BABILÔNIA (CIDADE)
[confusão]. O nome posteriormente dado a Babel. Esta cidade renomada localizava-se junto ao rio Eufrates, nas planícies de Sinear, região mais tarde chamada Babilônia, a aproximadamente 870 km a E de Jerusalém, e cerca de 80 km ao S da moderna Bagdá. — Veja BABILÔNIA (PAÍS).
Ninrode, que viveu na última parte do terceiro milênio A.E.C., fundou a cidade de Babilônia como a capital do primeiro império político do homem. A construção desta cidade, contudo, teve um fim súbito quando se deu a confusão das comunicações. (Gên. 11:9) Gerações posteriores de reconstrutores vieram e passaram. Hamurábi ampliou e fortificou a cidade, e a tornou a capital do Império Babilônico sob a regência semítica.
Sob o controle da Potência Mundial Assíria, a cidade de Babilônia figurou em várias contendas e revoltas. Daí, com o declínio do segundo império mundial, o caldeu Nabopolassar fundou nova dinastia em Babilônia, por volta de 645 A.E.C. Seu filho, Nabucodonosor II, que concluiu a restauração e levou a cidade à sua maior glória, jactou-se: “Não é esta Babilônia, a Grande, que eu mesmo construí?” (Dan. 4:30) Em tal glória, continuou sendo a capital da terceira potência mundial sob os sucessivos reinados do filho de Nabucodonosor, Evil-Merodaque (Amel-Marduque), de seu genro Neriglissar e do filho de Neriglissar, Labashi-Marduque, e, por fim, tendo a Nabonido, genro de Nabucodonosor, no trono. Belsazar, filho de Nabonido, regia junto com seu pai como co-regente até a noite de 5/6 de outubro de 539 A.E.C. (calendário gregoriano), quando Babilônia caiu diante dos exércitos invasores dos medos, persas e elamitas, sob o comando de Ciro, o Grande.
Nessa noite fatídica, na cidade de Babilônia, Belsazar realizava um banquete para mil de seus grandes. Nabonido não estava ali presente para ver a ominosa escrita na parede de argamassa: “MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM.” (Dan. 5:5-28) Os registros históricos antigos indicam o que se seguiu. Depois de sofrer a derrota às mãos dos persas, ele se refugiara na cidade de Borsipa, ao SO.
Nem estava o exército de Ciro dormindo em seu acampamento ao redor dos muros inexpugnáveis de Babilônia naquela noite de 5/6 de outubro. Para eles, era uma noite de grande atividade. Numa estratégia brilhante, os engenheiros do exército de Ciro desviaram o poderoso rio Eufrates de seu curso através da cidade de Babilônia. Daí, descendo o leito do rio, os persas avançaram, subindo pelas margens do rio, para tomar a cidade de surpresa, penetrando pelas portas ao longo do cais. Percorrendo rapidamente as ruas, matando a todos que resistiam, capturaram o palácio e mataram Belsazar. Tudo havia terminado. Em uma só noite, Babilônia havia caído, terminando séculos de supremacia semitica; o controle de Babilônia passou a ser ariano, e cumpriu-se a palavra profética de Jeová. — Isa. 44:27; 45:1, 2; Jer. 50:38; 51:30-32; veja CIRO.
Desde aquela data memorável, 539 A.E.C., a glória de Babilônia começou a fenecer, à medida que a cidade declinava. Por duas vezes ela se revoltou contra o imperador persa, Dario I (Histaspes), e, na segunda ocasião, foi desmantelada. Uma cidade parcialmente restaurada rebelou-se contra Xerxes I (c. 482 A.E.C.) e foi saqueada. Alexandre Magno tencionava fazer de Babilônia a sua capital, mas morreu subitamente em 323 A.E.C. Nicátor conquistou a cidade em 312 A.E.C., e transportou grande parte de seus materiais para as margens do Tigre, a fim de usá-los na construção de sua nova capital, Selêucia. No entanto, a cidade e um povoado de judeus permaneciam nos tempos cristãos iniciais, fornecendo ao apóstolo Pedro motivo para visitar Babilônia, conforme observado em sua carta. (1 Ped. 5:13) Inscrições ali encontradas mostram que o templo de Bel em Babilônia existia até mesmo em 75 E.C. Por volta do quarto século da E.C., parece que a cidade deixou de existir. Tornou-se nada mais que “montões de pedras”. (Jer. 51:37) Atualmente, mesmo tais pedras se desfizeram em pó e nada resta senão montículos de terra e ruínas, verdadeiro ermo, em que nada cresce. Conforme André Parrot, curador-chefe dos Museus Nacionais Franceses, que visitou as ruínas por diversas vezes entre 1930 e 1950, comenta: “A impressão que sempre me causou era de completa desolação.” [Prefácio do Babylone et l’ancien testament (Babilônia e o velho testamento), conforme traduzida para o inglês por B. E. Hooke.] Por certo, sua condição desolada atesta o pleno cumprimento de profecias tais como Isaías 13:19-22; 21:9; 47:1-3; 48:14; Jeremias 50:13, 23; 51:41-44, 64.
A RELIGIÃO DE BABILÔNIA
A cidade de Babilônia era um lugar muitíssimo religioso; foram descobertos os remanescentes de nada menos que 53 templos. O deus da cidade imperial era Marduque. Seu templo era a E-sagila, que significa “Casa Sublime”; sua torre a E-teme-nanki, significando “Casa da Fundação do Céu e da Terra”. Marduque é chamado Merodaque na Bíblia, e várias autoridades identificam Ninrode como o deus Marduque; era costume antigo uma cidade deificar seu fundador. Tríades de deidades eram também proeminentes na religião babilônica. Uma delas, constituída de dois deuses e uma deusa, compunha-se de Sin (o deus-lua), Xamaxe ou Sarnas (o deus-sol) e Istar; dizia-se que estes eram os regentes do Zodíaco. E ainda outra tríade era composta dos diabos Labartu, Labasu e Akhkhazu. A idolatria se evidenciava por toda a parte. Babilônia era deveras “uma terra de imagens entalhadas”, de imundos “ídolos sórdidos [de excremento]”. (Jer. 50:1, 2, 38) Os babilônios criam na imortalidade da alma humana. Nergal era seu deus do submundo, a “terra sem retorno”, e sua esposa, Eres-Quigal era sua soberana.
Os babilônios desenvolveram a pseudociência da astrologia, no esforço de descobrir o futuro do homem nas estrelas. (Veja ASTRÓLOGOS.) A magia, a feitiçaria e a astrologia desempenhavam parte destacada em sua religião. (Isa. 47:12, 13; Dan. 2:27; 4:7) Muitos corpos celestes, por exemplo, os planetas, receberam nomes segundo os deuses babilônios. No quarto século E.C., Epifânio opinou que foi ‘Ninrode quem estabeleceu as ciências da magia e da astronomia’. A adivinhação continuou a ser um componente básico da religião babilônica nos dias de Nabucodonosor, que a usava para fazer decisões. — Eze. 21:20-22.
MILENAR INIMIGA DE ISRAEL
A Bíblia tece muitas referências à cidade de Babilônia, começando com o relato de Gênesis sobre a cidade original de Babel. (Gên. 10:10; 11:1-9) Incluído no despojo tomado de Jericó por Acã havia “um manto oficial de Sinear”. (Jos. 7:21) Depois da queda do reino setentrional de Israel, em 740 A.E.C., foram trazidas pessoas de Babilônia para substituir os cativos israelitas. (2 Reis 17:24, 30) Ezequias cometeu o erro de mostrar aos mensageiros de Babilônia os tesouros de sua casa; estes mesmos tesouros, bem como alguns dos “filhos” de Ezequias, foram mais tarde levados para Babilônia. (2 Reis 20:12-18; 24:12; 25:6, 7) O Rei Manassés (716-661 A.E.C.) também foi levado cativo para Babilônia, mas, por se ter humilhado, Jeová o restaurou ao seu trono. (2 Crô. 33:11) Sob Nabucodonosor, Babilônio, era um “copo de ouro”, na mão de Jeová, para derramar sua indignação contra as infiéis Judá e Jerusalém. O Rei Nabucodonosor levou os preciosos utensílios da casa de Jeová para Babilônia, junto com milhares de cativos. — 2 Reis 24:1 a 25:30; 2 Crô. 36:6-20; Jer. 25:17; 51:7.
No livro de Daniel se recontam as experiências de Daniel e de seus três companheiros no cativeiro babilônico, inclusive a interpretação dos sonhos do rei e o recebimento de visões. Os livros de Esdras e de Neemias contam como cerca de 50.000 saíram do cativeiro junto com Zorobabel e Jesua, em 537 A.E.C., e sobre outros 1.800 junto com Esdras, em 468. Os utensílios do templo foram restaurados a Jerusalém. (Esd. 2:64-67; 8:1-36; Nee. 7:6, 66, 67) Em 455 A.E.C. o rei persa Artaxerxes I, também chamado de “rei de Babilônia”, comissionou Neemias a ir a Jerusalém como governador e reconstruir suas muralhas. (Nee. 2:7, 8) Mordecai era descendente de um benjamita que foi levado cativo para Babilônia. — Ester 2:5, 6.
As Escrituras Gregas Cristãs contam como Jeconias (Joaquim), levado prisioneiro para Babilônia, foi um elo na linhagem até Jesus. (Mat. 1:11, 12, 17) A primeira carta canônica do apóstolo Pedro foi escrita de Babilônia. (1 Ped. 5:13) Esta “Babilônia” era a cidade às margens do Eufrates, e não Roma, conforme alguns afirmam. — Veja PEDRO, CARTAS DE.
“Babilônia, a Grande” acha-se incluída entre os simbolismos do livro de Revelação. Ali, ela é descrita como “a mãe das meretrizes e das coisas repugnantes da terra” (17:5) e como fazendo “todas as nações beber do vinho da ira da sua fornicação”. (14:8) É-lhe dado o “copo do vinho da ira” do furor de Deus (16:19); “numa só hora” chega seu julgamento (18:10); os dez chifres da fera cor de escarlate desmontam-na da fera, desnudam-na, comem suas partes carnudas e a queimam por completo. (17:16) Ela é lançada para baixo num lance rápido, como uma grande mó. (18:21) Assim, a desolação de “Babilônia, a Grande” torna-se tão completa como a daquela iníqua cidade nas margens do rio Eufrates. — Veja BABILÔNIA, A GRANDE.
[Mapa na página 185]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
BABILÔNIA
ROSA DOS VENTOS DE BABILÔNIA
PARA BIT HABBEN
TEMPLO DO FESTIVAL DO NOVO
ACADE
PORTA DE SIN
FORTIFICAÇÕES EXTERIORES
PORTA DE ISTAR
CIDADELA N
MUSEU
FORTALEZA
PALÁCIO DA CIDADE
FOSSO DO PALÁCIO
TEMPLO DE NINMA
JARDINS SUSPENSOS
SUBÚRBIO, PORTA DE LUGALGIRRA
PORTA DE LUGALGIRRA
TEMPLO DE BELIT NINÂ
TEMPLO DE HADAD(?)
PORTA DE HADAD
RUA DE HADAD
SUBÚRBIO NUKHAR
CANAL DA CIDADE NOVA
KUMARI
CIDADE NOVA
JARDIM
MARGEM DO EUFRATES
Rio Eufrates
MARGEM DE ARACHUT
CEMITÉRIO DE BABILÔNIA
MAUSOLÉU (?)
RUA DE XAMAXE
TEMPLO DE XAMAXE(?)
PORTA DE XAMAXE
PARA AKUSZ
LARSA
SUBÚRBIO DE TUBA
CANAL DE BORSIPA
DILBAT BORSIPA
SUBÚRBIO DE LITAMU
BÌT CHACHÙRU
PARA NIPUR
SUBÚRBIO DÚRU-SHA-KARRAB
NOVO CANAL(?)
SUBÚRBIO DA CIDADE DO NOVO CANAL
MURALHA EXTERNA DE NABUCODONOZOR
PORTA DE ENLIL
RUA DE ENLIL
RUA DE SIN
PORTA DE URAXE
RUA DE NABU
TEMPLO DE GULA
TEMPLO DE NINURTA
MÃO DO CÉU
BOSQUE DA VIDA
TEMPLO DE MARDUQUE
TORRE
ESAGILA
CASA SAGRADA
PORTA SAGRADA
AVENIDA DAS PROCISSÕES
CIDADE INTERIOR
TEMPLO DA ISTAR DE ACADE
PORTA DE DEUS
CANAL DE BANITU
RUA DE ZABABA
PORTA DE ZABABA (NINURTA)
KISH
SUSÃ(?)
KASSIRI TEE KULLAB
RUA DE MARDUQUE (NERGAL)
TEATRO GREGO
CIDADE DE BANITUM
MURO EXTERNO DE NIMID ENLIL
MURO INTERNO DE IMGUR ENLIL
PORTA DE GISHU (MARDUQUE)
CUTA
[Foto na página 186]
Ruínas na área da Porta de Istar da antiga Babilônia.