A grandeza cristã provém do servir
“Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva.” — Mat. 20:26, Almeida, atualizada.
1. Como se destaca a vida de Jesus em contraste com a de muitos hoje?
PRESTAR serviço é o próprio âmago do verdadeiro cristianismo. Quando o Filho de Deus esteve na terra, ele disse que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mat. 20:28, Almeida, atualizada [ALA]) Sua vida destaca-se em nítido contraste com a atitude ambiciosa de muitos da atualidade, que são muito insensíveis para com as necessidades dos outros. Pela vida de serviço altruísta que levou, Jesus deu a todos os seus genuínos seguidores um modelo perfeito a seguir. A vida destes, igual à dele, deve distinguir-se por serviço prestado e pelo espírito de dar.
2, 3. (a) O que distingue a palavra “servir” usada em Mateus 20:28, em comparação com outras palavras gregas relacionadas com serviço? (b) O que estamos agora interessados em saber?
2 A palavra traduzida por “servir”, usada pelo escritor bíblico Mateus ao citar Jesus, é de interesse para nós. No grego original é o verbo diakonéo. Há outros verbos gregos que se referem a serviço, e cada um deles tem seu próprio “sabor” ou ênfase em certos aspectos do serviço. Um verbo talvez abranja a sujeição envolvida em servir qual escravo (douléuo; Col. 3:24), outro, a santidade do serviço religioso (latréuo; Mat. 4:10), e mais outro, a natureza pública do serviço prestado (leitourgéo; Atos 13:2). Diakonéo, por outro lado, dá ênfase à natureza muito pessoal do serviço prestado a outro. Conforme diz certa autoridade, neste verbo há “uma aproximação mais forte ao conceito dum serviço de amor”. — Theological Dictionary of the New Testament, Vol. II, página 81.
3 Então, o que está envolvido no serviço cristão? Limita-se ele a atividades tais como a pregação da Palavra de Deus, fazer de outros discípulos ou só servir as necessidades espirituais dos que estão na congregação? O que mostra a palavra (diakonéo) em consideração?
PRESTAR SERVIÇO A OUTROS E CUIDAR DELES
4. Como ilustra a Bíblia aptamente o sentido básico da palavra grega para “servir”, que estamos considerando?
4 O uso bíblico desta palavra ilustra aptamente o sentido básico de serviço pessoal prestado (expresso não só pelo verbo grego, mas também pelos substantivos relacionados diákonos [servo, ministro] e diakonia [serviço, ministério]).a Um uso antigo da palavra referia-se a ‘servir à mesa’. Lucas usou-a deste modo ao citar as palavras de Jesus a respeito de o escravo ‘preparar a ceia de seu amo e depois servi-lo [diakonéo] enquanto este tomava sua refeição’. (Luc. 17:7-10, ALA) Em Lucas 12:35-38, Jesus deu aos seus discípulos uma ilustração na qual o amo, representando o próprio Jesus, trocou de papéis com seus escravos, que haviam fielmente aguardado a sua volta de sua festa de casamento. Jesus disse a respeito do amo da ilustração: ‘[Ele] se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá [diakonéo; também ALA; ministrar-lhes-á, Tradução do Novo Mundo].”b — Versão da Imprensa Bíblica Brasileira (IBB).
5, 6. (a) Como se empenhavam certas mulheres cristãs em serviço desta espécie? (b) O que mostra tudo isso quanto ao alcance do termo bíblico em consideração?
5 No entanto, o termo não só abrangia ‘servir à mesa’, mas todos os serviços similares, de natureza pessoal. A Bíblia diz que certas mulheres cristãs ‘prestavam assistência’, ‘serviam’ ou ‘ministravam’ “com os seus bens” as necessidades de Jesus e dos apóstolos dele, tanto na Galiléia como em Jerusalém. (Luc. 8:13; Mat. 27:55; Mar. 15:41; ALA, IBB) Talvez tenham feito as compras ou cozinhado, consertado e lavado a roupa ou prestado outros serviços de natureza similar, mesmo usando seus próprios fundos e bens para suprir o necessário.
6 Vemos, assim, que este termo não se restringe a uma atividade puramente “religiosa”, mas abrange uma ampla variedade de serviço.
SERVIR IRMÃOS NECESSITADOS
7. Por que podemos ter certeza de que Jeová Deus e Jesus Cristo deu real importância a esta espécie de serviço, sem o subestimarem?
7 Não devemos duvidar de que Jeová Deus e seu Filho Jesus Cristo dêem real importância a esta espécie de serviço. Jesus sofreu pessoalmente necessidades humanas tais como fome e sede. Sem dúvida, apreciou muito quando, depois de jejuar por quarenta dias, vieram anjos, e o serviam [diakonéo]”. (Mat. 4:11, ALA) Numa parábola proferida perto do fim de seu serviço, Jesus descreveu o julgamento que faria de duas classes de pessoas, uma comparada a “ovelhas” e a outra a “cabritos”. As “ovelhas”, aprovadas e abençoadas, haviam prestado ajuda aos irmãos de Cristo quando os viram em necessidade. Mas os “cabritos”, que foram condenados, viram-nos padecer fome e sede, necessitados de hospitalidade ou hospedagem, e de roupa, ou doentes ou encarcerados, e ‘não lhes prestaram auxílio [diakonéo; não lhes ‘serviram’ ou ‘ministraram’, IBB; NM]’. — Mat. 25:31-46, Liga de Estudos Bíblicos.
8, 9. (a) Como mostraram os cristãos do primeiro século que reconheciam claramente a importância de serviram as necessidades físicas de seus irmãos? (b) Como mostrou o apóstolo Paulo sua preocupação com que se efetuasse corretamente tal “serviço”?
8 Os verdadeiros discípulos, no primeiro século E. C., mostraram ser ‘como ovelhas’, em atitude e ação. Quando os cristãos de Macedônia e Acaia souberam que seus irmãos na Judéia estavam padecendo necessidades, ajuntaram suprimentos de socorro e lhes enviaram, provendo assim “uma subministração de socorros [diakonia]”. (Atos 11:29; 12:25, NM) Pois, reconheceram que os irmãos judeus lhes haviam prestado um precioso serviço espiritual e que tinham assim uma ‘dívida’ correspondente, que tornava apropriado “servi-los com bens materiais” (ALA); “ministrar publicamente a estes com as coisas para o corpo físico” (NM). (Rom. 15:25-27) Isto era especialmente elogiável no caso das congregações macedônias. Embora elas mesmas estivessem num estado de pobreza, mostraram ser “prodigamente generosos”. Conforme disse Paulo: “Indo ao extremo de seus recursos, conforme posso atestar, e mesmo além deste limite, rogaram-nos com muita insistência, e de sua própria iniciativa, que se lhes permitisse participar neste serviço [diakonia; ministério, NM] generoso para com seus concristãos.” (2 Cor. 8:2-4, Nova Bíblia Inglesa) Que forte exemplo de serviço altruísta isto é para nós hoje!
9 O apóstolo Paulo estava muito preocupado de que estas medidas de socorro fossem efetuadas de maneira excelente, para que não houvesse “crítica ao manejo [diakonéo: administração, Antônio de Brito Cardoso] desta dádiva generosa”, quer da parte dos dadores, quer da parte dos beneficiados com o projeto. Por este motivo, outros, “delegados de nossas congregações”, foram ‘devidamente designados para viajar’ com Paulo e Tito (a quem Paulo chamou de “meu parceiro e meu companheiro”). — 2 Cor. 8:19-23, NBI.
10. Que resultado excelente provém de servir assim altruistamente as necessidades dos outros, conforme mostra 2 Coríntios 9:1, 11-14?
10 O próprio Paulo recebeu mais tarde ajuda animadora de homens féis como Onesíforo e Onésimo, quando lhe ‘prestavam serviço’ e o ‘serviam’ em tempos de provação. (2 Tim. 1:16-18, ALA; Filêm. 10-13, IBB) Escrevendo aos Coríntios, mostrou-lhes os bons resultados que tal espécie de serviço altruísta e bondoso traz para o louvor de Deus e a promoção das boas novas. Ele disse a respeito da “provisão de ajuda” (diakonia; “serviço”, Interlinear, em inglês; “ministério”, NM) para os irmãos judeus: “Por meio de nossa ação, tal generosidade resultará em agradecimentos a Deus, pois, como um serviço voluntário, não se trata apenas duma contribuição para as necessidades do povo de Deus; mais do que isso, transborda numa onda de agradecimento a Deus. Porque, pela prova assim provida, muitos honrarão a Deus ao verem quão humildemente obedecestes e quão fielmente confessastes o evangelho de Cristo; e lhe agradecerão pela vossa contribuição liberal para a necessidade deles e para o bem geral. E, ao passo que se juntam em oração a vosso favor, seu coração se encherá de afeição por vós, por causa da abundância da graça que Deus vos concedeu.” — 2 Cor. 9:1, 11-14, NBI.
11. (a) Como contribui para a expansão da adoração pura cuidarmos prestimosamente das necessidades físicas dos outros? (b) Qual é um dos modos em que podemos mostrar ‘amor ao nome de Deus’, segundo Heb. 6:10?
11 Sim, as boas novas do reino de Deus se tornam significativas para as pessoas, quando vêem seu efeito nas personalidades daqueles que as abraçaram, e a generosidade e o amor ao próximo que isso produz. Tal serviço prestimoso, e tais dádivas a outros, não apenas fazem com que esses sintam gratidão para com os dadores humanos, mas também “transborda numa onda de agradecimento a Deus”. Recomenda o verdadeiro cristianismo como o modo mais excelente de vida, como verdadeira adoração dum Deus bondoso e amoroso. (Veja Tiago 1:26, 27; 2:14-17; 1 João 3:16-18.) Não é de se admirar, então, que Paulo podia escrever aos cristãos hebreus, que haviam passado a auxiliar seus irmãos, e assegurar-lhes que “Deus não seria tão injusto, que se esquecesse de tudo o que fizestes por amor ao seu nome, quando prestastes serviço [diakonéo; por terdes ministrado, NM] ao seu povo, assim como ainda fazeis”. — Heb. 6:10, NBI; veja 10:32-34; 1 Coríntios 16:15, 16.
12, 13. (a) Em que sentido podem os governos mundanos ser descritos como “servos” de Deus? (b) Qual é a diferença entre o serviço deles e o prestado pelos discípulos de Jesus?
12 Visto que estas palavras gregas, que significam servir, foram ampliadas para incluir, além de ‘servir à mesa’, também toda espécie de serviço pessoal, podem ser aplicadas até mesmo aos governos mundanos. Por este motivo, as “autoridades superiores” do atual sistema de coisas são chamadas de “servos” de Deus num sentido específico. Em Romanos 13:4 (An American Translation), o apóstolo inspirado diz a respeito de tal autoridade governamental: “São agentes [diákonos; ministros, NM] de Deus para te fazer o bem. Mas, se fizerdes o errado, tens motivo para ter medo, porque não é em vão que levam espadas. São servos [diákonos] de Deus, para executar sua ira nos malfeitores.” (Veja A Bíblia na Linguagem de Hoje [BLH].) Deus permite que tais sistemas políticos continuem por um tempo e prestem certos serviços em benefício de seu povo na terra e que provejam certa medida de ordem e proteção contra a violação da lei. É neste sentido que são seus “servos”.
13 Tais governos mundanos, porém, não servem por amor a Deus ou aos verdadeiros discípulos do Filho dele. Antes, prestam tais serviços públicos indiscriminadamente em benefício de todos os cidadãos sob o seu domínio. Seus serviços, portanto, não lhes trazem a recompensa que é recebida pelos que servem a Jeová Deus por amor a ele e ao seu próximo.
UM SERVIÇO AINDA MAIS VITAL
14, 15. (a) Embora cuidar das necessidades físicas e materiais dos outros seja um aspecto vital do serviço cristão, que outro aspecto é ainda mais vital? (b) Como é isso ilustrado pela narrativa de Atos 6:14?
14 Em vista do que já consideramos, torna-se evidente que cuidar das necessidades físicas e materiais dos outros, especialmente de nossos irmãos cristãos, é uma parte vital do serviço cristão. Nenhum de nós jamais deve achar que é “abaixo da dignidade dele” servir humildemente desta maneira, nem deve subestimar a importância de tal serviço aos olhos de Deus. Contudo, há um aspecto ainda mais vital de serviço que os genuínos cristãos se preocuparão muito em prestar. Qual é? É servir as necessidades espirituais diretas dos outros.
15 A importância relativa de se servir as necessidades físicas dos outros, em comparação com servir suas necessidades espirituais, é esclarecida pela narrativa de Atos 6:1-4 (ALA). Depois de Pentecostes de 33 E. C. surgiu um problema, visto que certa parcialidade fazia com que algumas viúvas fossem “esquecidas na distribuição diária [diakonia; servir diariamente alimento, New American Standard Bible]”. Os apóstolos, quando foram informados disso, “convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: ‘Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas [diakonéo; manter a contabilidade, AAT]’”. Por isso pediram que os irmãos selecionassem ‘dentre eles’ sete homens “de boa reputação”, para que os apóstolos, com o poder de nomeação, pudessem ‘encarregá-los deste serviço, e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério [diakonia; serviço, Missionários Capuchinhos; transmissão, AAT] da palavra’.
16. Adotaram os apóstolos a atitude descrita porque a provisão de alimentos para aquelas viúvas era uma atividade extracongregacional?
16 Cuidar da provisão de alimentos para tais viúvas esquecidas certamente era uma parte necessária do serviço cristão. Não se tratava, pois, duma atividade extracongregacional, mas tinha aspecto espiritual. As palavras do discípulo Tiago, em Tiago 1:26, 27, mostram que isso e definitivamente uma parte da “adoração” pura. Contudo, os apóstolos reconheciam que mostraria falta de discernimento se gastassem seu tempo com o manejo literal destas provisões materiais, em vez de se concentrarem em tratar das coisas de natureza espiritual direta, em especial provendo alimento espiritual e orientação aos irmãos, com a Palavra de Deus.
17. Como foi a liderança da congregação de Jerusalém em tais assuntos, seguida pelas congregações em outros lugares?
17 Ao passo que se formavam congregações em lugares fora de Jerusalém, prosseguiu-se observando este princípio. Dava-se atenção primária a servir as necessidades espirituais diretas, sem desconsiderar ou deixar de dar a devida importância aos assuntos físicos ou materiais. Designaram-se corpos de anciãos para servir quais pastores e superintendentes espirituais nas congregações. (Atos 20:17, 28) E, a fim de tornar possível que estes se concentrassem em edificar e aconselhar os irmãos, havia corpos de ajudantes trabalhando sob a sua direção, em cuidar dos deveres que não eram diretamente espirituais. — Fil. 1:1.
18. Podia qualquer um servir qual servo ministerial (diákonos) na congregação? Como mostra isso que o serviço prestado por tais não era assunto de somenos importância aos olhos de Deus?
18 Assim, depois de instruir Timóteo sobre as qualificações dos que seriam designados para anciãos, o apóstolo Paulo prosseguiu: “Os ajudantes [diákonos; servos, Int; servos ministeriais, NM; diáconos, ALA], por sua vez, precisam ser homens sérios, retos, não dados ao vinho nem ao lucro desonesto, mas apegando-se à verdade divina da fé com uma consciência limpa. Devem primeiro ser provados, e depois, se não se achar falta neles, podem servir quais ajudantes [diakonéo; sirvam como ministros, NM]. . . . Os que fazem bom serviço quais ajudantes [que ministram de maneira excelente, NM] obtêm para si uma boa posição e grande confiança na sua fé em Cristo Jesus.” — 1 Tim. 3:8-13, An American Translation.
19, 20. (a) Portanto, que uso especial foi feito da palavra diákonos (servo) na primitiva congregação? (b) Que pergunta surge então sobre a relação entre tais “servos” congregacionais e os designados para serem anciãos?
19 Assim, da mesma maneira em que a palavra grega presby’teros, que simplesmente significa “homem mais idoso”, veio a ser designação dum homem com uma tarefa congregacional de serviço, a saber, a de ser “ancião”, assim a palavra diákonos, que simplesmente significa “servo”, veio a designar um homem com outra tarefa congregacional. Comentando os diversos usos do termo grego diákonos, o Dicionário Teológico do Novo Testamento, Volume II, página 89, em inglês, diz sob o título “B. O Diácono Como Funcionário da Igreja”:
“1. É preciso fazer uma distinção entre todos esses usos gerais e o emprego do termo como ‘designação fixa do portador dum cargo específico’ qual diakonos na constituição desenvolvente da igreja. Isto é encontrado em passagens em que a Vulgata [latina] tem o estrangeirismo diakonos, em vez [da latina] minister, usada em outras partes (cf. Fil. 1:1; 1 Tim. 3:8, 12).
“Membros da comunidade [cristã], chamados diáconos em virtude de sua atividade regular, são primeiro encontrados em Fil. 1:1, onde Paulo envia saudações a todos os santos em Filipos syn episódios Kai diakónois [junto com superintendentes e servos, Int]. Nesta frase já emerge um ponto decisivo para nosso entendimento do cargo, a saber, que os diáconos são relacionados com os bispos [superintendentes] e mencionados depois deles. No tempo desta epístola, havia assim dois cargos coordenados.
“ . . . a descrição do cargo tornou-se aqui uma designação definitiva.”
20 Esses irmãos, pois, foram designados para “servos” congregacionais, humildemente servindo as necessidades de seus irmãos nas tarefas designadas. Dava isso aos irmãos que eram “anciãos” alguma justificativa para assumir ares de superioridade para com eles (os designados para servir quais diákonos), como se os anciãos fossem então seus “chefes”?
NÃO HÁ LUGAR PARA ARES DE SUPERIORIDADE
21. Por que não há motivo de qualquer ancião considerar-se “acima” dos que servem quais “servos” congregacionais?
21 Não, porque isso certamente não estaria em harmonia com o conselho de Jesus e o princípio que ensinou aos seus apóstolos. Na realidade, todos os que serviam quais “anciãos” também eram servos de seus irmãos, inclusive os chamados “servos” congregacionais (“servos ministeriais”, NM). O próprio Jesus Cristo “não veio para ser servido, mas para servir”. O inspirado apóstolo Paulo declarou que Jesus “se tornou servo [diákonos] dos judeus para mostrar que Deus é fiel”. (Mat. 20:28; Rom. 15:8, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Paulo chamou a si mesmo (bem como a seus colaboradores, Timóteo e outros) de “servo” (diákonos). (Efé. 3:7; Col. 1:23, BLH) Com isso não quis dizer que fosse parte dum corpo de servos congregacionais (“servos ministeriais” ou “diáconos”) em determinada congregação, mas, antes, que fora designado para servir a favor da congregação cristã como um todo. Falando desta congregação, ele disse: “Deus tem feito de mim um servo [diákonos; ministro, NM] da Igreja [congregação], e foi ele quem me deu esta tarefa para o bem de vocês. Sim, a tarefa de anunciar, de modo completo, sua mensagem.” — Col. 1:24-26, BLH.
22, 23. (a) Como mostra alguém que ele é verdadeiro servo de outro? (b) Que espécie de evidência apresentou o apóstolo Paulo como prova de que era servo genuíno de Deus e de Cristo?
22 Ser “servo” de outro pode exigir que se suporte humildemente dificuldades agüentando situações desagradáveis. A disposição, ou não, de fazer isso demonstraria ao servido a genuinidade de seu serviço. Visto que alguns estavam inclinados a fazer pouco do valor de Paulo em comparação com outros, ele apresentou prova de que era servo legítimo de Cristo e de Deus. Escreveu aos cristãos em Corinto, onde havia alguns de seus difamadores: “Em tudo mostramos que somos servidores [diákonos; ministros, NM] de Deus, suportando com muita paciência as aflições, as necessidades e as dificuldades. Temos sido surrados, presos, e maltratados nas agitações populares. Temos trabalhado demais, ficado sem dormir e sem comer.” — 2 Cor. 6:4, 5, BLH.
23 Perguntou a respeito dos que faziam pouco dele: “São servidores [ministros, NM] de Cristo?” e depois passou a dizer: “Eu sou servidor melhor do que eles, . . . Pois tenho trabalhado mais do que eles, e tenho estado mais vezes na prisão. Tenho sido surrado muito mais do que eles, e muitas vezes quase morri. Em cinco ocasiões os judeus me deram trinta e nove chicotadas. Três vezes fui chicoteado com vara pelos romanos, e uma vez fui apedrejado. Três vezes se afundou o navio em que eu estava viajando, e numa delas passei vinte e quatro horas no mar. Nas muitas viagens que fiz, tenho estado em perigos de inundações, e de ladrões; em perigos causados pelos meus patrícios judeus e também pelos não-judeus. Tenho estado em perigos nas cidades, nos desertos, em alto mar, e em perigos causados por falsos amigos. Tenho tido trabalhos e canseiras. Muitas vezes tenho ficado sem dormir. Tenho sofrido falta de comida, agasalho e roupa.” — 2 Cor. 11:23-27, BLH.
24. Como nos ajuda assim o apóstolo a manter o conceito correto ao fazermos a avaliação da genuinidade de nosso próprio serviço?
24 Esta, deveras, era evidência real de ele ser servo genuíno! Não era jactância de façanhas impressionantes para ficar com orgulho humano, tais como a construção de grandes edifícios; não era uma menção das grandes multidões atraídas para ouvi-lo falar; não era atribuir mérito a si mesmo pela maravilhosa expansão realizada na divulgação das boas novas. Antes, era um registro de serviço humilde, como a dum servo que, sem alarido, sai até mesmo noite adentro, enfrentando um temporal, desconforto e perigo, para realizar uma tarefa que seu senhor o mandou executar. Podemos pensar nisso ao fazermos a avaliação da genuinidade de nosso próprio serviço a Deus. Todavia, podemos também lembrar-nos de que Paulo trouxe também atenção às suas cartas de recomendação, a saber, os discípulos cristãos que fizera em prova de que era servo. — 2 Cor. 3:1-3.
25. Como expressou Paulo sua humildade ao escrever aos coríntios, onde havia trabalhado tão diligentemente?
25 Paulo nunca foi culpado de se enaltecer ou de querer que outros o encarassem com deferência como ‘principal’ entre eles. Ele disse aos Coríntios, entre os quais havia trabalhado por um ano e meio, falando sobre si mesmo e outro colaborador: “Quem é Apolo? e quem é Paulo? Servos [diákonos, ministros, NM] por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento. . . . Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.” — 1 Cor. 3:5-9, ALA.
26. Como podemos procurar ser grandes e ainda assim estar livres de ambição egoísta e orgulho?
26 Certamente, procurar ser grande neste sentido, não por obter destaque, prestígio ou poder, mas por dar de si em serviço humilde, é um alvo desejável. Evidência, não ambição, nem orgulho ou egoísmo, mas sim amor, amor a Deus e amor ao próximo. Que todos nós hoje procuremos tal grandeza, para o louvor de Jeová Deus, que estabeleceu esta regra de grandeza, e para a honra de seu Filho, que a exemplificou como ninguém mais fez.. Procurarmos a “grandeza” cristã trará grandiosos benefícios a nós mesmos e a outros. Trará abundante derramamento do espírito santo de Deus, o que, por sua vez, contribuirá para a esplêndida união e harmonia entre nós, conforme será explicado no artigo que segue.
[Nota(s) de rodapé]
a Segundo os lexicógrafos, o termo diákonos vem da palavra grega diá, significando “através de”, e da palavra grega kónis, significando “pó”, descrevendo assim um servo que está empoeirado por ter realizado algum dever ou tarefa para seu amo.
b Encontramos outros exemplos desta espécie de servir (“ministrar”, NM) na narrativa da festa de casamento em Caná (João 2:1-9), no serviço prestado pela sogra de Pedro (Mat. 8:14, 15) e no que foi prestado por Marta. — Luc. 10:40; João 12:2, veja Kingdon Interlinear Translation.
[Foto na página 137]
A palavra grega diakonéo salienta a natureza pessoal dum serviço prestado a outro.
[Foto na página 138]
O serviço cristão inclui atender as necessidades materiais dos cristãos que sofrem alguma carência; tal espécie de dar resulta em louvor para Deus.
[Foto na página 140]
Os primitivos cristãos deram atenção primária a servirem as necessidades espirituais dos outros.