Olhe atentamente para o agente principal da vida
“Olhando atentamente para o Agente Principal e Aperfeiçoador da nossa fé, Jesus. . . . Deveras, considerai de perto aquele.” — Heb. 12:2, 3.
1. Como e por que se podem muitas vezes ver as coisas numa nova luz?
JÁ LHE aconteceu alguma vez olhar para um objeto bem conhecido e depois chegar a vê-lo numa nova luz? Pode ter sido colocado num ambiente diferente, ou a sua própria percepção se desenvolveu e ficou mais aguda, ou talvez houvesse outro motivo. Isto acontece muitas vezes, por exemplo, quando se cresce e se visita novamente o lugar e o cenário da infância. Pode não ter mudado e pode reconhecer os antigos pontos de referência, mas tudo parece bem diferente, muitas vezes parece menor. Na sua infância, constituía todo o seu grande mundo. Mas agora, em comparação, é apenas um pequeno canto dele.
2. (a) De que modo veio Eva a encarar as coisas através dos olhos de outro? (b) Quem influenciou Eva, e como se pode provar isso?
2 Encarar as coisas numa luz diferente se aplica também a situações e problemas, e pode acontecer por causa da influência ou da sugestão de outra pessoa. Em outras palavras, aprende a olhar para as coisas através dos olhos de outro. Isto pode ou não ser proveitoso, dependendo de qual a influência que se exerce sobre sua pessoa. Um exemplo destacado disso se viu logo no início da história humana. Por escutar a sugestão feita mediante a serpente, Eva aprendeu a olhar para o fruto proibido por intermédio dos olhos de outro. Ela não mais o encarava como algo proibido, que não devia nem ser tocado, mas o via como extremamente desejável, de todo ponto de vista. (Gên. 3:1-6) Conforme a Bíblia mostra, Satanás, “a serpente original”, aquele que realmente influenciava Eva, não se mostrou assim ser agente ou instrumento que conduzisse à vida e ao esclarecimento, embora se apresentasse como tal. Antes, como Jesus disse a respeito dele, era “homicida” e “mentiroso”. Era realmente “aquele que tem os meios de causar a morte, isto é, o Diabo”. — Rev. 12:9; João 8:44; Heb. 2:14.
3. Que métodos sempre distinguiram os objetivos de Satanás?
3 Os métodos e as táticas de Satanás têm sido sempre os mesmos. Por meios sutis e enganosos, ele procura influenciar os outros a olharem para as coisas através dos olhos dele. Treina os seus agentes, tanto visíveis como invisíveis, para adotarem os mesmos métodos. O apóstolo Paulo, nos seus dias, teve a oportunidade de se referir a certos homens como “falsos apóstolos, trabalhadores fraudulentos”, e a dizer em explicação: “E não é de se admirar, pois o próprio Satanás persiste em transformar-se em anjo de luz. Portanto, não é grande coisa se os ministros dele também persistem em transformar-se em ministros de justiça.” O mesmo aviso se aplica hoje em dia. — 2 Cor. 11:13-15.
4. Em que sentido devemos precaver-nos?
4 Tendo isso em mente, quão oportuno e necessário é prevenir-se e não pressupor nada. Não importa quão populares talvez sejam certos conceitos, não importa qual tenha sido nossa formação religiosa, devemos estar ansiosos de ter e manter o conceito correto sobre as coisas fundamentais que afetam nossa adoração e nossa salvação. Precisamos aprender a continuar a olhar atentamente para as coisas verdadeiras e valiosas.
A IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE PRINCIPAL DA VIDA E DA LUZ
5. Como mostrou Deus que ele não foi impedido nem frustrado pelos acontecimentos no Éden?
5 Embora para Satanás talvez tenha parecido que obteve uma vitória completa ao causar o desvio do primeiro casal humano perfeito, realmente não foi assim. O propósito de Jeová não foi frustrado por aquilo que aconteceu no Éden, nem por quaisquer resultados subseqüentes daquela desobediência e rebelião inicial. Ao contrário, assim que ocorreu isso, Jeová predisse o que faria e em que resultaria. Predisse que o descendente da mulher “te machucará a cabeça”, serpente, referindo-se realmente a Satanás, dando assim a entender o esmagamento e a destruição de Satanás e de sua influência, no tempo devido. — Gên. 3:15.
6. Que medidas tomou Deus para promover a fé na sua primeira promessa profética?
6 Não se revelava no início quem seria este “descendente” prometido, quando foi mencionado pela primeira vez, mas Deus manteve aquela esperança e promessa vivas por fornecer de vez em quando informações adicionais. A Abraão, Deus fez a promessa juramentada de que “todas as nações da terra hão de abençoar a si mesmas por meio de tua descendência”. A Davi, descendente de Abraão, Deus prometeu: “Hei de suscitar o teu descendente . . . e eu hei de estabelecer firmemente o trono do seu reino por tempo indefinido.” Por meio dos profetas, especialmente Davi, nos seus muitos Salmos, também mediante Isaías, Deus forneceu muitos pormenores emocionantes sobre este que havia de vir, o qual, como “ungido” e rei de Jeová, esmagaria e destruiria por fim todos os inimigos de Deus. Segundo o próprio juramento de Jeová, ele seria também “sacerdote por tempo indefinido à maneira de Melquisedeque”. Os reis e sumos sacerdotes de Israel, quando empossados no cargo, foram ungidos com óleo especial, mas este que havia de vir seria ungido com “o espírito do Senhor Jeová”, para fazer uma obra grandiosa, conforme se menciona em Isaías 61:1-3. Estas e muitas outras promessas constituíam a esperança segura dos judeus a respeito de um vindouro Messias ou Cristo, palavras que ambas significam “ungido”. — Gên. 22:18; 2 Sam. 7:12, 13; Sal. 2:1-9; 110:1-7.
7. Descreva como se revelou a identidade do descendente prometido.
7 Por fim, um pouco mais de quarenta séculos depois daquela primeira promessa, veio o tempo para se revelar a identidade do “descendente”. Esta não foi deixada entregue a conjetura. Não foi revelada por meio dum profeta na terra, mas por meio dum mensageiro celestial “enviado da parte de Deus” numa missão especial. Tratava-se do anjo Gabriel, que se dirigiu a Maria, “uma virgem prometida em casamento a . . . José, da casa de Davi”, dizendo-lhe que ela havia achado “favor diante de Deus; e eis que conceberás na tua madre e darás à luz um filho, e deves dar-lhe o nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e Jeová Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai”. Depois de ela perguntar como isso se daria, visto que não tinha relações com um homem, o anjo continuou: ‘Espírito santo virá sobre ti e poder do Altíssimo te encobrirá. Por esta razão, também, o nascido será chamado santo, Filho de Deus.” — Luc. 1:26-38.
8. No batismo de Jesus, que identificação adicional se forneceu?
8 A unção de Jesus pelo espírito de Deus não ocorreu por ocasião de seu nascimento, mas ocorreu trinta anos depois, quando foi batizado por João no rio Jordão. O próprio João deu testemunho disso, dizendo: “Observei o espírito descer como pomba do céu; e permaneceu sobre ele”, acrescentando que este foi o sinal que Jeová, que o havia enviado a batizar em água, o mandara aguardar. Mais tarde, quando Jesus estava presente na sinagoga em Nazaré, ele se levantou e leu no rolo de Isaías, onde estava escrito: “O espírito de Jeová está sobre mim, porque me ungiu para declarar boas novas aos pobres . . .” Depois de terminar com a citação, ele declarou: “Hoje se cumpriu esta escritura que acabais de ouvir.” — João 1:32-34; Luc. 4:16-21.
9. Quem foram os primeiros convencidos de que Jesus era o Messias, e como se mostrou isso?
9 Os discípulos de João Batista, quando se lhes apresentou Jesus, reconheceram-no prontamente como o Messias. Um deles, de nome André, depois de passar o dia com Jesus no alojamento deste, “achou seu próprio irmão, Simão, e disse-lhe: ‘Achamos o Messias’ (que, traduzido, quer dizer: Cristo)”. Perto do fim do seu ministério, Jesus, depois de perguntar a seus discípulos como os outros o identificavam, disse-lhes: “Vós, porém, quem dizeis que eu sou?” e Simão Pedro respondeu imediatamente: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente.” Jesus comentou então que este discernimento da parte de Pedro não se devia a alguma revelação de fonte humana, dizendo que “isso não te foi revelado por carne e sangue, mas por meu Pai, que está nos céus”. — João 1:41; Mat. 16:15-17.
10. Em que outro aspecto pode Jesus ser identificado e por que é isto importante?
10 Voltando atrás, porém, para aquele que iniciou no Éden o engano que resultou na morte, interessa-nos saber não só que Jesus Cristo é o descendente prometido, mas queremos também saber se ele pode ser identificado como agente de Deus que abre o caminho do verdadeiro esclarecimento e da vida eterna, e conduz a ele. Esta certamente seria uma resposta grandiosa e completa ao desafio do Diabo e vindicaria a Jeová, fazendo que seu nome seja santificado. Além disso, seria de muita ajuda para nós quanto às questões vitais da adoração verdadeira e da salvação. Examinando a Palavra de Deus, a Bíblia, verificaremos que tal identificação é claramente confirmada. Paulo escreveu, encorajando os verdadeiros cristãos tanto nos seus dias como nos nossos: “Corramos com perseverança a carreira que se nos apresenta, olhando atentamente para o Agente Principal e Aperfeiçoador da nossa fé, Jesus. . . . Deveras, considerai de perto aquele que aturou tal conversa contrária da parte de pecadores contra os próprios interesses deles, para que não vos canseis nem desfaleçais nas vossas almas.” — Heb. 12:1-3.
11, 12. (a) Em que ocasiões foi Jesus chamado de “Agente Principal”? (b) Como nos ajudam estas referências com respeito à nossa salvação e a adoração verdadeira?
11 Este título, “Agente Principal” (em grego: arkhegós), descreve bem a posição dada por Deus a Cristo Jesus. Ele ocorre quatro vezes nas Escrituras Gregas Cristãs. No primeiro caso, Pedro o usou quando, pouco depois de Pentecostes de 33 E. C., ele disse aos judeus que “Deus . . . glorificou o seu Servo, Jesus”. Depois disse: “Vós repudiastes aquele santo e justo, e . . . matastes o Agente Principal da vida. Mas, Deus levantou-o dentre os mortos.” Mais tarde, quando os apóstolos foram proibidos pelo Sinédrio de ensinar à base do nome de Jesus, Pedro respondeu: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” Após dizer-lhes que eram responsáveis pela morte de Jesus, ‘pendurando-o num madeiro’, Pedro prosseguiu: “Deus enalteceu a este, como Agente Principal e Salvador, para a sua direita”, e concluiu: “E nós somos testemunhas destes assuntos, e assim é também o espírito santo, que Deus tem dado aos que obedecem a ele como governante.” Por último, além da referência em Hebreus 12:1-3, Paulo disse anteriormente, naquela mesma carta, a respeito de Jesus, que “era próprio que aquele, . . . trazendo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse por sofrimentos o Agente Principal da salvação deles”. — Atos 3:13-15; 5:27-32; Heb. 2:10.
12 Quão claro já tornam para nós só estas passagens o caminho da salvação e a adoração aceitável! Quão evidente é que não podemos obedecer a Deus como governante e ter o seu favor a menos que reconheçamos a designação de Jesus como seu “Agente Principal”, revestido de “toda a autoridade no céu e na terra”! (Mat. 28:18) Quão importante é que encaremos a este através dos olhos de Jeová e não através dos olhos de Satanás, como fizeram os líderes religiosos que ‘mataram o Agente Principal da vida’. Estes dois pontos de vista opostos ainda são possíveis, e ambos, de fato, prevalecem ativamente em nossos dias.
13. (a) Qual é o significado básico da palavra grega arkhegós? (b) Como se aplica isto a Cristo Jesus, em contraste com o conceito trinitarista?
13 Outras traduções, inclusive a Versão Almeida, vertem a palavra grega arkhegós “autor” em vez de “Agente Principal”, em Hebreus 12:2, mas isto não é nem exato, nem está em harmonia com os outros textos. A derivaçãoa desta palavra contém a idéia de principal ou primeiro em ordem de tempo ou de categoria. Isto se aplica a Cristo Jesus, mas não o torna o autor ou originador da vida ou da salvação. Ele não foi, conforme crêem os trinitaristas, o autor ou iniciador da criação, mas, conforme diz Revelação 3:14, foi “o princípio da criação de Deus”, quer dizer, o primeiro a ser criado por Deus, o Criador. Isto está em harmonia com a expressão clara das posições relativas de Jeová e de Cristo Jesus, conforme lemos em 1 Coríntios 8:6: “Para nós há realmente um só Deus, o Pai, de quem procedem todas as coisas, . . . e há um só Senhor, Jesus Cristo, por intermédio de quem são todas as coisas.” Em outras palavras, existe o único Originador, Jeová, que usa muitos agentes, mas que fez de seu Filho amado, Cristo Jesus, seu Agente Principal.
14. Só de que modo podemos avaliar corretamente a Cristo Jesus?
14 Não é de surpreender que Satanás, por meio de seus agentes e mediante a religião falsa, tenha feito todo o possível para causar confusão e cegar “as mentes dos incrédulos, para que não penetre o brilho da iluminação [do esclarecimento] das gloriosas boas novas a respeito do Cristo, que é a imagem de Deus [mas não é o próprio Deus]”. (2 Cor. 4:4) A fim de evitarmos esta influência cegadora, precisamos manter-nos achegados à Palavra de Deus, a Bíblia. Por fazermos isso, podemos aprender a olhar de perto para Cristo Jesus do ponto de vista de Deus, através dos seus olhos, e avaliar corretamente seu Filho como Agente Principal da vida e da luz.
15. Segundo João, quando e como foi o Filho primeiro usado como agente de Deus?
15 Neste respeito, é interessante e útil recapitular o que João escreveu sobre este assunto na introdução da sua narrativa evangélica a respeito de Jesus. Os outros escritores evangélicos traçam a linhagem de Jesus até Adão, mas João, em poucas declarações curtas e concisas, contudo profundas, nos leva de volta ao verdadeiro começo, ao começo da criação. Referindo-se a Jesus com o título pré-humano dele, de “Palavra” (em grego: Logos), João diz que “este estava no princípio com o Deus”. Mostrando então que a Palavra era o agente da vida, João escreve: “Todas as coisas vieram à existência por intermédio dele, e à parte dele nem mesmo uma só coisa veio à existência.” Quanto a este ser também o agente do esclarecimento, João diz a seguir: “O que veio à existência por meio dele foi a vida, e a vida era a luz dos homens.” João foi então inspirado a fazer uma declaração muito significativa e animadora, em vista do conflito e da hostilidade suscitados devido à ação sutil e enganadora de Satanás, que teve início no Éden. João diz: “E a luz está brilhando na escuridão, mas a escuridão não a tem vencido.” — João 1:1-5.
16. Como nos ajuda João a compreender quem pode tirar proveito de tal agente?
16 Talvez diga que é bom saber que as forças da escuridão não venceram o portador de luz, Cristo Jesus, mas de que proveito é isso para mim? Parece que as forças da escuridão, do mal, da corrução e da violência, sem se falar na religião falsa, estão mais ativas do que antes, e mais difíceis de vencer. Isto é verdade, mas examinemos um pouco mais de perto o que João disse sobre isso. Depois de mencionar que a missão de João Batista fora a de “dar testemunho da luz”, o apóstolo João prossegue: “A verdadeira luz que dá luz a toda sorte de homem estava para vir ao mundo.” Isto, por certo, significa que não importa qual o tipo de pessoa que tenha sido, pode tirar proveito do agente da luz. Não é automaticamente excluído deste benefício, o que resultaria em ser sua posição desesperadora, a menos que a torne assim. Em apoio disso, observe as palavras adicionais de João. Ele reconhece que, falando-se de modo geral, Jesus não era aceito, nem pelo mundo da humanidade, embora viesse “à existência por intermédio dele”, nem ‘foi acolhido pelos seus (os judeus) ao vir ao seu próprio lar’. Daí acrescenta: “No entanto, a tantos quantos o receberam, a estes deu autoridade para se tornarem filhos de Deus, porque exerciam fé no seu nome.” — João 1:6-12.
17. Que ajuda adicional forneceu o próprio Jesus neste respeito?
17 Mais tarde, João cita as palavras do próprio Jesus, que lançam mais luz sobre isso, mostrando qual a responsabilidade que descansa sobre a pessoa no sentido de usar a sua liberdade de escolha na questão de exercer fé. No que se refere a Deus, Jesus disse que “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna”. Explicando por que não foi aceito pelos homens em geral, mas por que estes desprezaram tal provisão maravilhosa da benignidade imerecida de Deus, resultando em eles permanecerem sob um julgamento de condenação, Jesus declarou mais: “Agora, esta é a base para o julgamento: que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais a escuridão do que a luz . . . Pois quem pratica coisas ruins odeia a luz e não se chega à luz, a fim de que as suas obras não sejam repreendidas. Mas, quem faz o que é verdadeiro se chega à luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas como tendo sido feitas em harmonia com Deus.” — João 3:16-21.
18. Que decisão devemos tomar quanto às duas alternativas diante de nós?
18 Se amar a escuridão mais do que a luz, se não estiver disposto a sofrer repreensão e correção ou não estiver disposto a reconhecer a necessidade de mudar seu ponto de vista e seu proceder, então tem esta responsabilidade. Mas se reconhecer no coração a necessidade de tal mudança, se estiver disposto a aprender como se pratica o que está em harmonia com a vontade de Deus, exercendo assim fé em Deus e no seu Filho amado, então o convidamos a participar conosco no prosseguimento da consideração deste assunto.
COMO NOS PODEMOS IDENTIFICAR COM O AGENTE PRINCIPAL DE JEOVÁ
19. De que modo é a congregação cristã identificada com Cristo Jesus?
19 Conforme já se observou, os primitivos cristãos, sob a liderança dos apóstolos fiéis, tornaram-se cônscios de sua identificação íntima com Cristo Jesus como Agente Principal de Deus e como chefe deles. Quase quarenta anos antes de João escrever sua narrativa evangélica a respeito de Jesus, Paulo havia ampliado este tema da posição exclusiva que Deus dera ao “Filho do seu amor”, dizendo que “ele [o Filho] é antes de todas as outras coisas e todas as outras coisas vieram a existir por meio dele, e ele é a cabeça do corpo, a congregação”. — Col. 1:13-18; veja também Efésios 2:19-22.
20. A respeito de que perigo nos avisa Paulo, e como age esse?
20 Todavia, Paulo achou necessário avisar, a seguir, do perigo de se ter ‘deslocado da esperança daquelas boas novas que se ouviram’. Escreveu e falou muitas vezes sobre este perigo e identificou a sua causa básica. Ele disse aos homens mais maduros da congregação de Éfeso: “Dentre vós mesmos surgirão homens e falarão coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos.” A outra congregação ele escreveu: “Que ninguém vos seduza, de maneira alguma.” Seduzir significa desencaminhar, afastar da retidão ou do dever, e especialmente induzir uma moça ou mulher a entregar sua castidade. Em harmonia com isso, observe o que Paulo disse à congregação em Corinto: “Pois, estou ciumento de vós com ciúme piedoso, porque eu, pessoalmente, vos prometi em casamento a um só marido, a fim de vos apresentar como virgem casta ao Cristo. Mas, tenho medo de que, de algum modo, assim como a serpente seduziu Eva pela sua astúcia, vossas mentes sejam corrompidas, afastando-se da sinceridade e da castidade que se devem ao Cristo. Pois, do modo como é, se alguém vem e prega um Jesus diferente do que nós pregamos, . . . vós facilmente o suportais.” — Col. 1:23; Atos 20:30; 2 Tes. 2:3; 2 Cor. 11:2-4.
21. Como foram tanto Adão como Eva enlaçados por Satanás, servindo de que aviso para nós?
21 Parece que, ao passo que a serpente seduziu Eva, foi a própria Eva quem seduziu seu marido, usando sua influência neste sentido. O registro diz simplesmente a respeito do fruto proibido, que ela “deu também dele a seu esposo, quando estava com ela, e ele começou a comê-lo”. (Gên. 3:6) Mas não podemos imaginar que se tratava apenas duma espécie de ação muda ou de um apelo mudo da parte dela. Embora ambos fossem seduzidos a se desviarem de sua anterior retidão e integridade, não estavam em pé de igualdade na questão de serem enganados. Possuímos a declaração inspirada de que “Adão não foi enganado, mas a mulher foi totalmente enganada”, quer dizer, ela foi influenciada a crer no que era falso. Isto não a isentava ou desculpava de estar “em transgressão”, pois ela sabia muito bem que aquilo que se dizia por meio da serpente estava em contradição com aquilo que Deus havia dito. (1 Tim. 2:14; Gên. 3:1-5) De modo que vemos quão astutamente Satanás usou seus instrumentos, tanto no início da história humana, como também nos primeiros dias da congregação cristã, e não menos assim em nossos dias. A questão primária que nos interessa é: Como podemos evitar ser enganados ou seduzidos? Dessemelhantes do primeiro casal humano, queremos garantir e preservar nossa identificação com Jeová por meio de seu Agente Principal. Qual é o melhor modo de fazermos isso?
22. (a) Como podemos obter o ponto de vista de Deus sobre os assuntos que exigem atenção e decisão? (b) Quando recorremos à Bíblia, que perigos devemos evitar com cuidado?
22 Para evitarmos ser enlaçados de qualquer modo, precisamos aprender a considerar todas as coisas através dos olhos de Deus. Precisamos aprender a continuar a olhar para as coisas do ponto de vista dele, quer na questão de doutrina, quer na do entendimento das condições mundiais, quer na dos problemas pessoais e da decisão do proceder que devemos adotar quando confrontados com diversas pressões. Como podemos fazer isso? Por nos mantermos achegados à Palavra de Deus. Este é na maior parte o motivo por que ela foi escrita. Conforme disse o salmista: “Lâmpada para o meu pé é a tua palavra e luz para a minha senda.” (Sal. 119:105) Há, porém, outra coisa que também é importante. Muitos deram detida atenção à Bíblia com o olho atento e crítico, examinando-a do ponto de vista da sabedoria e da filosofia humanas, com o resultado de que a sua fé, e também a fé dos que os escutam, é cada vez mais minada com respeito à aceitação da autoridade da Bíblia como a Palavra inspirada de Deus. Outros, devotamente religiosos no seu proceder, lêem e estudam a Bíblia regularmente, mas a lêem através dos olhos de outra pessoa. Quer dizer, aceitam em primeiro lugar os conceitos e a autoridade de uma das igrejas da cristandade ou de determinado grupo religioso, e sua compreensão do que lêem precisa ajustar-se às tradições mantidas por aquela igreja ou aquele grupo. É bem verdade o antigo ditado que diz que não há cego tão cego como aquele que não quer ver, nem surdo tão surdo como aquele que não quer ouvir algo contraditório, para acalentar idéias fortemente entrincheiradas.
23. (a) Que contraste fez Jesus entre seus discípulos e os líderes religiosos? (b) Como mostrou Jesus a relação íntima existente entre a atitude do coração e a visão mental?
23 Atente às palavras de Jesus nesta questão. Ele disse com respeito aos líderes judaicos, “versados na Lei” e tendo a “chave do conhecimento”: “Eu te louvo publicamente, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste cuidadosamente estas coisas dos sábios e dos intelectuais, e as revelaste aos pequeninos. . . . quem o Pai é, ninguém sabe exceto o Filho, e aquele a quem o Filho estiver disposto a revelá-lo.” Identificando então estes “pequeninos”, Jesus se voltou para os seus discípulos e disse: “Felizes são os olhos que observam as coisas que vós estais observando.” (Luc. 10:21-23) Os líderes religiosos estavam na melhor situação para reconhecer e aceitar Jesus como seu Messias. Sim, eram bem versados nas suas Escrituras, mas eram ainda mais versados e estavam mais profundamente entrincheirados nas suas tradições. Todo o seu conceito fora influenciado por motivos maus e egoístas, o desejo de parecerem externamente justos aos homens, mas estando por dentro cheios de hipocrisia e do que era contra a lei (Mat. 23:28) Focalizando a raiz da situação e mostrando a forte relação entre a atitude correta do coração e a capacidade de se enxergar direito com visão clara, sendo orientado direito por ela, Jesus disse àqueles líderes e seus apoiadores: “Eu bem sei que não tendes em vós o amor de Deus. . . . Como podeis crer, quando aceitais glória um do outro e não buscais a glória que é do único Deus?” Se o olho físico ou o olho mental fornece uma visão deturpada, por causa de um sério defeito ou uma motivação má, então toda a vida e todo o proceder da pessoa ficam afetados por isso, e ela provavelmente acabará em desastre. Conforme Jesus expressou isso no Sermão do Monte: “A lâmpada do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for singelo, todo o teu corpo será luminoso; mas, se o teu olho for iníquo, todo o teu corpo será escuro. Se, na realidade, a luz que está em ti é escuridão, quão grande é essa escuridão!” — João 5:42-44; Mat. 6:22, 23.
24. Ao buscarmos o ponto de vista e a bênção de Deus, que passos devemos dar, e que incentivo recebemos?
24 Assim, além de nos mantermos achegados à Palavra de Deus, precisamos também lembrar-nos bem da necessidade de mantermos uma atitude correta do coração e da mente, em toda a sinceridade e humildade. Precisamos estar dispostos a encarar as coisas numa nova luz, também a ajustar ou a corrigir nosso proceder concordemente, a fim de nos harmonizarmos plenamente com o ponto de vista do próprio Deus, conforme ensinado na Bíblia. Isto levará forçosamente a uma identificação íntima da nossa parte com Jeová e com seu Agente Principal. Com tal motivação digna, poderemos aguardar com grande interesse e confiança mais exames das Escrituras, lembrando-nos de que Jesus disse: “Persisti em pedir, e dar-se-vos-á; persisti em buscar, e achareis; persisti em bater, e abrir-se-vos-á.” — Luc. 11:9.
[Nota(s) de rodapé]
a Concordance de Strong: Dicionário Grego, p. 16, N.º 746, X747
[Foto na página 141]
O derramamento do espírito de Deus sobre Jesus, após o seu batismo, o identificou como o Ungido de Deus.
[Foto na página 145]
A serpente seduziu Eva pela sua astúcia. Podemos evitar os laços de Satanás por encararmos tudo através dos olhos de Deus.