Perguntas dos Leitores
● No caso de acidentes entre cristãos dedicados, seria correto alguém abrir processo legal contra um concristão para receber o seguro? — E. G., Estados Unidos.
Se este for o único modo de o prejudicado receber o seguro, não é incorreto; fica ao critério dele decidir se levará a questão a juízo ou não. Não foi a isto que o apóstolo Paulo referiu-se quando escreveu sobre litígios, segundo registrado em 1 Coríntios 6:1-8. Falava de casos de rixas entre os que pretendiam ser irmãos cristãos. Alguém achava que o outro o tinha defraudado. Mas o apóstolo salientou sabiamente que o cristão deve ser capaz de decidir o assunto em particular, ou então diretamente com as pessoas envolvidas ou com a ajuda de outros maduros na congregação.
Todavia, sem tal inimizade entre os membros da congregação e o processo legal sendo simplesmente um arranjo processual necessário para se obter o seguro, a situação é bem diferente. O proceder a seguir torna-se uma questão decidida pessoalmente.
● Mencionam-se quatro rios em Gênesis 2:10-14. Todavia, em mapas bíblicos mostram-se apenas dois, o Hidequel e o Eufrates. O que dizer dos outros, o Pisom e o Giom? — H. N., Estados Unidos?
Antes de responder a esta pergunta talvez seja bom observar que “Hiddequel”, o terceiro rio mencionado (na versão Trinitária) do texto acima citado, é unanimemente reconhecido como sendo o rio Tigre. De fato, este é o nome dele na Versão Septuaginta em Gênesis 2:14 e Daniel 10:4.
Quanto aos primeiros dois, o Pisom e o Giom, houve muita conjetura sobre a sua identificação. Os dicionários bíblicos e as enciclopédias religiosas apresentam várias teorias e alguns vão muito longe para apresentá-las. Mas, afinal de contas, tudo isso é suposição.
O fato de que não se pode identificar com certeza estes dois rios, não deve causar preocupação. Bem pode ser que eles não mais existam. Houve mudanças na configuração da terra desde que se registraram as palavras no livro que Moisés consultou ao compilar esta parte de Gênesis. (Gên. 5:1) É em especial razoável concluir-se que o dilúvio dos dias de Noé efetuou grandes mudanças na configuração da terra, assim como destruiu o jardim do Éden, para que não se precisasse mais de anjos para guardar a sua entrada. — Sal. 104:8-8; Gên. 3:24.
Como Delitzsch observa tão bem no seu Commentary on Genesis (Comentário Sabre Gênesis): “É, portanto, desnecessário, a fim de estabelecer as declarações geográficas do escritor sagrado, que ainda possamos apontar aos quatro rios distintos (entre eles o Tigre e o Eufrates) procedentes de uma única nascente, o que é claramente impossível. Na opinião, do autor, acabou-se a unidade original dos quatro rios tão certo como findou-se o paraíso.”
● Como se explica Ló ser chamado irmão de Abraão em Gênesis 14:14 quando na realidade era seu sobrinho? — A. M., Estados Unidos.
Ló era realmente sobrinho de Abraão, pois Gênesis 11:31 (ALA) diz que Terá tomou “a Abrão, seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho”, quando saiu de Ur dos Caldeus. Todavia, Abraão reconheceu Ló como irmão, não porque era filho de Harã, seu falecido irmão, mas porque havia parentesco entre eles na família espiritual, tal qual existe hoje entre os membros da sociedade do Novo Mundo das testemunhas de Jeová. Portanto, Abraão dirigiu-se a Ló como seu irmão, por exemplo, em Gênesis 13:8: “Não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus, porque somos irmãos.” — VB.
Considerando estes fatos, Gênesis 14:14 (VB) pode chamar Ló de irmão de Abraão. Da mesma forma, os membros das doze tribos dos filhos de Israel dirigiam-se uns aos outros como irmãos, embora, segundo a carne, fossem primos, sendo filhos de doze irmãos. Assim nas Escrituras Gregas Cristãs, vemos que os apóstolos muitas vezes se referiam aos judeus, ainda não cristãos, como “irmãos”. (Vejam-se Atos 2:29; 3:17; 23:1, 5, 6.) Do mesmo modo, às vezes estes judeus chamavam os apóstolos de “irmãos”. (Atos 2:37; 13:15) Todavia, em certas ocasiões, parece que se intencionou aplicar o termo “irmãos” a judeus da mesma idade ou mais jovens, e, por isso, vemos que tanto Estêvão como Paulo usavam a expressão: “Irmãos e pais.” — Atos 7:2; 22:1, ALA.
No hebraico bíblico não há palavra especifica para sobrinho, como se torna aparente do fato de que não se acha o termo “sobrinho” na Versão Normal Revisada da Bíblia. No hebraico chama-se o sobrinho de ben ahh, “filho dum irmão”, ou ben ahhóth, “filho duma irmã”. As quatro referências a sobrinhos na Versão Rei Jaime usam esta palavra obsoleta para “neto”, e assim traduzem palavras hebraicas e gregas que significam realmente descendência ou netos que são assim traduzidas na Tradução do Novo Mundo. (Vejam-se Juízes 12:14; Jó 18:19; Isaías 14:22; 1 Timóteo 5:4.) O termo sobrinho ocorre na Tradução do Novo Mundo, em 1 Crônicas 27:32. Todavia, como anotado na referência marginal da primeira edição dessa tradução, bem como na margem da Versão Rei Jaime, o significado aparente é “sobrinho” ou filho de um tio, embora a palavra hebraica usada geralmente queira dizer “tio”. Mas, A Bíblia Enfatizada de Rotherham a traduz “parente”. Note-se, todavia, que o hebraico moderno tem uma palavra que significa “sobrinho”, a saber, ahh·yán.