Livro bíblico número 2 — Êxodo
Escritor: Moisés
Lugar da Escrita: Ermo
Escrita Completada: 1512 AEC
Tempo Abrangido: 1657-1512 AEC
1. (a) Quais são os destaques de Êxodo? (b) Que nomes se deram a Êxodo, e de que relato é ele continuação?
OS EMOCIONANTES relatos de momentosos sinais e milagres que Jeová fez para libertar das aflições do Egito o povo que levava Seu nome, organizando Israel como propriedade especial sua, qual “reino de sacerdotes e uma nação santa”, e o começo da história de Israel como nação teocrática — estes são os destaques do livro bíblico de Êxodo. (Êxo. 19:6) Em hebraico, ele é chamado de Weʼél·leh shemóhth, que significa “Ora, estes são os nomes”, ou, simplesmente, Shemóhth, “Nomes”, segundo as suas palavras iniciais. O nome atual vem da Septuaginta grega, onde é chamado É·xo·dos, que foi latinizado para Exodus, significando “Saída” ou “Partida”. Que Êxodo é uma continuação do relato de Gênesis se demonstra pela palavra inicial “Ora” (literalmente, “E”) e por realistar os nomes dos filhos de Jacó, conforme tirados do registro mais completo de Gênesis 46:8-27.
2. O que revela Êxodo sobre o nome JEOVÁ?
2 O livro de Êxodo revela o magnificente nome de Deus, JEOVÁ, em todo o brilho de sua glória e santidade. Quando passou a demonstrar a profundeza do significado de seu nome, Deus disse a Moisés: “MOSTRAREI SER O QUE EU MOSTRAR SER”, e acrescentou que devia dizer a Israel: “MOSTRAREI SER [hebraico: אהוה, ʼEh·yéh, do verbo hebraico ha·yáh] enviou-me a vós.” O nome JEOVÁ (יהוה, YHWH) vem do verbo hebraico afim ha·wáh, “tornar-se”, e realmente significa “Ele Causa que Venha a Ser”. Certamente, os poderosos e temíveis atos de Jeová, que ele passou a realizar a favor de seu povo Israel, magnificaram e revestiram esse nome de glória resplandecente, tornando-o uma recordação “por geração após geração”, devendo ser o nome reverenciado pela eternidade. Sobretudo, é de máximo proveito que saibamos a maravilhosa história que cerca esse nome, e que adoremos o único Deus verdadeiro, Aquele que diz: “Eu sou Jeová.”a — Êxo. 3:14, 15; 6:6.
3. (a) Como sabemos que Moisés é o escritor de Êxodo? (b) Quando foi escrito Êxodo, e que período abrange?
3 O escritor de Êxodo é Moisés, indicado pelo fato de ser Êxodo o segundo volume do Pentateuco. O livro em si registra três casos em que Moisés faz um registro por escrito, sob a direção de Jeová. (Êxodo 17:14; 24:4; 34:27) Segundo os versados em Bíblia, Westcott e Hort, Jesus e os escritores das Escrituras Gregas Cristãs citam ou referem-se a Êxodo mais de 100 vezes, como quando Jesus disse: “Não vos deu Moisés a Lei?” Êxodo foi escrito no ermo de Sinai, no ano 1512 AEC, um ano depois de terem os filhos de Israel saído do Egito. Abrange um período de 145 anos, da morte de José, em 1657 AEC, até se erigir o tabernáculo da adoração de Jeová, em 1512 AEC. — João 7:19; Êxo. 1:6; 40:17.
4, 5. Que evidência arqueológica apóia o relato de Êxodo?
4 Considerando que os eventos de Êxodo ocorreram cerca de 3.500 anos atrás, há surpreendente quantidade de evidências arqueológicas e outras evidências externas que atestam a exatidão do registro. Nomes egípcios são usados corretamente em Êxodo, e os títulos mencionados correspondem às inscrições egípcias. A arqueologia mostra que os egípcios costumavam permitir que estrangeiros residissem no Egito, mas os egípcios se mantinham separados deles. As águas do Nilo eram usadas para banho, o que faz lembrar a filha de Faraó banhar-se ali. Foram encontrados tijolos feitos com e sem palha. Além disso, a existência de magos era um destaque no apogeu do Egito. — Êxo. 8:22; 2:5; 5:6, 7, 18; 7:11.
5 Os monumentos mostram que os faraós dirigiam pessoalmente seus condutores de carro para as batalhas, e Êxodo indica que o faraó dos dias de Moisés seguiu este costume. Quão grande deve ter sido a sua humilhação! Mas, por que é que os antigos registros egípcios não fazem menção da estada dos israelitas no seu país, nem da calamidade que se abateu sobre o Egito? A arqueologia tem mostrado ser costume a nova dinastia egípcia apagar dos registros anteriores qualquer coisa que fosse desfavorável. Jamais registravam derrotas humilhantes. Os golpes contra os deuses do Egito — como o deus Nilo, o deus-rã e o deus-sol — que desacreditavam tais deuses falsos e mostravam que Jeová é supremo, não seriam apropriados para os anais duma nação orgulhosa. — Êxodo 14:7-10; 15:4.b
6. Com que localidades os primeiros acampamentos dos israelitas são, em geral, identificados?
6 Os 40 anos de serviço de Moisés como pastor sob a direção de Jetro familiarizaram-no com as condições de vida e com os locais de água e alimento naquela região, tornando-o assim bem habilitado para liderar o Êxodo. Não é possível traçar o roteiro exato do Êxodo hoje, pois não é possível localizar com certeza absoluta os vários locais mencionados no relato. Contudo, Mara, um dos primeiros locais de acampamento na península do Sinai é, em geral, identificada com ʽEin Hawwara, 80 quilômetros a SSE da moderna Suez. Elim, o segundo local de acampamento, é tradicionalmente identificado com Wadi Gharandel, uns 90 quilômetros a SSE de Suez. Curiosamente, essa localização atual é conhecida como estação de águas, com vegetação e palmeiras, fazendo lembrar a Elim bíblica, que tinha “doze fontes de água e setenta palmeiras”.c No entanto, a autenticidade do relato de Moisés não depende da confirmação de arqueólogos com respeito aos vários locais ao longo do caminho. — Êxodo 15:23, 27.
7. Que outras evidências, incluindo a construção do tabernáculo, confirmam Êxodo como sendo inspirado?
7 O relato da construção do tabernáculo nas planícies diante do Sinai enquadra-se nas condições locais. Certo erudito disse: “Na sua forma, estrutura e nos materiais, o tabernáculo pertence na sua inteireza ao ermo. A madeira empregada na estrutura se encontra ali em abundância.”d Seja nos nomes, costumes, religião, lugares, geografia, ou nos materiais, as evidências externas acumuladas confirmam o relato inspirado de Êxodo, que tem agora cerca de 3.500 anos.
8. Como se mostra que Êxodo está interligado com o restante das Escrituras como sendo inspirado e proveitoso?
8 Outros escritores da Bíblia referiram-se constantemente a Êxodo, mostrando seu sentido e valor proféticos. Mais de 900 anos depois, Jeremias escreveu sobre “o verdadeiro Deus, o Grande, o Poderoso, cujo nome é Jeová dos exércitos”, que passou a tirar do Egito a seu povo Israel “com sinais e com milagres, e com mão forte e com braço estendido, e com coisa muito espantosa”. (Jer. 32:18-21) Mais de 1.500 anos depois, Estêvão baseou grande parte de seu emocionante testemunho, que levou a seu martírio, nas informações de Êxodo. (Atos 7:17-44) A vida de Moisés nos é citada como exemplo de fé, em Hebreus 11:23-29, e Paulo faz outras referências freqüentes a Êxodo, apresentando exemplos e advertências para nós hoje. (Atos 13:17; 1 Cor. 10:1-4, 11, 12; 2 Cor. 3:7-16) Tudo isso nos ajuda a ver como as partes da Bíblia se interligam, cada trecho contribuindo, proveitosamente, para a revelação do propósito de Jeová.
CONTEÚDO DE ÊXODO
9. Sob que circunstâncias nasce e é criado Moisés?
9 Jeová comissiona a Moisés, frisando Seu próprio Nome Memorial (Êxodo 1:1-4:31). Depois de mencionar os filhos de Israel que desceram ao Egito, Êxodo registra a morte de José. Com o tempo, surge outro rei no Egito. Quando vê que os israelitas continuam a ‘multiplicar-se e a tornar-se mais fortes numa proporção extraordinariamente grande’, ele adota medidas repressivas, inclusive trabalhos forçados, e tenta reduzir a população masculina em Israel, ordenando a destruição de todos os meninos recém-nascidos. (1:7) É sob tais circunstâncias que nasce um filho a um israelita da casa de Levi. Este filho é o terceiro da família. Quando tem três meses de idade, sua mãe esconde-o numa arca de papiro entre os juncos, à margem do rio Nilo. Ele é encontrado pela filha de Faraó, que se afeiçoa ao menino e o adota. A própria mãe dele torna-se sua ama-de-leite e, assim, ele é criado num lar israelita. Mais tarde, é levado para a corte de Faraó. Recebe o nome de Moisés, que significa “Retirado [isto é, salvo da água]”. — Êxo. 2:10; Atos 7:17-22.
10. Que eventos levam Moisés a ser comissionado para serviço especial?
10 Este Moisés interessa-se pelo bem-estar de co-israelitas. Mata um egípcio que maltrata um israelita. Por isso ele tem de fugir, de modo que chega à terra de Midiã. Ali casa-se com Zípora, filha de Jetro, o sacerdote de Midiã. Com o tempo Moisés torna-se pai de dois filhos, Gersom e Eliézer. Daí, aos 80 anos de idade, depois de ter passado 40 anos no ermo, Moisés é comissionado por Jeová a um serviço especial, em santificação do nome de Jeová. Certo dia, pastoreando o rebanho de Jetro, perto de Horebe, o “monte do verdadeiro Deus”, Moisés vê um espinheiro arder sem se consumir. Quando ele vai investigar, um anjo de Jeová dirige-lhe a palavra, falando-lhe do propósito de Deus de fazer com que Seu povo, os “filhos de Israel, saia do Egito”. (Êxo. 3:1, 10) Moisés será usado como instrumento de Jeová para libertar Israel da escravidão egípcia. — Atos 7:23-35.
11. Em que sentido especial Jeová, a seguir, dá a conhecer o seu nome?
11 Moisés pergunta então como deverá identificar a Deus aos filhos de Israel. É aqui, pela primeira vez, que Jeová revela o real significado de seu nome, associando-o com o seu propósito específico e estabelecendo-o como memorial. “Isto é o que deves dizer aos filhos de Israel: ‘MOSTRAREI SER enviou-me a vós . . . Jeová, o Deus de vossos antepassados, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó enviou-me a vós.’” O seu nome, Jeová, identifica-o como sendo aquele que faz com que seu propósito em relação com o povo que leva Seu nome se realize. A este povo, os descendentes de Abraão, ele dará a terra que prometera aos antepassados deles, “uma terra que mana leite e mel”. — Êxo. 3:14, 15, 17.
12. O que explica Jeová a Moisés quanto à libertação dos israelitas, e aceita o povo os sinais?
12 Jeová explica a Moisés que o rei do Egito não permitirá que os israelitas saiam livres, mas que Ele terá de primeiro golpear o Egito com todos os Seus maravilhosos atos. O irmão de Moisés, Arão, lhe é dado como porta-voz e eles recebem três sinais para realizar, a fim de convencer os israelitas de que vêm em nome de Jeová. A caminho do Egito, o filho de Moisés tem de ser circuncidado para impedir uma morte na família, o que faz lembrar a Moisés os requisitos de Deus. (Gên. 17:14) Moisés e Arão reúnem os anciãos dentre os filhos de Israel e os põem a par do propósito de Jeová de tirá-los do Egito e levá-los para a Terra Prometida. Realizam os sinais, e o povo crê.
13. O que resulta do primeiro encontro de Moisés com Faraó?
13 Os golpes contra o Egito (5:1-10:29). A seguir, Moisés e Arão vão ter com Faraó e anunciam que Jeová, o Deus de Israel, disse: “Manda embora meu povo.” Em tom zombeteiro, o orgulhoso Faraó replica: “Quem é Jeová, que eu deva obedecer à sua voz para mandar Israel embora? Não conheço Jeová, e ainda mais, não vou mandar Israel embora.” (5:1, 2) Em vez de libertar os israelitas, impõe-lhes tarefas mais pesadas. Contudo, Jeová renova as suas promessas de libertação, ligando isto outra vez com a santificação de seu nome: “Eu sou Jeová . . . deveras mostrarei ser Deus para vós . . . eu sou Jeová.” — 6:6-8.
14. Como são os egípcios forçados a reconhecer “o dedo de Deus”?
14 O sinal que Moisés realiza perante Faraó, fazendo com que Arão lance no chão seu bastão para se tornar uma cobra grande, é imitado pelos sacerdotes-magos do Egito. Embora as cobras deles sejam engolidas pela grande cobra de Arão, o coração de Faraó fica obstinado. Jeová passa então a desferir dez pesados golpes sucessivos sobre o Egito. Primeiro, seu rio, o Nilo, e todas as águas do Egito se transformam em sangue. Daí, sobrevém-lhes uma praga de rãs. Estes dois golpes são imitados pelos sacerdotes-magos, mas não o terceiro golpe, de borrachudos sobre os homens e os animais. Os sacerdotes do Egito são forçados a reconhecer que isto é “o dedo de Deus”. Contudo, Faraó não quer mandar Israel embora. — 8:19.
15. Que golpes atingem só os egípcios, e por que único motivo permite Jeová que Faraó continue a viver?
15 Os três primeiros golpes atingem tanto os egípcios como os israelitas, mas, do quarto em diante, só os egípcios são atingidos, permanecendo Israel separado sob a proteção de Jeová. O quarto golpe são grandes enxames de moscões. Daí, vem a pestilência sobre todo o gado do Egito, sendo seguida de furúnculos e bolhas sobre homem e animal, de modo que nem mesmo os sacerdotes-magos conseguem fazer face a Moisés. Jeová deixa outra vez que o coração de Faraó fique obstinado, declarando-lhe mediante Moisés: “Mas, de fato, por esta razão te deixei em existência: para mostrar-te meu poder e para que meu nome seja declarado em toda a terra.” (9:16) Moisés anuncia então a Faraó o golpe seguinte, “uma saraiva muito forte”, e aqui a Bíblia registra pela primeira vez que alguns dentre os servos de Faraó temem a palavra de Jeová e agem em conformidade com ela. O oitavo e nono golpes — uma invasão de gafanhotos e uma escuridão sombria — vêm em rápida sucessão, e o obstinado e furioso Faraó ameaça a Moisés de morte se este procurar ver a sua face outra vez. — 9:18.
16. O que ordena Jeová concernente à Páscoa e à Festividade dos Pães Não Fermentados?
16 A Páscoa e o golpe contra os primogênitos (11:1-13:16). Jeová então declara: “Vou trazer mais uma praga sobre Faraó e sobre o Egito” — a morte dos primogênitos. (11:1) Ordena que o mês de abibe seja o primeiro mês para Israel. No 10.º dia, eles têm de tomar um cordeiro ou um cabrito — macho de um ano de idade, sem mácula — e no 14.º dia, abatê-lo. Naquela noitinha têm de pegar o sangue do animal e esparrinhá-lo sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta, e daí permanecer dentro de casa e comer o animal assado, do qual nenhum osso deve ser quebrado. Não devem ter fermento dentro de casa, e precisam comer às pressas, vestidos e preparados para a jornada. A Páscoa é para servir de recordação, uma festividade para Jeová através de suas gerações. Esta será seguida pela Festividade dos Pães Não Fermentados, de sete dias. O significado de tudo isso deve ser plenamente ensinado a seus filhos. (Mais tarde, Jeová dá instruções adicionais sobre estas festividades e ordena que todos os primogênitos de Israel, tanto dos homens como dos animais, sejam santificados a ele.)
17. Que eventos marcam essa noite como sendo digna de ser comemorada?
17 Israel faz conforme Jeová ordena. Daí, sobrevém o desastre! À meia-noite, Jeová mata todos os primogênitos do Egito, passando por alto e libertando os primogênitos de Israel. “Saí do meio do meu povo”, grita Faraó. E ‘os egípcios começam a pressionar o povo’ para que saia rapidamente. (12:31, 33) Os israelitas não saem de mãos vazias, pois pedem aos egípcios, e recebem, artigos de prata e de ouro, bem como roupas. Marcham para fora do Egito em formação de batalha, em número de 600.000 varões vigorosos, junto com suas famílias e grande grupo misto de não-israelitas, bem como grande número de animais. Isto marca o fim dos 430 anos desde que Abraão cruzou o Eufrates para entrar na terra de Canaã. Esta é, deveras, uma noite digna de ser comemorada. — Êxo. 12:40, segunda nota; Gál. 3:17.
18. Que santificação culminante do nome de Jeová ocorre no mar Vermelho?
18 O nome de Jeová é santificado no mar Vermelho (13:17-15:21). Guiando-os de dia por meio duma coluna de nuvem e de noite por meio duma coluna de fogo, Jeová conduz Israel para fora pelo caminho de Sucote. Faraó mais uma vez fica obstinado, perseguindo-os com seus selecionados carros de guerra e, segundo ele imagina, encurralando-os no mar Vermelho. Moisés revigora o povo, dizendo: “Não tenhais medo. Mantende-vos firmes e vede a salvação da parte de Jeová, que ele realizará hoje para vós.” (14:13) Jeová faz então que o mar recue, formando um corredor de escape, pelo qual Moisés conduz com segurança os israelitas para a margem oriental. As poderosas hostes de Faraó precipitam-se atrás deles e acabam sendo apanhadas e afogadas nas águas que voltam. Que santificação culminante do nome de Jeová! Que grande motivo para regozijar-se nele! Esse regozijo é então expresso no primeiro grande cântico de vitória da Bíblia: “Cante eu a Jeová, porque ficou grandemente enaltecido. Lançou no mar o cavalo e seu cavaleiro. Minha força e meu poder é Jah, visto que ele me é por salvação. . . . Jeová reinará por tempo indefinido, para todo o sempre.” — 15:1, 2, 18.
19. Que eventos marcam a viagem em direção do Sinai?
19 Jeová faz o pacto da Lei em Sinai (15:22-34:35). Em estágios sucessivos, conforme guiado por Jeová, Israel viaja em direção do Sinai, o monte do verdadeiro Deus. Quando o povo resmunga a respeito das águas amargas de Mara, Jeová faz com que a água se torne doce para eles. De novo, quando resmungam por falta de carne e de pão, Deus lhes fornece codornizes, à noitinha, e o adocicado maná, como orvalho no solo, de manhã. Este maná servirá de pão para os israelitas durante os próximos 40 anos. Também, pela primeira vez na história, Jeová ordena a observância de um dia de descanso, ou sábado, fazendo com que os israelitas colham duas vezes a quantidade de maná no sexto dia e não o suprindo no sétimo. Produz também água para eles em Refidim, e luta por eles contra Amaleque, ordenando a Moisés que registre Seu julgamento de que Amaleque será completamente eliminado.
20. Como se consegue melhor organização?
20 O sogro de Moisés, Jetro, traz então a esposa e os dois filhos de Moisés. É agora tempo de melhor organização em Israel, e Jetro contribui com alguns conselhos bons e práticos. Aconselha Moisés a não levar toda a carga sozinho, mas a designar homens capazes e tementes a Deus para julgarem o povo, quais chefes de grupos de mil, de cem, de cinqüenta e de dez. Moisés faz isso, de modo que assim só os casos difíceis lhe são apresentados.
21. Que promessa faz Jeová a seguir, mas, sob que condições?
21 Antes de passarem três meses do Êxodo, Israel acampa no ermo de Sinai. Ali, Jeová promete: “E agora, se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial dentre todos os outros povos, pois minha é toda a terra. E vós mesmos vos tornareis para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” O povo promete solenemente: “Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer.” (19:5, 6, 8) Após um período de santificação para Israel, Jeová desce no terceiro dia sobre o monte, fazendo-o fumegar e tremer.
22. (a) Que mandamentos contêm as Dez Palavras? (b) Que outras decisões judiciais são apresentadas a Israel, e como é que a nação entra no pacto da Lei?
22 Jeová passa então a dar as Dez Palavras ou Dez Mandamentos. Estes frisam a devoção exclusiva a Jeová, proibindo outros deuses, a adoração de imagens e tomar o nome de Jeová indignamente. Ordena-se aos israelitas a prestar serviços seis dias e, daí, guardar um sábado a Jeová, e a honrar pai e mãe. Leis contra o assassinato, o adultério, o furto, o falso testemunho e a cobiça completam as Dez Palavras. Daí, Jeová apresenta-lhes decisões judiciais, instruções para a nova nação, abrangendo escravidão, assalto, ferimentos, compensação, roubo, danos causados por incêndio, adoração falsa, sedução, maltratar viúvas e órfãos, empréstimos, e muitos outros assuntos. São dadas as leis sobre o sábado e providenciam-se três festividades anuais para a adoração de Jeová. Moisés escreve a seguir as palavras de Jeová, oferecem-se sacrifícios e metade do sangue é aspergido sobre o altar. O livro do pacto é lido ao povo e, quando este novamente atesta sua disposição de obedecer, o restante do sangue é aspergido sobre o livro e todo o povo. Deste modo, Jeová faz o pacto da Lei com Israel, através do mediador Moisés. — Heb. 9:19, 20.
23. Que instruções dá Jeová a Moisés no monte?
23 A seguir, Moisés vai a Jeová, no monte, para receber a Lei. Durante 40 dias e noites, ele recebe muitas instruções sobre materiais para o tabernáculo, pormenores de sua mobília, especificações detalhadas sobre o próprio tabernáculo e o modelo para as vestes sacerdotais, incluindo a lâmina de ouro puro, com a inscrição “A santidade pertence a Jeová”, sobre o turbante de Arão. A investidura e o serviço do sacerdócio são pormenorizados, e faz-se lembrar a Moisés que o sábado será um sinal entre Jeová e os filhos de Israel “por tempo indefinido”. Moisés recebe então as duas tábuas do Testemunho, inscritas pelo “dedo de Deus”. — Êxo. 28:36; 31:17, 18.
24. (a) Que pecado comete o povo, e com que resultado? (b) Como é que Jeová revela, a seguir, seu nome e sua glória a Moisés?
24 No ínterim, o povo se impacienta e pede a Arão que faça um deus que vá adiante deles. Arão consente, fazendo um bezerro de ouro, que o povo adora no que Arão chama de “festividade para Jeová”. (32:5) Jeová fala de exterminar a Israel, mas Moisés intercede pelo povo, embora despedace as tábuas na sua própria ira ardente. Os filhos de Levi tomam então o lado da adoração pura, matando a 3.000 dos foliões. Jeová também traz praga sobre eles. Depois que Moisés implora a Deus para que este continue a guiar seu povo, diz-se-lhe que obterá um vislumbre da glória de Deus, e ele é instruído a lavrar duas tábuas adicionais em que Jeová escreverá outra vez as Dez Palavras. Quando Moisés sobe ao monte pela segunda vez, Jeová declara-lhe então o nome de Jeová, à medida que Ele vai passando: “Jeová, Jeová, Deus misericordioso e clemente, vagaroso em irar-se e abundante em benevolência e em verdade, preservando a benevolência para com milhares.” (34:6, 7) Daí, declara os termos de seu pacto, e Moisés o escreve, conforme o temos hoje em Êxodo. Quando Moisés desce novamente do monte Sinai, a pele de seu rosto emite raios, por causa da glória revelada de Jeová. Por causa disso, ele tem de pôr um véu sobre o rosto. — 2 Cor. 3:7-11.
25. O que narra o registro com relação ao tabernáculo e à manifestação adicional da glória de Jeová?
25 A construção do tabernáculo (35:1-40:38). Moisés convoca então a Israel e transmite as palavras de Jeová, dizendo-lhes que os de coração disposto têm o privilégio de contribuir para o tabernáculo e os de coração sábio o privilégio de trabalhar nele. Pouco depois, Moisés é informado: “O povo está trazendo muito mais do que o serviço requer para a obra que Jeová mandou fazer.” (36:5) Sob a direção de Moisés, trabalhadores cheios do espírito de Jeová passam a edificar o tabernáculo e a fazer os acessórios dele e todas as vestes dos sacerdotes. Um ano depois do Êxodo, completa-se o tabernáculo, que é erigido na planície diante do monte Sinai. Jeová revela a sua aprovação, cobrindo a tenda da reunião com a sua nuvem, e enchendo o tabernáculo com a sua glória, de modo que Moisés não consegue entrar na tenda. Esta mesma nuvem de dia, e um fogo de noite, indicam que Jeová guia a Israel durante todas as suas viagens. É agora o ano 1512 AEC, e termina aqui o registro de Êxodo, sendo o nome de Jeová gloriosamente santificado mediante as Suas obras maravilhosas, realizadas a favor de Israel.
POR QUE É PROVEITOSO
26. (a) De que modo Êxodo firma a fé em Jeová? (b) De que modo as referências a Êxodo nas Escrituras Gregas Cristãs aumentam a nossa fé?
26 Êxodo revela-nos de modo preeminente a Jeová como o grande Libertador, Organizador e Cumpridor de seus propósitos magníficos, e firma a nossa fé nele. Tal fé aumenta ao passo que estudamos as muitas referências a Êxodo nas Escrituras Gregas Cristãs, indicando o cumprimento de muitas características do pacto da Lei, a garantia da ressurreição, a provisão de Jeová de sustentar seu povo, e precedentes para as obras cristãs de assistência, conselhos sobre consideração pelos pais e os requisitos para se ganhar a vida, e como encarar a justiça retributiva. Por fim, a Lei foi resumida em dois mandamentos sobre mostrar amor a Deus e ao próximo. — Mat. 22:32 — Êxo. 4:5; João 6:31-35 e 2 Cor. 8:15 — Êxo. 16:4, 18; Mat. 15:4 e Efé. 6:2 — Êxo. 20:12; Mat. 5:26, 38, 39 — Êxo. 21:24; Mat. 22:37-40.
27. De que proveito é para o cristão o registro histórico em Êxodo?
27 Em Hebreus 11:23-29, lemos sobre a fé de Moisés e seus pais. Pela fé partiu do Egito, pela fé celebrou a Páscoa e pela fé conduziu a Israel através do mar Vermelho. Os israelitas foram batizados em Moisés e comeram alimento espiritual e beberam bebida espiritual. Aguardavam a rocha espiritual, o Cristo, mas, ainda assim, não obtiveram a aprovação de Deus, pois puseram Deus à prova e tornaram-se idólatras, fornicadores e murmuradores. Paulo explica que isto tem aplicação para os cristãos hoje: “Ora, estas coisas lhes aconteciam como exemplos e foram escritas como aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas. Conseqüentemente, quem pensa estar de pé, acautele-se para que não caia.” — 1 Cor. 10:1-12; Heb. 3:7-13.
28. Como se cumpriram as sombras da Lei e do cordeiro pascoal?
28 Grande parte do profundo significado espiritual de Êxodo, juntamente com sua aplicação profética, é fornecida nos escritos de Paulo, especialmente em Hebreus, capítulos 9 e 10. “Pois, visto que a Lei tem uma sombra das boas coisas vindouras, mas não a própria substância das coisas, os homens nunca podem, com os mesmos sacrifícios que oferecem continuamente, de ano em ano, aperfeiçoar os que se aproximam.” (Heb. 10:1) Estamos, pois, interessados em conhecer a sombra e entender a realidade. Cristo “ofereceu um só sacrifício pelos pecados, perpetuamente”. Ele é descrito como “o Cordeiro de Deus”. Nenhum osso deste “Cordeiro” foi quebrado, como também não foi no prefigurativo. O apóstolo Paulo comenta: “Cristo, a nossa páscoa, já tem sido sacrificado. Conseqüentemente, guardemos a festividade, não com o velho fermento, nem com o fermento de maldade e iniqüidade, mas com os pães não fermentados da sinceridade e da verdade.” — Heb. 10:12; João 1:29 e João 19:36 — Êxo. 12:46; 1 Cor. 5:7, 8 — Êxo. 23:15.
29. (a) Contraste o pacto da Lei com o novo pacto. (b) Que sacrifícios a Deus oferecem agora os israelitas espirituais?
29 Jesus tornou-se Mediador dum novo pacto, assim como Moisés fora mediador do pacto da Lei. O contraste entre estes pactos é também explicado claramente pelo apóstolo Paulo, que fala do ‘documento manuscrito de decretos’, que foi tirado do caminho mediante a morte de Jesus na estaca de tortura. O Jesus ressuscitado, qual Sumo Sacerdote, é “servidor público do lugar santo e da verdadeira tenda, que Jeová erigiu, e não algum homem”. Os sacerdotes sob a Lei prestavam “serviço sagrado numa representação típica e como sombra das coisas celestiais”, segundo o modelo que fora dado por Moisés. “Mas, Jesus obteve agora um serviço público mais excelente, de modo que ele é também o mediador dum pacto correspondentemente melhor, que foi estabelecido legalmente em promessas melhores.” O antigo pacto tornou-se obsoleto e foi eliminado como código que administrava a morte. Os judeus que não entendiam isso são descritos como tendo suas percepções embotadas, mas, os crentes que entendem que o Israel espiritual está sob o novo pacto podem ‘com rostos desvelados refletir como espelhos a glória de Jeová’, estando adequadamente habilitados como ministros do pacto. Com a consciência purificada, estes podem oferecer seu próprio “sacrifício de louvor, isto é, o fruto de lábios que fazem declaração pública do seu nome”. — Col. 2:14; Heb. 8:1-6, 13; 2 Cor. 3:6-18; Heb. 13:15; Êxo. 34:27-35.
30. O que prefiguraram a libertação de Israel e o engrandecimento do nome de Jeová no Egito?
30 Êxodo magnifica o nome e a soberania de Jeová, apontando para a gloriosa libertação da nação cristã, o Israel espiritual, a quem se diz: “Vós sois ‘raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo para propriedade especial, para que divulgueis as excelências’ daquele que vos chamou da escuridão para a sua maravilhosa luz. Porque vós, outrora, não éreis povo, mas agora sois povo de Deus.” O poder de Jeová, segundo demonstrado em ajuntar seu Israel espiritual, tirando-o do mundo, a fim de engrandecer o seu nome, não é menos milagroso do que o poder que demonstrou a favor de seu povo no antigo Egito. Mantendo vivo a Faraó para lhe mostrar o Seu poder e a fim de que Seu nome fosse declarado, Jeová prefigurou um testemunho muito maior a ser realizado mediante Suas Testemunhas cristãs. — 1 Ped. 2:9, 10; Rom. 9:17; Rev. 12:17.
31. O que prefigura Êxodo quanto a um reino e à presença de Jeová?
31 Por conseguinte, podemos dizer, à base das Escrituras, que a nação formada sob a direção de Moisés apontava para uma nova nação que seria formada sob a direção de Cristo, e para um reino que nunca será abalado. Por isso, somos incentivados a ‘prestar a Deus serviço sagrado com temor piedoso e espanto reverente’. Assim como a presença de Jeová cobria o tabernáculo no ermo, da mesma forma ele promete estar eternamente presente entre os que o temem: “Eis que a tenda de Deus está com a humanidade, e ele residirá com eles e eles serão os seus povos. E o próprio Deus estará com eles. . . . Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.” Êxodo é deveras parte essencial e proveitosa do registro da Bíblia. — Êxo. 19:16-19 — Heb. 12:18-29; Êxo. 40:34 — Rev. 21:3, 5.
[Nota(s) de rodapé]
a Êxodo 3:14, nota; Estudo Perspicaz das Escrituras, “Jeová”.
b Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 1, páginas 436, 439; Archaeology and Bible History, 1964, J. P. Free, página 98.
d Exodus, 1874, F. C. Cook, página 247.