Capítulo 15
Desenvolvimento da estrutura da organização
TÊM ocorrido importantes mudanças no funcionamento da organização das Testemunhas de Jeová desde que Charles Taze Russell e seus associados começaram a estudar a Bíblia juntos em 1870. Quando os antigos Estudantes da Bíblia eram poucos, tinham pouca coisa que os de fora pudessem descrever como sendo uma organização. Todavia, hoje, quando as pessoas observam as congregações das Testemunhas de Jeová, seus congressos e seu trabalho de pregação das boas novas em mais de 200 terras, ficam admiradas com a suavidade do funcionamento da organização. Como se desenvolveu isso?
Os Estudantes da Bíblia não só estavam profundamente interessados em entender as doutrinas da Bíblia, mas também o modo como o trabalho de Deus devia ser realizado, conforme indicado pelas Escrituras. Compreenderam que a Bíblia não dá margem para clérigos com títulos e leigos aos quais eles haveriam de pregar. O irmão Russell estava decidido que não haveria entre eles uma classe clerical.a Nas colunas da Watch Tower (A Sentinela), os leitores eram freqüentemente lembrados que Jesus havia dito a seus seguidores: “O vosso Líder é um só, o Cristo”, mas “todos vós sois irmãos”. — Mat. 23:8, 10.
Antiga associação dos Estudantes da Bíblia
Os leitores da Watch Tower e publicações afins logo perceberam que, para agradar a Deus, tinham de cortar as relações com qualquer igreja que revelasse ser infiel a Deus, colocando credos e tradições de homens na frente de Sua Palavra escrita. (2 Cor. 6:14-18) Mas, depois de se desligarem das igrejas da cristandade, para onde foram?
Num artigo intitulado “A Eclésia”,b o irmão Russell mostrou que a verdadeira igreja, a congregação cristã, não é uma organização com membros que endossem algum credo feito pelo homem e cujos nomes estejam inscritos num rol de membros de igreja. Ao contrário, explicou ele, é constituída de pessoas que “consagraram” (ou dedicaram) seu tempo, seus talentos e sua vida a Deus e que têm a perspectiva de ter parte no Reino celestial com Cristo. Tais, disse ele, são cristãos que estão unidos por vínculos de amor cristão e interesses comuns, que se sujeitam à orientação do espírito de Deus e à chefia de Cristo. O irmão Russell não estava interessado em instituir algum outro sistema, e opunha-se fortemente a contribuir de alguma forma para o sectarismo existente entre os cristãos professos.
Ao mesmo tempo, ele reconhecia plenamente a necessidade de os servos do Senhor se reunirem, em harmonia com o conselho em Hebreus 10:23-25. Empreendeu pessoalmente viagens para visitar e edificar os leitores da Watch Tower, bem como para reuni-los com outros em sua própria região que tivessem a mesma mentalidade. Em princípios de 1881, ele solicitou a todos os que realizavam reuniões regulares que informassem o escritório da Torre de Vigia sobre os locais de tais reuniões. Ele reconhecia o valor da comunicação mútua.
Entretanto, o irmão Russell frisou que eles não estavam tentando estabelecer uma “organização terrestre”. Antes, disse ele, “aderimos unicamente àquela organização celestial — ‘cujos nomes são alistados nos céus’. (Heb. 12:23; Luc. 10:20.)” Em razão da ignóbil história da cristandade, a menção de “organização eclesiástica” fazia lembrar geralmente o sectarismo, a dominação clerical e ser membro que aderia ao credo formulado por um concílio religioso. Por isso, o irmão Russell achava melhor empregar o termo “associação” ao se referir a si e a seus associados.
Ele estava bem ciente de que os apóstolos de Cristo haviam formado congregações e designado anciãos em cada uma delas. Mas ele cria que Cristo estava de novo presente, embora de modo invisível, e dirigia pessoalmente a colheita final dos que seriam herdeiros com ele. Devido às circunstâncias, o irmão Russell de início achava que durante o tempo da colheita era desnecessário fazer designação de anciãos como nas congregações cristãs do primeiro século.
Todavia, à medida que aumentava o número dos Estudantes da Bíblia, o irmão Russell compreendeu que o Senhor estava manobrando as coisas de um modo diferente daquilo que ele próprio imaginara. Havia necessidade de um ajuste de conceito. Mas em que base?
Supridas as necessidades iniciais da crescente associação
A Watch Tower de 15 de novembro de 1895 foi dedicada quase inteiramente a um estudo intitulado “Decentemente e em Ordem”. O irmão Russell admitiu candidamente: “Os apóstolos falaram muito à primitiva Igreja sobre ordem nas reuniões dos santos; e, pelo que parece, temos sido um tanto negligentes a respeito desse conselho sábio, achando ser de pouca importância, porque a Igreja está tão perto do fim de sua carreira e por ser a colheita um tempo de seleção.” O que fez com que considerassem esse conselho com novo enfoque?
Aquele artigo alistava quatro circunstâncias: (1) Era evidente que o desenvolvimento espiritual variava de pessoa para pessoa. Havia tentações, provações, dificuldades e perigos que nem todos estavam preparados de maneira igual para enfrentar. Havia assim necessidade de superintendentes sábios e prudentes, homens de experiência e habilidade, profundamente interessados em cuidar do bem-estar espiritual de todos, estando habilitados a instruí-los na verdade. (2) Percebeu-se que o rebanho precisava ser protegido contra ‘lobos vestidos como ovelhas’. (Mat. 7:15, Almeida, ed. rev. e corr.) Precisavam ser fortalecidos mediante ajuda para obter conhecimento cabal da verdade. (3) A experiência mostrava que, quando não havia designação de anciãos para resguardar o rebanho, alguns assumiam essa posição e consideravam o rebanho como pertencente a eles. (4) Sem uma disposição ordeira, as pessoas leais à verdade poderiam achar que seus préstimos eram indesejados, por causa da influência de uma minoria que discordava delas.
Sob este aspecto, a Watch Tower declarou: “Não hesitamos em recomendar às Igrejasc em toda a parte, quer seus números sejam grandes, quer pequenos, o conselho apostólico de que em todas as companhias os anciãos sejam escolhidos entre seu número para ‘apascentarem’ e ‘supervisionarem’ o rebanho.” (Atos 14:21-23; 20:17, 28) As congregações localmente seguiram esse sábio conselho bíblico. Isto foi um passo importante para estabelecer uma estrutura congregacional em harmonia com o que existia nos dias dos apóstolos.
De acordo com o entendimento dos assuntos naquela época, porém, a escolha de anciãos e de diáconos para os ajudarem era feita por votos nas congregações. Cada ano, ou com mais freqüência quando necessário, as qualificações dos que poderiam servir em tal cargo eram consideradas, e votava-se. Era basicamente um sistema democrático, mas com limitações como precaução. Instava-se com todos na congregação que examinassem cuidadosamente as qualificações bíblicas e expressassem por votos não a sua própria opinião, mas o que achavam ser a vontade do Senhor. Visto que apenas os “plenamente consagrados” eram elegíveis para votarem, o voto coletivo deles, quando orientado pela Palavra e pelo espírito do Senhor, era considerado a expressão da vontade do Senhor nesse assunto. Embora o irmão Russell talvez não se desse plenamente conta disso, sua recomendação desse método pode ter sido influenciada até certo ponto não só pela sua determinação de evitar qualquer semelhança com uma enaltecida classe clerical, mas também pela sua própria formação quando adolescente na Igreja Congregacional.
Quando o volume intitulado The New Creation (A Nova Criação) da obra Millennial Dawn (Aurora do Milênio) considerou de novo, em pormenores, o papel dos anciãos e como deviam ser escolhidos, focalizou-se atenção especial em Atos 14:23. Foram citadas concordâncias compiladas por James Strong e Robert Young como peso para o conceito de que a declaração “eles os ordenaram como anciãos” (King James) deveria ser traduzida “eles os elegeram anciãos pelo levantamento de mãos”.d Algumas traduções da Bíblia até dizem que os anciãos eram ‘nomeados por voto’. (Literal Translation of the Holy Bible, de Young; Emphasised Bible, de Rotherham) Mas quem deveria votar?
Adotar o conceito de que o voto devia ser feito pela congregação como um todo nem sempre produzia os resultados esperados. Os que votavam deviam ser pessoas “plenamente consagradas”, e alguns que foram eleitos realmente satisfaziam as qualificações bíblicas e humildemente serviam seus irmãos. Mas a votação não raro refletia preferência pessoal em vez de refletir a Palavra e o espírito de Deus. Assim, em Halle, na Alemanha, quando certas pessoas que achavam que deviam ser anciãos não obtiveram a posição que desejavam, causaram séria dissensão. Em Barmen, na Alemanha, entre os que eram candidatos em 1927, havia homens que se opunham à obra da Sociedade, e houve muita gritaria durante o levantamento de mãos por ocasião da votação. Portanto, foi necessário mudar para voto secreto.
Em 1916, anos antes desses incidentes, o irmão Russell, movido de profunda preocupação, escrevera: “Prevalece uma condição horrível em algumas Classes quando se faz a eleição. Os servos da Igreja tentam ser governantes, ditadores — às vezes, até mesmo presidem à reunião com o aparente objetivo de fazer com que eles e seus amigos íntimos sejam eleitos Anciãos e Diáconos. . . . Alguns tentam sorrateiramente tirar vantagem da Classe realizando a eleição numa época especialmente favorável para eles e para seus amigos. Outros procuram encher a reunião com seus amigos, trazendo pessoas a bem dizer estranhas que não pretendem freqüentar a Classe, mas que vêm só como um ato de amizade para votar num de seus amigos.”
Será que o que precisavam era simplesmente aprender a cuidar das eleições por métodos democráticos de modo mais suave, ou havia algo na Palavra de Deus que eles ainda não discerniam?
Organizando-se para a pregação das boas novas
Já bem de início, o irmão Russell reconhecia que uma das mais importantes responsabilidades de todo membro da congregação cristã era a obra de evangelização. (1 Ped. 2:9) A Watch Tower explicou que não era só a Jesus, mas a todos os seus seguidores ungidos pelo espírito que as palavras proféticas de Isaías 61:1 se aplicavam, a saber: “Jeová me ungiu para anunciar boas novas”, ou, conforme a King James Version verte a citação feita por Jesus desta passagem: “Ele me tem ungido para pregar o evangelho.” — Luc. 4:18.
Já em 1881, a Watch Tower trazia o artigo “Precisa-se de 1.000 Pregadores”. Isto foi um apelo a todo membro de congregação para dedicar o tempo que pudesse (meia hora, uma hora, ou duas, ou três) em participar na divulgação da verdade bíblica. Homens e mulheres, sem dependentes, que pudessem dedicar metade ou mais de seu tempo exclusivamente à obra do Senhor foram incentivados a empreender o serviço de evangelização quais colportores. O número variava consideravelmente de ano para ano, mas até 1885 já havia cerca de 300 que participavam neste serviço quais colportores. Alguns outros participavam, mas em escala mais limitada. Davam-se sugestões aos colportores sobre a maneira de se executar o trabalho. Mas o campo era vasto, e, pelo menos no início, eles escolhiam seu próprio território, daí passavam de uma região para outra em grande parte como lhes parecia melhor. Depois, quando se reuniam em congressos, faziam os necessários ajustes para coordenar seus empenhos.
No mesmo ano em que começou o serviço de colportor, o irmão Russell providenciou a impressão de diversos tratados (ou folhetos) para distribuição grátis. Destacava-se entre esses o tratado Food for Thinking Christians (Matéria Para Cristãos Refletivos), sendo distribuídos 1.200.000 deles nos primeiros quatro meses. O trabalho relacionado com a devida impressão e distribuição resultou em se formar a Sociedade Torre de Vigia de Sião (dos EUA) para se cuidar dos necessários pormenores. A fim de que não houvesse interrupção do trabalho caso morresse, e para facilitar a administração dos donativos a serem usados nesse serviço, o irmão Russell entrou com um pedido de registro legal da Sociedade, que foi oficialmente feito em 15 de dezembro de 1884. Veio assim à existência uma necessária agência legal.
Ao surgir a necessidade, foram estabelecidas filiais da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) em outros países. A primeira foi em Londres, Inglaterra, em 23 de abril de 1900. Outra, em Elberfeld, Alemanha, em 1902. Dois anos mais tarde, do outro lado da Terra, formou-se uma filial em Melbourne, Austrália. Na ocasião da escrita deste, havia 99 filiais em todo o mundo.
Embora se tomassem as providências organizacionais necessárias para o fornecimento de muitas publicações bíblicas, foi deixado de início ao critério das congregações decidir sobre como organizar localmente a distribuição dessa matéria para o público. Numa carta datada de 16 de março de 1900, o irmão Russell expressou o que ele achava sobre a questão. Essa carta, dirigida a ‘Alexander M. Graham e à Igreja de Boston, Massachusetts’, dizia: “Conforme todos sabem, é minha decidida intenção deixar a cada companhia do povo do Senhor a administração de seus próprios assuntos, segundo seu próprio critério, e ofereço sugestões não para interferir, mas apenas como recomendação.” Isso incluía não só as reuniões, mas também como efetuavam o ministério de campo. Assim, depois de dar aos irmãos alguns conselhos práticos, ele concluiu com este comentário: “Isto é apenas uma sugestão.”
Algumas atividades exigiam orientações mais específicas da Sociedade. Com respeito à exibição do “Photo-Drama of Creation” (Fotodrama da Criação), foi deixada a cada congregação decidir se queria e podia alugar um cinema ou outra dependência para uma apresentação local. Entretanto, era preciso transportar o equipamento de uma cidade a outra e seguir um cronograma; de modo que nestas questões a Sociedade fornecia orientação centralizada. Aconselhou-se que toda congregação tivesse uma Comissão para o Fotodrama, com o objetivo de cuidar dos preparativos locais. Mas um superintendente enviado pela Sociedade dava cuidadosa atenção aos pormenores, para assegurar que tudo corresse suavemente.
À medida que passava o ano de 1914 e depois o de 1915, os cristãos ungidos pelo espírito aguardavam ansiosamente a realização de sua esperança celestial. Ao mesmo tempo, foram incentivados a se manterem ocupados no serviço do Senhor. Embora achassem que o tempo que lhes restava na carne fosse muito curto, tornou-se evidente que, para efetuarem a pregação das boas novas de modo ordeiro, havia necessidade de mais orientação do que quando o número deles era de apenas umas centenas. Logo depois de J. F. Rutherford se tornar o segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia, essa orientação assumiu novos aspectos. O número de 1.º de março de 1917 de The Watch Tower anunciava que doravante todos os territórios a serem trabalhados pelos colportores e pelos trabalhadores pastoraise nas congregações seriam designados pelo escritório da Sociedade. Onde havia tanto trabalhadores locais como colportores que participavam em tal serviço de campo numa cidade ou num condado, o território era dividido entre eles por uma comissão distrital nomeada localmente. Tal providência contribuiu para uma distribuição realmente notável de The Finished Mystery (O Mistério Consumado) em apenas alguns meses em 1917-18. Foi também de grande valor para se efetuar uma distribuição veloz de 10.000.000 de exemplares de uma poderosa exposição da cristandade num tratado que falava sobre “A Queda de Babilônia”.
Pouco depois disto, os membros da junta administrativa da Sociedade foram presos, e em 21 de junho de 1918, foram sentenciados a 20 anos de prisão. A pregação das boas novas ficou a bem dizer paralisada. Chegara finalmente o tempo de se unirem ao Senhor em glória celestial?
Alguns meses depois, terminou a guerra. No ano seguinte, os diretores da Sociedade foram postos em liberdade. Ainda estavam na carne. Não se deu como esperavam, mas concluíram que Deus ainda tinha um trabalho para eles aqui na Terra.
Acabavam de passar por duras provas de sua fé. Todavia, em 1919, The Watch Tower os fortaleceu com emocionantes estudos bíblicos sobre o tema “Benditos os Destemidos”. Em seguida, publicou-se o artigo “Oportunidades de Serviço”. Mas os irmãos não previam os extensivos desenvolvimentos organizacionais que ocorreriam nas décadas seguintes.
Exemplo correto para o rebanho
O irmão Rutherford compreendia realmente que, para a obra continuar a progredir de modo ordeiro e unificado, por mais curto que fosse o tempo, era vital dar o exemplo correto para o rebanho. Jesus havia descrito seus seguidores como ovelhas, e as ovelhas seguem seu pastor. Naturalmente, o próprio Jesus é o Pastor Excelente, mas ele usa também homens mais maduros, ou anciãos, quais subpastores de seu povo. (1 Ped. 5:1-3) Esses anciãos precisam ser homens que participam eles próprios na obra que Jesus comissionou e que incentivam outros a fazê-la. Eles precisam ter genuíno espírito de evangelização. Na época da distribuição de The Finished Mystery, porém, alguns dos anciãos se esquivaram; alguns haviam sido bastante terminantes em desincentivar outros de participar nisso.
Deu-se um passo altamente significativo em 1919 para corrigir essa situação quando começou a ser publicada a revista The Golden Age (A Idade de Ouro). Esta se tornaria um poderoso instrumento na divulgação do Reino de Deus como a única solução permanente para os problemas da humanidade. Toda congregação que desejasse participar nesta atividade foi convidada a pedir à Sociedade que a registrasse como “organização de serviço”. Daí, um diretor, ou diretor de serviço, como veio a ser conhecido, não sujeito à eleição anual, foi designado pela Sociedade.f Como representante local da Sociedade, ele tinha de organizar a obra, designar territórios e incentivar a participação por parte da congregação no serviço de campo. Assim, além dos anciãos e diáconos eleitos democraticamente, começou a funcionar um outro sistema organizacional que reconhecia a autoridade de nomeação fora da congregação local e ressaltava a pregação das boas novas do Reino de Deus.g
Nos anos que se seguiram, deu-se um tremendo impulso à obra de proclamação do Reino, como que por uma força irresistível. Os eventos em 1914 e após tornaram evidente que se cumpria a grande profecia em que o Senhor Jesus Cristo descreveu a terminação do velho sistema. À luz disso, em 1920 The Watch Tower mostrou que, segundo predito em Mateus 24:14, chegara o tempo para a proclamação das boas novas a respeito do “fim da velha ordem de coisas e o estabelecimento do reino do Messias”.h (Mat. 24:3-14) Depois de assistirem ao congresso dos Estudantes da Bíblia em Cedar Point, Ohio, EUA, em 1922, os congressistas partiram levando consigo a frase que lhes tinia nos ouvidos: “Anunciai, anunciai, anunciai o Rei e seu reino.” O papel dos cristãos verdadeiros ficou ainda mais ressaltado em 1931 quando foi adotado o nome Testemunhas de Jeová.
Era evidente que Jeová incumbira seus servos de um serviço do qual todos podiam participar. Houve reação entusiástica. Muitos fizeram grandes ajustes em sua vida para devotarem tempo integral a essa obra. Mesmo entre os que devotaram tempo parcial, um grande número passava dias inteiros no serviço de campo nos fins de semana. Atendendo ao incentivo contido em A Torre de Vigia (hoje A Sentinela) e no Informante, em 1938 e 1939, muitas Testemunhas naquele tempo empenharam-se conscienciosamente em dedicar 60 horas por mês ao serviço de campo.
Entre aquelas zelosas Testemunhas havia diversos servos humildes e devotados de Jeová que eram anciãos nas congregações. Entretanto, em alguns lugares, na década de 20 e em princípios da década de 30, houve bastante resistência à idéia de todos participarem no serviço de campo. Os anciãos eleitos democraticamente não raro expressavam com veemência seu desacordo com o que A Torre de Vigia dizia sobre a responsabilidade de pregar aos de fora da congregação. A recusa de escutar o que o espírito de Deus, por meio das Escrituras Sagradas, tinha a dizer à congregação sobre este assunto impedia o fluxo do espírito de Deus sobre aqueles grupos. — Rev. 2:5, 7.
Tomaram-se medidas em 1932 para corrigir essa situação. A principal preocupação não era se alguns anciãos preeminentes ficariam ofendidos ou se alguns associados com as congregações se afastariam. Antes, o desejo dos irmãos era agradar a Jeová e fazer a Sua vontade. Para esse fim, os números de 15 de agosto e de 1.º de setembro de The Watchtower naquele ano deram atenção especial ao assunto “Organização de Jeová”.
Aqueles artigos mostraram incisivamente que todos os que faziam realmente parte da organização de Jeová deviam estar efetuando o trabalho que Sua Palavra disse que tem de ser feito neste tempo. Os artigos defendiam o ponto de vista de que ser ancião cristão não era um cargo ao qual alguém podia ser eleito, mas uma condição alcançável pelo crescimento espiritual. Deu-se atenção especial à oração de Jesus para que seus seguidores “todos sejam um” — em união com Deus e Cristo, e assim em união uns com os outros em fazer a vontade de Deus. (João 17:21) E com que resultado? O segundo artigo respondia que “cada um dos do restante precisa ser uma testemunha para o nome e o reino de Jeová Deus”. A supervisão não devia ser confiada a quem deixasse de fazer ou recusasse fazer aquilo que razoavelmente podia em dar testemunho público.
Na conclusão do estudo destes artigos, as congregações foram convidadas a passar uma resolução que indicasse seu acordo. Assim, foi eliminada nas congregações a eleição anual de homens quais anciãos e diáconos. Em Belfast, na Irlanda do Norte, como em outros lugares, alguns dos antigos “anciãos eletivos” se afastaram; outras pessoas que tinham o mesmo ponto de vista se afastaram também. Isto abaixou o número dos associados, mas a inteira organização se fortaleceu. Os que permaneceram eram pessoas dispostas a assumir a responsabilidade cristã de dar testemunho. Em vez de votarem para eleger anciãos, as congregações — ainda usando métodos democráticos — escolhiam uma comissão de serviço,i constituída de homens espiritualmente maduros que participavam ativamente em dar testemunho público. Os membros das congregações votavam também para eleger um presidente das sessões para suas reuniões, bem como um secretário e um tesoureiro. Todos esses eram homens que eram testemunhas ativas de Jeová.
Estando a supervisão da congregação agora confiada a homens interessados não em posição pessoal, mas em executar o serviço de Deus — de dar testemunho de seu nome e Reino — e que davam bom exemplo pela sua própria participação nisso, a obra progrediu com mais suavidade. Embora não o soubessem naquela época, havia muito a ser feito, um testemunho mais extenso do que já havia sido dado, um ajuntamento que não esperavam. (Isa. 55:5) Jeová evidentemente os estava preparando para isso.
Uns poucos que tinham esperança de vida eterna na Terra começaram a se associar com eles.j Todavia, a Bíblia predizia o ajuntamento de uma grande multidão que seria preservada durante a vindoura grande tribulação. (Rev. 7:9-14) Em 1935, tornou-se clara a identidade dessa grande multidão. Mudanças na maneira de escolher superintendentes na década de 30 equiparam melhor a organização para cuidar do serviço de ajuntar, ensinar e treinar esses.
Para a maioria das Testemunhas de Jeová, esta ampliação da obra era um emocionante progresso. Seu ministério de campo assumiu novo significado. Entretanto, alguns não tinham zelo pela pregação. Refrearam-se e tentaram justificar sua inatividade argumentando que não haveria ajuntamento de uma grande multidão senão após o Armagedom. Mas a maioria percebeu a oportunidade adicional de demonstrar sua lealdade a Jeová e seu amor ao próximo.
Como se enquadravam na estrutura da organização esses da grande multidão? Mostrou-se-lhes o papel a desempenhar que a Palavra de Deus confiou ao “pequeno rebanho” dos ungidos pelo espírito, e eles trabalharam de bom grado em harmonia com tal providência. (Luc. 12:32-44) Aprenderam também que, como os ungidos pelo espírito, eles tinham a responsabilidade de partilhar as boas novas com outros. (Rev. 22:17) Visto que desejavam ser súditos terrestres do Reino de Deus, esse Reino devia estar em primeiro lugar em sua vida, e deviam ser zelosos em falar a outros sobre isso. Para se enquadrarem na descrição feita pela Bíblia daqueles que seriam preservados através da grande tribulação para o novo mundo de Deus, tinham de ser pessoas que “gritavam com voz alta, dizendo: ‘Devemos a salvação ao nosso Deus, que está sentado no trono, e ao Cordeiro.’” (Rev. 7:10, 14) Em 1937, ao passo que aumentava o número deles e seu zelo pelo Senhor se tornava manifesto, foram também convidados a ajudar a levar a carga de responsabilidade na supervisão congregacional.
Contudo, lembrou-se-lhes que a organização é de Jeová, não de algum homem. Não devia existir divisão entre o restante dos ungidos pelo espírito e os da grande multidão de outras ovelhas. Deviam trabalhar juntos como irmãos e irmãs no serviço de Jeová. Segundo Jesus havia dito: “Tenho outras ovelhas, que não são deste aprisco; a estas também tenho de trazer, e elas escutarão a minha voz e se tornarão um só rebanho, um só pastor.” (João 10:16) A realidade disto tornava-se evidente.
Surpreendentes desenvolvimentos haviam ocorrido na organização num período relativamente curto. Mas, havia mais coisas que precisavam ser feitas para que os assuntos das congregações fossem dirigidos em plena harmonia com os modos que Jeová indicara na sua inspirada Palavra?
A organização teocrática
“Teocracia” significa “governo de Deus”. Era essa espécie de governo que prevalecia nas congregações? Não só adoravam a Jeová, mas também buscavam a direção dele em assuntos congregacionais? Estavam plenamente em conformidade com o que ele dizia sobre esses assuntos na sua inspirada Palavra? O artigo “Organização”, publicado em duas partes em A Torre de Vigia de junho-julho de 1938, dizia especificamente: “A organização de Jeová não é de modo algum democrática. Jeová é supremo e seu governo ou organização é estritamente teocrático.” Contudo, nas congregações locais das Testemunhas naquela época, empregavam-se ainda métodos democráticos na escolha da maioria dos que estavam encarregados da supervisão das reuniões e do serviço de campo. Convinha fazer mudanças adicionais.
Mas não indicava Atos 14:23 que os anciãos nas congregações deviam ser nomeados ao cargo por ‘levantamento de mãos’, tal como se faz ao se votar? O primeiro desses artigos da Torre de Vigia, intitulados “Organização”, reconhecia que esse texto no passado havia sido entendido erroneamente. Não era com o ‘levantamento de mãos’ da parte de todos os membros da congregação que se faziam as nomeações entre os cristãos do primeiro século. Em vez disso, mostrou-se que os apóstolos e os autorizados por eles eram os que ‘levantavam a mão’. Isto não se dava pela participação em votos na congregação, mas pela imposição das mãos nas pessoas qualificadas. Era um símbolo de confirmação, aprovação ou nomeação.k As congregações dos primitivos cristãos faziam, às vezes, recomendações de homens qualificados, mas a escolha, ou aprovação, final era feita pelos apóstolos que haviam sido diretamente comissionados por Cristo, ou pelos autorizados pelos apóstolos. (Atos 6:1-6) A Torre de Vigia chamava atenção para o fato de que apenas em cartas a superintendentes responsáveis (Timóteo e Tito) é que o apóstolo Paulo, sob a direção do espírito santo, dava instruções para nomear superintendentes. (1 Tim. 3:1-13; 5:22; Tito 1:5) Nenhuma das cartas inspiradas dirigidas às congregações continha essas instruções.
Como, então, deviam ser feitas atualmente as novas designações para serviço na congregação? A análise feita pela Torre de Vigia sobre a organização teocrática mostrava, com base nas Escrituras, que Jeová designou Jesus Cristo “cabeça da . . . congregação”; que, quando Cristo retornasse como o Amo, confiaria a seu “escravo fiel e discreto” a responsabilidade “sobre todos os seus bens”; que este escravo fiel e discreto era constituído de todos os na Terra que foram ungidos com espírito santo para serem co-herdeiros com Cristo e que unidamente serviam sob a sua direção; e que Cristo usaria essa classe do escravo como instrumento para fornecer a necessária supervisão das congregações. (Col. 1:18; Mat. 24:45-47; 28:18) Seria dever da classe do escravo cumprir com oração as instruções claramente expressas na inspirada Palavra de Deus, usando-a para determinar quem se qualificava para os cargos de serviço.
Visto que a agência visível que Cristo usaria é o escravo fiel e discreto (e os fatos da história da atualidade já considerados mostram que este “escravo” emprega a Sociedade Torre de Vigia como instrumento legal), A Torre de Vigia explicou que o método teocrático requereria que as designações de serviço fossem feitas por meio dessa agência. Assim como as congregações do primeiro século reconheciam o corpo governante em Jerusalém, também hoje as congregações não prosperariam em sentido espiritual sem uma supervisão central. — Atos 15:2-30; 16:4, 5.
Para considerar as coisas nas suas devidas relações, porém, mostrou-se que, quando A Torre de Vigia mencionava “A Sociedade”, isto significava não um mero instrumento legal, mas o grupo dos cristãos ungidos que havia formado essa entidade jurídica e a usava. Assim, a expressão representava o escravo fiel e discreto com seu Corpo Governante.
Mesmo antes de serem publicados em 1938 na Torre de Vigia os artigos intitulados “Organização”, as congregações em Londres, Nova Iorque, Chicago e Los Angeles, que haviam aumentado ao ponto em que era aconselhável dividi-las em grupos menores, solicitaram que a Sociedade designasse todos os seus servos. A edição de junho-julho de 1938 de A Torre de Vigia convidou então todas as outras congregações a tomar ação similar. Para esse fim, sugeriu-se a seguinte resolução:
“Nós, a companhia do povo de Deus tirado para seu nome, e agora em . . . . . . . . . . . . . . . . , reconhecemos que o governo de Deus é pura teocracia e que Cristo Jesus está no templo e em pleno cargo e domínio tanto da organização visível de Jeová como da invisível; e que ‘A SOCIEDADE é o representante visível do Senhor na Terra, e, portanto, pedimos à ‘Sociedade’ que organize esta companhia para serviço e que nomeie os diversos servos da mesma, de sorte que todos trabalhemos juntos em paz, justiça, harmonia e unidade completa. Juntamos aqui uma lista de nomes de pessoas desta companhia que nos parecem as mais aptas para preencher as respectivas posições designadas para o serviço.”l
A bem dizer todas as congregações das Testemunhas de Jeová concordaram prontamente. As poucas que não fizeram isso logo cessaram totalmente de participar na proclamação do Reino e assim deixaram de ser Testemunhas de Jeová.
Os benefícios da direção teocrática
É óbvio que, se os ensinamentos, as normas de conduta e os métodos organizacionais ou de dar testemunho fossem decididos localmente, a organização logo perderia sua identidade e unidade. Os irmãos poderiam facilmente ser divididos por diferenças sociais, culturais e nacionais. A direção teocrática, por outro lado, asseguraria que os benefícios decorrentes do progresso espiritual chegassem a todas as congregações no mundo inteiro sem impedimento. Chegaria assim a existir a genuína união que Jesus orou que prevalecesse entre seus verdadeiros seguidores, e a obra de evangelização que ele ordenou seria realizada plenamente. — João 17:20-22.
Contudo, alguns diziam que, com a instituição dessa mudança organizacional, J. F. Rutherford estava simplesmente procurando obter maior controle sobre as Testemunhas e que usava esse meio para consolidar sua própria autoridade. Era esse realmente o caso? Não resta dúvida de que o irmão Rutherford era um homem de fortes convicções. Ele falava francamente e com vigor, e sem abrir mão, em defesa daquilo que ele cria ser a verdade. Ele chegava a ser bastante brusco ao lidar com situações quando percebia que as pessoas estavam mais interessadas em si do que no serviço do Senhor. Mas o irmão Rutherford era genuinamente humilde diante de Deus. Conforme escreveu mais tarde Karl Klein, que se tornou membro do Corpo Governante em 1974: “As orações do irmão Rutherford, na adoração matutina . . . o tornaram muito querido para mim. Embora tivesse uma voz tão forte, quando ele se dirigia a Deus, parecia um garotinho conversando com seu querido pai. Que excelente relacionamento revelava ter ele com Jeová!” O irmão Rutherford estava plenamente convencido da identidade da organização visível de Jeová, e ele procurou assegurar que nenhum homem ou grupo de homens impedisse os irmãos de receber a nível local o pleno benefício do alimento espiritual e a direção que Jeová fornecia para Seus servos.
Embora o irmão Rutherford servisse 25 anos como presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) e devotasse toda a sua energia a promover a obra da organização, ele não era o líder das Testemunhas de Jeová, e não o queria ser. Num congresso em St. Louis, Missouri, EUA, em 1941, pouco antes de sua morte, ele falou sobre o assunto da liderança e disse: “Quero que quaisquer estranhos aqui saibam o que pensais a respeito de um homem ser vosso líder, para que não esqueçam. Toda vez que surge algo e começa a progredir, diz-se que há um líder com muitos seguidores. Se qualquer pessoa nesta assistência pensa que eu, este homem que está aqui de pé, sou o líder das testemunhas de Jeová, diga Sim.” A resposta foi um impressionante silêncio que foi quebrado por um enfático “Não” de diversos na assistência. O orador continuou: “Se os que estão aqui acreditam que eu sou apenas um dos servos do Senhor, e que estamos trabalhando ombro a ombro em união, servindo a Deus e servindo a Cristo, digam Sim.” A assistência clamou em uníssono um decisivo “Sim!” No mês seguinte, uma assistência na Inglaterra respondeu exatamente do mesmo modo.
Em alguns lugares, os benefícios da organização teocrática foram sentidos rapidamente. Em outros, levou mais tempo; os que não revelaram ser servos maduros e humildes foram com o tempo removidos e outros foram designados.
Contudo, ao passo que os métodos teocráticos se estabeleciam mais plenamente, as Testemunhas de Jeová se regozijavam com o cumprimento do que fora predito em Isaías 60:17. Usando termos figurativos para descrever as condições melhoradas que existiriam entre os servos de Deus, Jeová diz ali: “Em lugar de cobre trarei ouro, e em lugar de ferro trarei prata, e em lugar de madeira, cobre, e em lugar de pedras, ferro; e eu vou designar a paz como teus superintendentes e a justiça como teus feitores.” Isto não é uma descrição do que os humanos fariam, mas, antes, o que o próprio Deus faria e os benefícios que seus servos receberiam ao se sujeitarem a isso. Tem de prevalecer a paz entre eles. O amor à justiça deve ser a força motivadora para prestarem serviço.
Do Brasil, Maud Yuille, esposa do superintendente da filial, escreveu para o irmão Rutherford: “O artigo ‘Organização’, nos números de 1.º e 15 de junho [de 1938] da Watchtower, impelem-me a, em poucas palavras, expressar a vós, cujo serviço fiel Jeová está usando, minha gratidão a Jeová pela maravilhosa provisão que ele fez para a Sua organização visível, conforme esboçada nestas duas edições da Watchtower. . . . Que alívio é ver o fim da autonomia, inclusive ‘dos direitos das mulheres’ e de outros métodos não-bíblicos que sujeitavam algumas pessoas a opiniões locais e critérios particulares, em vez de a [Jeová Deus e a Jesus Cristo], trazendo assim vitupério sobre o nome de Jeová. É verdade que só ‘no passado recente a Sociedade chamou a todos na organização de “servos”’, contudo observo que, por muitos anos antes desse tempo, tendes reconhecido em vossa correspondência com os irmãos ser ‘vosso irmão e servo, pela Sua graça’.”
Com respeito a este ajuste organizacional, a filial nas Ilhas Britânicas relatou: “O bom efeito disto foi bastante surpreendente. A descrição poética e profética disto em Isaías, capítulo sessenta, é cheia de beleza, mas não é exagerada. Todos os que estão na verdade falaram sobre isso. Era o principal assunto de conversação. Um sentimento geral de revigoramento prevalecia — uma prontidão para dar vigoroso prosseguimento a uma batalha dirigida. Ao aumentar a tensão mundial, prevalecia grande alegria resultante da direção teocrática.”
Superintendentes viajantes fortalecem as congregações
Os vínculos organizacionais foram fortalecidos ainda mais em resultado do serviço dos superintendentes viajantes. No primeiro século, o apóstolo Paulo se empenhou notavelmente nessa atividade. Às vezes, homens como Barnabé, Timóteo e Tito também participavam nisso. (Atos 15:36; Fil. 2:19, 20; Tito 1:4, 5) Eram todos evangelizadores zelosos. Além disso, encorajavam as congregações com seus discursos. Quando surgiam questões que pudessem afetar a união das congregações, eram submetidas à apreciação do corpo governante central. Depois, “enquanto viajavam através das cidades”, aqueles incumbidos dessa responsabilidade “entregavam aos que estavam ali, para a sua observância, os decretos decididos pelos apóstolos e anciãos, que estavam em Jerusalém”. O resultado? “As congregações continuavam deveras a ser firmadas na fé e a aumentar em número, dia a dia.” — Atos 15:1-16:5; 2 Cor. 11:28.
Já na década de 1870, o irmão Russell visitava grupos de Estudantes da Bíblia — grupos de dois e de três, bem como grupos maiores — com o fim de edificá-los espiritualmente. Alguns outros irmãos também participaram nisso na década de 1880. Depois, em 1894, a Sociedade providenciou despachar mais regularmente oradores bem qualificados para ajudarem os Estudantes da Bíblia a progredir em conhecimento e apreço da verdade e para estreitar mais os vínculos de união.
Quando possível, o orador passava um dia ou talvez vários dias com um grupo, proferia um ou dois discursos e depois visitava grupos menores e algumas pessoas para palestrar sobre alguns pontos mais profundos da Palavra de Deus. Fez-se empenho no sentido de que todos os grupos nos Estados Unidos e no Canadá fossem visitados duas vezes por ano, embora não geralmente pelo mesmo irmão. Na seleção desses oradores viajantes, ressaltava-se a mansidão, a humildade e o entendimento claro da verdade, bem como o leal apego a ela e a habilidade de ensiná-la com clareza. Não era de forma alguma um ministério remunerado. Eles recebiam apenas alimento e abrigo fornecidos pelos irmãos locais, e, conforme a necessidade, a Sociedade os ajudava com as despesas de viagem. Tornaram-se conhecidos por peregrinos.
Muitos desses representantes viajantes da Sociedade eram bem estimados por aqueles a quem serviam. A. H. Macmillan, canadense, é lembrado como um irmão para quem a Palavra de Deus era “como um fogo aceso”. (Jer. 20:9) Ele simplesmente tinha de falar a respeito, e fazia isso para assistências não só no Canadá, mas também em muitas partes dos Estados Unidos e em outras terras. William Hersee, outro peregrino, é lembrado com carinho por causa da atenção especial que dava aos jovens. Suas orações causavam também uma impressão duradoura, porque refletiam profunda espiritualidade que tocava o coração tanto de jovens como de idosos.
As viagens nos primórdios da obra não eram fáceis para os peregrinos. Por exemplo, para servir o grupo perto de Klamath Falls, em Oregon, Edward Brenisen viajou primeiro de trem, depois a noite inteira de carruagem, e finalmente de carroça sem mola, que sacudia o corpo dos pés à cabeça, por regiões montanhosas até o sítio onde se reuniriam. De manhã cedo, no dia seguinte, um irmão providenciou um cavalo para que viajasse uns 100 quilômetros até a mais próxima estação ferroviária para poder ir à sua designação seguinte. Era uma vida árdua, mas os esforços dos peregrinos produziram bons resultados. Os do povo de Jeová foram fortalecidos, unificados no seu entendimento da Palavra de Deus, e foram estreitados os vínculos de união, embora estivessem bastante espalhados geograficamente.
Em 1926, o irmão Rutherford começou a implantar métodos que mudaram o trabalho dos peregrinos, de meros oradores viajantes para supervisores viajantes e promovedores do serviço de campo nas congregações. Para ressaltar suas novas responsabilidades, eles foram chamados, em 1928, de diretores de serviço regionais. Trabalhavam junto com os irmãos locais, dando-lhes instrução pessoal no serviço de campo. Naquele tempo, conseguiam visitar todas as congregações nos Estados Unidos e em algumas outras terras cerca de uma vez por ano, mantendo também contato com pessoas individualmente e com pequenos grupos que ainda não haviam sido organizados para o serviço.
Nos anos seguintes, o serviço dos superintendentes viajantes sofreu várias modificações.a Foi grandemente intensificado em 1938 quando todos os servos nas congregações foram designados teocraticamente. As visitas às congregações, a intervalos regulares, nos anos que se seguiram forneceram oportunidade de treinamento pessoal a todos os servos designados e ajuda adicional no serviço de campo para todos. Em 1942, antes de serem de novo enviados às congregações, os superintendentes viajantes fizeram um curso intensivo; como resultado, o serviço deles passou a ser efetuado com maior uniformidade. Suas visitas eram bastante breves (de um a três dias, dependendo do tamanho da congregação). Durante esse período, verificavam os registros das congregações, reuniam-se com todos os servos para lhes dar quaisquer conselhos necessários, proferiam um ou mais discursos para a congregação e tomavam a liderança no serviço de campo. Em 1946, as visitas foram prolongadas para uma semana em cada congregação.
Essa provisão de visitas às congregações foi complementada em 1938 pelo serviço do servo regional com um novo papel a desempenhar. Ele percorria uma área maior, passando periodicamente uma semana com cada um dos irmãos que viajavam numa zona (circuito) para visitar as congregações. Durante a sua visita, ele servia no programa de uma assembléia à qual todas as congregações naquela zona assistiam.b Tal provisão era um grande estímulo para os irmãos e fornecia oportunidade regular para o batismo de novos discípulos.
“Alguém que ame o serviço”
Um dos que participaram nesse serviço a partir de 1936 foi John Booth, que se tornou em 1974 membro do Corpo Governante. Quando entrevistado como supervisor viajante em potencial, foi-lhe dito: “Necessitamos não de oradores eloqüentes, mas apenas alguém que ame o serviço e tome a dianteira nele e fale sobre serviço nas reuniões.” O irmão Booth tinha tal amor pelo serviço de Jeová, segundo evidenciado pelo seu zeloso serviço de pioneiro desde 1928, e ele inspirava zelo nos outros pelo serviço de evangelização tanto pelo seu exemplo como com palavras encorajadoras.
A primeira congregação que ele visitou, em março de 1936, foi a de Easton, em Pensilvânia. Mais tarde, ele escreveu: “Costumava chegar a tempo para o serviço de campo de manhã, realizava uma reunião com os servos à tardinha e depois uma com toda a companhia. Eu passava geralmente apenas dois dias com uma companhia e apenas um dia com um grupo menor, visitando às vezes seis de tais grupos por semana. Estava sempre viajando.”
Dois anos mais tarde, em 1938, qual servo regional, ele foi designado para cuidar de uma assembléia de zona (hoje conhecida por assembléia de circuito) a cada semana. Isto ajudou a fortalecer os irmãos num tempo em que a perseguição em algumas regiões se tornava intensa. Relembrando aquele tempo e suas variadas responsabilidades, o irmão Booth disse: “Na mesmíssima semana [em que eu era testemunha num caso judicial que envolveu cerca de 60 Testemunhas em Indianápolis, Indiana], fui réu noutro caso em Joliet, Illinois, advogado de defesa para um irmão em outro caso ainda, em Madison, Indiana, e, além disso, tinha a responsabilidade de uma assembléia regional todo fim de semana.”
Dois anos depois de serem reiniciadas essas assembléias de zona em 1946 (agora assembléias de circuito), Carey Barber estava entre os designados para servir como servos de distrito. Ele já havia sido membro da família de Betel em Brooklyn, Nova Iorque, por 25 anos. Seu primeiro distrito abrangia a inteira parte ocidental dos Estados Unidos. No início, as viagens entre assembléias eram de cerca de 1.600 quilômetros por semana. Ao passo que o número e o tamanho das congregações se multiplicavam, essas distâncias se tornaram menores, e numerosas assembléias de circuito eram realizadas não raro dentro de uma única região metropolitana. Depois de 29 anos de experiência como superintendente viajante, o irmão Barber foi convidado a retornar à sede mundial, em 1977, como membro do Corpo Governante.
Durante os períodos de guerra e de intensa perseguição, os superintendentes viajantes punham em perigo muitas vezes sua liberdade e a própria vida para cuidar do bem-estar espiritual de seus irmãos. Durante a ocupação nazista da Bélgica, André Wozniak continuou a visitar as congregações e ajudou a fornecer-lhes publicações. A Gestapo estava freqüentemente no encalço dele, mas nunca conseguiu pegá-lo.
Na Rodésia (hoje conhecida por Zimbábue), em fins da década de 70, as pessoas viviam com medo, e as viagens estavam sujeitas a restrições durante um período de guerra interna. Mas os superintendentes viajantes das Testemunhas de Jeová, quais pastores e superintendentes amorosos, revelaram ser “como abrigo contra o vento” para seus irmãos. (Isa. 32:2) Alguns caminhavam por muitos dias pela mata, subindo e descendo montes, atravessando rios perigosos, dormindo à noite ao relento — tudo para chegarem a isoladas congregações e publicadores, a fim de os encorajarem a permanecer firmes na fé. Entre esses estava Isaiah Makore, que escapou por um triz quando balas zuniam sobre sua cabeça durante um combate entre soldados do governo e “lutadores pela liberdade”.
Outros superintendentes viajantes têm servido por muitos anos a organização em caráter internacional. Os presidentes da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) têm viajado freqüentemente para outras terras, com o fim de cuidarem das necessidades organizacionais e proferir discursos em congressos. Essas visitas têm ajudado muito as Testemunhas de Jeová em toda a parte a estar profundamente apercebidas de sua fraternidade internacional. O irmão Knorr, em especial, empreendia essa atividade regularmente, visitando todas as filiais e lares missionários. Com o crescimento da organização, o mundo foi dividido em dez zonas internacionais, e, a partir de 1.º de janeiro de 1956, irmãos qualificados, sob a direção do presidente, começaram a ajudar neste serviço para se dar assistência regular. Essas visitas zonais, agora realizadas sob a direção da Comissão de Serviço, do Corpo Governante, continuam a contribuir para a união global e o avanço da inteira organização.
Ainda outros desenvolvimentos importantes contribuíram para a atual estrutura da organização.
Ajustes teocráticos adicionais
Durante a Segunda Guerra Mundial, Joseph F. Rutherford faleceu, em 8 de janeiro de 1942, e Nathan H. Knorr se tornou o terceiro presidente da Sociedade Torre de Vigia dos EUA. A organização estava sob grande pressão por causa das proscrições impostas à sua atividade em muitos países, da violência de motins, sob o pretexto de patriotismo, e das detenções de Testemunhas enquanto distribuíam publicações bíblicas em seu ministério público. Resultaria essa mudança de administração na diminuição da obra em tal período crítico? Os irmãos que cuidavam de assuntos administrativos recorreram a Jeová em busca de ajuda para obter orientação e bênção. Em harmonia com o seu desejo de orientação divina, reexaminaram a própria estrutura da organização para ver em que pontos se poderia harmonizá-la mais de perto com os modos de Jeová.
Depois, em 1944, realizou-se uma assembléia de serviço, em Pittsburgh, Pensilvânia, relacionada com a reunião anual da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA). Em 30 de setembro, antes daquela reunião anual, foi dada uma série de discursos altamente significativos sobre o que as Escrituras dizem a respeito da organização dos servos de Jeová.c A atenção se enfocou no Corpo Governante. Naquela ocasião, frisou-se que os princípios teocráticos têm de ser aplicados a todos os instrumentos usados pela classe do escravo fiel e discreto. Explicou-se que a Sociedade legal não tinha quais membros todos os “consagrados” de Deus. Simplesmente os representava, servindo como instrumento legal em favor deles. Entretanto, já que a Sociedade era a agência publicadora usada para fornecer às Testemunhas de Jeová publicações que continham esclarecimento espiritual, o Corpo Governante estava, pois, lógica e necessariamente associado de perto com os administradores e diretores dessa Sociedade legal. Será que estavam sendo aplicados plenamente os princípios teocráticos a seus assuntos?
Os estatutos da Sociedade estabeleceram uma provisão de direito a votos em que todo associado que contribuísse um total de US$10 tinha direito a voto na escolha dos membros da junta de diretores e administradores da Sociedade. Parecia, talvez, que tais contribuições davam evidência de genuíno interesse na obra da organização. Entretanto, essa provisão criava problemas. O irmão Knorr, presidente da Sociedade, explicou: “Pelas provisões dos estatutos da Sociedade, parecia que fazer parte do corpo governante dependia de contribuições à Sociedade legal. Mas, segundo a vontade de Deus, não podia ser assim entre seu verdadeiro povo escolhido.”
É verdade que Charles Taze Russell, o principal entre os do corpo governante nos primeiros 32 anos da Sociedade, era o maior contribuinte da Sociedade em sentido financeiro, físico e mental. Mas não foi uma contribuição monetária que determinou a maneira como o Senhor o usou. Foi a sua total dedicação, seu incansável zelo, sua posição intransigente a favor do Reino de Deus e sua inquebrantável lealdade e fidelidade que fizeram com que ele fosse apto aos olhos de Deus para o serviço. Com respeito à organização teocrática, aplica-se a regra: “Deus pôs agora os membros no corpo, cada um deles assim como lhe agradou.” (1 Cor. 12:18) “Todavia”, explicou o irmão Knorr, “considerando que os estatutos da Sociedade determinavam que os direitos de voto fossem dados aos contribuintes de fundos para a obra da Sociedade, isso tendia a ofuscar ou violar este princípio teocrático com respeito ao corpo governante; e também tendia a comprometê-lo ou a criar-lhe obstáculos”.
Por conseguinte, na reunião administrativa com todos os membros da Sociedade que tinham direito a voto, em 2 de outubro de 1944, foi unanimemente decidido que os estatutos da Sociedade fossem revisados e harmonizados mais de perto com os princípios teocráticos. A participação como membro não mais seria ilimitada em número, mas se restringiria a entre 300 e 500, devendo todos ser homens escolhidos pela junta de diretores, não com base nas contribuições monetárias, mas por serem Testemunhas de Jeová maduras, ativas e fiéis que estivessem servindo por tempo integral na obra da organização ou que fossem ministros ativos nas congregações das Testemunhas de Jeová. Esses membros votariam para a escolha da junta de diretores, e a junta de diretores por sua vez selecionaria seus componentes. Esse novo sistema entrou em vigor no ano seguinte, em 1.º outubro de 1945. Que proteção tem isto revelado ser numa era em que elementos hostis têm manipulado com freqüência assuntos administrativos para assumir o controle das entidades jurídicas e depois reestruturá-las segundo seus próprios objetivos!
As bênçãos de Jeová sobre esses passos progressivos, em harmonia com os princípios teocráticos, têm sido manifestas. Apesar da extrema pressão sobre a organização durante a Segunda Guerra Mundial, o número de proclamadores do Reino continuou a crescer. Sem cessar, continuaram vigorosamente a dar testemunho a respeito do Reino de Deus. De 1939 a 1946, houve um surpreendente aumento de 157 por cento no número de Testemunhas de Jeová, e elas alcançaram mais seis países com as boas novas. Nos 25 anos que se seguiram, o número de Testemunhas ativas aumentou quase outros 800 por cento, e relataram atividade regular em outras 86 terras.
Treinamento especializado para superintendentes
Alguns observadores de fora achavam inevitável que, quando a organização se tornasse maior, suas normas fossem atenuadas. Mas, pelo contrário, a Bíblia predizia que a justiça e a paz prevaleceriam entre os servos de Jeová. (Isa. 60:17) Isso exigiria uma cuidadosa e contínua educação na Palavra de Deus administrada a superintendentes responsáveis, um claro entendimento das Suas normas judicativas e a aplicação coerente dessas normas. Tal educação foi fornecida. Tem-se proporcionado progressivamente em A Sentinela um estudo cabal sobre os justos requisitos de Deus, e essa matéria tem sido estudada sistematicamente por todas as congregações das Testemunhas de Jeová em todo o mundo. Além disso, os superintendentes do rebanho têm recebido muita instrução adicional.
Os principais superintendentes das filiais da Sociedade têm sido convocados para treinamento especial por ocasião de congressos internacionais. Entre 1961 e 1965, foram-lhes proporcionados, em Nova Iorque, cursos especialmente destinados a eles, de oito a dez meses de duração. De 1977 a 1980, houve outra série de cursos especiais para eles, de cinco semanas de duração. O treinamento incluía um estudo versículo por versículo de todos os livros da Bíblia, bem como uma consideração de pormenores organizacionais e métodos para a promoção da pregação das boas novas. Não existem divisões nacionalistas entre as Testemunhas de Jeová. Onde quer que vivam, elas se apegam aos mesmos elevados princípios bíblicos e crêem e ensinam as mesmas coisas.
Os superintendentes de circuito e de distrito também têm recebido atenção especial. Muitos deles cursaram a Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia ou uma Extensão da Escola de Gileade. Periodicamente, são também convidados às filiais da Sociedade, ou reúnem-se em outros locais convenientes para seminários por alguns dias ou por uma semana.
Em 1959, outra notável provisão entrou em operação. Trata-se da Escola do Ministério do Reino para superintendentes de circuito e de distrito, bem como para superintendentes de congregação. Começou como um curso de um mês inteiro de estudos. Depois do primeiro ano de cursos nos Estados Unidos, a matéria do curso foi traduzida em outras línguas e foi usada progressivamente ao redor do globo. Visto que não era possível todos os superintendentes programarem ausentar-se de seu serviço secular por um mês inteiro, usou-se, a partir de 1966, uma versão do curso de duas semanas de duração.
Esse curso não era um seminário em que homens estivessem sendo treinados em preparação para ordenação. Os que cursaram já eram ministros ordenados. Muitos deles já eram superintendentes e pastores do rebanho por décadas. O curso dava oportunidade para considerarem em pormenores as instruções da Palavra de Deus sobre seu trabalho. Ressaltou-se muito a importância do ministério de campo e como realizá-lo eficazmente. Por causa da mudança das normas morais no mundo, dispendeu-se também considerável tempo para examinar as normas bíblicas sobre moral. Esse curso tem sido seguido, em tempos recentes, a cada dois ou três anos, de seminários, bem como de reuniões úteis dirigidas por superintendentes viajantes com anciãos locais diversas vezes por ano. Dão ensejo a se dar atenção especial às necessidades do momento. Servem de salvaguarda contra o abandono das normas bíblicas, e contribuem para se cuidar de modo uniforme de situações em todas as congregações.
As Testemunhas de Jeová levam a sério a admoestação contida em 1 Coríntios 1:10: “Exorto-vos agora, irmãos, por intermédio do nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos faleis de acordo, e que não haja entre vós divisões, mas que estejais aptamente unidos na mesma mente e na mesma maneira de pensar.” Não se trata de conformismo forçado; é produto da educação nos caminhos de Deus, segundo indica a Bíblia. As Testemunhas de Jeová se deleitam nos caminhos e propósitos de Deus. Se quaisquer pessoas deixarem de ter satisfação em viver segundo as normas bíblicas, estão livres para abandonar a organização. Mas, se alguém começar a pregar outras crenças ou desconsiderar a moralidade bíblica, os superintendentes tomarão ação para resguardar o rebanho. A organização aplica o conselho bíblico: “[Ficai] de olho nos que causam divisões e motivos para tropeço contra o ensino que aprendestes, e [evitai-os].” — Rom. 16:17; 1 Cor. 5:9-13.
A Bíblia predisse que Deus faria com que existisse exatamente tal clima entre seus servos, em que a justiça prevaleceria e produziria frutos pacíficos. (Isa. 32:1, 2, 17, 18) Essas condições atraem fortemente as pessoas que amam o que é correto.
Quantos desses que amam a justiça serão ajuntados antes do fim do velho sistema? As Testemunhas de Jeová não sabem. Mas Jeová sabe o que sua obra requererá, e, no Seu devido tempo e modo, cuidará de que sua organização esteja equipada para fazer face a isso.
Preparativos para um aumento explosivo
Quando, sob a supervisão do Corpo Governante, se faziam pesquisas para a preparação da obra de referência Ajuda ao Entendimento da Bíblia, voltou-se de novo a atenção para o modo como a congregação cristã do primeiro século estava organizada. Fez-se um estudo cuidadoso sobre termos bíblicos, tais como “ancião”, “superintendente” e “ministro”. Será que havia margem para a organização das Testemunhas de Jeová dos dias atuais harmonizar-se mais plenamente com o padrão que foi preservado nas Escrituras qual guia?
Os servos de Jeová estavam decididos a continuar a se submeter à orientação divina. Numa série de congressos realizados em 1971, dirigiu-se atenção para os métodos administrativos da primitiva congregação cristã. Salientou-se que a expressão pre·sbý·te·ros (homem mais velho, ancião), empregada na Bíblia, não se limitava a pessoas idosas, tampouco se aplicava a todos nas congregações que fossem espiritualmente maduros. Era empregada especialmente num sentido oficial referente aos superintendentes das congregações. (Atos 11:30; 1 Tim. 5:17; 1 Ped. 5:1-3) Esses receberam suas posições por nomeação, em harmonia com os requisitos que se tornaram parte das Escrituras inspiradas. (Atos 14:23; 1 Tim. 3:1-7; Tito 1:5-9) Onde existiam suficientes homens qualificados, havia mais de um ancião na congregação. (Atos 20:17; Fil. 1:1) Esses constituíam “o corpo de anciãos”, todos os quais tinham a mesma condição oficial, e nenhum deles era o membro mais preeminente ou mais poderoso na congregação. (1 Tim. 4:14) Para ajudar os anciãos, explicou-se que existiam também “servos ministeriais”, segundo os requisitos indicados pelo apóstolo Paulo. — 1 Tim. 3:8-10, 12, 13.
Foram prontamente tomadas medidas para harmonizar mais de perto a organização com este padrão bíblico. Começou-se com o próprio Corpo Governante. Aumentou-se o número de seus membros para mais do que os sete que, quais membros da diretoria da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pensilvânia, EUA, vinham servindo na qualidade de corpo governante para as Testemunhas de Jeová. Não se fixou determinado número de membros do Corpo Governante. Em 1971, havia 11; por alguns anos chegou a haver até 18; em 1992, havia 12. Todos eles são homens ungidos de Deus quais co-herdeiros de Jesus Cristo. Os 12 membros em exercício do Corpo Governante, em 1992, tinham ao todo mais de 728 anos de serviço de tempo integral quais ministros de Jeová Deus.
Foi decidido, em 6 de setembro de 1971, que haveria rodízio anual do presidente das sessões do Corpo Governante, em ordem alfabética do sobrenome de seus membros. Isto entrou realmente em vigor em 1.º de outubro. Os membros do Corpo Governante fizeram também rodízio semanal em presidir à adoração matinal e ao Estudo da Sentinela com os membros do pessoal da sede.d Isto entrou em vigor em 13 de setembro de 1971 quando Frederick W. Franz dirigiu o programa de adoração matinal na sede da Sociedade, em Brooklyn, Nova Iorque.
No decorrer do ano seguinte, foram feitos preparativos para ajustes na supervisão das congregações. Não mais haveria apenas um servo de congregação assistido por um número específico de outros servos. Homens biblicamente qualificados seriam designados para servirem quais anciãos. Outros que cumpriam os requisitos bíblicos seriam designados como servos ministeriais. Isto abriu o caminho para um número maior participar nas posições de responsabilidade e assim obter valiosa experiência. Nenhuma Testemunha de Jeová naquele tempo imaginava que o número de congregações aumentaria 156 por cento nos 21 anos seguintes, atingindo um total de 69.558 em 1992. Mas o Cabeça da congregação, o Senhor Jesus Cristo, estava claramente fazendo preparativos para o que viria.
Em princípios da década de 70, refletiu-se com minúcia sobre reorganizar adicionalmente o Corpo Governante. Desde que foi estatuída a Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), em 1884, a produção de publicações, a supervisão da obra global de evangelização e a programação de escolas e congressos tinham ficado a cargo do escritório do presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA). Mas, depois de cuidadosa análise e consideração de pormenores por vários meses, adotaram-se unanimemente novas medidas em 4 de dezembro de 1975. Foram formadas seis comissões do Corpo Governante.
A Comissão do Presidente (constituída do atual presidente do Corpo Governante, do presidente anterior e do próximo a servir como presidente das sessões) recebe relatórios sobre grandes emergências, calamidades e campanhas de perseguição, e cuida de que tais assuntos sejam prontamente tratados com o Corpo Governante. A Comissão de Redação supervisiona o trabalho de assentar por escrito, gravar ou colocar em forma de vídeo o alimento espiritual para as Testemunhas de Jeová e para distribuição ao público, e supervisiona o trabalho de tradução em centenas de línguas. A responsabilidade da Comissão de Ensino é supervisionar as escolas e assembléias, também congressos de distrito e internacionais, para o povo de Jeová, bem como cuidar da instrução para a família de Betel e esquematizar a matéria a ser usada para esses fins. A Comissão de Serviço supervisiona todas as áreas da obra de evangelização, inclusive a atividade das congregações e dos superintendentes viajantes. A impressão, publicação e expedição das publicações, bem como a operação das gráficas, e cuidar de assuntos legais e administrativos são todos supervisionados pela Comissão Editora. E a Comissão do Pessoal supervisiona as provisões de ajuda pessoal e espiritual aos membros das famílias de Betel, e está incumbida de convidar novos membros para servirem nas famílias de Betel em todo o mundo.
Outras comissões úteis são designadas para supervisionarem as gráficas, os lares de Betel e as fazendas associadas com a sede mundial. Nessas comissões o Corpo Governante faz uso liberal das habilidades de membros da “grande multidão”. — Rev. 7:9, 15.
Foram também feitos ajustes na supervisão das filiais da Sociedade. Desde 1.º de fevereiro de 1976, cada filial tem sido supervisionada por uma comissão de três ou mais membros, dependendo das necessidades e do tamanho da filial. Estes trabalham sob a direção do Corpo Governante em cuidar da obra do Reino na sua região.
Em 1992, providenciou-se ajuda adicional para o Corpo Governante quando diversos ajudantes, principalmente de entre os da grande multidão, foram designados para participarem das reuniões e do trabalho das comissões de Redação, de Ensino, de Serviço, Editora e do Pessoal.e
Esta distribuição de responsabilidades revelou ser muito útil. Junto com ajustes já efetuados nas congregações, ajudou a tirar do caminho qualquer obstáculo que pudesse impedir pessoas de reconhecer que Cristo é o Cabeça da congregação. Tem-se mostrado vantajosíssimo que diversos irmãos se consultem sobre assuntos pertinentes à obra do Reino. Além disso, esta reorganização tornou possível fornecer em muitas áreas a devida supervisão urgentemente necessária num período de aumento organizacional em proporções realmente explosivas. Por meio do profeta Isaías, há muito Jeová predisse: “O próprio pequeno tornar-se-á mil e o menor, uma nação forte. Eu mesmo, Jeová, apressarei isso ao seu próprio tempo.” (Isa. 60:22) Não só ele tem acelerado o aumento, mas tem fornecido a necessária orientação para que a sua organização visível possa cuidar disso.
O interesse imediato das Testemunhas de Jeová está na obra que Deus lhes confiou para fazer durante estes dias finais do velho mundo, e estão bem organizadas para realizá-la. As Testemunhas de Jeová vêem evidência inconfundível de que não se trata de uma organização de homem, mas de Deus, e o próprio filho de Deus, Jesus Cristo, é quem a dirige. Na qualidade de Rei empossado, Jesus resguardará seus fiéis súditos através da vindoura grande tribulação e assegurará que estejam eficazmente organizados para o cumprimento da vontade de Deus durante o vindouro milênio.
[Nota(s) de rodapé]
a Em 1894, o irmão Russell providenciou que a Sociedade Torre de Vigia de Tratados de Sião (dos EUA) despachasse irmãos qualificados quais oradores. Estes receberam certificados assinados para uso ao se apresentarem aos grupos locais. Esses certificados não lhes outorgavam autoridade para pregar, tampouco significavam que aquilo que o portador dissesse deveria ser aceito sem a devida investigação à luz da Palavra de Deus. Todavia, em razão de algumas pessoas interpretarem erroneamente o objetivo disso, dentro de um ano o irmão Russell pediu o recolhimento desses certificados. Procurou cautelosamente evitar qualquer coisa que aos observadores pudesse sequer dar a aparência de uma classe clerical.
b Zion’s Watch Tower, de outubro-novembro de 1881, pp. 8-9.
c Às vezes, os grupos locais eram chamados “igrejas”, em harmonia com a linguagem empregada na King James Version. Eram também chamadas de eclésias, de acordo com o termo empregado no texto bíblico grego. A expressão “classes” era também usada, pois eram na realidade um corpo discente que se reunia regularmente para estudar. Mais tarde, quando foram chamados de companhias, isto mostrava que estavam cientes de estarem numa guerra espiritual. (Veja o Salmo 68:11, Imprensa Bíblica Brasileira.) Depois da publicação da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs, em 1950, o termo bíblico “congregação”, em linguagem moderna, passou a ser de uso comum na maioria dos países.
d O sentido literal da palavra empregada no texto bíblico grego (khei·ro·to·né·o) é “estender, esticar ou levantar a mão”, e, por extensão, pode significar também “eleger ou escolher para um cargo pelo levantamento de mãos”. — A Greek and English Lexicon to the New Testament, de John Parkhurst, 1845, p. 673.
e Para pormenores, veja o capítulo 25, “Pregação pública e de casa em casa”.
f Por meio do diretor de serviço, o serviço de campo dos associados com a congregação, ou classe, tinha de ser relatado semanalmente à Sociedade a partir de 1919.
g Segundo esboçado na folha Organization Method, toda congregação devia eleger um auxiliar para o diretor e alguém para cuidar dos suprimentos. Estes, junto com o diretor designado pela Sociedade, constituíam a comissão de serviço na localidade.
h The Watch Tower de 1.º de julho de 1920, pp. 195-200.
i A comissão de serviço naquela época incluía não mais do que dez membros. Um destes era o diretor de serviço, não eleito localmente, mas nomeado pela Sociedade. Os outros colaboravam com ele para organizar e executar o trabalho de pregação.
j Por diversos anos, a partir de 1932, esses eram chamados de jonadabes.
k Quando o verbo grego khei·ro·to·né·o é definido como significando apenas ‘eleger pelo levantamento de mãos’, isto deixa de levar em consideração o significado posterior da palavra. Assim, A Greek-English Lexicon, de Liddell e Scott, editado por Jones e McKenzie e reimpresso em 1968, define essa palavra como significando “estender a mão, com o fim de dar um voto numa assembléia . . . II c. acc. pers. [com o acusativo de pessoa], eleger, prop[riamente] pelo levantamento de mãos . . . b. mais tarde, geralmente, nomear, . . . nomear para um cargo na Igreja, [pres·sby·té·rous] At. Ap. [Atos dos Apóstolos] 14.23.” Esse emprego posterior era comum nos dias dos apóstolos; o termo foi empregado nesse sentido pelo historiador judeu Josefo do primeiro século em Jewish Antiquities (Antiguidades Judaicas), Livro 6, capítulo 4, parágrafo 2, e capítulo 13, parágrafo 9. A estrutura gramatical em si só, de Atos 14:23, no grego original, mostra que foram Paulo e Barnabé que fizeram o que se descreveu ali.
l Mais tarde naquele mesmo ano, 1938, foi publicado o folheto de quatro páginas Organization Instructions, que dava pormenores adicionais. Explicava que a congregação local devia designar uma comissão para que agisse em favor dela. Essa comissão devia considerar os irmãos à luz das qualificações indicadas nas Escrituras, e fazer recomendações à Sociedade. Quando representantes viajantes da Sociedade visitavam as congregações, repassavam as qualificações dos irmãos locais e sua fidelidade em executar suas designações. As recomendações deles também eram levadas em consideração pela Sociedade ao fazer designações.
a De 1894 a 1927, os oradores viajantes enviados pela Sociedade eram conhecidos primeiro como representantes da Sociedade Torre de Tratados, depois como peregrinos. De 1928 a 1936, com a incrementada ênfase dada ao serviço de campo, foram chamados de diretores de serviço regionais. A partir de julho de 1936, para ressaltar sua correta relação com os irmãos locais, tornaram-se conhecidos por servos regionais. De 1938 a 1941, os servos de zona foram designados para trabalhar com um número limitado de congregações de modo rotatório, retornando assim aos mesmos grupos a intervalos regulares. Depois de uma interrupção de cerca de um ano, este serviço foi reiniciado em 1942, sendo esses viajantes chamados de servos aos irmãos. Em 1948, foi adotado o termo servo de circuito; hoje, superintendente de circuito.
De 1938 a 1941, os servos regionais, desempenhando um novo papel, serviam regularmente assembléias locais, onde Testemunhas de uma área (região) limitada se reuniam para um programa especial. Quando esse trabalho foi reiniciado em 1946, esses superintendentes viajantes eram conhecidos por servos de distrito; hoje, superintendentes de distrito.
b Essa provisão passou a vigorar a partir de 1.º de outubro de 1938. Eram cada vez mais as dificuldades para a realização de assembléias nos anos de guerra, por isso, em fins de 1941, foram descontinuadas as assembléias de zona. Mas foram reiniciadas em 1946, e as reuniões com várias congregações para instrução especial passaram a ser chamadas de assembléias de circuito.
c A essência desses discursos acha-se nas edições de outubro e novembro de A Sentinela de 1945.
d Mais tarde, foram selecionados outros membros da família de Betel para participarem dessas incumbências.
[Destaque na página 204]
Não havia entre eles uma classe clerical.
[Destaque na página 205]
Não houve tentativa de estabelecer uma “organização terrestre”.
[Destaque na página 206]
Como eram escolhidos os anciãos?
[Destaque na página 212]
Um diretor designado pela Sociedade
[Destaque na página 213]
Alguns anciãos não queriam pregar fora da congregação.
[Destaque na página 214]
Houve um declínio no número dos associados, mas um fortalecimento da organização.
[Destaque na página 218]
Como deviam ser feitas as designações?
[Destaque na página 220]
Estava Rutherford simplesmente procurando obter maior controle?
[Destaque na página 222]
Mantido o contato com grupos de dois e três, bem como com grupos maiores.
[Destaque na página 223]
Novas responsabilidades para superintendentes viajantes
[Destaque na página 234]
Corpo Governante ampliado, com rodízio na presidência das sessões
[Destaque na página 235]
Supervisão necessária numa era de aumentos explosivos
[Foto na página 210]
Para uma supervisão mais de perto, foram estabelecidas filiais. A primeira foi em Londres, Inglaterra, neste prédio.
[Foto na página 221]
J. F. Rutherford em 1941. As Testemunhas sabiam que ele não era seu líder.
[Foto na página 226]
John Booth, superintendente viajante nos EUA de 1936 a 1941
[Foto na página 227]
Carey Barber, cujo distrito incluía uma vasta parte dos Estados Unidos.
[Foto na página 228]
O irmão Knorr visitava regularmente todas as filiais e lares missionários.
[Foto na página 230]
Principais superintendentes das filiais da Sociedade têm sido convocados para treinamento especial (Nova Iorque, 1958).
[Fotos na página 231]
A Escola do Ministério do Reino tem fornecido instrução valiosa a superintendentes ao redor do globo.
Uma Escola do Ministério do Reino num campo de refugiados na Tailândia, em 1978; nas Filipinas, em 1966 (no alto, à esquerda).
[Foto na página 232]
Instruções sobre a organização têm sido progressivamente publicadas (primeiro em inglês, depois em outros idiomas) para se coordenar a atividade das Testemunhas e informar a todos a respeito das provisões feitas para ajudá-los no seu ministério.
[Fotos/Quadro nas páginas 208, 209]
Prédios usados pela Sociedade um século atrás na região de Pittsburgh
A Casa da Bíblia, mostrada aqui, serviu de sede por 19 anos, de 1890 a 1909.f
O gabinete do irmão Russell ficava aqui.
Membros da família da Casa da Bíblia que serviam aqui em 1902.
O prédio incluía este departamento de composição e paginação (acima, à direita), um departamento de expedição (embaixo, à direita), um depósito de publicações, moradia para a equipe e uma capela (salão de reuniões) com capacidade para umas 300 pessoas.
[Nota(s) de rodapé]
f Em 1879, a sede se achava na Quinta Avenida, 101, Pittsburgh, Pensilvânia. Os escritórios foram transferidos para a Rua Federal, 44, Allegheny (zona norte de Pittsburgh), em 1884; e mais tarde, naquele mesmo ano, para a Rua Federal, 40. (Em 1887, o nome mudou para Rua Robinson, 151.) Quando houve necessidade de mais espaço, em 1889, o irmão Russell construiu a Casa da Bíblia, que aparece à esquerda, à Rua Arch, 56-60, Allegheny. (Mais tarde o número mudou e ficou sendo Rua Arch, 610-614.) Por um breve período, em 1918-19, de novo tinham o escritório principal em Pittsburgh, no terceiro pavimento da Rua Federal, 119.
[Fotos/Quadro nas páginas 216, 217]
Prédios usados em Brooklyn nos primórdios da obra
Lar de Betel
Columbia Heights, 122-124
Refeitório no Lar de Betel
Tabernáculo
Escritórios, depósito de publicações, departamento de selagem, equipamento de composição gráfica e auditório, com 800 assentos, estavam todos localizados aqui, à Rua Hicks, 17 (usado de 1909 a 1918).
Auditório
Primeiras gráficas
Membros da família de Betel que trabalharam na gráfica da Avenida Myrtle, em 1920 (à direita).
Avenida Myrtle, 35 (1920-22)
Rua Concord, 18 (1922-27)
Rua Adams, 117 (1927- )
[Fotos/Quadro na página 224, 225]
Superintendentes viajantes
Alguns dos milhares que serviram assim
Canadá, 1905-33
Inglaterra, 1920-32
Finlândia, 1921-26, 1947-70
Estados Unidos, 1907-15
Acomodações itinerantes na Namíbia
Viajando de uma congregação para outra —
Groenlândia
Venezuela
Lesoto
México
Peru
Serra Leoa
Participação com Testemunhas locais no serviço de campo no Japão
Reunião com anciãos locais na Alemanha
Dando conselhos práticos a pioneiros no Havaí.
Dando instrução a uma congregação na França.
[Quadro na página 207]
Por que a mudança?
Quando se lhe perguntou sobre sua mudança de conceito a respeito da escolha de anciãos nos vários grupos do povo do Senhor, C. T. Russell respondeu:
“Primeiro de tudo, asseguro-vos de imediato que nunca pretendi infalibilidade. . . . Não negamos que aumentamos nosso conhecimento, e que vemos agora sob um prisma ligeiramente diferente a vontade do Senhor com respeito a Anciãos ou líderes nos vários grupos pequenos de seu povo. Nosso erro de conceito foi que esperamos demais dos estimados irmãos que, tendo conhecido a Verdade cedo, se tornaram os líderes naturais dessas pequenas companhias. O conceito ideal que nutríamos com otimismo era que o conhecimento da Verdade teria o efeito de produzir neles grande humildade, fazendo com que reconhecessem sua própria insignificância, e que tudo o que sabiam e podiam apresentar aos outros era na qualidade de porta-vozes de Deus, por serem usados por ele. Nossas esperanças ideais eram que esses fossem, no pleno sentido da palavra, exemplos para o rebanho; e que, se a providência do Senhor trouxesse para dentro da pequena companhia um ou mais igualmente ou mais competentes para apresentarem a Verdade, o espírito de amor os levaria a honrosamente estimar uns aos outros, e assim ajudar e instar uns aos outros a participar no serviço da Igreja, o corpo de Cristo.
“Com esse pensamento, concluímos que as maiores medidas de graça e verdade aguardadas agora e apreciadas pelo povo consagrado do Senhor tornariam desnecessário seguir o proceder indicado pelos apóstolos na primitiva Igreja. Nosso erro consistiu em deixar de nos aperceber que as provisões indicadas pelos apóstolos, sob a supervisão divina, são superiores a tudo o que os outros possam formular, e que a Igreja como um todo precisa ter os regulamentos instituídos pelos apóstolos até que, pela nossa mudança na ressurreição, sejamos todos completos e perfeitos e estejamos diretamente associados com o Amo.
“Apercebemo-nos gradualmente de nosso erro ao observarmos entre os estimados irmãos até certo ponto um espírito de rivalidade, e da parte de muitos, o desejo de assumir a liderança das reuniões como um posto, não como um serviço, e de excluir e impedir o desenvolvimento, como líderes, de outros irmãos de igual habilidade natural e igual conhecimento da Verdade e com competência para manejar a espada do Espírito.” — “Zion’s Watch Tower” de 15 de março de 1906, p. 90.
[Quadro na página 211]
É obra de quem?
Perto do fim de sua vida terrestre, Charles Taze Russell escreveu: “Demasiadas vezes o povo de Deus se esquece de que o Senhor está Ele mesmo na dianteira de Sua obra. Muitas vezes, a idéia é: nós efetuaremos uma obra e faremos com que em nossa obra Deus colabore conosco. Tenhamos o conceito correto sobre o assunto, e percebamos que Deus propôs uma grande obra e a está efetuando; e que ela será bem-sucedida, completamente, sem depender de nós e de nossos esforços; e que é um grande privilégio concedido ao povo de Deus colaborar com seu Criador no cumprimento de Seus planos, Seus desígnios, Suas providências, a Seu modo. Considerando as coisas deste ponto de vista, nossa oração e nossa vigilância devem visar conhecer e cumprir a vontade do Senhor, estando contentes com qualquer papel que nos seja dado para desempenharmos, pois é o nosso Deus que nos conduz. Este é o plano que a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados tem procurado seguir.” — “The Watch Tower” de 1.º de maio de 1915.
[Quadro na página 215]
Perguntas V. D. M.
As letras V. D. M. representam as palavras latinas “Verbi Dei Minister”, ou Ministro da Palavra Divina.
Em 1916, foi preparada pela Sociedade uma lista de perguntas sobre assuntos bíblicos. Solicitou-se aos que representariam a Sociedade na qualidade de oradores que respondessem por escrito a cada uma dessas perguntas. Isto habilitou a Sociedade a saber os pensamentos, sentimentos e entendimento desses irmãos com respeito às verdades fundamentais da Bíblia. As respostas por escrito eram verificadas cuidadosamente por uma banca examinadora nos escritórios da Sociedade. Os que eram reconhecidos como oradores qualificados tinham de acertar 85 por cento ou mais.
Mais tarde, muitos dos anciãos, diáconos e outros Estudantes da Bíblia solicitaram a lista das perguntas. Com o tempo, foi dito que seria útil as classes selecionarem como representantes apenas os que estivessem qualificados como V. D. M.
Quando a Sociedade conferia a alguém o grau de Ministro da Palavra Divina, não significava que ele fosse ordenado. Simplesmente significava que a banca examinadora do escritório da Sociedade havia analisado seu desenvolvimento doutrinal, e até um ponto razoável a sua reputação, e concluíra ser ele digno de ser chamado ministro da Palavra divina.
As perguntas para V. D. M. eram as seguintes:
(1) Qual foi o primeiro ato criativo de Deus?
(2) Qual é o significado da palavra “Logos” conforme associada com o Filho de Deus? e o que representam as palavras Pai e Filho?
(3) Quando e como entrou o pecado no mundo?
(4) Qual é a penalidade divina pelo pecado para os pecadores? e quem são os pecadores?
(5) Por que precisava o “Logos” tornar-se carne? Era Ele uma “encarnação”?
(6) Qual era a natureza do Homem Cristo Jesus desde bebê até a morte?
(7) Qual é a natureza de Jesus a partir de sua ressurreição; e qual é a Sua relação oficial com Jeová?
(8) Qual é o trabalho de Jesus durante esta Era do Evangelho — desde o Pentecostes até agora?
(9) O que tem feito Jeová Deus até agora para o mundo da humanidade? e o que tem feito Jesus?
(10) Qual é o propósito divino a respeito da Igreja quando esta estiver completa?
(11) Qual é o propósito divino a respeito do mundo da humanidade?
(12) Qual será o resultado para os que por fim forem incorrigíveis?
(13) Que recompensas ou bênçãos advirão ao mundo da humanidade pela obediência ao Reino messiânico?
(14) Dando que passos pode um pecador chegar a uma relação vital com Cristo e com o Pai Celestial?
(15) Depois de um cristão ser gerado pelo Espírito Santo, qual é seu proceder, segundo orienta a Palavra de Deus?
(16) Já te desviaste do pecado para servir o Deus vivente?
(17) Fizeste plena consagração de tua vida e de todas as tuas faculdades e talentos ao Senhor e seu serviço?
(18) Já simbolizaste esta consagração pela imersão em água?
(19) Já fizeste o Voto da A. I. E. B. [Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia] de santidade de vida?
(20) Já leste cuidadosa e cabalmente todos os seis volumes de STUDIES IN THE SCRIPTURES (Estudos das Escrituras)?
(21) Derivaste deles muito esclarecimento e proveito?
(22) Achas que tens considerável e estável conhecimento da Bíblia que te tornará mais eficiente como servo do Senhor pelo resto da vida?
[Quadro na página 229]
Primeiras sociedades legais
Zion’s Watch Tower Tract Society (Sociedade Torre de Vigia de Tratados de Sião). Fundada em 1881 e registrada legalmente no Estado de Pensilvânia (EUA) em 15 de dezembro de 1884. O nome foi mudado em 1896 para Watch Tower Bible and Tract Society (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados). Desde 1955, tem sido conhecida por Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania.
Peoples Pulpit Association (Associação Púlpito do Povo). Fundada em 1909 em vista da transferência dos escritórios principais da Sociedade para Brooklyn, Nova Iorque. Em 1939, o nome foi mudado para Watchtower Bible and Tract Society, Inc. Desde 1956 tem sido conhecida por Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc.
International Bible Students Association. Registrada em Londres, Inglaterra, em 30 de junho de 1914.
Para cumprir as exigências legais, outras sociedades têm sido formadas pelas Testemunhas de Jeová em muitas comunidades e terras. Entretanto, as Testemunhas de Jeová não estão divididas em organizações nacionais ou regionais. São uma unida fraternidade global.
[Quadro na página 234]
“Semelhantes à primitiva comunidade cristã”
A publicação religiosa “Interpretation” dizia, em julho de 1956: “Na sua organização e obra de testemunho, elas [as Testemunhas de Jeová] são mais semelhantes à primitiva comunidade cristã do que qualquer outro grupo. . . . Poucos são os outros grupos que fazem uso tão extensivo da Escritura nas suas mensagens, tanto orais como escritas, quanto elas.”