido vida de Deus Ele recebeu vida de seu Pai celestial, assim como uma pessoa que se alimenta com o sacrifício humano de Jesus mediante a fé recebe vida mediante Jesus e vive por ele. Se não fosse o sacrifício humano de Jesus, não se poderia viver para sempre no novo mundo de Deus. Assim, se, não fosse Deus, o Filho nunca teria vivido.
39, 40. (a) De que dependia Jesus para continuar vivendo? (b) Como foi que o depender Jesus de Deus para viver foi demonstrado miraculosamente de outra maneira?
39 Jesus, para continuar vivendo, depende de sua obediência a Deus, seu Pai. Mui apropriadamente, então, quando Jesus foi tentado pelo Diabo para que fizesse as pedras virarem pães depois de estar quarenta dias de jejum, Jesus aplicou a si mesmo as palavras do profeta Moisés: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca, de Deus.” (Mat. 4:4, ALA) Depender Jesus de Deus, o Pai, para viver é indicado também de outro modo. Como? No fato de Deus ter ressuscitado seu Filho, Jesus, dos mortos no terceiro dia depois de ele ter deposto a sua vida humana em sacrifício.
40 Em João 5:21 (ALA) Jesus falou do poder de Deus ressuscitar os mortos e de dar-lhes vida, dizendo: “Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer.” Jesus não ressuscitou a si mesmo dos mortos; ele dependia do seu Pai imortal no céu, para tirá-lo da morte. No terceiro dia apos a sua morte sacrificial, Deus ressuscitou seu Filho e deu-lhe vida novamente, e d Filho a recebeu, aceitou-a ou a tomou de novo. Foi justamente o que Jesus tinha dito: “Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai.” — João 10:17, 18, ALA.
41. Como e por que depôs Jesus a sua vida, e como a reouve ele?
41 Jesus entregou a sua vida (grego: psykhé; alma). Naturalmente foram os soldados romanos que o mataram no Calvário, mas Jesus permitiu que assim fizessem, e isto em harmonia com a vontade de seu Pai ou pelo mandamento que o Pai dera a Jesus. Jesus reouve a sua vida, não que ele retirasse do altar o seu sacrifício humano ou que ele ressuscitasse a si mesmo para a vida, mas que no terceiro dia Deus ordenou que Jesus saísse dentre os mortos. Jesus fez isto mediante aceitar ou receber vida das mãos do Pai, pela autoridade de Deus. Foi como Jesus dissera: “Tenho autoridade . . . para reavê-la. Este mandamento recebi do meu Pai.” — ALA.
42. Conforme Jesus disse a João, como é ele “o primeiro e o último”?
42 Jesus vive novamente no céu. Depois de ter voltado para seu Pai, Jesus apareceu em visão ao apóstolo João e disse: “Eu sou o primeiro e o último, e o que vivo; fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos; e tenho as chaves da morte e do Hades:” Ele foi o primeiro e o último ria questão da ressurreição, pois João fala a respeito dele como “Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dos mortos, . . . Aquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados”. (Apo. 1:17, 18, 5, NTR) Ele foi o primeiro sobre a terra a quem Deus ressuscitou dos mortos para viver “pelos séculos dos séculos”. Foi também o último a quem Deus ressuscitou diretamente, pois agora Deus deu ao ressuscitado Jesus o poder de abrir as “chaves da morte e do Hades”. Por isso, durante o seu reinado, Jesus, o Juiz, ressuscita e dá vida s quem ele quiser.
43. (a) Qual é o argumento dos trinitaristas quanto ao significado de Apocalipse 3:14? (b) Mas, sobre a obra da criação de quem calava Jesus ali?
43 Tudo isto nos ajuda a compreender o verdadeiro significado daquilo que o ressuscitado Jesus mandou que João escrevesse á congregação de Laodicéia, na Ásia Menor. Disse Jesus: “Estas cousas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o principio da criação de Deus.” (Apo. 3:14, ALA)a Os trinitaristas argumentam que isso significa que Jesus Cristo é o Iniciador, o Originador ou a Origem da criação de Deus; eles podem apontar traduções da Bíblia tais como Uma Tradução Americana e a tradução de Moffatt, em inglês, que dizem: “A origem da criação de Deus.” Note a expressão: “Criação de Deus.” Isto, naturalmente, não significa criar Deus, pois Deus é incriado. Jesus disse “criação de Deus” e não “criação por mim”, como se ele estivesse falando de coisas criadas por ele. Jesus falava de coisas criadas por outrem, isto é, das coisas criadas por Deus.
44, 45. (a) Em que caso está a palavra “Deus” em grego — caso nominativo ou genitivo? (b) Segundo certos gramáticos, o que indica o chamado caso Genitivo Subjetivo?
44 No texto grego, a palavra “Deus” [Theoũ] está no caso genitivo. Ora, no grego, bem como no português, o caso genitivo pode ter diversas relações ou conexões diferentes das que a palavra no caso genitivo tem com a pessoa ou coisa que ela modifica.
45 Segundo o Dr. A. T. Robertson, ela pode ser genitiva de diversos modos, tais como Genitiva Possessiva, Genitiva Atributiva, Genitiva Subjetiva e Genitiva Objetiva.b Certa gramática grega explica a genitiva da fonte ou autoral, dizendo: “O Genitivo Subjetivo. Temos um genitivo subjetivo quando um substantivo no genitivo produz a ação, estando, portanto, relacionado como sujeito à idéia verbal do substantiva modificado. . . . A pregação de Jesus Cristo. Rom. 16:25.”c Outra gramática grega explica o sentido do genitivo subjetivo, dizendo: “O Sujeito de uma ação ou de um sentimento: . . . a boa vontade do povo (isto é, o que o povo sente).”d
46. (a) Em que espécie de genitivo pode estar a palavra “Deus” em Apocalipse 3:14? (b) Qual é o pensamento expresso pela palavra “principio” em Provérbios 8:22 na Septuaginta grega?
46 Assim, a expressão “a criação de Deus” pode significar a criação que Deus possui ou que pertence a Deus. Ou gramaticalmente também pode significar a criação produzida por Deus. Nos seus escritos o apóstolo João nos ajuda a saber qual é a espécie deste genitivo no grego. Outrossim, concordam os produtores do texto grego das Escrituras Cristãs que Apocalipse 3:14 citou ou emprestou as palavras gregas de Provérbios 8:22.e Provérbios 8:22, segundo traduzido por Charles Thomson, da Septuaginta Grega, diz: “O Senhor me criou, o princípio dos Seus caminhos, para as Suas obras.” A palavra “principio” ali (LXX Grega: arkhé) certamente não significa Principiador, a Origem ou Originador. Significa claramente o primeiro ou a origem das atividades criativas de Deus. O mesmo pensamento é expresso em Apocalipse 3:14, coxa relação ao “princípio da criação de Deus”. Portanto, a palavra “Deus” deve estar no Genitivo-Subjetivo.
47. (a) Quando foi que houve uma interrupção na vida do Verbo? (b) Como então foi Jesus Cristo o “principio da criação de Deus”?
47 João citou as palavras de Jesus que dissera ter recebido a sua vida do Pai, Deus. Tinha havido uma interrupção na sua vida, não quando “o Verbo se fez carne”, mas quando foi morto como homem e ficou morto por três dias. Então ele foi restaurado à vida pelo poder do Deus Todo-poderoso, para viver para sempre, imortalmente. Na sua ressurreição, Jesus Cristo era criação de Deus ou criação por Deus. Mas no princípio de todas as criações, Jesus foi uma criação de Deus, uma criatura produzida por Deus. Como o Verbo, “no princípio”, no céu, ele foi o primeiro a ser criado por Deus, “a criação principal de Deus”. (Yg) Usando-o como agente, Deus fez todas as outras coisas, segundo declarado em João 1:3. Ele não foi a Origem ou Originador da criação de Deus. Antes, ele foi o Primeiro das criações de Deus.
48. (a) Por que se pode dizer que a Tradução do Novo Mundo traduz corretamente Apocalipse 3:14? (b) A quem atribuem os escritos de João toda a criação?
48 A Tradução do Novo Mundo traduz corretamente Apocalipse 3:14 como o “princípio da criação por Deus”. Em todos os seus escritos o apóstolo João não aplica a Jesus Cristo o título Criador (Ktístes), mas atribui toda a criação ao “Senhor Deus Todo-poderoso, aquele que era, que é [ho ōn] e que há de vir”, ao que está sentado no seu trono celestial. Diz-se a ele: “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as cousas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas.” (Apo. 4:8-11; 10:5, 6, ALA) O Verbo foi a primeira criação celestial de Deus.
“SENHOR MEU E DEUS MEU”
49. O que foi que aconteceu que fez o apóstolo Tomé dizer a Jesus: “Senhor meu e Deus meu”?
49 Os professores da Trindade argumentarão que a Divindade de Jesus é comprovada pelas palavras do apóstolo Tomé, em João 20:28. Tomé tinha dito aos demais apóstolos que ele não acreditaria que Jesus tinha sido ressuscitado dos mortos enquanto ele não se materializasse na sua frente e o deixasse pôr o dedo na ferida dos pregos coro os quais Jesus tinha sido cravado na estaca e enquanto não tocasse no lado de Jesus, onde o soldado romano o tinha furado com a lança para certificar-se da morte de Jesus. Conseqüentemente, na semana seguinte Jesus reapareceu aos apóstolos e disse a Tome que fizesse o que ele tinha dito, a fim de que se convencesse. “Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu!” (ALA) No texto grego original, esta expressão reza literalmente, palavra por palavra: “O Senhor de mim e o Deus de mim.”
50. Segundo o professor de grego, Moule, o uso do artigo definido o antes de Deus significa necessariamente que Jesus foi chamado o próprio Deus?
50 Assim, os trinitaristas argumentam que ao expressar-se Tomé: “o Deus”, falando com Jesus, prova que Jesus era o próprio Deus, um Deus em três Pessoas. Entretanto, o Professor C. F. D. Moule diz que o artigo o antes do substantivo Deus pode não ser relevante quanto a significar isto.f A despeito disto, consideremos a situação da ocasião para nos certificarmos do que o apóstolo Tomé quis dizer.
51. No dia da ressurreição de Jesus, que mensagem recebeu Tomé de Jesus, e, portanto, o que sabia Tomé referente a Jesus e sua adoração?
51 Menos de duas semanas antes disto, Tome tinha ouvido Jesus orar ao seu Pai celestial e dizer: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3, ALA) Quatro dias depois daquela oração, ou no dia de sua ressurreição, Jesus enviou uma mensagem especial a Tome e aos outros discípulos por intermédio de Maria Madalena. “Disse-lhe Jesus: Não me toques, porque ainda não subi para meu Pai; mas vai a meus irmãos, e dize-lhes: Subo para meu Pai, e vosso Pai, meu Deus, e vosso Deus, Foi Maria Madalena dar a nova aos discípulos: Vi o Senhor, e ele disse-me estas coisas.” (João 20:17, 18, So) Assim, Unto pela oração de Jesus como pela mensagem de Maria Madalena, Tome sabia quem era o seu próprio Deus. Seu Deus não era Jesus Cristo, mas seu Deus era o Deus de Jesus Cristo. Também, o seu Pai era o Pai de Jesus Cristo. Tomé, portanto, sabia que Jesus tinha um Deus a quem adorava, a saber, seu Pai celestial.
52. Por que não devíamos entender erradamente as palavras de Tomé: “Senhor meu e Deus meu”?
52 Como então podia Tomé, num êxtase de alegria por ver o ressuscitado Jesus pela primeira vez, expressar-se admirado e falar ao próprio Jesus como sendo o único Deus vivo e verdadeiro, o Deus cujo nome é Jeová? Como podia Tomé, pelo que disse, querer dizer que Jesus era o próprio e “único Deus verdadeiro” ou que Jesus era Deus representado na Segunda Pessoa da Trindade? Em vista do que Torne tinha ouvido sobre Jesus e do que o próprio Jesus lhe tinha dito, como podemos dar este significado às palavras dele: “Senhor meu e Deus meu”
53. Por que Jesus não repreendeu Tomé por causa do que ele disse?
53 Jesus teria repreendido Tomé se tivesse compreendido que Tome queria dizer que ele, Jesus, era “o único Deus verdadeiro” a quem Jesus tinha chamado de “meu Deus” e “meu Pai”. Certamente Jesus não assumiria um título de Deus, seu Pai, nem tiraria de Deus, seu Pai, a posição singular dele. Jesus não repreendeu Tomé como se estivesse dirigindo-se a ele de maneira errônea, pois ele sabia biblicamente o significado das palavras de Tomé. E o apóstolo João também o sabia.g
54. Este ponto no registro de João deu-lhe uma excelente oportunidade para fazer o que referente a João 1:1?
54 João estava lá e ouviu Tomé dizer “Senhor meu e Deus meu!” Disse João que a única conclusão que podíamos tirar as palavras de Tomé é que Jesus era Deus, “o único Deus verdadeiro” cujo nome é Jeová? (Sal. 35:23, 24) Esta teria sido uma excelente oportunidade de João explicar João 1:1 e dizer que Jesus Cristo, que era o Verbo feito carne, era o próprio Deus, que ele era o “Deus-Filho, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade”. Mas foi esta a conclusão que João tirou? É a esta conclusão que João conduz os seus leitores? Ouça a conclusão a que João queria que chegássemos:
55, 56. (a) Para persuadir-nos a crer o que referente a Jesus escreveu João as coisas no seu registro? (b) Portanto, a que conclusão chegamos com João até este ponto?
55 “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram. Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registados para que creais.” Para que creiamos em quê? “Que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.” — João 20:29-31, ALA.
56 No seu registro da vida de Jesus, João escreveu as coisas que nos persuadiriam a crer, não que Jesus é Deus, que Cristo é Deus ou que Jesus é “Deus-Filho”, mas que “Jesus é o Cristo, o Filho de Deus”. Os trinitaristas, de propósito, confundem as coisas dizendo “Deus-Filho”. Compreendemos, entretanto, a explicação de João como ele a deu, a saber: “Cristo, o Filho de Deus.” Nós chegamos à mesma conclusão que João chegou: que Jesus é o Filho daquele que Jesus chama de “meu Pai” e “meu Deus” no mesmo capítulo vinte de João: Portanto, Tomé não estava adorando á “Deus-Pai” e a “Deus-Filho” ao mesmo tempo como se fossem iguais num “Deus trino”.
57. (a) Nas suas palavras “Deus meu” dirigidas a Jesus, o que estava Tomé reconhecendo referente ao Pai de Jesus? (b) Como é que os capítulos 4 e 5 de Apocalipse explicam o significado de João 14:28?
57 Tomé adorava o mesmo Deus a quem Jesus Cristo adorava, a saber, Jeová Deus, o Pai. Por isso, se Tomé se dirigiu a Jesus como “Deus meu”, Tomé teve que reconhecer o Pai de Jesus como o Deus de um Deus, portanto, um Deus superior a Jesus Cristo, um Deus que o próprio Jesus adorava. Em Apocalipse 4:1-11 (ALA) dá-se uma descrição simbólica deste Deus, do “Senhor Deus Todo-poderoso”, que está no trono celestial e que vive para todo o sempre; mas no capítulo seguinte, em Apocalipse 5:1-8, Jesus é descrito como o Cordeiro de Deus, que se chega ao Senhor Deus Todo-poderoso no trono e toma um rolo da mão de Deus. Isto explica o significado das palavras de Jesus a Tomé e a outros apóstolos. ‘Eu vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.’ (João 14:28, ALA) Jesus assim reconheceu seu Pai como o Senhor Deus Todo-poderoso, sem igual, maior do que seu Filho.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja-se Apocalipse 3:14, ALA; So; Al; Rohden; Maredsous.
b Veja-se A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research, de A. T. Robertson, páginas 495-505, edição de 1934.
c Veja-se A Manual Grammar of the Greek New Testament, de Dana e Mantey, página 78 da edição de 1943.
d Veja-se a Greek Grammar, do Dr. Wm. W. Goodwin, página 230 da edição de 1893.
e Veja-se a página 613, coluna 1, da Student’s Edition of The New Testament in Greek, de Westcott e Hort, na parte intitulada: “Citações do Velho Testamento.” Veja-se também a página 665, coluna 1 (edição de 1960) do Novum Testamentnm Graece, do Dr. Eberhard Nestle, na sua Lista de Passagens Citadas do Velho Testamento. Veja-se também Novi Testamenti Biblia Graeca et Latina de Joseph M. Bover, Sociedade de Jesus, página 725, nota marginal 14.
Na Septuaginta grega, Provérbios 8:22 reza: “Kýrios éktisen me arkhèn hodôn autoû eis érga autoû.” Veja-se também The Septuagint Version — Greek & English, publicada pela S. Bagster e Filhos Limitada.
f Citamos o Professor Moule: “Em João 20:28 Ho kýrios mou kai ho theós mou [isto é, Meu Senhor e meu Deus], deve ser notado que um substantivo [como Deus] no caso Nominativo usado em sentido vocativo [dirigindo-se a Jesus] e seguido de um possessivo [de mim] não pode ser anartro [isto é, sem o artigo definido o] . . . ; o artigo [o] antes de theós pode, portanto, não ser significativo. . . . o uso do artigo [o] com um Vocativo virtual (compare João 20:28 acima referido e 1 Pedro 2:18, Colossenses 3:18 seg.) pode ser também devido a peculiaridades semíticas.” — Páginas 116 e 117 de An Idiom — Book of New Testament Greek, de C. F. D. Moule, Professor de Divindade da Universidade de Cambridge, edição de 1953, Inglaterra.
Por exemplo, para mostrar um vocativo, o grego tem geralmente o artigo definida antes dele, notamos isto em 1 Pedro 2:18; 3:1, 7, sendo que a tradução literal, palavra por palavra, reza: “Os servos da casa, estejam sujeitos . . . De igual maneira, [as] esposas, estejam . . . Os esposos, continuem habitando.” Em Colossenses 3:18 a 4:1: “As esposas . . . Os esposos, . . . Os filhos . . . Os pais . . . Os escravos . . . Os senhores.”
g O tradutor Hugh J. Schonfield duvida que Tomé tenha dito: “Meu Senhor e meu Deus!” E, por isso, na nota marginal 6, referente a João 20:28, Schonfield diz: “O autor pode ter posto esta expressão na boca de Tomé em atenção ao fato de o Imperador Domiciano ter insistido em que se lhe dirigisse por ‘Nosso Senhor e Deus’, Domitiam xiii, de Suetônio.” — Veja-se The Authentic New Testament, página 503.
Contudo, não estamos de acordo com esta sugestão.