CASAMENTO
A união de um homem e de uma mulher como esposo e esposa, segundo o padrão estabelecido por Deus. O casamento é uma instituição divina, autorizada e estabelecida por Jeová no Éden. O casamento traz à existência a unidade familiar, o círculo familiar. Sua finalidade básica era a reprodução dos membros da família humana, para trazer à existência mais criaturas da espécie humana. Jeová, o Criador, fez macho e fêmea, e ordenou o casamento como o arranjo apropriado para a multiplicação da raça humana. (Gên 1:27, 28) O primeiro casamento humano foi realizado por Jeová, conforme descrito em Gênesis 2:22-24.
O casamento visava formar um vínculo permanente de união entre o homem e a mulher, para que pudessem ser prestativos um ao outro. Vivendo juntos em amor e confiança, podiam usufruir grande felicidade. Jeová criou a mulher como cônjuge para o homem, por usar a costela do homem como base, dessa maneira tornando a mulher a parenta carnal mais próxima do homem na Terra, sua própria carne. (Gên 2:21) Conforme Jesus indicou, não foi Adão, e sim Deus, quem disse: “Por isso é que o homem deixará seu pai e sua mãe, e tem de se apegar à sua esposa, e eles têm de tornar-se uma só carne.” A fraseologia deste texto torna evidente que a monogamia era o padrão original para o casamento, aos olhos de Jeová Deus. — Mt 19:4-6; Gên 2:24.
O casamento era o modo normal de vida entre os hebreus. Não existe nenhuma palavra para celibatário nas Escrituras Hebraicas. Uma vez que o propósito básico do casamento era o de ter filhos, é compreensível a expressão de bênção da família de Rebeca: “Que tu . . . te tornes milhares de vezes dez mil” (Gên 24:60), também o apelo de Raquel a Jacó: “Dá-me filhos, senão serei uma mulher morta.” — Gên 30:1.
O casamento era um assunto que afetava a família, e não somente a família, mas a inteira tribo ou comunidade patriarcal, porque podia influir na força da tribo, bem como na sua economia. Assim, era natural e aparentemente necessário que a escolha duma esposa, e o arranjo de todos os assuntos contratuais e financeiros relacionados com isso, fossem decididos pelos pais ou guardiães envolvidos, embora às vezes se procurasse obter o consentimento das partes envolvidas (Gên 24:8) e a atração romântica frequentemente acompanhasse esses arranjos. (Gên 29:20; 1Sa 18:20, 27, 28) Os passos iniciais ou pedidos de casamento geralmente eram feitos pelos pais do moço, mas às vezes pelo pai da moça, especialmente quando havia uma diferença de categoria social. — Jos 15:16, 17; 1Sa 18:20-27.
Parece ter sido geralmente costumeiro que o homem procurasse uma esposa no círculo de suas próprias relações ou tribo. Este princípio é indicado pela declaração de Labão a Jacó: “É melhor para mim dá-la [minha filha] a ti do que dá-la a outro homem.” (Gên 29:19) Isto era especialmente observado entre os adoradores de Jeová, conforme exemplificado por Abraão, que mandou buscar uma esposa para seu filho Isaque dentre seus parentes em seu próprio país, em vez de tomar uma das filhas dos cananeus entre os quais morava. (Gên 24:3, 4) O casamento com os que não adoravam a Jeová não era visto com bons olhos, e era fortemente desencorajado. Era uma forma de deslealdade. (Gên 26:34, 35) Sob a Lei, foram proibidas as alianças matrimoniais com pessoas dentre as sete nações cananeias. (De 7:1-4) No entanto, um soldado talvez se casasse com uma virgem cativa de outra nação estrangeira, depois de ela ter passado por um período de purificação, durante o qual ela pranteava seus pais mortos e se livrava de todos os aspectos de suas anteriores conexões religiosas. — De 21:10-14.
Preço de Noiva. Antes de ser fechado o contrato de casamento, o moço, ou o pai do moço, tinha de pagar o preço de noiva ou preço de casamento ao pai da moça. (Gên 34:11, 12; Êx 22:16; 1Sa 18:23, 25) Isto era, sem dúvida, considerado como compensação pela perda dos serviços da filha, e pelos esforços e despesas incorridas pelos pais em cuidar dela e em educá-la. Às vezes, o preço de noiva era pago em serviços prestados ao pai. (Gên 29:18, 20, 27; 31:15) Na Lei, havia um preço de compra fixado para uma virgem não noiva que fosse seduzida por um homem. — Êx 22:16.
Cerimônia. Quanto ao próprio casamento, a modalidade central e característica era a de levar solenemente a noiva da casa do pai dela, na data combinada, para a casa do marido, ato em que se expressava o significado do casamento como representando a admissão da noiva na família de seu marido. (Mt 1:24) Isto constituía o casamento nos dias patriarcais, antes da Lei. Era um assunto inteiramente civil. Não havia nenhuma cerimônia ou formalidade religiosa, e nenhum sacerdote ou clérigo oficiava ou validava o casamento. O noivo levava a noiva para sua casa, ou para a tenda ou casa de seus pais. O assunto se tornava de conhecimento público, sendo reconhecido e registrado, e o casamento era válido. — Gên 24:67.
Todavia, assim que os arranjos de casamento eram concluídos e as partes ficavam noivas, eram consideradas como já estando vinculadas em casamento. As filhas de Ló ainda estavam na casa dele, sob a jurisdição dele, mas os homens que eram noivos delas foram chamados de “genros [de Ló], que haviam de tomar suas filhas”. (Gên 19:14) Embora Sansão jamais se casasse com certa filisteia, mas fosse somente noivo dela, ela foi mencionada como sua esposa. (Jz 14:10, 17, 20) A Lei declarava que, se uma moça noiva cometesse fornicação, ela e o homem culpado deviam ser mortos. Se ela fosse violentada, contra sua vontade, o homem devia ser morto. No entanto, qualquer caso que envolvesse uma moça que não era noiva era resolvido de forma diferente. — De 22:22-27.
Os casamentos eram registrados. Sob a Lei, os casamentos, bem como os nascimentos resultantes dessa união, eram anotados nos registros oficiais da comunidade. Por este motivo, temos a genealogia exata de Jesus Cristo. — Mt 1:1-16; Lu 3:23-38; compare isso com Lucas 2:1-5.
Celebração. Ao passo que o próprio casamento não consistia em nenhuma cerimônia formal, a celebração dos casamentos em Israel, contudo, era muitíssimo alegre. No dia das núpcias, na sua própria casa, a noiva usualmente fazia preparativos elaborados. Primeiro, ela se banhava e esfregava no corpo óleo perfumado. (Veja Ru 3:3; Ez 23:40.) Às vezes, auxiliada por mulheres ajudantes, ela colocava faixas para o busto e um manto branco, muitas vezes ricamente bordado, segundo sua condição financeira. (Je 2:32; Re 19:7, 8; Sal 45:13, 14) Ela se adornava com enfeites e joias, se tivesse os meios para isso (Is 49:18; 61:10; Re 21:2), e então se cobria com uma veste leve, uma forma de véu, que se estendia da cabeça aos pés. (Is 3:19, 23) Isto explica porque Labão pôde enganar tão facilmente a Jacó, de modo que Jacó não sabia que Labão lhe estava dando Leia, em vez de Raquel. (Gên 29:23, 25) Rebeca cobriu a cabeça com um lenço ao se aproximar de Isaque. (Gên 24:65) Isto simbolizava a sujeição da noiva ao noivo — à autoridade dele. — 1Co 11:5, 10.
O noivo, semelhantemente, vestia-se das suas melhores roupas e não raro tinha um lindo turbante e uma grinalda na cabeça. (Cân 3:11; Is 61:10) Escoltado por seus amigos, deixava sua casa à noitinha para se dirigir à casa dos pais da noiva. (Mt 9:15) Dali, o cortejo se dirigia à casa do noivo ou à casa de seu pai, acompanhado por músicos e cantores, e usualmente por pessoas que levavam lâmpadas.
As pessoas ao longo do trajeto se interessavam grandemente no cortejo. Podiam-se ouvir as vozes jubilantes da noiva e do noivo. Alguns se juntavam ao cortejo, especialmente donzelas que portavam lâmpadas. (Je 7:34; 16:9; Is 62:5; Mt 25:1) O noivo talvez gastasse considerável tempo na sua casa, e, por outro lado, talvez houvesse certa demora antes de o cortejo deixar a casa da noiva, de modo que já seria bem tarde, e alguns que esperavam ao longo do caminho talvez ficassem sonolentos e adormecessem, como na ilustração de Jesus a respeito das dez virgens. Talvez se pudesse ouvir o canto e a alegria a certa distância à frente, clamando aqueles que os ouviam: “Aqui está o noivo!” Os ajudantes estavam prontos para saudar o noivo quando ele chegasse, e os convidados para a ceia nupcial entrariam na casa. Depois que o noivo e seus acompanhantes entravam na casa e fechavam a porta, era tarde demais para entrarem os convidados atrasados. (Mt 25:1-12; 22:1-3; Gên 29:22) Era considerado grave insulto rejeitar o convite para a festa de casamento. (Mt 22:8) Talvez se fornecessem mantos para os convidados (Mt 22:11), e seus lugares respectivos na festa eram frequentemente designados por aquele que fazia o convite. — Lu 14:8-10.
Amigo do Noivo. “O amigo do noivo” tinha grande participação nos arranjos, e era considerado como ajuntando a noiva e o noivo. O amigo do noivo se regozijava em ouvir a voz do noivo conversando com a noiva, e podia então sentir-se contente por terem os seus deveres sido abençoados com um final bem-sucedido. — Jo 3:29.
Prova da Virgindade. Depois da ceia, o marido levava sua noiva para a câmara nupcial. (Sal 19:5; Jl 2:16) Na noite das núpcias, usava-se um lençol ou uma roupa, que era então guardado ou dado aos pais da esposa, de modo que as manchas de sangue da virgindade da moça constituíssem proteção legal para ela no caso de ela ser mais tarde acusada de não ter sido virgem, ou de ter sido prostituta antes de seu casamento. De outra forma, ela podia ser apedrejada até morrer, por ter-se apresentado no casamento como virgem imaculada, e por trazer grande vitupério à casa de seu pai. (De 22:13-21) Este costume de guardar o lençol continuou entre alguns povos do Oriente Médio até tempos recentes.
Privilégios e Deveres. O marido era cabeça da casa, e cabia-lhe a decisão final sobre assuntos que afetavam o bem-estar e a economia da família. Se julgasse que a família seria adversamente afetada, podia até anular um voto de sua esposa ou de sua filha. Esta autoridade, como é evidente, também era do homem que era noivo. (Núm 30:3-8, 10-15) O marido era o senhor, o amo da casa, e era considerado como dono (hebr.: bá·ʽal) da mulher. — De 22:22.
Provérbios 31 descreve alguns dos deveres da esposa para com seu marido, ou dono, os quais incluíam as tarefas domésticas, fazer roupas e cuidar delas, até mesmo parte das compras e vendas, e a supervisão geral da casa. A mulher, embora sujeita ao marido, e, em certo sentido, sendo propriedade dele, usufruía excelente situação e muitos privilégios. O marido dela devia amá-la, e isto se dava mesmo que ela fosse uma esposa secundária, ou uma esposa que tinha sido tomada como cativa. Não devia ser maltratada, e se lhe garantia o alimento, a roupa e o abrigo, e os deveres conjugais, sem diminuição. Também, o marido não podia constituir como seu primogênito o filho da esposa favorita, em detrimento do filho da esposa “odiada” (ou menos preferida). (Êx 21:7-11; De 21:11, 14-17) Os fiéis homens hebreus amavam suas esposas, e, se a esposa era sábia e agia em harmonia com a lei de Deus, não raro o marido lhe dava ouvidos ou aprovava as ações dela. — Gên 21:8-14; 27:41-46; 28:1-4.
Mesmo a virgem que não era noiva, mas que fosse seduzida por um homem não casado, era protegida, pois, caso o pai dela permitisse, o sedutor tinha de esposar a moça, e jamais podia divorciar-se dela durante toda a vida. (De 22:28, 29) Se a esposa fosse acusada formalmente pelo marido de não ter sido virgem na ocasião do casamento, e a acusação se provasse falsa, o marido era multado e jamais podia divorciar-se dela. (De 22:17-19) A mulher acusada de adultério secreto, caso inocente, devia então ser engravidada pelo marido, de modo que pudesse ter um filho e assim dar testemunho público da sua inocência. A dignidade da pessoa da esposa era respeitada. Eram proibidas as relações sexuais com ela durante a menstruação. — Le 18:19; Núm 5:12-28.
Casamentos Proibidos. Além da proibição de alianças matrimoniais com os que não eram adoradores de Jeová, em especial com as sete nações na terra de Canaã (Êx 34:14-16; De 7:1-4), eram proibidos outros casamentos quando havia certo grau de consanguinidade ou afinidade. — Le 18:6-17.
Proibia-se ao sumo sacerdote casar-se com uma mulher viúva, divorciada ou violentada, ou com uma prostituta; ele devia casar-se apenas com uma virgem do seu povo. (Le 21:10, 13, 14) Os outros sacerdotes não podiam casar-se com uma prostituta ou com uma mulher violentada, nem com uma mulher divorciada do marido. (Le 21:1, 7) De acordo com Ezequiel 44:22, podiam casar-se com uma virgem da casa de Israel, ou com uma viúva que fosse viúva dum sacerdote.
Se uma filha herdasse uma propriedade, ela não devia casar-se com alguém de outra tribo. Isto impedia que a possessão hereditária circulasse de tribo em tribo. — Núm 36:8, 9.
Divórcio. Por ocasião da instituição do casamento pelo Criador, ele não fez nenhuma provisão para divórcio. O homem deve apegar-se à sua esposa, e “eles têm de tornar-se uma só carne”. (Gên 2:24) Portanto, o homem teria uma só esposa, considerada como uma só carne com ele. Foi somente após a queda do homem, e as consequentes imperfeições e degradações, que surgiu o divórcio.
Ao dar a Lei a Israel, Deus não escolheu naquela ocasião impor o padrão original, mas regulou o divórcio para que não causasse a dissolução do arranjo familiar em Israel ou resultasse em indevida dificuldade. Todavia, no tempo devido de Deus, seu padrão original foi restabelecido. Jesus declarou o princípio que governa a congregação cristã — que a “fornicação” (gr.: por·neí·a) é a única base válida para um divórcio. Explicou que Deus não impôs esta norma por meio de Moisés em consideração da dureza de coração dos israelitas. — Mt 19:3-9; Mr 10:1-11.
Na congregação cristã, portanto, fora da morte, que automaticamente rompe o vínculo marital, a única outra maneira de ser rompido é por motivo de “fornicação”, que faz com que a pessoa ofensora se torne uma só carne com um parceiro ou parceira ilícitos. Portanto, pode ser usada por parte da pessoa inocente como base para a dissolução do casamento, se quiser fazer isso, e a pessoa inocente pode então casar-se de novo. (Mt 5:32; Ro 7:2, 3) À parte de fazerem esta concessão no caso de “fornicação” (gr.: por·neí·a), as Escrituras Gregas aconselham aos cristãos nem mesmo separar-se de seu cônjuge, quer crente, quer incrédulo, e requerem que, caso façam isso, não tenham relações sexuais com outra pessoa. — 1Co 7:10, 11; Mt 19:9.
Sob a Lei, o marido podia divorciar-se da esposa por motivo de algo ‘indecente’ da parte dela. Isto, naturalmente, não incluiria o adultério, porque este acarretava a pena de morte. Podiam ser ofensas tais como grande desrespeito pelo marido ou pela casa do pai deste, ou algo que lançasse vitupério sobre a sua casa. Requeria-se que o marido lhe fornecesse por escrito um certificado de divórcio, o que subentendia que, aos olhos da comunidade, ele tinha de ter motivos suficientes para se divorciar dela. Visto que o certificado era um documento legal, subentende-se que envolvia uma consulta aos anciãos ou autoridades da sua cidade. A mulher podia então casar-se de novo, sendo protegida pelo certificado de qualquer subsequente acusação de adultério. Não se permitia o divórcio a um homem que havia seduzido a moça antes do casamento, ou quando ele, após o casamento, levantava a acusação falsa de ela o ter enganado ao afirmar ser virgem na época do seu casamento. — De 22:13-19, 28, 29.
Após o divórcio, se a mulher se casasse com outro homem e este mais tarde se divorciasse dela ou morresse, o primeiro marido não se podia casar de novo com ela. Isto servia para impedir qualquer trama de provocar um divórcio do segundo marido ou talvez até mesmo a sua morte, para que o casal original se pudesse casar de novo. — De 24:1-4.
Jeová odiava o divórcio injusto, especialmente quando uma adoradora fiel sua sofria traição com o fim de se conseguir outro casamento com uma mulher pagã que não era membro do seu escolhido povo pactuado. — Mal 2:14-16; veja DIVÓRCIO.
Poligamia. Visto que o padrão original de Deus para a humanidade era que o marido e a esposa se tornassem uma só carne, não se intencionava a poligamia, e esta é proibida na congregação cristã. Os superintendentes e os servos ministeriais, que devem dar o exemplo para a congregação, devem ser homens que não têm mais de uma esposa viva. (1Ti 3:2, 12; Tit 1:5, 6) Isto se harmoniza com aquilo que o verdadeiro casamento é usado para representar, a saber, o relacionamento de Jesus Cristo e sua congregação, a única esposa que Jesus possui. — Ef 5:21-33.
Como no caso do divórcio, a poligamia, embora não fosse o arranjo original de Deus, foi tolerada até o tempo da congregação cristã. A poligamia começou não muito depois do desvio de Adão. A primeira menção dela na Bíblia refere-se a um descendente de Caim, Lameque, a respeito de quem ela diz: “[Ele] passou a tomar para si duas esposas.” (Gên 4:19) Quanto a alguns anjos, a Bíblia menciona que, antes do Dilúvio, “os filhos do verdadeiro Deus . . . foram tomar para si esposas, a saber, todas as que escolheram”. — Gên 6:2.
O concubinato era praticado sob a lei patriarcal e sob o pacto da Lei. A concubina tinha uma situação legal; a posição dela não era uma questão de fornicação ou de adultério. Sob a Lei, se o filho primogênito dum homem fosse filho da sua concubina, era este filho quem receberia a herança de primogênito. — De 21:15-17.
O concubinato e a poligamia, sem dúvida, habilitaram os israelitas a aumentar numericamente com muito mais rapidez, e, assim, ao passo que Deus não estabeleceu esses arranjos, mas apenas os permitiu e regulou, eles cumpriram certo objetivo naquele tempo. (Êx 1:7) Até mesmo Jacó, que foi logrado a entrar em poligamia por seu sogro, foi abençoado em ter 12 filhos e algumas filhas de suas duas esposas e as criadas delas, as quais se tornaram concubinas de Jacó. — Gên 29:23-29; 46:7-25.
Casamento Cristão. Jesus Cristo mostrou sua aprovação do casamento quando compareceu à festa de casamento em Caná da Galileia. (Jo 2:1, 2) Conforme já foi declarado, a monogamia é o padrão original de Deus, restabelecido por Jesus Cristo na congregação cristã. (Gên 2:24; Mt 19:4-8; Mr 10:2-9) Visto que o homem e a mulher foram originalmente dotados da faculdade de expressar amor e afeição, tal arranjo deveria ser feliz, abençoado e pacífico. O apóstolo Paulo usa a ilustração de Cristo como marido e cabeça da congregação, sua noiva. É um exemplo excelente da benevolência e dos cuidados ternos que o marido deve ter para com sua esposa, amando-a como ao seu próprio corpo. Ele salienta também que, por outro lado, a esposa deve ter profundo respeito pelo marido. (Ef 5:21-33) O apóstolo Pedro aconselha as esposas a estarem sujeitas a seu marido, agradando-o por meio de conduta casta, profundo respeito e um espírito quieto e brando. Usa Sara, que chamava de “senhor” o seu marido, Abraão, como exemplo a imitar. — 1Pe 3:1-6.
A pureza e a lealdade no vínculo matrimonial são enfatizadas em todas as Escrituras Gregas Cristãs. Paulo diz: “O matrimônio seja honroso entre todos e o leito conjugal imaculado, porque Deus julgará os fornicadores e os adúlteros.” (He 13:4) Ele aconselha o respeito mútuo entre marido e mulher, e o cumprimento dos deveres conjugais.
‘Casar no Senhor’ é a admoestação do apóstolo, a qual se harmoniza com o costume dos antigos adoradores de Deus, de só se casarem com aqueles que eram igualmente adoradores verdadeiros. (1Co 7:39) No entanto, o apóstolo aconselha aqueles que não são casados, para que possam servir ao Senhor sem distração, caso permaneçam solteiros. Diz que, em vista do tempo, aqueles que se casam devem viver ‘como se não tivessem esposa’, em outras palavras, que não se deviam devotar aos privilégios e às responsabilidades matrimoniais a ponto de fazer toda a sua vida girar em torno disso, mas que deviam buscar e servir os interesses do Reino, ao passo que não excluem suas responsabilidades conjugais. — 1Co 7:29-38.
Paulo aconselhou que viúvas mais jovens, só porque diziam que pretendiam devotar-se exclusivamente às atividades ministeriais cristãs, não deviam ser colocadas na lista dos que eram cuidados pela congregação; era melhor que se casassem de novo. Isto porque, disse ele, seus impulsos sexuais podiam induzi-las a agir de forma contrária à sua expressão de fé, o que poderia levar a aceitarem o apoio financeiro da congregação como trabalhadoras árduas, ao passo que, ao mesmo tempo, tentavam conseguir um marido e se tornavam desocupadas e intrometidas. Desta forma fariam jus a um julgamento desfavorável. Casar-se, ter filhos e cuidar da casa, ao passo que conservavam a fé cristã, as manteria efetivamente ocupadas, protegendo-as da tagarelice e de falar de coisas de que não deviam. Isto possibilitaria a congregação a dar assistência àquelas que realmente eram viúvas e que se habilitavam a tal ajuda. — 1Ti 5:9-16; 2:15.
Celibato. O apóstolo Paulo adverte que uma das características identificadoras da apostasia que iria surgir era o celibato obrigatório, a ‘proibição do casamento’. (1Ti 4:1, 3) Alguns dos apóstolos eram casados. (1Co 9:5; Lu 4:38) Paulo, ao delinear as habilitações para superintendentes e para servos ministeriais na congregação cristã, diz que tais homens (se casados) devem ter apenas uma única esposa. — 1Ti 3:1, 2, 12; Tit 1:5, 6.
Cristãos e Leis de Casamento Civil. Atualmente, na maioria dos países na terra, o casamento é governado por leis das autoridades civis, “César”, e o cristão deve normalmente acatá-las. (Mt 22:21) Em parte alguma apresenta o registro bíblico o requisito de uma cerimônia religiosa ou dos serviços dum clérigo. Segundo o arranjo existente nos tempos bíblicos, o requisito coerente seria que o casamento seja legalizado segundo as leis do país, e que casamentos e nascimentos sejam registrados onde tal provisão existe por lei. Visto que os governos de “César” exercem tal controle sobre o casamento, o cristão está obrigado a recorrer a eles para legalizar o casamento. E mesmo que desejasse usar o adultério do seu cônjuge como base bíblica para a terminação do matrimônio, ele teria de obter um divórcio legal, se isto fosse possível. O cristão que se casasse de novo sem o devido respeito pelos requisitos bíblicos e legais, portanto, violaria as leis de Deus. — Mt 19:9; Ro 13:1.
Casamento e a Ressurreição. Um grupo de opositores de Jesus, que não criam na ressurreição, fizeram uma pergunta a Jesus, visando embaraçá-lo. Ao responder-lhes, ele revelou que “os que têm sido contados dignos de ganhar aquele sistema de coisas e a ressurreição dentre os mortos nem se casam nem são dados em casamento”. — Lu 20:34, 35; Mt 22:30.
Usos Simbólicos. Em todas as Escrituras, Jeová fala de si mesmo como marido. Ele se considerava casado com a nação de Israel. (Is 54:1, 5, 6; 62:4) Quando Israel se rebelou contra Deus por praticar a idolatria ou alguma outra forma de pecado contra ele, isto foi chamado de prostituição, igual a uma esposa infiel, dando motivos para Ele se divorciar da nação. — Is 1:21; Je 3:1-20; Os 2.
Em Gálatas, capítulo 4, o apóstolo Paulo assemelha a nação de Israel à escrava Agar, concubina de Abraão, e o povo judeu a Ismael, filho de Agar. Assim como Ismael era filho da esposa secundária de Abraão, assim também os judeus eram filhos da “esposa” secundária de Jeová. O vínculo que unia Israel a Jeová era o pacto da Lei. Paulo assemelha a “Jerusalém de cima”, a “mulher” de Jeová, a Sara, a esposa livre de Abraão. Os cristãos são os filhos livres, gerados por espírito, dessa mulher livre, a “Jerusalém de cima”. — Gál 4:21-31; compare isso com Is 54:1-6.
Como o grande Pai, Jeová Deus, semelhante a Abraão, supervisiona a escolha duma noiva para seu filho, Jesus Cristo — não uma mulher terrestre, mas a congregação cristã. (Gên 24:1-4; 2Te 2:13; 1Pe 2:5) Os primeiros membros da congregação de Jesus lhe foram apresentados pelo “amigo do noivo”, João, o Batizador, a quem Jeová enviou adiante do seu Filho. (Jo 3:28, 29) Esta noiva congregacional é “um só espírito” com Cristo, como corpo dele. (1Co 6:17; Ef 1:22, 23; 5:22, 23) Assim como a noiva em Israel se banhava e se adornava, Jesus Cristo se certifica de que sua noiva, em preparação para o casamento, esteja banhada, de modo que fique perfeitamente limpa, sem mancha ou defeito. (Ef 5:25-27) No Salmo 45 e em Revelação 21, ela é apresentada como estando belamente adornada para o casamento.
Também no livro de Revelação, Jeová prediz o tempo em que o casamento de seu Filho se aproximaria e a noiva seria preparada, vestida de linho resplandecente, puro e fino. Ele descreve os convidados à refeição noturna do casamento do Cordeiro como felizes. (Re 19:7-9; 21:2, 9-21) Na noite anterior à sua morte, Jesus instituiu a Refeição Noturna do Senhor, a Comemoração da sua morte, e instruiu seus discípulos a continuarem a observá-la. (Lu 22:19) Esta observância deve ser continuada “até que ele chegue”. (1Co 11:26) Assim como, nos tempos antigos, o noivo chegava à casa da noiva, a fim de levá-la da casa dos pais dela para o lar que ele tinha preparado para ela na casa do pai dele, assim Jesus Cristo vem para levar seus seguidores ungidos do anterior lar terrestre deles, levando-os consigo, a fim de que, onde ele estiver, eles também estejam, na casa do seu Pai, no céu. — Jo 14:1-3.
Veja CASAMENTO DE CUNHADO.