Deus recompensa os que seriamente o buscam
“Além disso, sem fé é impossível agradar-lhe bem, pois aquele que se aproxima de Deus tem de crer que ele existe e que se torna o recompensador dos que seriamente o buscam.” — Heb. 11:6.
1. O que é essencial para se ter uma vida feliz em família, e como se manifesta isso?
É PAI ou mãe, ou talvez membro duma família, morando em casa com os seus pais? Em qualquer caso, não concorda que uma das necessidades vitais para a vida feliz em família é poder expressar-se livremente, conforme sente a necessidade ou o desejo? Muitas vezes acontece, sob as atuais condições, que tais necessidades e desejos não encontram vazão normal e correta, e são reprimidos. Mas ainda existem e não são facilmente sufocados, encontrando talvez vazão através de canais prejudiciais. Evidenciam-se claramente desde a primeira infância. A criança chora por solidariedade e atenção pelas coisas mais insignificantes. Quando alguma coisa lhe agrada, quer mostrá-la a alguém que reage de modo compreensivo. Quem é que já não viu uma criancinha sofrer um pequeno acidente ao brincar ao ar livre, depois reprimir o seu pesar, correr para achar a mãe, e só então sentir que pode dar vazão aos seus sentimentos?
2. Que qualidade e capacidades suscitam o forte desejo do homem de se comunicar?
2 Sim, o homem tem a capacidade e o forte desejo de se comunicar, de partilhar com outros as coisas que o preocupam e interessam. Ele procura seriamente expressar-se, quer pelo puro prazer disso, quer para obter ajuda quando em necessidade, quer pela alegria de ajudar outro em necessidade. Podemos descobrir a causa deste forte desejo? Podemos. O homem possui mente raciocinadora e indagadora. Pode investigar, inventar e organizar. Tem um senso aguçado do que é direito e do que é errado. Pode escolher, e chegar a decisões. Pode esquadrinhar o entendimento de coisas e desenvolver profundo apreço de coisas e de pessoas. Daí se segue logicamente que ele mesmo deseja ser compreendido e apreciado pelos outros. Possui a capacidade de amar e tem o forte anseio de que este amor seja correspondido, resultando no sentimento da maior satisfação e de encorajamento quando há tal reciprocidade de amor. Não sabe isso de sua própria experiência? Estas maravilhosas capacidades e qualidades existem para ser usadas e exigem naturalmente expressão, motivando o desejo de se comunicar.
3. (a) Que outro fator está envolvido? (b) Como é possível observar que ambos estes fatores, são importantes desde a infância?
3 Este desejo, porém, envolve outro fator importante, a saber, o da relação. Os dois estão intimamente relacionados, cada um dependendo do outro. Não se pode usufruir de comunicação plena e livre sem que se mantenham boas relações. Por outro lado, não se podem estabelecer boas relações sem que se aprenda como comunicar-se. Ambas as coisas precisam ser cuidadosamente desenvolvidas, e como prova disso mencionamos outra vez as crianças. Elas têm o desejo natural de se expressar, e fazem-no espontaneamente, fiando-se na atenção amorosa que se tem com elas, na boa relação. Mas, logo cedo, quando corretamente treinadas, ensina-se-lhes a se darem conta de que nem mesmo a sua mãe vai atender mediatamente cada choro delas. Aprendem que há ocasiões em que precisam ficar quietas. São treinadas para reconhecer que a boa relação pode ser estragada pelo mau comportamento. Ao passo que crescem, aprendem que, em todos os aspectos da vida, os dois fatores da comunicação e das relações desempenham um papel vital, quer na escola, quer para se estabelecerem amizades, especialmente as com os do sexo oposto, ou quando se embrenham no mundo dos negócios ou dos prazeres. Sim, os dois fatores contribuem muito para a felicidade da pessoa e para o seu bom êxito na vida. Nunca precisamos deixar de aprender como melhorar estes dois fatores e assim promover e resguardar nossos melhores interesses na vida.
NÍVEL SUPERIOR
4. É sábio limitar o exercício destes fatores aos contatos humanos?
4 Podemos elevar esta consideração a um nível mais elevado? Muitos se satisfazem de limitar a consideração destes fatores aos contatos humanos, mas é direito ou razoável fazer assim? Não podemos assim perder um senso ainda mais profundo de satisfação com benefícios mais duradouros e seguros? Por certo, a possessão de tais qualidades e capacidades excelentes como as já mencionadas são evidência em si mesmas de que o homem não é o resultado de alguma força cega e impessoal, mas é o produto de uma suprema Mente Superior, de um Projetador e Criador inteligente, que possui estas mesmas qualidades em grau superlativo. Além disso, o homem não é robô, governado pelo instinto, mas está livre para usar ou abusar destes dons ao seu bel-prazer. Hoje em dia há muita conversa, tanto da parte de pessoas como de nações, de cada um levar a sua própria vida e resolver o seu próprio destino. De fato, preferem desconsiderar a existência do Criador que tem um propósito específico para com esta terra e o homem sobre ela. Mas, é direito e razoável considerar as coisas deste modo e seguir tal proceder?
5. Que perguntas suscita a posse de qualidades excelentes?
5 Achamos que já fornecemos base suficiente para mostrar a sabedoria de não se seguir o caminho do mundo, nem se deixar influenciar pelo seu espírito. Concordando-se com isso e admitindo-se a existência do Criador, não é razoável, como próximo passo, indagar se Ele não deu ao homem uma revelação de si mesmo e do seu propósito? A posse da mente raciocinadora e indagadora, junto com a capacidade de exercer fé, amor e devoção — tais dons excelentes certamente argumentam que o seu Dador concederia ao homem a forma mais elevada para expressar estas qualidades e recompensaria os que seriamente o buscassem. Uma vez que observamos quão importantes são estas coisas nos contatos humanos, vejamos se os mesmos aspectos envolvidos se aplicam também quando elevamos a consideração a um nível superior, com conclusões mais recompensadoras.
6. De que maneira somente podem ser realmente satisfeitos nossas necessidades e nossos desejos, e como se tornou isso possível?
6 Sendo que a comunicação e as relações desempenham um papel vital entre nós humanos, certamente são ainda mais vitais entre o Criador e nós mesmos. Se até mesmo as crianças estão cônscias de suas necessidades neste respeito, não é apenas natural que sintamos a necessidade e o desejo de gozar de boas relações e comunicações com o nosso Criador, como sua descendência, sua progênie? A satisfação de tais desejos, naturalmente, depende toda do Criador. Só ele pode torná-la possível, e quanta alegria dá poder dizer que ele deveras tem feito isso! Sim, ele deveras se revelou e abriu o caminho para entrarmos em contato com ele por meio da oração. Como? Principalmente por meio de sua Palavra escrita, a Bíblia, e, conforme a própria Bíblia explica, também por meio duma Palavra viva, seu Filho amado, Jesus Cristo, que recebeu o título “A Palavra de Deus”. — Rev. 19:13; João 1:1.
7. Que encorajamento se dá aos que buscam a Deus?
7 Na Palavra escrita encontramos bom apoio para o argumento precedente. O apóstolo Paulo, quando falou aos homens de Atenas, os quais eram “dados ao temor das deidades” e cuja “cidade estava cheia de ídolos”, aproveitou a oportunidade para explicar o Criador. Ele disse que este era “o Deus que fez o mundo e todas as coisas nele”. Confirmou que era do prazer do Criador os homens “buscarem a Deus, se tateassem por ele e realmente o achassem, embora, de fato, não esteja longe de cada um de nós. Pois, por meio dele temos vida, e nos movemos, e existimos, assim como disseram certos dos poetas entre vós: ‘Pois nós também somos progênie dele.’” — Atos 17:16, 22-28.
8. De que espécie de informação precisamos para nos dirigirmos a Deus de maneira aceitável?
8 Com este encorajamento, passamos a indagar se a Bíblia fornece informação específica para a nossa orientação, a respeito da comunicação e da relação, para que realmente possamos achar a Deus e aprender como orar a ele de modo aceitável. Embora, como filhos, sejamos muitas vezes mais cônscios da necessidade de manter abertas as linhas de comunicação, contudo, a questão da relação é realmente muito mais importante. Por isso a consideraremos primeiro. Diz-nos a Bíblia quais os necessários passos iniciais para acharmos favor perante Deus e o agradarmos?
TRÊS REQUISITOS PRIMÁRIOS
9. (a) Como salienta a Palavra de Deus o primeiro requisito? (b) Por que é razoável que se creia na existência da pessoa dum Criador, o que por sua vez suscita que perguntas?
9 O primeiro requisito é o da fé. Paulo torna isto claro quando diz aos hebreus que “sem fé é impossível agradar-lhe bem, pois aquele que se aproxima de Deus tem de crer que ele existe e que se torna o recompensador dos que seriamente o buscam”. (Heb. 11:6) Não devia ser difícil, para a mente honesta e indagadora, crer na existência de Deus, embora ele, entre outras das suas qualidades, seja invisível ao homem. Isto se dá porque, conforme Paulo argumenta em outra parte, “aquilo que se pode saber sobre Deus é manifesto . . . Pois as suas qualidades invisíveis são claramente vistas desde a criação do mundo em diante, porque são percebidas por meio das coisas feitas, mesmo seu sempiterno poder e Divindade, de modo que eles [os homens que querem desconsiderar a Deus e suprimir a verdade] são inescusáveis”. Em vista de nosso crescente conhecimento sobre a energia ilimitada que permeia o espaço, operando sob leis que indicam uma fonte e um controle centrais, podemos prontamente concordar com isso. No entanto, que garantia temos de que Deus é “recompensador dos que seriamente o buscam”, e como nos ajuda isso na questão da relação? — Rom. 1:18-20.
10. Que base teve Abraão para a sua fé, indicando que requisito adicional?
10 Neste ponto nos ajuda novamente o registro bíblico. Logo no início em Gênesis, capítulo 15, ela nos fala sobre um homem que seriamente buscou a Deus, que exerceu fé nele e que recebeu a promessa duma grande recompensa (Gên. 15:1, 6) Seu nome era Abrão, mais tarde mudado para Abraão. Como veio a ter fé em Jeová como o verdadeiro Deus? Isto é importante, visto que indica um segundo requisito. Abraão conhecia o registro escrito, transmitido através de seus antepassados Noé e Sem, o qual depois formou a primeira parte do Pentateuco, agora constituindo os capítulos iniciais de Gênesis. Esta informação fidedigna forneceu a Abraão conhecimento exato, o que proveu a base essencial para a verdadeira fé. Para o nosso próprio benefício, bem como para nos ajudar a nos colocar no lugar de Abraão e avaliar melhor o seu exemplo excelente, vamos examinar algumas daquelas coisas que foram primeiro registradas.
11. De que maneira nos fornece o registro da criação do homem informação proveitosa?
11 Em apoio de nosso argumento anterior, declara-se explicitamente que o homem foi criado à imagem de Deus e foi dotado de qualidades e capacidades que o habilitavam a sujeitar a terra e a manter todas as coisas em sujeição. Estava em contato íntimo com o Seu Criador e tinha a Sua bênção, gozando de boas relações com ele. Ele não somente conhecia o “poder e Divindade” de seu Criador, mas possuía evidência abundante de Suas muitas provisões amorosas, cuja dádiva culminante era uma companheira e ajudadora ideal, completando-lhe a felicidade e abrindo-lhe outras vias de agradável contato e relação. — Gên. 1:26-31; 2:18-23.
12. O que resultou da desobediência do homem, e como se salienta assim o terceiro requisito?
12 No entanto, primeiro a mulher e depois o homem, não sendo robôs, usaram sua liberdade de escolha num proceder de desobediência deliberada à ordem expressa de Jeová. Queriam levar a sua própria vida e resolver o seu próprio destino. Com que resultado? Entre outras coisas, sua relação e seu contato com o Criador deles, e também entre si mesmos, ficaram seriamente prejudicados. Eles “foram esconder-se da face de Jeová”, e, quando interrogados, o homem tentou lançar a culpa sobre Deus e a mulher, dizendo: “A mulher que me deste para estar comigo, ela me deu do fruto da árvore e por isso o comi.” (Gên. 3:8, 12) Aqui podemos aprender uma lição muito importante, como, sem dúvida, se deu com Abraão. Adão e Eva sabiam que estavam endividados para com Jeová pela vida e por toda coisa boa que usufruíam. Enquanto reconheciam isso e permaneciam sujeitos ao seu Criador no espírito de devoção e dedicação, gozavam das bênçãos da boa relação e do contato íntimo com ele. Mas, assim que perderam aquele espírito e tomaram as rédeas nas suas próprias mãos, perderam imediatamente essas bênçãos. Isto era assim naquele tempo e é assim agora. Por isso podemos avaliar o terceiro requisito vital que precisa acompanhar a fé e o conhecimento exato, a saber, o da devoção de toda a alma a Jeová.
13. De que modo se verifica que os requisitos precedentes estão intimamente relacionados?
13 Estes três requisitos estão intimamente relacionados entre si. A fé não é somente a aceitação mental ou a crença em algo invisível, não é algo chamado de fé cega. Antes, é a convicção certa de coisas, embora não vistas, que contudo possuem o marco da verdade e da realidade. Isto envolve a necessidade de conhecimento exato como base para tal fé. Paulo definiu a fé como “a demonstração evidente de realidades, embora não observadas”. A maior realidade invisível é Jeová. Suas “qualidades invisíveis são claramente vistas” e demonstradas por meio das coisas feitas. Sua Palavra, a Bíblia, tem o marco de verdade, assim como Jesus disse: “A tua palavra é a verdade.” Tal fé, ou convicção certa, é algo vigoroso e vivo, e forçosamente produz frutos em harmonia com a sua base do conhecimento exato e do entendimento obtidos por meio da Palavra de Deus. Aquele que tem tal fé está convencido de que Deus é ”recompensador dos que seriamente o buscam”. Este é o significado da dedicação: o desejo e a determinação de buscar continuamente a Jeová, de deleitar-se em fazer a Sua vontade conforme registrada na Sua Palavra. Esta foi a atitude do próprio Jesus, conforme se registrou profeticamente a seu respeito: “Agradei-me em fazer a tua vontade, ó meu Deus, e a tua lei [tua palavra] está nas minhas partes internas.” — Heb. 11:1, 6; Rom. 1:20; João 17:17; Sal. 40:8.
14. De que modo forneceu Jeová, no Éden, uma forte base para fé e esperança?
14 Há algo mais, porém, que Abraão aprendeu do primitivo registro, que lhe aumentou grandemente a fé na promessa duma recompensa e também a devoção amorosa para com Aquele que lhe deu tal promessa. Também a sua fé e sua devoção podem ser aumentados. Jeová, ao proferir o julgamento no Éden, depois que surgiu a desobediência deliberada, ao mesmo tempo proferiu uma profecia notável. Esta continha, em forma enigmática, uma promessa que oferecia esperança segura duma recompensa. Predisse inimizade entre o descendente da serpente e o da mulher, embora não a identificasse. Deus disse então: “Ele [o descendente da mulher] te machucará a cabeça [serpente]”, dando a entender o esmagamento em derrota e morte daquele que usou a serpente, a saber, Satanás, o Diabo. — Gên. 3:15; veja também João 8:44.
15. O caminho para que bênçãos e recompensa abrem a fé e a devoção para com Jeová?
15 Isto se entenderia como grande recompensa para o descendente fiel da mulher. Daria também esperança de libertação da escravidão ao pecado e à morte, que resultaram da rebelião original, dos que exercessem fé e devoção para com Jeová. O primeiro de tais foi Abel, primeiro duma longa lista de homens e mulheres de fé enumerados em Hebreus, capítulo 11. Menciona-se ali Abraão, descrevendo-se a recompensa dele e de outros como sendo um lugar permanente no arranjo de Deus, semelhante a uma cidade, onde usufruiriam as bênçãos das relações e do contato íntimo plenamente restabelecidos com ele, em perfeição. De fato, por causa da sua fé, essas bênçãos foram usufruídas num grau bastante grande por tais homens e mulheres nos seus próprios dias, enquanto ainda eram imperfeitos. Conforme mostraremos mais adiante, Paulo demonstra na mesma carta que bênçãos similares podem ser usufruídas por homens e mulheres de hoje, num grau ainda maior. — Heb. 11:8-10, 16.
16. Que recompensa especial foi dada a Abraão devido à sua fé e devoção?
16 Falando de Abraão, o registro em Gênesis 22:1-18 mostra que Jeová se agradou de dar-lhe uma recompensa muito especial. Depois de passar por uma prova severa de fé e devoção, ao ponto de mostrar-se disposto de até mesmo, se necessário, oferecer seu filho amado Isaque como sacrifício, Jeová revelou que o descendente, prometido no Éden, viria da sua linhagem, e que “todas as nações da terra hão de abençoar a si mesmas por meio de tua descendência, pelo fato de que escutaste a minha voz”. Conforme Jeová dissera anteriormente a Abraão: “Tua recompensa será muito grande.” — Gên. 22:18; 15:1.
BUSCAR SERIAMENTE A JEOVÁ
17. Há evidência de um desejo geral de se poder recorrer a Deus quando se está em grande necessidade?
17 Embora tenhamos examinado os passos preliminares que resultam em boas relações com Jeová, ainda resta a questão de como estabelecer e manter abertas as linhas de comunicação com ele. Isto pode ser um problema bastante grande, embora o desejo se mostre ser quase instintivo dentro de nós. Sabe-se que homens duros, ateus confessos, invocaram a Deus quando em necessidade ou perigo desesperado. Até mesmo Caim, o primeiro assassino, clamou a Jeová: “Minha punição pelo erro é grande demais para suportar”, porque, por um motivo, conforme disse, “ficarei escondido da tua face”. Do mesmo modo Eva, embora condenada, estava ansiosa de envolver a Jeová no nascimento de seus filhos, dizendo: “Adquiri um homem com o auxílio de Jeová”, e outra vez, mais tarde: “Deus designou outro descendente em lugar de Abel.” — Gên. 4:1, 13, 14, 25.
18. Que características assinalam o papel desempenhado pela oração na maioria dos ofícios religiosos?
18 Como evidência adicional de quão amplamente difundido é este desejo profundamente arraigado, não é verdade que na maioria das religiões, se não em todas, a oração ocupa um lugar de destaque de uma ou outra forma nos seus ofícios religiosos? Mas, não é também em geral verdade que, quer afirmem ser cristãs, quer não, salientam-se a rotina e o formalismo, variando-se apenas em ocasiões especiais e em épocas religiosas, tais como o Natal e a Páscoa? Isto inclui também as suas orações, muitas vezes salmodiadas ou recitadas em tom monótono dum livro de orações. Para a grande maioria, especialmente na cristandade, os que desde a infância nunca conheceram outra espécie de serviço religioso, isto pode passar sem questionar. Para os acostumados a isso, dá uma satisfação emocional. Tudo contribui para este fim, inclusive o edifício, a música e as vestimentas, acrescentando-se amiúde certo misticismo, criando, em conjunto, uma áurea de sublimação e de serenidade. Têm o sentimento de terem estado em contato com coisas sagradas, com outro mundo.
19, 20. Dá-se amiúde o mesmo nas orações individuais? E que perguntas pertinentes suscita isso?
19 No que se refere às orações individuais, não são elas muitas vezes assinaladas pelas mesmas características, sendo que os que oram foram ensinados assim desde a infância? Ensina-se à criança uma determinada forma de palavras como oração na hora da refeição ou na hora de ir para a cama. O mesmo método é amiúde adotado pelos adultos, que lêem num livro ou decoram as palavras, talvez ao mesmo tempo contando contas ou praticando outro formalismo, tal como a roda de orações.
20 Tal prática da parte de uma pessoa é muitas vezes feita em toda a sinceridade, mas trata-se realmente de oração, no verdadeiro sentido da palavra? Pode dar à pessoa certa satisfação, mas agrada a Deus? Diz ele que ouvirá e que responderá a qualquer forma de oração, desde que seja sincera? Deixa ele entregue ao nosso critério decidir o que é aceitável neste sentido? Em geral, tem qualquer organização religiosa, não importa quão grande e antiga, o direito de decidir tais questões na sua própria autoridade, estribando-se fortemente na tradição, como se dá muitas vezes?
21. Como são a tradição e o costume muitas vezes considerados pela geração mais jovem, e a que conclusão se pode chegar?
21 Acabamos de dizer que as formas e as expressões de adoração passam muitas vezes incontestadas. Mas, não é uma particularidade acentuada dos nossos dias de não deixar passar nada sem que seja questionado, adotando-se antes uma atitude muito crítica? A geração mais jovem não está inclinada a aceitar qualquer coisa automaticamente. Muitos não estão dispostos a respeitar coisa alguma, exceto as coisas materiais, tais como o progresso nas consecuções humanas, ou algum herói político ou militar. Em resultado, tanto dentro como fora dos círculos religiosos, sem dúvida se pode dizer que a maioria das pessoas se esqueceu de como se ora, com exceção dos que passam por um formalismo e pensam que estão orando por intermédio de contas ou de recitações.
22, 23. (a) A que podemos recorrer com confiança para obter orientação com respeito à oração? (b) Na busca de Deus, que pergunta se suscita?
22 De qualquer modo, cremos que são inúmeros os que, se forem ajudados do modo certo, gostariam de bom grado aprender a orar, com a certeza de que suas orações serão aceitáveis ao grande Criador. Conforme mencionado, isto não pode ser determinado à base de autoridade humana, nem pode ficar entregue aos sentimentos ou às emoções da pessoa. Aprender como orar não é uma questão de aprender palavras. Antes, seguindo a linha de raciocínio já adotada, recorreremos à Palavra de Deus, à Bíblia, com expectativa confiante. Verificamos que ela oferece informações úteis quanto aos passos necessários para alguém se chegar a Deus de modo aceitável. Em especial, verificamos que o livro de Hebreus oferece conselho prático sobre esta questão. Deve lembrar-se de que se registra no capítulo onze dele uma longa lista de homens de fé, que gozavam do favor e da bênção de Deus. Todos eles criam que Deus “se torna recompensador dos que seriamente o buscam”. — Heb. 11:6.
23 No entanto, Paulo mostra na mesma carta, não somente com respeito àqueles homens de fé, mas para com todos nós os que somos dedicados a Deus, que precisamos adicionalmente buscar seriamente mais uma coisa. De fato, isto é indispensável, se nos havemos de mostrar bem sucedidos em obter o favor de Deus. De que se trata?
BUSCAR SERIAMENTE A CIDADE DE DEUS
24. Como menciona e identifica Paulo a cidade que temos de buscar seriamente?
24 Em Hebreus 13:14, Paulo lembra aos a quem escreve que “não temos aqui uma cidade que permaneça, mas buscamos seriamente aquela que vem”. O que é esta cidade que temos de buscar seriamente? Em primeiro lugar, Paulo diz a respeito de Abraão que este “pela fé residia como forasteiro na terra da promessa, como em terra estrangeira, . . . Pois aguardava a cidade que tem verdadeiros alicerces, cujo construtor e criador é Deus”. A respeito de Abraão, seu filho Isaque e seu neto Jacó, Paulo diz igualmente que “estes . . . declararam publicamente que eram estranhos e residentes temporários no país”, isto é, eles abandonaram seu lugar no velho sistema de coisas, na terra dos caldeus, e não tinham posse de terra em Canaã. Em vez disso, Paulo diz, eles “procuram alcançar um lugar melhor, isto é, um pertencente ao céu [queira notar, porém, não um lugar no céu]. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, porque aprontou para eles uma cidade”. Mais tarde, Paulo identifica claramente esta cidade. Depois de mencionar que o Israel carnal se chegara ao monte Sinai, sob a liderança de Moisés, ele diz então, em contraste, aos verdadeiros cristãos que compõem o Israel espiritual: “Mas, vós vos chegastes a um Monte Sião e a uma cidade do Deus vivente, a Jerusalém celestial.” — Heb. 11:9, 10, 13-16; 12:18-22.
25. De que é uma cidade símbolo apropriado, e como se identifica ainda mais a cidade de Deus?
25 Nas Escrituras se usa a cidade como símbolo apropriado duma comunidade de pessoas que vivem como organização muito unida, sob um controle central. João recebeu uma visão desta “cidade santa, a Nova Jerusalém”, e a composição dela é esclarecida no livro de Revelação. João a viu e descreveu como “preparada como noiva adornada para seu marido”, e depois ouviu um anjo identificar os participantes como “a noiva, a esposa do Cordeiro”, referindo-se a Cristo Jesus e à classe de sua noiva, a verdadeira igreja ou congregação cristã. — Rev. 21:2, 9; veja também Revelação 14:1, 4.
26, 27. (a) Como se cumpre hoje o quadro da cidade de Deus? (b) Quem se associa intimamente com os que têm a esperança da cidadania celestial? (c) A resposta a que pergunta aguardamos?
26 Compreende a força de expressão do quadro da cidade de Deus? No quadro, ou tipo, a cidade terrena, literal, de Jerusalém, situada no monte Sião, era a capital amada de toda a terra do antigo Israel carnal. Na realidade, apenas poucos israelitas podiam afirmar ter cidadania na própria Jerusalém. Do mesmo modo, no cumprimento, Cristo Jesus e a verdadeira igreja com ele no céu formam a organização-capital que rege todo o domínio terrestre de Deus, arranjo que produz “novos céus e uma nova terra”. (2 Ped. 3:13) Nestes dias da terminação do velho sistema de coisas, os cristãos verdadeiramente dedicados, com esperança e cidadania celestial, já foram restabelecidos numa união intimamente coligada. (Fil. 3:20) Com estes associa-se intimamente uma “grande multidão” de homens e mulheres dedicados, que têm esperança de viver na terra como súditos do reino de Deus. “Prestam-lhe serviço sagrado [isto é, a Deus], dia e noite, no seu templo”, em associação com o restante dos que constituem a casa espiritual ou templo de Deus. (Rev. 7:15; Efé. 2:19-22) Tais dedicados homens e mulheres de hoje, no mesmo espírito de Abraão, Isaque e Jacó, precisam abandonar o velho sistema de coisas. Têm de fugir especialmente daquela simbólica cidade iníqua, Babilônia, a Grande, o império mundial da religião falsa. Em vez disso, como prova de terem fé viva, precisam buscar seriamente a cidade de Deus, seu arranjo semelhante a uma cidade, conforme se manifesta claramente entre as testemunhas de Jeová.
27 Todavia, talvez pergunte: Como me ajudará nas minhas orações achar eu a cidade de Deus? Aguardamos a consideração desta pergunta no artigo que segue.
De que proveito é, meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas ele não tiver obras? Será que tal fé o pode salvar? Deveras, assim como o corpo sem fôlego está morto, assim também a fé sem obras está morta. — Tiago 2:14, 26.
[Foto na página 108]
Abraão demonstrou a sua fé por estar disposto a sacrificar seu filho. “Agora sei deveras”, disse Jeová, “que temes a Deus”, e ele deu a Abraão uma recompensa toda especial.