Os filhos de Deus imitam o que é bom
“Sê imitador, não daquilo que é mau, mas daquilo que é bom. Quem faz o bem origina-se de Deus.” — 3 João 11.
1. Em que coisa específica tomam vivo interesse tanto os idosos como os jovens, e por quê?
QUAL a criança que não gosta de tomar alguma espécie de semente e colocá-la num vaso, observando o início de uma nova vida? A criança olhará cada dia, observando atentamente os sinais de crescimento. Os adultos também têm vivo interesse em aprender o que podem sobre como se inicia uma vida nova. O germe inicial, ou a célula, é microscópico, mas contém um código ou modelo complexo, governando seu desenvolvimento futuro. Conforme diz a Bíblia a respeito de cada forma da vida, produz “segundo a sua espécie”. (Gên. 1:11, 12, 21, 24) A enorme quantidade de energia acumulada nesta célula minúscula, com o potencial de ser renovada infindavelmente, também causa admiração. Embora já se tenha descoberto muita coisa, evidenciando um objetivo e intenção, a vida ainda é um mistério. Não é de se admirar que gostemos de observar o começo de uma vida nova, quer humana, quer animal ou vegetal. Se proceder de boa casta, seguirá o mesmo modelo, e imitará o que é bom.
2. Mostraram os anjos interesse similar? Como se indica isso?
2 A Bíblia revela uma atitude similar da parte dos anjos. Podemos imaginar seu vivo interesse no que Jeová, o Criador, fez que se realizasse no nosso pequeníssimo planeta, que é microscópico em comparação com o universo, quando estava sendo preparado para sustentar vida em infindável variedade e beleza. Ela registra que, naquele tempo, ‘juntos gritavam de júbilo e todos os filhos de Deus começaram a bradar em aplauso’. E quão emocionante foi quando viram a culminação de tudo, a criação do homem, “à imagem de Deus”! — Jó 38:7; Gên. 1:27.
3. Tinha o “mestre-de-obras” de Deus interesse similar? Como se tem mantido este?
3 Esta obra criativa foi executada por intermédio do “mestre-de-obras”, Jesus, na sua existência pré-humana, e ele também a achou de interesse absorvente. A Palavra de Deus fala dele quando diz: ‘Eu me regozijava com o solo produtivo da sua terra, e as coisas de que eu gostava estavam com os filhos dos homens.’ Ele nunca perdeu este interesse na família humana. O mesmo se dá com os anjos. Falando a respeito do propósito de Deus, concentrado em Cristo e nos seguidores das pisadas dele, Pedro diz que “nestas coisas é que os anjos estão desejosos de olhar de perto”. — Pro. 8:30, 31; Heb. 13:8; 1 Ped. 1:12; veja também Colossenses 1:15, 16.
O APÓSTOLO JOÃO
4. (a) Como expressou João seu interesse na “palavra da vida”? (b) Por que devemos sentir-nos atraídos a João?
4 Mostrou o apóstolo João interesse similar? Escute as palavras iniciais de sua primeira carta: “Aquilo que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos olhos, o que temos observado atentamente e as nossas mãos têm apalpado, com respeito à palavra da vida, . . . aquilo que temos visto e ouvido, também vos estamos relatando, para que vós também possais ter parceria conosco. Além disso, esta parceria nossa é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo.” Não há dúvida de que estava interessado, não é? E que convite bondoso faz! Ele quer que nós, quer que você, leitor, participemos com ele. Quer que nos sintamos atraídos a ele, pois tem algo de valor a nos dizer, coisas que lhe acalentaram o coração e que acalentarão o nosso, ajudando-nos a endireitar os assuntos. Conforme ele diz: “Escrevemos estas coisas, para que a nossa alegria seja plena.” Certamente, nos ajudará examinar estas coisas boas através dos olhos dele, para que aprendamos a avaliar corretamente e a imitar o que é bom. — 1 João 1:1-4.
5. Em que sentido esperamos ser ajudados pela primeira carta de João?
5 Ajudar-nos-á a carta de João a ter apreço mais profundo de nossa relação com Jeová? Ajudar-nos-á a preservar esta relação em face das pressões adversas e dos engodos sutis? Ora, a introdução dele, que acabamos de citar, indica isso mesmo. Mas, primeiro, vamos apresentar o próprio escritor. Isto nos ajudará a ter compreensão melhor do que ele escreveu e por que o escreveu.
6. (a) Conforme indicado pelo seu estilo de escrita que espécie de homem era João? (b) Qual era a relação entre João e Jesus, e que sobrenome foi dado a João, e por quê?
6 Que espécie de homem era João? Ele é muitas vezes chamado de apóstolo do amor, e isso corretamente, pois o tema do amor permeia os seus escritos. Significa isso, conforme se diz algumas vezes, que ele tinha disposição branda e serena, nunca proferindo uma palavra dura? Se tiver tal idéia, terá uma surpresa. João raciocinava segundo o seu coração, bem como com a mente. Mantinha conceitos fortes, acompanhados de sentimentos fortes, e não tinha medo de se expressar. Não regateava palavras, nem as suavizava. A fim de impressionar com a força do seu argumento e rematá-lo, amiúde usava de fortes contrastes. A pergunta é: Está preparado a agüentar isso, a encarar isso? Ele escreveu as suas três cartas por volta de 98 E. C., quando já estava bem avançado em anos, e ele pôde escrever com autoridade, como cristão maduro. Quanto aos antecedentes, havia usufruído uma associação extremamente íntima com Jesus durante todo o ministério terrestre de Jesus. João era mais íntimo de Jesus do que qualquer outro. (Mar. 1:19, 20; 5:37; João 13:23; 19:26, 27; 21:20) João estava longe de ser brando por temperamento natural. Certa vez, quando os samaritanos se negaram a hospedar Jesus, João e seu irmão Tiago perguntaram-lhe: “Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os aniquile?” Não foi por nada que Jesus deu a estes dois irmãos o sobrenome de “Boanerges, que significa Filhos do Trovão”. Não há contradição nisso. O verdadeiro amor, além de ser bondoso e longânime, é assinalado pela lealdade. João era intensamente leal. Escreveu a sua carta num tempo em que, conforme predito, havia muitos que se mostravam desleais. — Luc. 9:54; Mar. 3:17; Mat. 13:25; Atos 20:29, 30; 1 João 2:18.
DEUS É LUZ
7. (a) Qual foi a mensagem que João ouviu, e procedente de que fonte? (b) Como relacionou Jesus a luz e a escuridão com a base para o julgamento?
7 Depois de sua introdução, João toca logo no assunto, dizendo: “Esta é a mensagem que temos ouvido dele . . . que Deus é luz e não há nenhuma escuridão em união com ele.” (1 João 1:5) Como foi que João ouviu esta mensagem? No seu Evangelho, João atesta a respeito de Jesus: “A luz está brilhando na escuridão, mas a escuridão não a tem vencido”, e que Jesus deu autoridade aos que tinham fé nele, para se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram outra vez por nascimento humano, mas nasceram de Deus por meio de seu espírito. (João 1:5, 12, 13) João registrou então que o próprio Jesus havia confirmado isso ao falar a Nicodemos, que veio a Jesus à noite, para não ser visto. Jesus falou-lhe sobre ‘nascer do espírito’, e que, “a menos que alguém nasça de novo, não pode ver o reino de Deus”. Falou também sobre a “base para o julgamento: que a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais a escuridão do que a luz, porque as suas obras eram iníquas”, e passou a contrastar aquele que odeia e evita a luz com aquele que “se chega à luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas como tendo sido feitas em harmonia com Deus”. Isto perturbava a Nicodemos, pois, embora tivesse certo amor à verdade, a sua lealdade estava sendo ofuscada pelo temor do homem. — João 3:1-8, 19-21.
8. O que podemos aprender do Evangelho de João com respeito à luz e à escuridão, e nosso livramento?
8 Aprendemos assim que a luz representa a verdade e a justiça, em contraste com a escuridão, que representa o erro e a falsidade, bem como as coisas iníquas e impuras. Aprendemos também mais sobre nosso livramento da escuridão e sobre sermos transplantados para o reino de Deus e a família dele, significando o início de uma nova vida. — Col. 1:13.
9. (a) Com respeito a 1 João 1:5, como aplicou isto João aos seus dias? (b) Com que significação fez João referência a mentiras e a mentirosos?
9 Seguindo o princípio delineado em 1 João 1:5, João passa a aplicá-lo como desafio direto, dizendo: “Se fizermos a declaração: ‘Temos parceria com ele’, contudo prosseguirmos andando na escuridão, estamos mentindo e não estamos praticando a verdade.” Ele remata este argumento por dizer: “Aquele que disser: ‘Eu o cheguei a conhecer’, e ainda assim não observar os seus mandamentos, é mentiroso [em grego: pseústes], e a verdade não está neste.” (1 João 1:6; 2:4) Estas expressões repetidas: “Se fizermos a declaração”, e “aquele que disser”, como em 1 João 1:6, 8, 10; 2:4, 6, mostra que João estava vivamente apercebido da piora das condições dentro da congregação cristã. O inimigo não havia perdido tempo em semear “joio entre o trigo”, homens que ‘falavam coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos’. (Mat. 13:25; Atos 20:30; veja também Tiago 4:1-4.) Estes afirmavam estar na verdade, mas os seus próprios atos e seu proceder refutavam suas afirmações, provando que eram pseudo-cristãos, falsificados, anticristos. João usa as palavras “mentir” e “mentiroso” diversas vezes, começando em João 8:44 e até Revelação 22:15. O mentiroso não é alguém que por engano profere sem querer uma falsidade. Mentiroso é aquele que intencionalmente profere uma inverdade, destinada a enganar e a desencaminhar. As mentiras e a verdade não se misturam. João era intensamente leal à verdade. Ele sabia que “nenhuma mentira se origina da verdade”. — 1 João 2:21.
10. (a) Por que não esperamos uma apostasia geral entre os verdadeiros cristãos? (b) Por que se precisa ainda manter boa vigilância?
10 Como se aplicam estas coisas a nós hoje? Não é difícil de ver que a cristandade se compõe na maior parte dos que apenas professam ser cristãos. As testemunhas de Jeová, porém, tomam uma posição inteiramente separada da cristandade, posição baseada exclusivamente na Palavra de Deus e nos seus princípios de verdade e justiça. Assegura-se-nos que neste tempo de colheita, mencionado por Jesus, não haverá mais nenhuma apostasia em grande escala. (Mat. 13:30, 43; 2 Tes. 2:3, 8) Mas não nos podemos permitir ficar indiferentes. O mesmo inimigo, Satanás, o dragão, está em pé de guerra, mais furioso do que nunca antes. A história hodierna das testemunhas de Jeová mostra que alguns, constituindo a classe do “escravo mau”, fizeram tentativas para assumir o controle da obra de Jeová e do seu povo. Isto se viu especialmente durante o período da Primeira Guerra Mundial. No entanto, Jeová limpou a sua organização e a tornou inteiramente teocrática. O mérito cabe a ele, não ao homem. Ainda é preciso, individualmente, manter boa vigilância. Os registros mostram que, nas nossas congregações, alguns precisam ser advertidos, outros postos em prova e ainda outros têm de ser desassociados. Por quê? Porque, embora afirmem estar na verdade, não praticam a verdade. Isto amiúde começa de modo pequeno, mas, quando se persiste nisso, afasta a pessoa da luz para a escuridão lá fora. — Rev. 12:17; Mat. 24:48; 25:30.
11. Como se pode manter uma posição aceitável perante Jeová?
11 Precisamos acautelar-nos. Nenhum de nós é fisicamente perfeito. João diz: “Se fizermos a declaração: ‘Não temos pecado’, estamos desencaminhando a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os nossos pecados e para nos purificar de toda a injustiça.” Isto só é possível porque “temos um ajudador junto ao Pai, Jesus Cristo, . . [que] é um sacrifício propiciatório pelos nossos pecados, contudo, não apenas pelos nossos [os que temos a esperança celestial], mas também pelos do mundo inteiro”. (1 João 1:8-2:2) Sim, os que têm esperança terrestre, os da “grande multidão” de todas as nações, “lavaram as suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do Cordeiro”. (Rev. 7:14) João faz mais adiante a diferença entre o “irmão cometendo um pecado que não incorre em morte”, a favor de quem podemos orar, e o deliberado e premeditado “pecado que incorre em morte”, pelo qual não devemos orar. “Toda a injustiça é pecado; contudo, há um pecado que não incorre em morte.” Isto mostra que João não era extremista, mas era homem equilibrado como homem adulto e mais maduro. — 1 João 5:16, 17.
DEUS É AMOR
12. (a) Por que temos a obrigação de nos amarmos uns aos outros? (b) Por que está em situação perigosa aquele que odeia seu irmão? Que proceder deve adotar?
12 Intimamente relacionado com a definição de que “Deus é luz”, João diz também que “Deus é amor”. (1 João 4:8, 16) João soube disso primeiro da mesma fonte já mencionada. Ele registrou que Jesus dissera a Nicodemos: “Porque Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna.” (João 3:16) A mesma verdade é expressa em 1 João 4:9, 10. Como antes, João faz um aplicação direta desta verdade vital, dizendo: “Amados, se é assim que Deus nos amou, então nós mesmos temos a obrigação de nos amarmos uns aos outros.” Mais tarde, ele remata o argumento por meio dum nítido contraste, dizendo: “Se alguém fizer a declaração: ‘Eu amo a Deus’, e ainda assim odiar o seu irmão, é mentiroso.” (1 João 4:11, 20) Em outras palavras, se tiver uma coisa contra o seu irmão, mesmo que apenas uma, evitando-o deliberadamente e se negando a falar com ele, ou ela, ou mesmo a reconhecê-lo como membro da congregação, então se coloca numa situação muito perigosa. Está realmente agindo como juiz, acima e além da congregação. Se Jeová aceita a este como um dos de Sua família, poderá permitir-se tratar a ele, ou a ela, como desassociado no que se refere à sua própria pessoa, endurecendo o rosto quando o vê? Poderia suportar que Jeová tratasse a você, leitor, desta maneira? Talvez diga que, em primeiro lugar, é seu irmão que tem uma coisa contra sua pessoa. Pois bem, doloroso como seja, se for admitido, ainda se precisa dizer que deve ser o primeiro a deixar disso. Não imite o que é mau. Se for uma questão de forte desagrado ou ressentimento, procure oportunidades, talvez pequenas, para mostrar que deseja ser amigável. Se houver alguma desavença ainda não resolvida, então o proceder a ser adotado está claramente especificado em Mateus 18:15-17. João diz: “Por meio disso chegamos a conhecer o amor, porque esse entregou a sua alma por nós; e nós temos a obrigação de entregar as nossas almas pelos nossos irmãos.” Este é o bom exemplo a imitar. — 1 João 3:16.
13. Tratou Jesus a qualquer dos seus seguidores com frieza? Como se pode vencer tal tendência?
13 Isto não significa que devemos tratar todos os irmãos de modo exatamente igual. Jesus não o fez. É evidente que havia um vínculo especial entre ele e João. Mas Jesus não tratou a nenhum dos seus seguidores com frieza, nem mesmo a Judas Iscariotes, mesmo no fim. Em evidência disso, nenhum dos seus discípulos sabia, pelas maneiras de Jesus, quem o havia de trair. Não nos apressemos demais a ser justos demais aos nossos próprios olhos, obstinados demais em nosso próprio julgamento. “Quem odeia seu irmão está na escuridão . . . e ele não sabe para onde vai, porque a escuridão lhe cegou os olhos.” Para contrabalançarmos tais tendências, pratiquemos o que João diz a respeito de ser altruísta, cabal e prático, não fechando a porta das nossas ternas compaixões quando vemos nosso irmão em necessidade. “Amemos, não [apenas] em palavra nem com a língua, mas em ação e em verdade.” — 1 João 2:11; 3:17, 18.
14. O que significa permanecer no amor, e em que ricas bênçãos resulta?
14 Para nosso encorajamento, note as seguintes palavras grandiosas de João: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em união com Deus, e Deus permanece em união com ele. É assim que o amor tem sido aperfeiçoado para conosco.” (1 João 4:16, 17) Permanecer no amor significa estar determinado e ser coerente no empenho de adotar um proceder que sempre seja governado pelo verdadeiro amor semelhante ao de Deus. Devido à imperfeição e aos desejos errados, alguém pode tropeçar, mas “o iníquo não o segura”, fazendo-o abandonar tal proceder. Que isso nunca aconteça! Antes, por se mostrar firme, ele “permanece em união com Deus, e Deus permanece em união com ele.” Quão estimulante isto é! Saber que o verdadeiro Deus, Jeová, está em união com sua pessoa, está ao seu lado, treina-o, torna-o firme e forte, conduzindo-o até o fim, ora, isto lhe dá inabalável confiança e coragem. — 1 João 2:16; 5:18; veja também João 10:27-30; 1 Pedro 5:9, 10.
15. (a) Provarmos nosso amor a Deus exige que boas qualidades? (b) Qual é a diferença entre se ser sensitivo e se ser melindroso? (c) Quando e como demonstraram Jesus e sua mãe boas qualidades?
15 “Assim, pois, filhinhos, permanecei em união com ele.” (1 João 2:28; veja também João 17:20-26.) Este tema permeia toda a carta de João. Permanecemos em união com Deus “quando amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos”. (1 João 5:2) Isto exige determinação. Jesus tinha determinação. Ele era também muito sensitivo. Nada escapava de sua observação. Embora fosse sensitivo a um grau perfeito, de modo algum era melindroso ou facilmente ofendido, porque não era orgulhoso nem presunçoso. Não tinha dó de si mesmo. Estas qualidades foram demonstradas de modo interessante por Jesus e também por sua mãe Maria, quando estiveram na festa de casamento em Caná da Galiléia. (João 2:1-11) Para o embaraço de todos, acabou-se o vinho. A mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm vinho.” Ela não abaixou a voz, falando de modo casual. Evidentemente, elevou a voz em forma de pergunta, e Jesus se apercebia imediatamente de que queria dizer: “Eles não têm vinho. Não vais fazer alguma coisa?” Embora se excedesse na tentativa de dirigir Jesus no seu ministério, ele não se ofendeu com isso. Antes, respondeu de modo firme, mas bondoso: “Que tenho eu que ver contigo, mulher? Minha hora não chegou ainda.” Qual foi a reação dela? Empertigou-se ela, dizendo: “Esses são modos de falar com tua mãe, diante de todos estes servos?” Em vez disso, mostrando a sua determinação, ela prosseguiu com aquilo que tinha em mente e disse aos servos: “O que ele vos disser, fazei.” Ora, era então a vez de Jesus ficar profundamente ofendido? Retrucou-lhe irado: “Eu já te disse que deves manter o teu lugar. Por que não escutas o que digo?” Em vez disso, fez uma coisa espantosa. Embora ainda não tivesse chegado a sua hora, fez exatamente o que sua mãe havia dado a entender. Disse aos servos que fizessem certa coisa. Ora, ele poderia ter feito o milagre e produzido todo o vinho necessário sem dizer uma só palavra aos servos.
16. (a) Por que tinha Maria bons motivos para esperar que Jesus fizesse milagres? (b) De que modo foi Maria incluída num círculo íntimo?
16 Não importa como se encare o assunto, tanto Jesus como Maria demonstraram determinação e sensibilidade, mas sem serem melindrosos. Lembre-se de que ninguém tinha motivos mais fortes do que Maria para esperar que Jesus fizesse milagres, assim que ele iniciasse o seu ministério, em vista do maravilhoso milagre que acontecera no seu próprio corpo pouco mais de trinta anos antes. Para ela, fora o início de uma nova vida dentro dela. O anjo de Deus, Gabriel, numa visita pessoal (não num sonho), havia explicado que ela conceberia no seu ventre mediante espírito santo e que “o nascido será chamado santo, Filho de Deus”. (Luc. 1:26-38) Daquele momento em diante, ela era muito sensível quanto a ter sido deveras “altamente favorecida” por Jeová. Ela foi levada de modo exclusivo e íntimo ao círculo mais íntimo do favor Dele, e estava decidida a permanecer ali. Não podia acompanhar a Jesus durante o ministério dele, mas quando chegou o fim e seu Filho estava naquela horrível estaca de tortura, ela estava presente, bastante perto para Jesus falar com ela. Embora ele estivesse em grande agonia mental e física, Jesus providenciou bondosamente que sua mãe fosse aceita no círculo íntimo do lar de João, “o discípulo a quem amava”. Ainda mais, poucas semanas depois, quando se formou aquele círculo ainda mais maravilhosamente íntimo com aquele pequeno grupo em Jerusalém, ela estava presente e foi incluída no número deles. Aquele pequeno grupo foi escolhido por Deus para formar o núcleo da congregação cristã, o início de uma “nova criação”. — João 19:25-27; Atos 1:14; 2 Cor. 5:17.
17. De que modo é bom tanto estar determinado como ser sensitivo?
17 É bom ter determinação e sensibilidade para com os privilégios que se nos apresentam. É realmente um grande favor ser incluído no círculo familiar de Deus, e devemos estar sempre ávidos de assimilar o “alimento sólido” espiritual para mantermos a nossa sensibilidade, por mantermos as nossas “faculdades perceptivas treinadas”, a fim de reter tais privilégios. (Heb. 5:14) Caso recebamos um privilégio especial, o de ser servo de tempo integral de Jeová num lar missionário ou de Betel, devemos estar decididos a permanecer ali, se possível. Naturalmente, às vezes se torna necessária uma mudança, e esta talvez não se dê por causa de infidelidade, ou por se ser melindroso ou se ficar ofendido. Por exemplo, o motivo da mudança talvez seja que alguém decidiu casar-se, e reconhece-se prontamente que há um mundo de diferença entre se ser melindroso e se ficar apaixonado.
18, 19. (a) Como contrasta João ‘os filhos de Deus e os filhos do Diabo’? (b) De que modo são o espírito de Deus e também a fé comparáveis a uma semente? Que confiança nos dá isso, contudo, com que necessidade para os nossos dias?
18 João contrasta nitidamente os que ‘se originam do Diabo’ e os que ‘se originam de Deus’ ou ‘nasceram de Deus’. Embora antigamente talvez tenhamos feito parte do mundo que “jaz no poder do iníquo”, podemos, por aceitarmos o convite de Deus, ser transplantados ou passados para a Sua família. João diz: “Nós sabemos que temos passado da morte para a vida porque amamos os irmãos.” Isto é “devido ao espírito que ele [Deus] nos deu”. Este espírito, igual a uma semente, se for plantado num coração bom, será o início de uma nova vida. Conforme João escreve: “Todo aquele que nasceu de Deus não está praticando pecado, porque a Sua semente reprodutiva permanece em tal, e ele não pode praticar pecado, porque nasceu de Deus.” (1 João 3:8, 9, 14, 24; 5:19) Isto precisa ser conjugado com a fé, que Jesus comparou a um grão de mostarda, “a menor de todas as sementes”. Embora seja de início microscópica, se for devidamente cultivada, desenvolver-se-á com infindável energia renovada, e assim poderá remover ou transpor todos os obstáculos. “Nada nos será impossível”, se estiver em harmonia com a vontade de Deus. Isto nos habilitará, como filhos de Deus, a imitar com bom êxito aquilo que é bom, “porque tudo o que nasceu de Deus vence o mundo. E a vitória que venceu o mundo é esta: a nossa fé”. — Mat. 13:31, 32; 17:20; 1 João 5:4.
19 Nestes últimos dias do velho sistema de coisas, os obstáculos e as obstruções na nossa vida e no nosso serviço cristãos são muito grandes. Há muitos problemas. Jeová previu isto e proveu conselho útil e oportuno na sua Palavra. Será bom considerarmos isto à luz do que as Escrituras dizem a respeito da circuncisão, especialmente a do coração, conforme já mencionado.
[Foto na página 55]
Quando acabou o vinho, numa festa de casamento, tanto Jesus como sua mãe mostraram determinação e sensibilidade, sem serem melindrosos — e Jesus fez o seu primeiro milagre.